EDIÇÃO 36 . ANO VII - DEZEMBRO 2020 • REVISTAPECUARIABRASIL.COM.BR
Lucente Agropecuária PAIXÃO, GENÉTICA, DEDICAÇÃO E PLANEJAMENTO EM EQUIPE. NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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DIREÇÃO Gustavo Miguel +55 (34) 9 9142-5081 gustavomiguel.gm@gmail.com
CONTATO COMERCIAL +55 (34) 3071-1000 / 3071-0600 3313-0371 / 3317-2320
Cláudia Monteiro +55 (34) 9 9142-5082 claudiapecuariabrasil@gmail.com
JURÍDICO Cláudio Batista Andrade Renato Mendonça Costa
EDIÇÃO Larissa Vieira – MTB 09513P redacaopecuariabrasil@gmail.com +55 (34) 98801-9971
CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS assinaturapecuariabrasil@gmail.com
COLABORAÇÃO Sabrina Alves, Ipea, ANCP, In Press Porter Novelli, ABCZ, Embrapa Cerrados, Fazu, Grupo Publique, Emar, Ello, Agrossilvipastoril
DIAGRAMAÇÃO Carlos Lopes
FOTÓGRAFOS PARCEIROS Ana Clark (82) 9 8150-2220
Marcelo Cordeiro (31) 9 9946-9697
Boy (17) 9 8115-8087
Maurício Farias (34) 9 9994 1949
Carlos Lopes (34) 9 8814-0800
Ney Braga (34) 9 9960-9610
Douglas Nascente (17) 9 8174-0202
Pecuária em Foco (67) 3383-5533
Fábio Fatori (13) 9 8121-0011
Pitty (34) 9 9978-1205
Flávio Venâncio (67) 9 8143-0131
Roberto Mattos (67) 9245-2040
Gustavo Miguel (34) 9 9142-5081
Rubens Ferreira (11) 3609-1562
Jadir Bison (34) 9 9960-4810
Thiago Galdiano (11) 9 9364-1398
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NOSSA CAPA A Agropecuária Lucente é o destaque da capa desta última edição de 2020. Em um trabalho de seleção da raça Nelore que está prestes a completar 20 anos, o criatório vem conquistando sucesso nas exposições e valorização de sua genética nos leilões. Mais uma prova de que a gestão em família pode sim ser vitoriosa.
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APRESENTAÇÃO
CLÁUDIA MONTEIRO
Diretora da Pecuária Brasil
claudiapecuariabrasil@gmail.com
RAÇA
CARNE
LEITE
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Se tem uma coisa que 2020 deixou bem acentuado foi o papel de protagonista do Brasil no mercado mundial de carne e outros alimentos. As fazendas brasileiras estão na lista das mais competitivas do mundo, com os menores custos de produção. Um resultado fruto de mais investimentos por parte do pecuarista em genética, sanidade e nutrição, garantindo melhora na produtividade. Claro que, na média, os índices zootécnicos do rebanho nacional ainda não são ideais, mas à medida que eles forem melhorando haverá uma elevação ainda maior da produtividade e uma redução dos custos. Por isso, nesta edição decidimos abordar várias questões que estão influenciando o desempenho da pecuária. Conversamos com o diretor Técnico da Nutrição animal do Grupo Matsuda, MSc: Fernando Antônio Nunes Carvalho, sobre a influência da nutrição nos resultados finais da propriedade. Ele alerta sobre velhos hábitos que predominam em boa parte das propriedades, como a falta de um planejamento nutricional e de uma suplementação adequada. Também falamos com especialistas do setor e pecuaristas sobre o cenário atual e as expectativas para 2021, que deve continuar com o ciclo de alta e com a retenção de fêmeas. No leite, é esperado que a valorização da genética de ponta se mantenha. Apesar da paralização na agenda de eventos em boa parte do ano, os leilões online provaram que a demanda por touros e fêmeas com avaliação genética está aquecida. Ainda no leite, destacamos estudos na área de eficiência alimentar realizados pela Embrapa. Rebanhos produzindo mais leite com menos alimento são a nova fronteira da pesquisa agropecuária. As pesquisas com marcadores genéticos darão à ciência as condições necessárias para se obter vacas mais eficientes, possibilitando uma nutrição de precisão com animais selecionados. Na parte internacional, vamos mostrar o trabalho da Asocebu (Associação dos Criadores de Zebu da Bolívia) que está comemorando 45 anos de existência. A Bolívia vem se consolidando no mercado pecuário latino-americano, tanto como fornecedor de genética quanto de carne bovina. E para fechar, nossa capa destaca a qualidade dos animais da Lucente Agropecuária, que em 2021 comemorará 20 anos da seleção de Nelore. Com várias conquistas em exposições da raça, o criatório mostra que com um trabalho criterioso, genética de ponta, planejamento e equipe unida e bem preparada é possível alcançar excelentes resultados no concorrido mercado pecuário brasileiro. Tem mais: resultado de leilões, de exposições, lançamentos do setor etc. Aproveito para desejar Boas Festas e que 2021 venha com muitas conquistas e repleto de bênçãos e realizações!
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SUMÁRIO
Ano de vacas gordas
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Desafios para 2021 PG. 34
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SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL 14 . PECUÁRIA EM REDE 16 . PECUÁRIA INDICA 20 . AGRO NO PRATO 22 . PORTEIRA ABERTA 28 . NOSSA CAPA
Genética leiteira em alta PG. 78
34 . ENTREVISTA 38 . PECUÁRIA 360º 41 . RAÇA 67 . CARNE 73 . LEITE 81 . GENTE 84 . SOCIAIS 85 . OPINIÃO 87 . PONTO DE VISTA
Asocebu celebra 45 anos de conquistas PG. 47
89 . EM FOCO
Mais produtivas e amigas do meio ambiente PG. 74
Retenção de fêmeas segue firme PG. 68 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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PECUÁRIA DE ONDE Municípios brasileiros que aparecem nessa edição
IBITIÚVA (SP) Lucente Agropecuária
UBERLÂNDIA (MG) ExpoUberlândia
VILA VELHA (ES) Expoinel Nacional
DESTINOS INTERNACIONAIS Paraguai Santa Cruz de la Sierra BO Portachuelo (BO) Beni / Chaco (BO) Bolívia
Nicarágua Panamá Colômbia Peru Equador
Alexânia (GO) Aparecida Rio Doce (GO) Araçatuba (SP) Barretos (SP) Belo Horizonte (MG) Campina Verde (GO) Colatina (ES) Colômbia (SP) Fama (MG)
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Ibitiúva (SP) Ituverava (SP) Goiânia (GO) Guaratinguetá (SP) Gurupi (TO) Marília (SP) Nova Xavantina (MT) Pardinho (SP) Paulo de Faria (SP)
Pinheiro (ES) Rio das Flores (RJ) Rio de Janeiro (RJ) Taquaritinga (SP) Uberlândia (MG) Uberaba (MG) Vila Velha (ES)
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PECUÁRIA INDICA
O QUE ESTOU LENDO
“CO2, AQUECIMENTOS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ESTÃO NOS ENGANANDO?”
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egunda edição atualizada acaba de ser lançada e tira a culpa do boi no aquecimento global.
Resumo: O livro é uma biografia não autorizada do clima. Os autores contestam a falácia do aquecimento e debatem as acusações de que os mares vão transbordar ou de que o planeta vai esquentar. Para tanto, em diversos capítulos, usam-se argumentos científicos ou baseados na lógica e no bom senso, sobre o CO2, metano, o ciclo hidrológico, e da história, para desconstruir as acusações dos interesses econômicos e políticos de diversos grupos que aderiram ao chamado milenarismo de que estamos no início do fim do mundo. O livro, em verdade, é uma proposta de debate democrático, pois hoje vive-se uma situação de pensamento único, onde não há contestações das afirmações repetidas diuturnamente pela mídia e por alguns cientistas. Leia o livro e não se deixe enganar.
Autores: Richard Jakubaszko, Luiz Carlos Baldicero Molion, José Carlos Parente de Oliveira
FERRAMENTA BBQ
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dicione um toque especial ao seu churras com o ferro de marcar carne. Este carimbo de churrasco para carne é um acessório exclusivo para grelhar, que queima o design das letras nos bifes, hambúrgueres ou o que você tiver na grelha.
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Larissa Vieira Assessora de comunicação e editora da revista Pecuária Brasil
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PECUÁRIA INDICA
IRRIGAÇÃO INTELIGENTE O Valley® ICON10 apresenta a maior tela touch da nova linha Valley ICON® de painéis inteligentes. É semelhante ao uso da tela no tablet, mas agora é no pivô central que transfere os comandos para controlar seu pivô central e leva, de forma econômica e intuitiva, a mais moderna tecnologia da Valley para a sua operação. Preço: Sob consulta
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PECUÁRIA INDICA
CARLOS ALBERTO PEREIRA Jornalista, enófilo e tecnólogo em Turismo e Hotelaria vinhosetal@gmail.com
VINHOS
VINHO E PANDEMIA
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om o advento da pandemia, o consumo de vinhos no Brasil “ explodiu”, especialmente o vinho produzido aqui! Com certeza, abriu-se uma nova oportunidade para os viticultores nacionais mostrar aos seus compatriotas a qualidade de seus vinhos! Mas há muito tempo que o Brasil já faz bonito mundo afora com seus espumantes e vinhos tranquilos, onde já coleciona milhares de medalhas e reconhecimento pela qualidade e diferencial. Apenas os brasileiros que infelizmente vem resistindo a esta realidade! E quando se procura saber por que não prestigiam os nossos vinhos, a justificativa é que os produtos nacionais são caros ou não tem a mesma qualidade dos importados, entre outros. Para mim, isso se chama preconceito! Mas esta resistência acredito eu caiu um pouco, neste período de pandemia. Para se ter uma ideia, o consumo geral de vinhos no país, entre nacionais e importados, cresceu 72% e boa parte deste resultado foi de vinhos brasileiros. O consumo que por décadas não ultrapassava os 1,9 litros per capta, no período da quarentena, subiu para 2,81 litros. Portanto, este é um momento muito especial para os produtores brasileiros, de virar este jogo e conquistar de vez o consumidor tupiniquim! Depois, a última safra foi especial, e é considerada uma das melhores dos últimos anos, portanto, esperam-se muitas boas surpresas e muita qualidade nos vinhos que vem por ai! Além da vinícola Miolo, que em plena pandemia lançou o GAMAY WILD NOVEAU, um vinho leve, refrescante e de baixo teor alcóolico. Quem também está aproveitando a boa safra e o bom momento do vinho nacional, é a Vinícola Aurora, que acaba de lançar uma nova linha de vinhos tranquilos, que prometem fazer muito sucesso: É a linha Gran Reserva com rótulos da Campanha Gaúcha que promete agradar em cheio os amantes de uma boa carne e um bom churrasco! São eles: TANNAT Com a potência característica da variedade, o AURORA GRAN RESERVA TANNAT 2018 tem coloração rubi intensa, aroma com intensidade mé-
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dia alta, lembrando frutas vermelhas como framboesa, groselha, ameixa e toque mentolado, além de notas de madeira tostada, já que o vinho tem passagem de 12 meses por barricas de carvalho francês. Apresenta boa acidez, tanino potente, agradável, com bom volume de boca, boa estrutura e tem grande potencial de guarda. CABERNET SAUVIGNON De coloração semelhante e mesmo potencial de guarda, o AURORA GRAN RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2018, tem aroma que lembra frutas negras maduras, especiarias, cravo e eucalipto, notas de madeira tostada, café e chocolate. No paladar é um vinho de excelente equilíbrio álcool/ acidez, com tanino maduro e aveludado, de corpo médio alto e boa estrutura. HARMONIZAÇÃO O Tannat, harmoniza com um entrecot grelhado, costela bovina e carré de cordeiro. A potência da variedade também combina com churrasco e queijos fortes. Já as harmonizações com o Cabernet Sauvignon, também incluem carnes vermelhas, como picanha grelhada e costela de cordeiro, e ainda massas ao molho funghi, risoto de funghi e queijos médios.
"Para ter um bom final de ano, basta olhar para trás sem arrependimentos e seguir em frente na esperança de dias melhores". Dalila Botelho Botelho Toledo Toledo Fazenda DA CAR CAR
Boas festas e um um Ano Ano Novo Novo cheio cheiode derealizações! realizações!
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AGRO NO PRATO
José Ernesto Soares Michel Churrasqueiro e proprietário do tradicional Buffet do Michel buffetmichel@outlook.com
RECEITAS
Porco no rolete
Ingredientes
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rato típico da culinária brasileira, o porco no rolete é assado inteiro, girando sobre fogo ou brasas. A comida é tão apreciada que existem eventos tradicionais pelo país, como a Festa Nacional do Porco no Rolete, em Toledo/PR, que atrai milhares de turistas todos os anos.
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(Porção para 100 a 120 pessoas)
Um porco de 60 kg 3 litros de vinagre Dois maços de cheiro verde ½ kg de sal 10 pimentas de bode 1 kg de cebola ½ kg de alho 1 litro de molho shoyu Tempere o porco com todos os ingredientes minutos antes de levar para assar. Enfie o porco nos espetos e coloque para assar em braseiro médio, durante um período de 8 a 9 horas, sempre girando na mesma direção e velocidade. Depois desse tempo retire do fogo e sirva.
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PORTEIRA ABERTA CRESCIMENTO DO PIB
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou a Carta de Conjuntura Agro, com projeções do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário para 2020 e 2021. A estimativa é de aumento de 1,5% em 2020. Para 2021, o PIB agro deve ficar em 1,2%. A previsão para o valor agregado da lavoura deve ficar em 0,4%. Para a pecuária, houve revisão da expectativa de alta de 3,9% para 4,4%.
CONTROLE DO BICHO-MINEIRO
O Brasil detém o posto de maior produtor de café há mais de 150 anos, sendo responsável por um terço da produção mundial. A adoção de melhor manejo e alta tecnologia no campo garante uma melhora significativa na produtividade e qualidade do café brasileiro. Para auxiliar o cafeicultor, a Corteva Agriscience lançou o inseticida Revolux com modos de ação exclusivos para auxiliar os cafeicultores no combate à principal praga que afeta as lavouras de café, o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella). A nova tecnologia atua em todo o ciclo de vida da praga, possui atividade translaminar e oferece longo período de controle, amplo espectro e excelente perfil toxicológico.
PMGZ NO EQUADOR
A ABCZ e a Asociación Ecuatoriana de Criadores de Nelore assinaram um acordo para a implantação do PMGZ Internacional naquele país. Pela nova parceria, a entidade equatoriana, representada por Ing. Xavier Hernesto Zambrano Alcivar, passa a contar com as ferramentas e tecnologias do PMGZ para o suporte ao trabalho de registro de animais, além da coleta de dados e geração das avaliações genéticas do rebanho de Nelore do Equador. O primeiro passo prático do novo acordo será dado ainda esse ano, com o início da capacitação do corpo técnico da entidade parceira e de alguns criadores equatorianos. Nesta primeira etapa, que será virtual, o treinamento contará com as atividades teóricas conduzidas por membros da superintendência Técnica da ABCZ, em parceria com o departamento de Relações Internacionais da entidade. O PMGZ Internacional já foi implantado também na Bolívia, Nicarágua e Panamá.
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MEGALEITE 2021
Com a expectativa de reunir mais uma vez as principais raças leiteiras do Brasil em um único evento, a Megaleite 2021 (Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite) já tem data marcada. A próxima edição da feira será realizada de 16 a 19 de junho do próximo ano, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte/MG. A expectativa é de que mais de mil animais das raças Girolando, Gir Leiteiro, Holandês, Pardo-Suíço, Guzerá, Simental, Indubrasil e Jersey participem das competições de julgamento ou torneio leiteiro. Também serão realizados leilões, rodadas de negócios, palestras, reuniões de entidades do setor, ações voltadas para o público infantil, dentre outros eventos.
PARCERIA ABCZ E ESALQ A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e a ESALQ /USP (Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ da Universidade de São Paulo), assinaram em novembro um Termo de Cooperação Técnica. O documento oficializa a parceira entre as entidades para o desenvolvimento do programa ‘Zebu: Carne de Qualidade’. Pelo documento, a ESALQ fará acompanhamento e manejo nutricional dos mais de cem bezerros, participantes do programa, avaliando o sistema intensivo de produção da desmama a terminação. O projeto se diferencia também porque vai trazer informações de animais com alto valor genético.
CONCESSÃO DE CRÉDITO
A parceria firmada entre o Sistema CNA/Senar e o Banco do Brasil para a concessão de crédito aos produtores rurais já está gerando os resultados. Recentemente, os primeiros contratos foram assinados em Goiás e Mato Grosso do Sul. A cooperação permite que técnicos de campo de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) elaborem projetos para que produtores rurais acessem linhas de financiamentos de custeio e investimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Segundo o Instituto CNA, o objetivo é otimizar todo o processo para os produtores rurais, realizando as análises iniciais do projeto para garantir que as informações cheguem ao banco de forma correta, com todas as documentações necessárias.
EMBRAPA CERRADOS
O pesquisador Sebastião Pedro da Silva Neto é o novo chefe-geral da Embrapa Cerrados. O gestor foi escolhido pela Diretoria-Executiva da empresa após processo público de seleção e ocupará o cargo pelos próximos dois anos, com a possibilidade de renovação por duas vezes. O novo gestor é graduado em Agronomia e mestre em Genética e Melhoramento de Plantas. Na Embrapa Gado de Corte quem assume a chefia-geral pelos próximos dois anos é o pesquisador Antônio do Nascimento Ferreira Rosa (Toti). Graduado em agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestre em zootecnia e doutor em ciências biológicas (genética) pela Universidade de São Paulo (USP). É pesquisador pela Embrapa há mais de 45 anos.
FUNDOS DE INVESTIMENTO NO AGRO
A fintech Ceres Investimentos, que atualmente possui mais de R$700 milhões sob gestão, terá um canal exclusivo para atender os clientes do agronegócio que precisam de soluções financeiras. A empresa criou a Ceres Agrobank para ser a conexão entre as tecnologias em soluções financeiras e os investidores do setor agrícola, sendo o canal direto entre as mesas de operações e o produtor rural. O CEO da fintech, Guilherme Cunha, explica que a Ceres Agrobank terá ainda a oferta de opções de negociação de Cédula do Produtor Rural (CPR) e contará com uma agência física, com atendimento dedicado a esse tipo de operação. A primeira unidade será implantada em Uberaba/MG, um dos maiores municípios produtores de grãos de Minas Gerais e maior polo de genética bovina de raças zebuínas do mundo. Em Uberaba está a sede operacional da Ceres Investimentos.
GESTÃO DIGITAL DA FAZENDA
A agricultura digital otimiza o trabalho no campo e ajuda a aumentar a produtividade das lavouras de uma forma mais rentável e sustentável. O Farmbox, software de gestão que já monitora 1,6 milhão de hectares no Brasil, Bolívia e Paraguai, fornece informações do plantio à colheita, como mapas de infestação de pragas, frequência de monitoramento a cada talhão, pluviometria, agenda de aplicações, estoque de insumos, previsão de colheita e de custos de produção, de produtividade e rentabilidade total ou por talhão, entre outros. Todos que estão conectados à plataforma têm acesso aos dados gerados no campo, que são dispostos em relatórios para orientar as melhores tomadas de decisão. NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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PORTEIRA ABERTA PROGRAMA DE EFICIÊNCIA DE CARCAÇA
NOVAS EMBALAGENS CAMPONESA
A Embaré lançou recentemente as novas embalagens da Camponesa, tradicional linha de lácteos da empresa. A proposta é levar o mesmo sabor e qualidade à mesa dos consumidores, mas com um visual mais moderno e condizente com a atual fase da companhia. Em conjunto com as novas embalagens, a Camponesa lança um novo produto no mercado: o leite condensado semidesnatado de 395 gramas. A nova versão é nutricionalmente mais leve, tem menos gordura e calorias. Mas a qualidade do produto entrega a cor e a textura semelhantes à da versão tradicional, o que garante a aplicação do produto em diversas receitas. A iniciativa é parte de um movimento focado no fortalecimento da marca, na experiência do consumidor e na aproximação com o mercado.
ICMS SOBRE INSUMOS
A CNA debateu com secretários estaduais de Fazenda o futuro do Convênio ICMS nº 100/1997, que reduz a base de cálculo do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre insumos agropecuários nas operações interestaduais e isenta sua cobrança nas operações internas. A medida é extremamente importante para o setor e, por essa razão, a CNA vem defendendo nos últimos anos a renovação do convênio para manter a competitividade do agro. A prorrogação do prazo de vigência é decidida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), formado pelos secretários de Fazenda dos estados. Segundo o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, o fim do convênio poderá elevar o custo de produção de algumas atividades agropecuárias se os insumos forem tributados.
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#pecBR | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020
A edição 2020 do Programa de Eficiência de Carcaça (PEC) chegou ao fim com participação expressiva dos pecuaristas. Este ano, 567 criadores enviaram animais para abate nas unidades de Araguaína (TO), Palmeiras de Goiás (GO), José Bonifácio (SP) e Mirassol D’Oeste (MT), entre março e agosto de 2020. Ao todo, o PEC abateu 237.684 animais, sendo 188.589 machos e 49.095 fêmeas. Considerando o volume total, o município com maior volume foi Palmeiras de Goiás (79.498 animais); seguido por José Bonifácio (65.139 animais); Mirassol D’Oeste (54.564 animais) e Araguaína (38.483 animais). Este ano, os encontros com os pecuaristas parceiros ocorreu no formato online. O PEC é realizado pela Minerva Foods, Phibro Animal Health e Biogénesis Bagó.
PREVENÇÃO DE PARASITAS Os parasitas internos e externos estão entre os mais importantes desafios sanitários da pecuária brasileira, comprometendo bastante a lucratividade das fazendas. O controle efetivo é fundamental para proteger o rebanho, principalmente na fase de recria. O Endectocida Bullmax Premium é a nova solução da Vetoquinol para potencializar essa fase de criação. Trata-se de uma solução moderna e de alta performance, que ajuda os pecuaristas a acelerar o desenvolvimento dos animais, encurtando a recria, que é uma importante fase, e levando o rebanho mais rapidamente à terminação ou à fase reprodutiva.
ILPF
O manejo correto das árvores pode manter a produtividade da agricultura mesmo em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) já consolidados, com árvores crescidas. O resultado comprovado por pesquisa realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) abre novas possibilidades para produtores que fazem ILPF e que queiram rotacionar a pastagem com lavoura após as árvores já estarem com porte maior. Avaliações realizadas no campo experimental do centro de pesquisa mostraram que fazendo o desbaste e a desrama, elevando-se a copa dos eucaliptos, reduz-se a sombra sobre a cultura agrícola. Isso permitiu à soja recuperar, por até dois anos, a produtividade de uma lavoura sem sombreamento. No caso do milho, também houve a recuperação da produtividade, porém o efeito só é sentido em uma safra. A pesquisa foi feita analisando tratamentos de ILPF com renques de eucalipto plantados inicialmente em linhas triplas, com distância de 30 metros entre si. Os dados de produtividade foram comparados aos da lavoura em áreas testemunhas sem sombreamento.
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PORTEIRA ABERTA
SENEPOL SOLIDÁRIO
A Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol) vai doar R$ 78.935,00 ao Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). O valor foi arrecadado pela entidade na campanha “Senepol Solidário”, com o objetivo de apoiar as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a Covid-19. Um total de 106 pessoas, de 17 estados da Federação, atenderam ao chamado. Quem contribuiu, recebeu brindes, livros e uma réplica decorativa em escala de um animal da raça Senepol. O pico de adesões aconteceu na Live Show do cantor Léo Chaves, que é associado da ABCB Senepol. A Live Show da Campanha Senepol Solidário encerrou o encontro anual da raça, que, nesta edição, foi chamado de “Mega Encontro Senepol On”, em razão da configuração em formato digital.
CONTROLE DE CIGARRINHAS
O Controle Biológico é uma alternativa rentável e sustentável para o controle de cigarrinhas da pastagem. No Brasil, o controle biológico tem crescimento exponencial e acelerado com previsão de crescimento de 20% a 25% ao ano, média acima do restante do mundo, com uma previsão de 17%. Entre os agentes de controle mais utilizados, encontram-se os predadores, parasitoides e os entomopatógenos (microrganismos como bactérias, fungos e vírus que podem provocar doenças nos insetos). Para o controle de cigarrinhas da pastagem, o fungo Metarhizium anisopliae tem ganhado destaque conforme esclarece o coordenador de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da Fazu e professor dos cursos de Agronomia e Zootecnia, Luan Alberto Odorizzi dos Santos. Este fungo age em contato com a cigarrinha provocando distúrbios fisiológicos e posteriormente colonizando todo o corpo do inseto. 26
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NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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CAPA
CAMPEÃ BEZERRA EXPOINEL NACIONAL 2020 E RESERVADA GRANDE CAMPEÃ DA EXPO ITUVERAVA 2020 AOS 12 MESES DE IDADE
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2020 Ano de consagração da
Lucente Agropecuária LARISSA VIEIRA
ARQUIVO, BOY, GUSTAVO MIGUEL, JM MATOS E PITTY
Com várias conquistas em exposições da raça Nelore, o criatório mostra que com um trabalho criterioso de seleção, genética de ponta, planejamento e trabalho em equipe é possível alcançar excelentes resultados no concorrido mercado pecuário
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umo aos 20 anos de seleção da raça Nelore, data que será comemorada em 2021, a Lucente Agropecuária está finalizando 2020 com excelência. Nas pistas, o criatório conquistou várias premiações, culminando com a classificação de terceiro Melhor Criador, Expositor e Supremo da Expoinel Nacional 2020. A série de vitórias continuou em competições ocorridas após a Nacional da raça, tais como as Exposições de Ituverava, Uberlândia e recentemente em Goiânia, colocando o criatório entre as melhores marcas em pista do país na atualidade. Sob o comando dos irmãos Cássio e Eduardo Lucente, a Lucente Agropecuária soube acompanhar a evolução da raça Nelore e do setor pecuário nas duas últimas décadas. De uma pequena gleba no Tocantins, adquirida em 1993 pelo pai, o saudoso senhor Francisco Lucente, onde desenvolviam pecuária comercial, o projeto foi ampliado, sendo atualmente ancorado em três pilares: genética, pista e produção de carne. Os investimentos para formação de um plantel superior ocorreram para atender a demanda interna crescente da fazenda por touros melhoradores. Em 2000, decidiram comprar um lote de matrizes para produzir seus próprios reprodutores e, para isso, buscaram uma genética já consagrada no Brasil. As primeiras 100 fêmeas adquiridas foram oriundas da fazenda Brumado, negociadas por Eduardo Lucente diretamente com o saudoso pecuarista Rubico de Carvalho. Com os resultados alcançados nos primeiros anos de investimento, os irmãos Lucente passaram a comprar animais em tradicionais leilões da raça Nelore e a multiplicar essa genética adquirida, o que contribuiu para a atual consolidação da marca. Hoje, são promotores de importantes remates, como Noite dos Campões, dentre outros leilões. A seleção Lucente figura no hall
BARÃO FIV LUC – PRI1489 - CAMPEÃO TOURO JOVEM DA EXPOINEL NACIONAL 2016
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CAPA dos mais importantes projetos pecuários do país. A expansão do plantel levou a família a adquirir outras propriedades no Tocantins e em São Paulo. No estado tocantinense, em Gurupi, são duas grandes áreas de 25 mil hectares no total. Já no estado paulista, as unidades estão divididas nas cidades de Ibitiúva, Barretos, Colômbia e Paulo de Faria. Além da pecuária, eles também fornecem para usinas do estado. A lavoura conta com 2.500 hectares de cana de açúcar plantados. O rebanho elite está sediado em Ibitiúva. Já a produção e o plantel de matrizes, com cerca de 80 jovens e consagradas doadoras, ficam em Barretos. Em Paulo de Faria e no Tocantins é desenvolvida a pecuária extensiva, com aproximadamente 1500 matrizes PO para produção de touro PO e o gado comercial. O criatório tem seu rebanho avaliado pelo Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ). Nos últimos cinco anos, o projeto vem sendo direcionado para intensificar o trabalho de seleção das doadoras de marca própria, aproveitando assim todo potencial genético do rebanho da Lucente Agropecuária. Para isso, a meta atual é produzir 600 prenhezes/ano, por meio da FIV. Os resultados dessa seleção vêm aparecendo nas exposições disputadas. Nos primeiros dois anos do projeto, conseguiram fazer a campeã Nacional, Ermida FIV LUC, que é filha do Kayak em matriz Sabiá. A fêmea foi comercializada no leilão Raça Forte, sendo adquirida pela Rima Agropecuária. A partir daí, outros destaques foram surgindo, como o Campeão Nacional, Barão FIV LUC, Mercedes FIV LUC, Domitila FIV LUC, Leide FIV LUC e Rubi FIV LUC. “O grande atributo desses últimos resultados é a dedicação. Com a liderança do Vinicius Lucente, que é filho do Cássio Lucente, e está focado fielmente ao projeto pecuário, reestruturamos toda a equipe e estamos com um time muito qualificado desde o escritório, com a Fabiana, ao Fernando, que é responsável pelo manejo do gado de pista, juntamente com sua equipe. Eu, com as minhas visitas mensais, venho trabalhando os acasalamentos e o planejamento comercial”, conta Ademir Jovanini, assessor pecuário que presta serviços para a Lucente Agropecuária. Segundo ele, o trabalho vem permitindo a identificação de diversas doadoras dentro do próprio plantel. Uma delas é Domitila FIV LUC, que é uma matriz que vem se comprovando cada dia mais, super provada em fertilidade e que imprime qualidade nas progênies. Com a intensificação na produção da Domitila, o criatório começou a produzir grandes indivíduos de destaque em pista e recordistas de comercialização. Outro destaque no time de doadoras é Unasta FIV
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ERMIDA FIV LUC – PRI2185 - CAMPEÃ BEZERRA JOVEM EXPOZEBU 2018
DOMITILA FIV LUC - PRI2391 - CAMPEÃ BEZERRA EXPOINEL 2019
ANTONELA FIV LUC – PRI2575 - CAMPEÃ NOVILHA MENOR EXPOINEL NACIONAL 2020
de Garça, filha do Big Ben na Hasta TE, irmã da Hamina da MV, sendo uma das principais matrizes da Lucente Agropecuária. Entre suas filhas, destaca-se Mercedes FIV LUC, recorde de comercialização no leilão Noite dos Campeões 2019, e Leide FIV LUC, um dos grandes destaques do Noite dos Campeões 2020. Também compõe com destaque a seleção Lucente a doadora Fathina TE Port, que é uma sociedade com a família Gibertoni. Ela é mãe de Grandes Campeãs Nacionais como a Lawa 3, Fathina Machadinho, Julieta Cartago, entre outras. Sempre apostando em inovações para alcançar o avanço genético do rebanho, a Lucente Agropecuária é pioneira no uso da clonagem. Em 2009, clonaram a doadora Flor de Liz, que foi o primeiro grande destaque do criatório e conquistou o título de Grande Campeã no estado de Goiás. Ela é mãe do Grande Campeão Nacional, Flox TE da HP. “Tivemos a felicidade de sermos proprietários da Flor de Liz, matriz que nos rendeu bons frutos e retorno financeiro de mais de R$4 milhões”, diz Vinicius Lucente. Apaixonado pelo Nelore, ele sempre acompanhou seu pai em todos os negócios da agropecuária desde o início. Antes de assumir o criatório, atuou na administração da empresa metalúrgica CCM, que pertence à família. Mais conquistas nas pistas A cada ano, o número de conquistas da Lucente Agropecuária nas exposições vem crescendo. Em 2016, o criatório fez seu primeiro Campeão Nacional Touro Jovem na Expoinel, com o Barão FIV LUC.
LEIDE FIV LUC – PRI2566 - RESERVADA CAMPEÃ NOVILHA MENOR EXPOINEL NACIONAL 2020
ELEGANCE FIV LUC – PRI2356 - CAMPEÃ FÊMEA JOVEM EXPOINEL NACIONAL 2020
ALGUMAS DOADORAS DA LUCENTE AGROPECUÁRIA
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CAPA
ROQUE FIV GIBER – GIBE1360 - GRANDE CAMPEÃO NACIONAL 2020
VINICIUS LUCENTE RECEBE A PREMIAÇÃO CONQUISTADA PELO GRANDE CAMPEÃO NACIONAL
FLÁVIO, FERNANDO, BETO MENDES (SABIÁ), VINÍCIUS LUCENTE E FERNANDO OLIVEIRA (CHÁCARA ZEBU) NO MOMENTO DA PREMIAÇÃO DA CAMPEÃ PROGÊNIE DE MÃE DURANTE A EXPO MINEIRA 2020, FORMADA PELOS FILHOS DA CASTANHOLA FIV SABIÁ
EQUIPE DA LUCENTE AGROPECUÁRIA
Na ExpoZebu 2018, levaram o título de Campeã Nacional Bezerra Jovem com a Ermida FIV LUC, que hoje é uma parceria da Lucente Agropecuária a Rima Agropecuária. E em 2019, o primeiro Grande Campeão Nacional com o Roque FIV Giber. Aliás, 2020 está sendo um grande ano para a Lucente Agropecuária. Já na primeira exposição do ano, a Expoinel Mineira, os resultados já foram satisfatórios. Em Angra, fizeram o Grande Campeão com o Roque FIV Giber, ele foi também Grande Campeão Nacional da Expoinel e também Grande Campeão nas exposições de Ituverava, Uberlândia e Goiânia. Ainda na Expoinel Nacional foram conquistadas as premiações de Campeã Novilha Menor, com a Antonela FIV LUC; Campeã Fêmea Jovem, com Elegance FIV LUC; Campeã Novilha Menor com a Greta FIV LUC; Reservada Campeã Novilha Menor com a Leide FIV LUC, Campeã Bezerra Jovem com a Tequila FIV LUC; Campeã Novilha Maior foi a Bonita FIV LUC; Campeão Bezerro Jovem com o Moscou FIV LUC; Campeã Fêmea Adulta com a Zara FIV LUC, e finalizando as
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premiações com o conjunto Campeão Progênie Jovem de pai com os filhos do Kayak. Já em Ituverava, fizeram a dobradinha no Grande Campeonato com o Roque FIV Giber e a Reservada Grande Campeã com a Rubi FIV LUC, ela que acabara de completar 11 meses de idade, filha da Domitila FIV LUC. “Domitila é a paixão dos criadores, por ser crioula nascida e criada na Lucente Agropecuária. Por tudo que ela representa até ganhou um piquete especial logo na entrada da fazenda. Ela é a prova de que investir em genética de grandes matriarcas é extremamente necessário e importante. Acreditamos ser esse o segredo do caminho mais curto para conquistar ótimos resultados”, assegura Ademir Jovanini. Domitila hoje está com 10 anos e é uma doadora muito fértil. Na última aspiração produziu 66 oócitos viáveis com 24 embriões transferidos. Projeto de ILP traz bons resultados A agricultura é mais um ramo do agro que os Lucente incorporaram aos negócios. Há três anos deram início ao plantio de soja, trabalhando em sistema de In-
tegração Lavoura/Pecuária no Tocantins. A cria de bezerros divide espaço com grãos, apresentando excelentes resultados. Tudo isso sem abrir mão da preservação das reservas florestais existentes nas propriedades. “Com tantas atividades paralelas, é essencial ter uma equipe de alto nível, alinhada e com foco nos resultados”, dizem os irmãos Lucente. No projeto extensivo realizado em Gurupi a marca se destaca como grande fornecedora de touros na região, oferecendo ao mercado reprodutores com avaliação genética, biotipo ideal para produção de carne. Trata-se de um projeto completo que desenvolvem no local, indo desde a seleção de genética ao rebanho comercial, garantindo um abate dos animais aos 24 meses, com média de 20@. Com tantas vertentes no negócio, a família Lucente trabalha unida e com a participação de várias gerações. Os irmãos Rodrigo e Mariana, também filhos de Cássio, atuam nas empresas do grupo. Já a terceira geração, apesar de muito jovem, já sinaliza uma paixão pelo agro. Francisco, filho de Vinicius e Paula, de apenas 3 anos, é um apaixonado por animais, quer estar sempre na fazenda acompanhando
seu pai sempre que possível na vistoria dos animais. A expectativa é de que o irmãozinho Bernardo também siga os mesmos passos, quando tiver mais idade. Pelo lado de Eduardo Lucente, que comanda o projeto do Tocantins mais de perto, os dois filhos Alexandre e Maria Eduarda também trabalham nas empresas do grupo Lucente junto ao pai. “O Nelore nos proporciona relacionamentos importantes. Hoje temos muitas amizades que a raça nos deu em todo o Brasil. Para o 18° leilão virtual da Lucente Agropecuária que iremos realizar em 2021 faremos uma edição especial para comemorar os 20 anos da nossa seleção. Um trabalho desenvolvido em família, com muita dedicação e amor, e que merece ser celebrado”, finaliza Vinicius Lucente. Para as comemorações dos 20 anos, o criatório decidiu inovar sua marca, trazendo uma nova configuração que homenageia todos os membros da família, que vêm trabalhando unidos e incansavelmente pelo avanço do negócio. Dentro desse novo posicionamento da marca, o criatório adotou o nome Lucente Agropecuária.
O saudoso patriarca da família Sr Francisco Lucente no início das atividades no Tocantins em meados de 1993
Lucente Agropecuária unidade fazenda São Manoel em Gurupi (TO)
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ENTREVISTA
FERNANDO ANTÔNIO NUNES CARVALHO
DESAFIOS PARA 2021 O que está por trás dos números animadores da pecuária brasileira em 2020? LARISSA VIEIRA
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ARQUIVO
uem esclarece o atual cenário que levou a arroba para valores nunca antes vistos é o médico-veterinário MSc, produtor rural, mentor da nutrição animal do Grupo Matsuda, onde trabalha desde 1987 e hoje é diretor Técnico da nutrição animal do Grupo Matsuda, Fernando Antônio Nunes Carvalho. Com vasta experiência em nutrição animal, ele acredita que, se o pecuarista se preparar bem para ter comida suficiente para o rebanho em 2021, quando podem ocorrer prejuízos com a seca, os resultados serão tão bons quanto os desse ano. Mas o especialista alerta para velhos hábitos que predominam na pecuária nacional, como a falta de um planejamento nutricional em boa parte das propriedades, incluindo falhas na suplementação. Integrante da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Mineirais (Asbram), Fernando também é autor de vários livros sobre nutrição e destaca que a vaca é o maior patrimônio que o produtor tem. Ele é autor da biografia do fundador do Grupo Matsuda, Jorge Matsuda, definido como um grande líder e ser humano simples e inspirador.
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PB- O agronegócio vai fechar 2020 com números impressionantes. Que fatores levaram a isso na sua opinião? FANC-Foi um ano excelente, histórico para todo o segmento e que teve a influência de alguns fatores. Um deles é a exportação recorde de carne. O Brasil nunca exportou tanto em volume e nunca com tanto valor agregado. A tonelada em equivalente carcaça passou de USS 4,1mil/toneladas kg, um preço nunca antes registrado no país, ainda mais com o dólar nesse patamar. Esse cenário permitiu a capitalização de todo o setor, ganhando tanto o produtor quanto o frigorífico e outros segmentos do agro. Também contribuiu para esse cenário o fato de que havia um represamento pela matança de vaca. Como houve muita matança de vaca anos atrás, foi faltando bezerro e o segmento de cria teve alta valorização. O ágio em relação a arroba/bezerro sempre foi de 20% a 22%, mas esse ano chegou até a 40% e até 50%. Então, valeu a pena o criador investir no seu patrimônio, que são as vacas. A recria também foi valorizada e mesmo pagando “caro” no boi magro e no bezerro o pecuarista conseguiu vender bem. A pecuária é uma atividade tão boa que mesmo aquele que é ineficiente ainda consegue ganhar mais que a poupança. Esse ano vai dar 0,2% a 0,3% de rentabilidade/mês para quem não fez o dever de casa, e para quem fez vai chegar a 2,5% a 3% a rentabilidade/ mês, que é um índice excelente. PB- No Brasil, não há uma homogeneidade no desempenho das propriedades, ou seja, umas são muito eficientes outras nem tanto. Que pontos o produtor deve se atentar no manejo nutricional
para melhorar os resultados da fazenda, independentemente do tamanho do negócio? FANC – Infelizmente, no Brasil 30% dos pecuaristas fazem o dever de casa muito bem feito, 20% que não faz e tem 50% que fala que faz, mas nem sempre o faz com o deveria. O pecuarista precisa estar ciente de que a nossa maior riqueza é o pasto, esse é nosso grande diferencial. Depender apenas de grão e confinamento é para aqueles países cujo clima não favorece a produção a pasto. Esse ano foi desafiador já que o milho chegou até a R$ 90 a saca. Se levarmos em conta que 82% da dieta do gado confinado no Brasil é composta de grãos, então essa alta inviabilizou muito por conta do custo. Então, para um dever de casa bem feito é essencial cuidar da terra, independentemente do tamanho da propriedade. O primeiro dever de casa é ter água. É preciso cuidar da terra, do solo da aguada, pois tem lugar que não tem água direito e, por conta da seca forte esse ano, teve pecuarista que precisou vender gado. Um segundo passo
é proteger o solo. Isso é básico, mas tem muita gente que ainda não faz. Plantar árvore não é só questão ambiental é questão de manejo, é conforto do animal. Quando você protege o solo, melhora o sistema da pastagem e o gado ganha indiretamente. Na sombra, estressa menos, melhora a reprodução, melhora a produção de leite, reduz doenças. Além disso, a propriedade terá o certificado ambiental se um dia quiser exportar, pois os países já estão cobrando isso. Outro ponto para levar em conta é se preparar para enfrentar os anos de mais seca. É preciso guardar um pouco do pasto, produzir feno ou silagem, guardar para ter. Isso é investimento, não é custo. Quem cuidar de sua propriedade vai ter retorno. A pecuária é um negócio perene, portanto deixar a propriedade melhor que você encontrou traz ganhos para todos, inclusive para as próximas gerações.
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ENTREVISTA
PB- Com esse aumento da demanda da carne brasileira, atender as exigências do mercado externo, que prioriza bovinos mais precoces, será mais fácil para as propriedades com um bom planejamento nutricional? FANC – Com certeza. Por isso, a primeira coisa a se fazer é cuidar bem da mãe. Se dividirmos a gestação em três partes, o primeiro terço da gestação é fundamental para formar células boas. Os genes recebidos dos pais se formam nessa fase e para definir uma melhor estrutura do feto tem que nutrir a mãe para não ter um animal tardio. Mesmo que tenha a melhor genética, se não nutrir bem a mãe esse feto estará condenado. Outro fator importante é que a vaca precisa parir bem. Nutrida, ela produzirá um bom colostro, o bezerro vai ter menos diarreia, menos infecção, menos doença. A partir do quarto mês, quando a mãe não consegue nutrir bem o bezerro, é preciso fornecer uma suplementação com proteinado para ajudar esse bezerro desenvolver um pouco mais e sentir menos o desmame. Se desmamar aos 7 meses com 40% do peso de abate, o produtor fez bem o dever de casa e terá uma boa recria. Também é preciso suplementar em outras etapas. Hoje tem a suplementação de inverno na seca, a suplementação de verão e de transição. Quem faz um
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planejamento nutricional correto, garantindo suplementação e forragem o ano inteiro, seja ela a pasto natural, seja ela conservada, seja silagem ou capineira de cana, consegue produzir a um custo relativamente muito mais baixo que lá fora. É essencial ainda fazer um balanceamento correto de macro e microminerais, tais com zinco, cobre, selênio, manganês e fosforo, na dieta animal. Com isso, consegue-se melhorar a parte imunológica e intestinal. PB- Mesmo com tantos avanços, a suplementação nutricional ainda não é uma realidade em todas as propriedades brasileiras. Por que esse cenário ainda persiste? FANC – Infelizmente, no Brasil o gado perde peso dos 7 meses a 1 ano de vida, de até 250 gramas por dia, por falta de uma nutrição adequada. Nosso rebanho é de 225 milhões de cabeças e não temos 40% desse total suplementado próximo da correta, sendo que 60% estão subalimentados ou mesmo não são suplementados de uma forma mínima em minerais essenciais. Alguns produtores até suplementam o rebanho, mas fornecem uma quantidade abaixo do que deveria
na tentativa de reduzir custos, o que não é recomendado. É importante ter em mente que a suplementação contribui para diminuir doenças, mortes e o uso de medicamentos, como os antibióticos. Cada mês que o pecuarista retira o suplemento, pagará a conta lá no final, pois não conseguirá ter animais sexualmente mais precoces e nem abater o gado mais jovem, como o mercado exige. A nutrição influencia até na parte sanitária. Qualquer vacina que for aplicada se o gado estiver magro, não terá a resposta imune desejada, pois o organismo precisa de zinco e cobre suficientes para que a vacina induza a produção da defesa imunológica. A nutrição deve ser prioridade, seguida de um bom manejo sanitário e uma genética melhoradora. Os três andam juntos, mas se não cuidar da nutrição é como construir uma casa sem alicerce. PB- A Matsuda realizou recentemente um congresso, que por conta da pandemia ocorreu de forma virtual? Quais foram os pontos abordados no evento que o criador merece ficar atento e incorporar em seu sistema de produção?
FANC – Essa foi a 14ª edição do evento, que sempre acontece em novembro para fazer um balanço do ano que passou e desenvolver estratégias para o próximo ano. Abordamos todas as categorias animais, mas nosso foco principal foi na cria por ser em maior número no rebanho nacional, ou seja, a necessidade de suplementação é superior, além disso, sua permanência na propriedade é mais longa, em média 10 anos. Foram abordadas questões relativas ao manejo das fêmeas, programação fetal, dentre outros assuntos. As tecnologias serão essenciais para ajudar o Brasil a se manter no mercado mundial como grande exportador de carne e debatemos isso durante o evento. Tudo indica que a Ásia terá uma classe média maior e com bom poder aquisitivo, consumindo muita carne, principalmente a suína. Mas em decorrência dos casos recentes de peste suína, a oferta desse tipo de proteína caiu por lá. Esse consumo precisa ser preenchido com outra proteína, como a bovina, frango, carneiro etc. Vejo o Brasil como único país no mundo com condições para abastecer esse mercado asiático, tanto em relação à quantidade quanto ao custo médio de produção mais acessível. PB-O senhor é autor de livros sobre nutrição, mas também da “Biografia Jorge Matsuda”. Na
sua visão, quais os ensinamentos mais importantes deixados por ele, tanto na parte humana quanto profissional? FANC – Ele era mais que meu patrão, era um grande amigo, e o que mais me marcou foi que ele nunca estava cansado. Mesmo na doença em seus momentos mais difíceis, era uma pessoa extremamente com o olhar voltado para a frente. Tinha a mente no futuro. Na semana que ele faleceu, estava planejando com a equipe da Matsuda as ações a serem executadas. Era de uma força espiritual muito forte, que gostava de coisas e de lugares simples. E essa simplicidade, ele passou para a sua família. Tratava todo mundo sem distinção, e estava sempre incentivando as pessoas a sonhar, a acreditar nelas mesmas e a irem atrás de seus sonhos. A Matsuda é uma empresa muito grande e continua sendo uma empresa familiar, no bom sentido. Quando comecei na Matsuda, a empresa tinha apenas sete funcionários. Agora, somos mais de 2.500, mas a essência da administração não mudou, continua com esse mesmo espírito há três gerações. O maior patrimônio da Matsuda é composto pelas pessoas que nela trabalham e suas famílias, que
geração após geração fortalecem o DNA. PB- Qual a expectativa para 2021 em relação à pecuária de corte brasileira e quais desafios o setor pode ter? FANC – Estamos muito, muito animados. O grande desafio talvez seja chuva, tivemos anos ruins de chuva. A la niña deve permanecer até fevereiro, causando seca e chuvas irregulares, tornando-se um desafio para a agricultura, cuja safra de grãos do ano que vem já está toda comprada. O produtor que puder se preparar para a seca do ano que vem vai levar vantagem, pois pode faltar comida para o gado e os preços dos grãos ficará mais caro. Fora isso, a expectativa é de um ano maravilhoso. A demanda por animais vivos para exportação e para abate deve subir também. E se a vacina contra o Covid estiver disponível no mercado, a economia tende a melhorar no mundo. A dúvida é o mercado interno, se haverá uma recuperação da nossa economia. A dívida interna brasileira é muito alta, o que pode impactar a retomada brasileira. Pensando na demanda externa por carne, se o produtor investir em pasto, aguadas, suplementação terá um ano de muita alegria.
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PECUÁRIA 360
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1ª EXPOSIÇÃO INTERESTADUAL DO GIR LEITEIRO DE GOIÂNIA
Entre os dias 15 e 22 de novembro, Goiânia/GO recebeu a primeira edição da Exposição Interestadual do Gir Leiteiro. O evento foi realizado no Parque de Exposições da capital goiana e contou com cerca de 250 animais de elite. O Melhor Expositor e Melhor Criador foi Winston Frederico A. Drumond. A Grande Campeã foi Canka FIV Ponte Alta Genética, do expositor Luiz Eduardo Branquinho. A Reservada Grande Campeã foi ICH Sedução, do expositor José Renato Chiari. O Grande Campeão foi Cronos FIV Agrogir, do expositor Harpia Agropecuaria S/A. O Reservado Grande Campeão foi Ludico FIV WAD, do expositor Winston Frederico A. Drumond.
EXPOINEL GOIÁS
A 15ª Expoinel Goiás aconteceu de 16 a 22 de novembro na capital goiana. Com 184 animais participantes, o evento teve como Melhor Expositor Dorival Gibertoni e como Melhor Criador a CRL Agropecuária Ltda. A Rima Agropecuária venceu como Supremo. A Grande Campeã foi Inaja 4 FIV da Valônia, do expositor Dorival Gibertoni. A Reservada Grande Campeã foi Camila FIV CRL, do mesmo expositor. O Grande Campeão foi Roque FIV GIBER, também de Gibertoni. O Reservado Grande Campeão foi Barollo FIV BRUN, do mesmo expositor.
EXPO ITUVERAVA 2020 NELORE
De 9 a 15 de outubro, a cidade de Ituverava/SP sediou a VIII Exposição Agropecuária da Alta Mogiana (EXPAM) que teve a presença das raças Guzerá e Nelore. O evento foi organizado pela APCN (Associação Paulista dos Criadores de Nelore) e pela LRS Eventos, com o apoio do Sindicato Rural de Ituverava. Participaram 263 exemplares Nelore. Dorival Gibertoni foi o Melhor Expositor e a CRL Agropecuária Ltda foi o Melhor Criador e Supremo. A Grande Campeã foi Camila FIV CRL, do expositor Dorival Gibertoni. A Reservada Grande Campeã foi Rubi FIV LUC 2L, do mesmo expositor. O Grande Campeão foi Roque FIV GIBER, também de Gibertoni. O Reservado Grande Campeão foi Expoente FIV CRL, do expositor Thiago Rocha Lopes.
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EXPO ITUVERAVA 2020 GUZERÁ
Já na raça Guzerá a Expo Ituverava 2020 terminou tendo como Melhor Expositor e Melhor Criador Otávio A. Canto Alvares Correa. A Grande Campeã foi Taberna Santa Celina, do expositor Otávio Correa. A Reservada Grande Campeã foi Iancy da El Giza, do expositor Douglas Brandao Costa. O Grande Campeão foi Jaladhi da El Giza, do mesmo expositor. O Reservado Grande Campeão foi Afegão Santa Celina, do expositor Otávio Correa.
EXPOSIÇÃO DE UBERLÂNDIA
MUTUM WEEKEND
Pela primeira vez no formato virtual, a oitava edição do Mutum Weekend bateu recorde e surpreendeu investidores pela qualidade ofertada. Foram dois dias de remate comandados pelo leiloeiro oficial Wellerson Silva nos dias 18 e 19 de setembro. Foram comercializados 44 animais Gir Leiteiro e 35 Girolando. A média das Girolando ficou em R$22 mil, com crescimento de mais 150% em relação a edição de 2019. Destaque para Ozane Gillespy FIV F. Mutum, vendida 50% de suas cotas por R$84 mil. Já o Leilão virtual Matrizes Gir Leiteiro, a média geral superou a edição anterior em 14,7%, ficando em R$53mil. Destaque para Ametista da Mutuca vendida por R$198mil.
A Expo Nelore Uberlândia, ocorrida de 16 a 22 de outubro, contou com a participação de 267 animais. O Melhor Expositor foi Dorival Gibertoni e o Melhor Criador foi CRL Agropecuária Ltda. A Rima Agropecuária liderou a classificação Supremo. A Grande Campeã foi Camila FIV CRL, do expositor Dorival Gibertoni. A Reservada Grande Campeã foi Evidenzza I GVMH, do expositor Rima Agropecuária. O Grande Campeão foi Roque FIV GIBER, também de Gibertoni. Do mesmo expositor, Barollo FIV BRUN foi o Reservado Grande Campeão.
LEILÃO ESPECIAL 10 ANOS ACRIMOCHO
Ocorrido no dia 13 de outubro, o evento ofertou touros e fêmeas Nelore Mocho, atingindo faturamento total de R$ 905.100,00, sendo R$ 857.100 de animais e RS$ 47.950 de sêmen. Foram vendidas 2.100 doses de sêmen. A média dos machos ficou em R$ 14.283,00 e a média das fêmeas de em R$20.130,00. O animal mais valorizado foi Indiana FIV Angico, vendida por R$60 mil para a Goya Agropecuária Ltda. O macho mais valorizado foi Montegaldo do Pingado, vendido por R$ 22.800,00 para Adolfo Santos Miranda, do Maranhão, que foi o maior comprador do evento com a aquisição de 12 animais, todos machos.
LEILÃO NELORE KITO
Com aumento de 30% no faturamento em relação a edição do ano 2019, o pregão aconteceu no dia 18 de outubro e comercializou 295 bezerras, novilhas, doadoras e matrizes Nelore PO para 12 estados diferentes. Os animais tinham avaliação pelo PMGZ.
SUMÁRIO DE TOUROS BOLIVIANOS
A ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores) lançou a segunda edição do Sumário de Touros Bolivianos. A publicação, que teve sua primeira edição lançada no ano passado, conta exclusivamente com dados de animais das raças Nelore e Brahman das fazendas participantes dos programas da ANCP na Bolívia. A entidade trabalha com avaliações genéticas no país vizinho desde 2004. O Sumário seria lançado em março, mas foi adiado em virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus. A segunda edição do Sumario de Toros Bolivianos pode ser acessada no site da ANCP (www.ancp.org.br/sumarios/sumario-de-toros).
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RAÇA
SELEÇÃO . GENÉTICA . CRIAÇÃO . LEILÕES
Ano de vacas gordas RECORDE HISTÓRICO NO PREÇO DA ARROBA E VALORIZAÇÃO DE BEZERROS ASOCEBU CELEBRA 45 ANOS DE CONQUISTAS
A ASSOCIAÇÃO VEM ALCANÇANDO RESULTADOS EXPRESSIVOS NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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RAÇA
Ano de vacas gordas Com recorde histórico no preço da arroba e valorização de bezerros, 2020 deve fechar como o melhor ano pecuário dos últimos tempos LARISSA VIEIRA
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ora de fazer a conta final do ano e ver se houve lucro ou prejuízo em 2020. Quem fez o dever de casa, gerenciando bem o negócio, provavelmente vai ter muito o que comemorar. Basta ver o preço da arroba no final de 2019, que já sinalizava uma retomada das cotações e fechou em R$200,00. Comparando com novembro de 2020, a alta foi de 39,95%, fechando em R$ 279,90, valor registrado em 5 de novembro. Por outro lado, os custos também subiram. Quem trabalha com cria viu os preços do bezerro crescerem, atingindo os recordes reais. Conforme análise do Cepea referente a outubro, esse cenário é resultado da restrição de oferta de animais desde o segundo semestre de 2019 e da demanda aquecida por reposição, devido aos valores recordes do boi gordo. E agentes do mercado consultados pelo Cepea acreditam que o movimento de avanço nos valores da reposição deve seguir firme, fundamentados no baixo volume de chuva nos últimos meses, que tende a atrasar a estação de monta. Então, essa conta realmente vai fechar no azul? Para o presidente Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Pitangui de Salvo, 2020 certamente será um ano de alta lucratividade. “O invernista que está matando boi agora comprou bezerro ou boi magro bem mais barato lá atrás, o que vai garantir uma melhora da rentabilidade este ano. E mesmo com o aumento de custo dos insumos, que está na ordem de 20 a 25%, vamos ter uma lucratividade bastante satisfatória”, destaca o presidente da Comissão, que é criador de Guzerá PO e também atua na pecuária de corte comercial. Segundo ele, não só o invernista terá maior rentabilidade em 2020. Quem trabalha com a cria também não tem do que reclamar. “O custo do bezerro em 2017 era por volta de R$950,00 a R$ 1 mil. De lá para cá, houve um aumento de 20%, com esse custo ficando em torno de R$1,2 mil, isso para quem tem eficiência em termos de fertilidade e peso à desmama. Agora, esse bezerro está sendo vendido por mais R$2,3 mil, ou seja, esse produtor também terá um ganho muito bom”, explica o presidente da Comissão de Carne. Em outubro, o bezerro (nelore, de 8 a 12 meses) negociado em Mato Grosso do Sul (representado pelo Indicador ESALQ/BM&FBovespa) registrou média de R$ 2.305,90/cabeça, sendo 44% superior à verificada em outubro de 2019, em termos reais (valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI de
Presidente Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Pitangui de Salvo
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RAÇA setembro/2020), segundo o Cepea. “Vejo com bons olhos essa correção da arroba porque isso tirou um desconforto que vinha a tempos na pecuária. Era uma situação de baixíssima rentabilidade ou praticamente uma rentabilidade inexistente que agora está trazendo toda a cadeia para um patamar melhor. Sabemos que temos um longo caminho a percorrer pela frente, mas as perspectivas são muito boas, desde que o produtor não descuide porteira adentro”, diz Salvo. De acordo com ele, será preciso ter uma gestão eficiente, investir em genética, em melhoramento de solo e de pastagens para manter a rentabilidade nos próximos anos. Alta nos insumos Se por um lado os pecuaristas comemoram essa equação positiva, sabe-se que a indústria de nutrição sobre o impacto da alta do dólar, que tornou mais caro produzir suplementos e rações. Ao divulgar em novembro o balanço da produção no primeiro semestre de 2020, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) ponderou que, apesar do segmento ter mantido um bom desempenho, houve um exercício hercúleo para equilibrar os custos. “É de se alertar para o eventual aumento da carga tributária, o encarecimento das formulações nutricionais, o desinvestimento e os impactos no bolso do consumidor final ao longo da pandemia. Esse conjunto de fatores preocupa toda a cadeia de alimentação animal e aponta para um grande desafio em manter o ritmo de crescimento para o segundo semestre. É imprescindível que se pense numa reformulação dos impostos, cuja carga sufocante e burocracia fiscal permanecem atormentando as empresas e desviando seu foco da atividade produtiva”, avalia Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações.
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Apesar do alerta, o balanço mostrou que a produção de rações foi de 37,2 milhões de toneladas entre janeiro e junho, registrando um incremento de 5,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é de que até o final de 2020 esse montante, quando somado à produção de sal mineral, salte para mais de 81 milhões de toneladas, representando um crescimento de até 4,5%, se comparado às estimativas de 2019. Somando bovinos de corte e de leite, a produção de rações foi de 5,1 milhões de toneladas, com o corte crescendo 2,3% e o leite 2,8%.
Gerente de Categoria Confinamento DSM, Marcos Sampaio Baruselli
Confinamentos cheios e exportações em alta Esses são dois outros pontos que confirmam que 2020 será um ano de boa rentabilidade na pecuária de corte. Segundo dados da Secex, em outubro, as exportações de carne bovina in natura somaram 162,7 mil toneladas, 14,28% a mais que em setembro. De janeiro a outubro, as vendas externas somam 1,414 milhão de toneladas, 15,17% acima do volume registrado no mesmo período de 2019 e um recorde para os 10 primeiros meses de um ano. Quanto à receita, atingiu em outubro o segundo melhor desempenho deste ano, somando US$ 690,51 milhões, 18,41% superior ao de setembro. Essa receita em reais em outubro superou em 23% a do mês anterior e em 36,4% a de outubro/19. No acumulado de janeiro a outubro de 2020, a receita totaliza US$6,091 bilhões e R$31,49 bilhões, sendo respectivos 24,16% e 65% acima do observado no mesmo período de 2019 e ambos recordes. Já o Censo de Confinamento DSM 2020, realizado de março a setembro, em todo o Brasil, apontou um aumento de 6% no número de bois confinados este ano, passando de 5,856 milhões de cabeças para 6,189 milhões. Confinamentos em todo o Brasil estão mais cheios este ano. Em pontos percentuais, o Nordeste foi o que mais cresceu 17%, seguido do Sul que subiu 10,8%, o Centro-Oeste em 8%, o Sudeste em 1,6% e o Norte está 0,6% maior. Nos confinamentos deste ano, os machos inteiros são maioria, sendo mais de 90% deles de origem zebuína. As fêmeas correspondem a apenas 10%, confirmando que a retenção continua firme este ano. A expectativa é de fechar 2020 com 4% de lucro ao mês. Dependendo da propriedade, esse índice pode chegar a 6%. No período de 2015 a 2019, a média de lucro foi de 3,08% ao mês. De acordo com o gerente de Categoria
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Confinamento DSM, Marcos Sampaio Baruselli, o pecuarista está vivendo um ano muito favorável. “Se a arroba subir até dezembro, o lucro pode ser ainda maior. Um dos fatores que favoreceu esse aumento do número de animais confinados é o fortalecimento da agricultura em regiões como o Nordeste, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso, dentre outras. A seca deste ano também levou os produtores a confinarem mais”, acredita. O Confina Brasil, movimento organizado pela Scot Consultoria para mapear 1 milhão de bois criados no sistema intensivo nas principais regiões produtoras do país, trouxe algumas particularidades dos confinamentos este ano em várias regiões. No Mato Grosso, por exemplo, os produtores de genética estão utilizando o confinamento de forma estratégica. Diferente de outros estados em que o confinamento era destinado apenas para produzir carne, dessa vez também está sendo fundamental a produção de bezerros e animais precoces. Outro ponto observado no Mato Grosso foi o avanço que a agropecuária trouxe à região de Nova Xavantina, graças aos investimentos dos produtores. O município e seu entorno, nos últimos 15 anos, deram um salto de produtividade. Os grãos chegaram forte e a pecuária está cada vez mais intensiva. Segundo o presidente da Comissão de Corte da CNA, Antônio Pitangui de Salvo, o produtor brasileiro sabe muito bem que pode transformar milho e soja em carne bovina, suína e aves de qualidade. A agricultura já aprendeu a produzir com eficiência e a pecuária está indo na mesma direção. “Tem muito pecuarista que está vendendo boi de 20 meses, com 22 arrobas, e temos genética para garantir esse avanço. Os pecuaristas que estão mais próximos aos centros produtores de grão vão levar uma vantagem enorme em relação aos que estão mais distantes. A tendência desse mercado é se firmar, sem dúvida nenhuma, para o produtor profissional que tiver uma gestão e um trabalho, enxergando a sua produção como a produção de uma empresa que é uma fazenda de pecuária hoje”, finaliza o presidente da Comissão de Corte da CNA.
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Asocebu celebra
45 anos de conquistas A associação vem alcançando resultados expressivos na Bolívia graças às ações desenvolvidas para melhorar geneticamente o rebanho de corte e de leite LARISSA VIEIRA
CLÁUDIA MONTEIRO E RUBENS FERREIRA
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Bolívia vem se consolidando no mercado pecuário latino-americano, tanto como fornecedor de genética quanto de carne bovina. Assim como no Brasil, o agro é um setor de impacto na economia do país. O rebanho é estimado em 9.752.158 cabeças, sendo cerca de 85% de gado de corte, com a predominância das raças zebuínas. As exportações de carne para a China vêm crescendo desde 2019 e hoje o total enviado para o exterior chega a 40 mil toneladas. Um cenário promissor que reflete os investimentos feitos pelos criadores locais em genética de ponta. “É uma simbiose entre o esforço, a perseverança e o espírito empreendedor dos criadores. Ao longo das últimas décadas tivemos uma evolução da produtividade, do peso de carcaça, da qualidade da carne, assim como a redução da idade de abate graças a uma seleção focada nas características de maior interesse econômico. O zebu leiteiro também avançou bastante”, explica o presidente da Associação dos Criadores de Zebu da Bolívia (Asocebu), Mario Ignacio Anglarill Serrate. A entidade está comemorando em 2020 seus 45 anos de existência. Segundo o presidente, desde o início, a Asocebu teve a visão de investir em melhoramento genético, visando a produção de matrizes e touros melhoradores. Investiram em tecnologias de ponta e em genética zebuína selecionada por tradicionais criatórios, inclusive do Brasil. Hoje, é a maior associação de gado puro do país, atuando como delegada do Ministério da Agricultura da Bolívia para a execução do serviço de Registro Genealógico de zebuínas e de Girolando e para a reali-
Presidente da Associação dos Criadores de Zebu da Bolívia (Asocebu), Mario Ignacio Anglarill Serrate
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Gerente geral da associação, Fernando Baldomar
zação de provas zootécnicas e do programa de melhoramento. “Tive o privilégio de ser o primeiro gerente da Asocebu, assim como o primeiro técnico a registrar animais zebuínos. O primeiro rebanho que registrei pertencia a Osvaldo Monastério, da Cabaña Sausalito, em Portachuelo. Já o primeiro registro oficial ocorreu durante a exposição, com a presença do ministro da época, Natush Bucsh. Outros criatórios pioneiros no registro foram Guayaba, de Rafael Suárez, Chorobi, de Carlos Roca. Todos eles iniciaram um sonho que hoje é uma realidade palpável e de impacto na pecuária boliviana”, lembra Juan Alberto Vasquez Escalante, técnico responsável pelos primeiros registros em 1984. Naquele período, a entidade tinha como presidente Jorge Aguilera Palma. De acordo com a Asocebu, os números de animais registrados vêm crescendo. Já são mais de 40 mil exemplares zebuínos registrados. Além do registro das raças Nelore, Nelore Mocho, Brahman, Gir Leiteiro, Tabapuã e Guzerá, registra desde 2015 a raça Girolando. O gerente geral da associação, Fernando Baldomar, destaca que o zebu é líder de mercado no país, assim como tem maior representatividade nas exposições. “Esse espaço tende a ampliar já que as raças zebuínas leiteiras vêm ganhando espaço nos últimos cinco anos, especialmente em Santa Cruz, Beni e no Chaco boliviano com a intro-
RAÇA dução do Gir Leiteiro. Outra raça que está em expansão é o Girolando”, informa Baldomar. Os criadores estão buscando animais que se adaptem melhor ao clima e condições geográficas do país para melhorar a produtividade do rebanho nacional. A Bolívia tem regiões de características bem diferentes, mas o zebu se adaptou muito bem a todas elas, desde as áreas inundadas de Beni até Chaco, que é uma área de pouca chuva. “São animais que apresentam alta taxa de fertilidade, diferente de outras raças. Temos 4,3 milhões de cabeças de fêmeas em idade fértil. A inseminação tem crescido, mas o uso de touros para monta natural ainda é maioria, o que garante um grande mercado para os selecionadores de zebu”, acrescenta o gerente da Asocebu. Na área de melhoramento genético, as avaliações genéticas dos animais são feitas pelo PMGZ e os dados são auditados pela Asocebu. Já são mais de 47 mil animais Nelore avaliados, volume considerado significativo pelo superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian. Esse volume, associado aos 95 mil genótipos da ABCZ, permitiu estruturar uma avaliação genômica. O trabalho de seleção vem dando resultado dentro e fora do país. Hoje, a genética boliviana é exportada
para Equador, Brasil, Colômbia e Peru, dentre outros. A proposta agora é consolidar esse mercado externo com a abertura de novos protocolos sanitários com outras nações. A Asocebu foi fundada em 1974 por um grupo de criadores durante um congresso realizado em Reyes Beni. Seu primeiro presidente foi Guillermo Tineo Leigue, cuja gestão, por meio da Resolução Suprema Nº 178218, de 23 de setembro de 1975 se conseguiu reconhecer a Associação como pessoa jurídica. A entidade funcionou em Beni até 1983 quando transferiu sua sede para Santa Cruz. Com a organização da primeira Exposição Pecuária da Bolívia, hoje conhecida como Agropecruz, as atividades da Asocebu ganham um novo impulso. Dali, em diante a associação passou a ter participação em importantes feiras do setor. Também tem organizado simpósios e congressos, com a presença de profissionais de vários países, sempre com foco em levar mais tecnologia e conhecimento aos produtores bolivianos. “Assim nossos associados poderão conseguir altos índices de produtividade que lhes permitirão serem cada vez mais competitivos”, finaliza o presidente da Asocebu. Imagens da Cabaña Parabanó de Fernando Roca Peña / Crédito Rubens Ferreira
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RAÇA
MUITA QUALIDADE NA pista da ExpoBrahman 2020 O evento reuniu pecuaristas de várias regiões do país, marcando a retomada dos eventos da raça este ano LARISSA VIEIRA
CARLOS LOPES
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cidade paulista de Araçatuba sediou pela primeira vez uma edição da Exposição Internacional da Raça Brahman (ExpoBrahman). Ocorrido de 28 a 31 de outubro, o evento contou com a participação de expositores de vários estados, dentre eles Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. No total, 152 animais competiram. As disputas foram abertas no dia 29 de outubro com o julgamento do Brahman a Campo, modalidade que avalia os melhores animais com foco na pecuária extensiva de corte. Participaram 57 exemplares. A Grande Campeã foi Miss Terra Verde 7/60, de propriedade de Clodoaldo Sérgio Bendilatti, da Fazenda Terra Verde, em Marília/SP. A Reservada Campeã foi MISS Vitória 5488, do expositor Alexandre C. Ferreira/Outros-Cond., Fazenda Brahman Vitória, em Araçatuba. Já o Grande Campeão foi Mister Vitória 5494, também de propriedade do Brahman Vitória. Pela sexta vez, ele levou para casa o troféu de Melhor Expositor e Melhor Criador do Brahman a Campo “Foi uma retomada às exposições da raça muito importante para todos os criadores, que compareceram em peso à ExpoBrahman. Agora, já estamos planejando a participação na ExpoZebu 2021, em maio”, diz Alexandre C. Ferreira. O Reservado Grande Campeão foi Mister Nova Pousada POI 5661, de propriedade de Wilson Lemos de Moraes Júnior, Fazenda Nova Pousada, em Aparecida Rio Doce/GO. No tradicional julgamento de pista, participaram 95 animais. Paulo de Castro Marques, da Casa Branca Agropastoril, em Fama/MG, ficou com os títulos de Melhor Criador e Melhor Expositor. É de seu criatório a Grande Campeã CABR Rainha 2821. “É muito bom voltar às pistas e, especialmente, participar de um julgamento de alta qualidade proporcionado pelos criadores participantes da ExpoBrahman. É um exemplo da força do Brahman brasileiro, que não deve nada a ninguém. Inclusive a Casa Branca e vários criadores já exportam essa genética vitoriosa”, declara Paulo de Castro Marques. A Reservada Grande Campeã foi CABR RIVA 2731, também do criatório Casa Branca. O Grande Campeão de pista foi MR Hanover ASSU 922, do expositor Edgar Silva Ramos, Fazenda
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Julgamento do Brahman a Campo, modalidade que avalia os melhores animais com foco na pecuária extensiva de corte
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Grande Campeã CABR Rainha 2821
Recreio, em Rio das Flores/RJ. O Reservado Grande Campeão foi MISTER W2R POI 1271, do expositor Wilson Roberto Rodrigues, Agropecuária W2R, em Pardinho/SP. Quem comandou a escolha dos campeões foi o jurado Gilmar Siqueira de Miranda. O evento contou com o apoio institucional da ABCZ. “Fiquei impressionado pela qualidade dos animais em pista, em especial pelo trabalho que os criadores brasileiros estão realizando em seus rebanhos, em termos de qualidade de carcaça, aprumos e umbigo. Gado de excelente nível na pista. Quero parabenizar o presidente Paulo Scatolin e toda equipe da ACBB pela bela e muito bem organizada ExpoBrahman 2020”, diz o diretor da ABCZ, Gabriel Garcia Cid, que representou a entidade no evento. Os julgamentos tiveram transmissão ao vivo pela ZRTV, Remate Web e Lance Rural e canal da ACBB
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Grande Campeão de pista foi MR Hanover ASSU 922
no Youtube. O resultado completo da ExpoBrahman está disponível no site da associação (www.brahman. com.br). Para o presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Paulo Scatolin, o evento superou as expectativas. “Foi um grande sucesso. Todos os criadores e expositores se uniram para superar as dificuldades da pandemia, assim como os diretores da ACBB e colaboradores, e conseguiram fazer um evento de extrema importância para a raça. Isso só confirma que juntos somos mais fortes”, assegura Scatolin, que foi reeleito e permanecerá à frente da entidade até 2022. Também foram eleitos para o Conselho Administrativo da ACBB os criadores Paulo de Castro Marques; Wilson Roberto Rodrigues; Edgar da Silva Ramos; Charles Wanderley Maia; Carlos Jardim Borges; Clodoaldo Sergio Bendilatti e Ericka Lauermann.
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RAÇA
Expoinel Nacional em edição histórica no Espírito Santo
Fazenda Paraíso sediou pela primeira vez a Expoinel Nacional, que apresentou em pista o melhor das raças Nelore e Nelore Mocho
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LARISSA VIEIRA
CLÁUDIA MONTEIRO
49º edição da Exposição Nacional de Nelore (Expoinel) movimentou as terras capixabas entre os dias 14 e 20 de setembro. O evento, ocorrido na Fazenda Paraíso, em Vila Velha/ES, marcou o encerramento do Ranking Nacional promovido pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB). A Nelore Heringer foi a anfitriã do grandioso evento, garantindo a realização da Expoinel mesmo em um ano em que a pandemia do Covid-19 inviabilizou a maior parte das exposições pecuárias. Na pista da Fazenda Paraíso, concorreram 274 animais de vários criatórios brasileiros, sendo 227 Nelore e 47 Nelore Mocho. O julgamento ficou
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Victor e Eny Heringer, recebem de Leonardo Matsuda a premiação conquistada de Medalha de Ouro pelo lote com a MELHOR CARCAÇA DE MACHO da etapa Colatina ES do Circuito Nelore de Qualidade
a cargo do jurado Ricardo Gomes de Lima. O título de Grande Campeã Nelore da Expoinel 2020 foi conquistado por Rima FIV Prairie, da Rima Agropecuária. A Reservada Grande Campeã foi Viatina-19 FIV Mara Moveis, do expositor Irmãos Bonfiglioli. O Grande Campeão Nelore foi Roque FIV Giber, de Eduardo R. Lucente e outros cond. O Reservado Grande Campeão foi Asttuto FIV Brun, da CRL Agropecuária. Os Grandes Campeões da raça Nelore Mocho foram Ipanema FIV Angico e Jong FIV Angico. Os reservados de Grande foi a Linda FIV Angico, e o Reservado de Grande foi o Leon FIV Angico, todos de propriedade da Fazenda Angico, de Udelson Nunes Franco. A CRL Agropecuária levou para casa o título de Melhor Expositor Nelore e Campeão Supremo. Já o Melhor Criador Nelore foi a Rima Agropecuária. Na categoria Melhor Expositor e Criador Nelore Mocho, os prêmios ficaram também com o Sr. Udelson Nunes Franco. Os julgamentos foram transmitidos ao vivo e online pelo Facebook e Youtube da ACNB e também pelo Lance Rural. Já os Grandes Campeonatos foram transmitidos pelo Canal do Criador. “O público, desta vez, não esteve presente, mas, pode acompanhar virtualmente, em tempo real, no conforto e segurança das suas residências. O evento foi muito bem organizado e seguiu todas as recomendações sanitárias exigidas. Estamos felizes com o resultado. Afinal de contas, o agro não pode parar e a pecuária também não”, afirma o presidente da ACNB, Nabih Amin El Aouar. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, ressaltou a importância para o estado sediar um grande evento pecuário, como a Expoinel. “Sabemos da importância de uma feira como essa para o melhoramento genético da raça, além de promover geração de emprego e renda que é um dos principais papeis do agronegócio”, ressalta o governador. Já Victor Miranda, da Nelore Heringer e atual diretor da ACNB, destacou que foi gratificante contribuir com a raça e com a realização da Expoinel Nacional no Espírito Santo “Sempre que precisar estaremos a disposição para recebê-los novamente”, afirma. Realizada pela ACNB em parceria com a Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN), a Expoinel teve o apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Fertilizantes Heringer, DSM Tortuga e Matsuda Sementes e Nutrição Animal, Governo do Estado do Espírito Santo e Prefeitura de Vila Velha.
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RAÇA Circuito Nelore de Qualidade
Paralelo aos eventos da Expoinel, a ACNB e a Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN) anunciam os vencedores da 16ª etapa do Circuito Nelore de Qualidade, realizada nos dias 3 e 4 de setembro, no frigorífico Frisa, em Colatina (ES). “Avaliamos 486 animais, sendo 456 machos e 30 fêmeas. Entre os machos, o destaque foi a precocidade e a cobertura de gordura dos animais, sendo que 96,7% dos animais tinham até 2 dentes incisivos permanentes (em torno de dois anos de idade) e 96,5% tinham cobertura de gordura mediana ou uniforme. Além disso, 99% dos animais pesaram mais de 18 arrobas, sendo a média geral de 21,8 arrobas”, informa Gustavo Callejon, assessor técnico da ACNB, responsável pela avaliação. Os animais da Heringer mais uma vez foram destaque do Circuito. O Melhor Lote de Carcaças de Machos da etapa foi de Dalton Dias Heringer, da Fazenda Horizonte (Pinheiro/ES), que recebeu a Medalha de Ouro, e assumiu a liderança parcial do Campeonato Nacional de Melhor Lote de Carcaças de Machos. “Participamos do Circuito há mais de 10 anos. Ganhamos a maioria das etapas no Espírito Santo e trabalhamos com o objetivo de estar em primeiro lugar em nível nacional. O Circuito demonstra qualidade, acabamento de carcaça e qualidade da carne para exportar para a União Europeia ou qualquer país do mundo. Além de saber que estamos contribuindo para valorizar o Nelore, mostrando sua maciez, cobertura de gordura e carne saborosa, e comprovar que é possível fazer animais com 20 meses e com 23
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arrobas, como foi o caso do nosso lote, em Colatina”, avalia o pecuarista Victor Miranda, do Nelore Heringer. Batida do martelo
Outro evento que movimentou os criadores de Nelore foi o IX Leilão Nelore Heringer de Touros Provados, ocorrido de forma virtual no dia 3 de outubro e sob a organização da Fazenda Paraíso, do Nelore Heringer. A transmissão foi do Canal do Boi e Remate Web. Foram ofertados 140 touros Nelore PO provados CEP e CEIP; 160 fêmeas Nelore PO prenhes 100% IA; 600 bezerros e 500 bezerras Nelore “cara limpa” e meio-sangue Aberdeen Angus, além de 200 novilhas cara limpa prenhes e inseminadas IA e 10 touros Tabapuã PO provados. “Foi um leilão maravilhoso, com médias expressivas e lances ofertados de todo o Brasil. Obtivemos uma média de R$16 mil com os touros e com as fêmeas de R$10,5 mil. O leilão teve 100% liquidez e superou todas as expectativas”, destaca o gerente pecuário do Nelore Heringer, Victor Paulo Silva Miranda. Segundo ele, os touros colocados à venda no leilão são filhos dos principais líderes do sumário, ou seja, genética Deca 1, todos bem avaliados e vistoriados por dois programas de melhoramento genético (PMGZ e Cia de Melhoramento/CEIP). As novilhas ofertadas prenhas dos touros líderes de sumário, muito bem avaliadas, com alta avaliação genética e índice ABCZ que comprova o comprometimento da Nelore Heringer com seus clientes.
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RAÇA
Bem vinda
“Casa do Sindi” Com apoio integral da ABCZ os criadores terão um ponto de apoio em Uberaba/MG e a ABCSindi uma sede exclusiva para fomentar a raça que mais cresce nas estatística do registro genealógico MÁRCIA BENEVENUTO
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MÁRCIA BENEVENUTO
o último ano a ABCSindi praticamente dobrou de tamanho em número de sócios, a raça sustenta um crescimento médio de 13% ao ano desde 2014 e já é uma das mais representativas na ExpoZebu. Os sindistas possuem uma sede de fundação na Paraíba com muito espaço e conforto, mas a organização de um local exclusivo tornou-se uma demanda urgente e um pleito constante da diretoria do presidente Ronaldo Andrade Bichuette.
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“Somos muito gratos por todo suporte que sempre recebemos da ABCZ com os serviços técnicos e cartorial, bem como na missão de promover a raça. Compartilhar a sede com a raça Indubrasil por um período também foi importante para evoluir nossos projetos e sonhos. Estou muito satisfeito por ter sido atendido pelo presidente Rivaldo Junior e sua diretoria, especialmente o diretor de promocionais Marcelo Ártico, que se sensibilizaram com nossa reivindicação e com sentimento de missão cumprida para promover a sucessão harmoniosa na nossa entidade”, diz Ronaldo. A nova Casa do Sindi vai ter mais de 80m² de área construída, divididos em dois pavimentos, no antigo estande do criatório Maab, na esquina da Rua Evaristo Soares com João Severiano Rodrigues da Cunha, de frente para o pavilhão 31. O projeto do arquiteto Demilton Dib, bem como toda a obras estão sendo custeadas pela ABCZ e a ABCSindi está empenhada nas ações para angariar recursos destinados a aquisição de equipamentos, mobiliário e a criação de peças decorativas temáticas que estão sendo pesquisadas e produzidas pelo arquiteto Cristiano Marzolla. “Teremos uma casa nossa. Estamos fazendo tudo com muito carinho para ter uma sede bonita, porém com identidade, conforto e funcionalidade para receber todos os associados durante o ano e nas exposições. A área toda foi projetada para a realização de reuniões de trabalho, eventos técnicos e comerciais, além de confraternização dos criadores e parceiros”, conta a Diretora Cláudia Fraga Leonel. Um projeto que tem chamado a atenção de muitos associados é o do mural da raça. Um grande painel vai ser montado com placas de metal intercalados com quadros em madeira de peroba rosa, com as marcas em relevo e os nomes dos criatórios que estão contribuindo com cotas de R$ 2.500,00. O valor arrecadado será destinado a compra de todos os itens necessários para equipar a sede.
“Somos muito gratos por todo suporte que sempre recebemos da ABCZ”, Ronaldo Bichuette “Esse painel marca uma época e destaca todo o trabalho dos criadores até aqui. É pelo esforço individual de cada selecionador que o Sindi chegou no lugar onde está e vai evoluir ainda mais. Esse mural não é apenas uma vitrine publicitária, mas um marco da história da nossa raça em que os sindistas estarão eternizados”, avalia o Vice Presidente da ABCSindi, Orlando Procópio. A eleição para a nova diretoria da ABCSindi, que ficará a frente da entidade no triênio 2021/2023, será no dia 11 de dezembro e tem o titular do Sindi OCP, Orlando Cláudio Gadelha Simas Procópio, criador do Rio Grande do Norte, como candidato a presidente em chapa única intitulada “Unidos pela Raça”. A nova diretoria terá Álvaro Lins Borba, Adaldio José de Castilho Filho, Angelo Mario de Souza Prata Tibery, Manassés de Melo Rodrigues, Gilberto Browne de Paula, Cláudia Fraga Leonel, Arthur Abdon Targino e Eduardo Henrique M. de Oliveira. Ronaldo Andrade Bichuette, de Uberaba/MG, termina sua segunda gestão neste mês de dezembro. A diretoria composta por selecionadores de diversas regiões do Brasil entrega a entidade sanada, com caixa positivo, sem nenhum tipo de questão jurídica pendente, estimulada e revigorada em número de sócios e qualidade do plantel da raça de dupla aptidão que vem sendo selecionada e melhorada geneticamente por seus criadores.
Empenho e dedicação total da equipe para definir cada detalhe da Casa do Sindi
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PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA
RETENÇÃO DE FÊMEAS SEGUE FIRME
A EXPECTATIVA É DE QUE ESSE CICLO PERMANEÇA ATÉ PELO MENOS 2021 MERCADO ARROBA NUTRIÇÃO PRODUÇÃO MERCADO NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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CARNE
RETENÇÃO DE FÊMEAS SEGUE FIRME A expectativa é de que esse ciclo permaneça até pelo menos 2021. Os pecuaristas que trabalham com ciclo completo comemoram essa valorização
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GUSTAVO MIGUEL
m um ano de valorização da arroba, o mercado viu a presença das fêmeas nos abates ser cada vez menor em 2020. Em um levantamento feito pela Scot Consultoria com base em dados do IBGE, a participação de fêmeas nos abates no primeiro semestre está em queda desde 2018, quando elas representavam 45,5% dos animais abatidos. Em 2020, o percentual foi de 41,2%, sendo o terceiro menor índice dos últimos dez anos. Houve redução no abate tanto de vacas quanto de novilhas. O recuo nos abates de vacas gordas no primeiro semestre foi de 19,2%. Isso vem contribuindo para o aumento da arroba. “Uma boa parcela da diminuição do gado ofertado tem sido por conta de uma oferta menor de novilhas e vacas para abate. Isso ajudou a puxar a arroba para cima. Também contribuiu para esse cenário o aumento das exportações de carne. Mesmo com o mercado doméstico mais enxuto por conta da pandemia, ele tem sido suficiente para deixar o mercado aquecido”, explica Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria.
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A retenção de fêmeas é estimulada pelas cotações da reposição em alta. A expectativa da Scot Consultoria é de que a retenção de matrizes continue em 2021. Para 2022, esse cenário até pode permanecer, mas tudo vai depender da realidade econômica da época. Por enquanto, as cotações de vacas e novilhas para os próximos meses devem se manter firmes. Pode ser que algum ajuste ocorra nesse final de ano, depois de valorizações fortes ao longo de 2020, em decorrência dos frigoríficos já terem comprado número suficiente de animais visando abastecer o mercado nas festas de final de ano. “Mas os fundamentos apontam para preços firmes, tanto no curto prazo, como em médio prazo. Nós temos inclusive as cotações da arroba do boi gordo no mercado futuro apontando para R$295 nos próximos meses”, afirma Hyberville Neto. O movimento de frigoríficos em busca de animais mais jovens para o abate em meio à queda na oferta tem incentivado pecuaristas a aumentar a produção de bezerros. O criador é estimulado a reter as vacas para a reprodução pelos altos preços pagos por animais jovens. O analista da Scot Consultoria explica que apostar ou não na retenção de fêmeas para o próximo ano é uma estratégia que deve ser bem avaliada por cada produtor. “Em geral, se é para o pecuarista aumentar o rebanho, o indicado é fazer isso na fase de baixa. Agora seria a hora dele manter a produção, aproveitar os resultados e fazer caixa para a fazenda, a menos que ele esteja em um aumento consistente de produção e de rebanho”, esclarece. Segundo ele, o indicado é que o pecuarista sempre busque melhorar a produtividade e trabalhar maximizando os resultados da fazenda para que as fases de alta tragam mais lucros e as fases de baixa sejam suportadas de maneira relativamente boa pela propriedade.
Consultor da Scot Hyberville Neto
Estratégias para aproveitar o bom momento do mercado A Fazenda Nova Pousada, em Aparecida do Rio Doce/GO, foi uma das propriedades que adotou a estratégia da retenção de fêmeas. “Como o mercado estava muito promissor, no ano passado, optamos por segurar as matrizes. Tivemos de alugar pasto fora da fazenda para não ter que vender fêmeas, pois acreditamos que o mercado fosse dar uma melhorada”, explica Felipe Lemos de Moraes.
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CARNE
Felipe Lemos de Moraes
O aumento do preço da arroba foi considerado muito bom, tornando a pecuária de corte um negócio mais rentável. Trabalhando em sistema de ciclo completo, a propriedade vai abater este ano 1,3 mil cabeças, volume similar ao de 2019. Por outro lado, o custo de produção também aumentou, mas não na mesma proporção da arroba. “Na minha região o que afetou muito a engorda foi o mercado de reposição. Como aqui na fazenda não dependemos tanto da compra de bezerros, já que 80% da produção é própria, não sentimos diretamente o impacto dessa alta da reposição”, diz o pecuarista. Segundo ele, o maior aumento nos custos para a Nova Pousada foi em relação aos insumos, principalmente da parte de nutrição. “Ração, milho, caroço de algodão, todas essas matérias-primas aumentaram bastante, impactando nosso preço final da arroba produzida”, informa Felipe. O criador espera que o mercado continue aquecido em 2021 pelo menos pelos próximos dois ou três anos. Na visão dele, para quem trabalha com os três tipos de ciclo, como é o caso da Nova Pousada, a rentabilidade está melhor em 2020. “O bezerro está valorizado, tanto ou mais que as fêmeas. Hoje, quem tem um gado de uma genética diferenciada, está conseguindo colocar o bezerro no mercado recebendo um valor muito favorável. E o ciclo de recria também está muito aquecido, porque a procura está alta e a oferta está baixa. Então, quem recria um bezerro desmamado até chegar em umas 14 arrobas também consegue um bom retorno. E a engorda nem se fala”, pontua o criador.
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LEITE
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NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA
MAIS PRODUTIVAS VACAS COMENDO MENOS E PRODUZINDO MAIS GENÉTICA LEITEIRA EM ALTA
A venda de animais melhoradores continua aquecida NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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LEITE
Mais produtivas e amigas do meio ambiente
artesanal Rebanhos produzindo mais leite com menos alimento são a nova fronteira da pesquisa agropecuária
DIVULGAÇÃO
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V
acas comendo menos e produzindo mais. É possível? “Com toda certeza”, garante a pesquisadora da Embrapa, Mariana Magalhães Campos, coordenadora das pesquisas sobre eficiência alimentar em bovinos de leite que vêm sendo conduzidas na entidade. Recentemente, a Embrapa Gado de Leite concluiu seus primeiros estudos com fêmeas da raça Girolando. Outro trabalho vem sendo desenvolvido com fêmeas da raça Gir Leiteiro em lactação. Essas são pesquisas pioneiras em bovinocultura de leite no país. Até então, só havia estudos recentes sobre eficiência alimentar em bovinos de corte. “Na sociedade humana, há pessoas que comem menos do que outras e ganham mais peso; com as vacas é a mesma coisa. Algumas podem apresentar melhores resultados, em termos de produção, alimentando-se em menor quantidade ou igual às outras”, completa. Os estudos possuem aspectos complexos, mas em linhas gerais, o que os pesquisadores fizeram, num primeiro momento, foi observar as características (fenótipos) dos bovinos, que apresentavam potencial para produzir mais, com menos alimento. Em uma segunda etapa, os fenótipos serão associados aos genótipos, que são as características genéticas determinantes do fenótipo. As pesquisas com marcadores genéticos darão à ciência as condições necessárias para se obter vacas mais eficientes, possibilitando uma nutrição de precisão com animais selecionados. Conforme explica a pesquisadora, a identificação de fenótipos qualificados para eficiência alimentar de fêmeas leiteiras nas fases de cria, recria, pré-parto, lactação e período seco, permitirá a geração de uma base de dados consistente, possibilitando a identificação de características genéticas que poderão ser incluídas nos programas de melhoramento de bovinos de leite. Em outras palavras, o produtor poderá encontrar, nas centrais de inseminação e produção de embriões o material genético (sêmen ou embrião) que lhe garanta um rebanho com a melhor relação consumo de alimentos/produção de leite. Isso já é possível com outras características, também genéticas, como resistência a endo e a ectoparasitas, problemas de cascos, conformação, produção de sólidos no leite etc.
Pesquisadora da Embrapa, Mariana Magalhães Campos
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LEITE Resultados
Um dos primeiros resultados do projeto foi provar que as diferenças de eficiência alimentar podem ter início já na fase de aleitamento das bezerras. Segundo Mariana Campos, “foi possível, de forma pioneira, realizar essa avaliação para diferentes índices como consumo alimentar residual, ganho de peso residual e consumo e ganho residual”. O consumo foi dividido entre o esperado e o observado. Animais com consumo menor que o estimado são considerados mais eficientes comparados aos animais com consumo maior que o estimado. Essa característica foi denominada “consumo alimentar residual”. Nos experimentos, ao avaliar as bezerras mais eficientes para consumo alimentar residual, os pesquisadores verificaram diferenças na digestibilidade de nutrientes, fazendo com que algumas vacas obtivessem maior digestibilidade da dieta. Também foram encontradas diferenças no metabolismo das proteínas, na fase de aleitamento. Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores monitoraram 80 bezerras Gir e Girolando. Duas ferramentas de pesquisa utilizadas durante a avalição foram a máscara facial acoplada ao animal para mensurar trocas gasosas e a termografia infravermelha, método não invasivo utilizado para indicar alterações biométricas térmicas no metabolismo animal. Os estudos levaram seis anos para ser concluídos.
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Benefícios
Para o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Thierry Ribeiro Tomich, a seleção de animais com maior eficiência alimentar contribuirá para a sustentabilidade dos sistemas de produção. Os bovinos são emissores de metano (CH4) na atmosfera, um dos gases com maior potencial de provocar as mudanças climáticas. “Uma produção mais eficiente diminui a emissão desse gás”, afirma o pesquisador. O pesquisador destaca ainda que, além da sustentabilidade ambiental, a otimização da nutrição animal pode influenciar de forma expressiva na viabilidade econômica do sistema de produção. Segundo dados da Embrapa, a alimentação representa o principal custo da atividade leiteira (entre 50% e 60%), reduzindo a margem de lucro dos pecuaristas. “Vacas que utilizam os alimentos de forma mais eficiente, consomem menos para atingir o mesmo nível de produção e, dessa forma, são mais lucrativos e produzem mais leite por área cultivada”, conclui. Os trabalhos realizados pela Embrapa Gado de Leite despertaram o interesse da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, que possui linha de pesquisa semelhante, estudando raças de clima temperado. A parceria com a Embrapa irá incorporar as raças de clima tropical. Também são parceiras do projeto a EPAMIG, a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, além de várias universidades federais brasileiras.
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LEITE
GENÉTICA leiteira em alta
DIVULGAÇÃO, MARCELO CORDEIRO E GUSTAVO MIGUEL
A venda de animais melhoradores continua aquecida, com valorização de várias raças tanto em leilões quanto dentro da porteira
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A
demanda pela genética das raças leiteiras vem se mantendo forte em 2020. A venda de animais melhoradores e de material genético ficou acima do ano passado. Conforme mostra o Index da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), os números das vendas de sêmen das raças leiteiras foram crescentes a cada trimestre, sendo no primeiro, 4%; no segundo, 15%; e 18% no terceiro trimestre. Isso representa uma venda de 3.969.447 doses, contraponto às 3.526.666 doses do mesmo período de 2019. O relatório também apontou que, de janeiro a setembro deste ano, foram coletadas produzidas 1.773.599 doses contra as 1.328.855 doses do mesmo período de 2019. “A cada nova edição do Index Asbia, estamos seguros em afirmar que o produtor de leite realmente acordou para
o impacto do melhoramento genético na sua atividade. A genética é o único insumo permanente, de elevado custo-benefício e que atua ao mesmo tempo pelo aumento da produção e pela redução de custos”, afirma o presidente da associação, Márcio Nery. Segundo ele, somando leite e corte, 2020 deve fechar com a marca histórica de 25 milhões de doses de sêmen vendidas. Os pecuaristas também sentem porteira adentro esse aquecimento do mercado. “A procura por machos Guzolando aqui no Espírito Santo é muito grande por conta da velocidade de ganho de peso e da qualidade da carcaça desses animais. A venda de fêmeas também está aquecida, pois elas permitem uma boa produção de leite seja a pasto ou em confinamento”, atesta o criador Carlos Fontenelle, da fazenda Fontenelle, localizada no Baixo Guandu/ES. Ele seleciona Guzolando há 20 anos, cruzamento produzido a partir da própria base genética de Guzerá. A fazenda Fontenelle é detentora do maior rebanho Guzolando registrado pela ABCZ. Como o foco é a produção de genética, todos os animais são vendidos logo após a desmama. “O índice de recompra é alto. Isso comprova a aceitação que o Guzolando tem no mercado”, reforça. Resultado que o criador credita em parte à dupla aptidão do Guzerá. Segundo criador Dalton Canabrava Filho, que comanda a fazenda Central Leite, em Curvelo/MG, mercado não falta para o Guzolando. “É preciso ter animais em maior escala para atender o mercado, pois quem compra Guzolando não quer saber mais de outro cruzamento. A rentabilidade é muito boa”, garante Canabrava. São do criatório os primeiros touros Guzolando registrados pela ABCZ. O rebanho da Central Leite é composto por animais de várias composições raciais dentro do Guzolando, formados a partir de uma genética leiteira de Guzerá e Holandês selecionada de forma criteriosa. “O Guzerá fornece adaptabilidade, rusticidade, bons úberes, boa estrutura e conformação ao Guzolando. São fêmeas muito longevas e que vão registrando um aumento nas lactações a partir da segunda cria. No meu rebanho, a média por lactação está acima de 7 mil kg em 305 dias nas CCG 1/2 e acima de 5 mil kg nas ¼. Tudo isso garante uma rentabilidade maior ao negócio pecuário”, assegura o criador.
Criador de Guzolando e Guzerá Dalton Canabrava
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LEITE
A criadora Mila de Carvalho Laurindo e Campos, da Fazenda Recreio, no município de São José de Ubá/RJ, também vivencia a valorização da genética leiteira em 2020. Com um rebanho composto das raças Gir, Guzerá, Guzolando e Girolando, ela destaca que a seleção criteriosa dos bovinos e os constantes investimentos em melhoramento genético têm garantido a produção de animais de cada vez mais produtivos e eficientes. Uma das ferramentas mais tradicionais e simples para quem faz seleção de animais leiteiros, o Controle Leiteiro é realizado desde a década de 1940 na quando quem tocava o negócio era o senhor Joaquim, avô de Mila. “É uma ferramenta a mais no processo de seleção, uma vez que possibilita identificar os animais mais produtivos e também avaliar a qualidade do leite produzido. Unimos essas informações as obtidas em outras ferramentas, como por exemplo a genômica e o Teste de Progênie”, diz Mila. Vários reprodutores da Recreio participam da prova zootécnica que avalia os touros. A fazenda também genotipa seus animais.
Mila de Carvalho Laurindo e Campos, da Fazenda Recreio
Leilões e vendas de animais Conhecedor experiente do mercado pecuário leiteiro, o CEO do Grupo MF Rural, Roberto Lucas, afirma que essa tendência de alta nos preços dos animais confirmada em 2020 deve se manter em 2021. “O mercado de gado de leite esse ano foi muito bom. Houve o susto inicial da pandemia em março, mas dias depois o mercado se mostrou consistente. Tivemos até agora um aumento de 43% em valores dos animais ofertados pela plataforma da MF Leilões. Já em relação ao número de animais ofertados e vendidos tivemos um crescimento de 51% comparado ao mesmo período de 2019”, informa Lucas. De acordo com o CEO do Grupo MF Rural, como o mercado de leite está consistente, esta é a hora de investir na pecuária leiteira para colher bons frutos nos anos que virão.
Fonte: ASBIA
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GENTE
PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES
Social OS MELHORES MOMENTOS DA PECUÁRIA
PERFIL CRISTIANO CARDOSO HUEB NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 #pecBR
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GENTE
Talento na pista ou porteira adentro 82
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Cristiano Cardoso Hueb
GUSTAVO MIGUEL
E
m tempos de pecuária 4.0, a evolução do setor vai muito além do modo de produção. Os profissionais que atuam no campo precisam mudar a forma de enxergar e conduzir a seleção de bovinos no campo, incorporando tecnologias e inovando no trabalho diário nas fazendas. Aos 35 anos, o zootecnista Cristiano Cardoso Hueb acompanha de perto essa transformação na pecuária zebuína, tanto porteira adentro quanto nas pistas de julgamento. Nascido em Jaú/SP, há 30 anos vive na Terra do Zebu, Uberaba/MG. Lá, cursou faculdade de Zootecnia, na FAZU, e pós-graduação de Gestão em Agronegócios, na Universidade de Uberaba (Uniube). Anos de aprendizados que logo foram colocados em prática em propriedades rurais de várias regiões do país. “Atuo na área de assessoria pecuária desde 2011, ano em que recebi o convite para trabalhar na DSTAK Assessoria Pecuária, empresa especializada em melhoramento genético, leilões e em gestão e planejamento na pecuária”, conta Cristiano. Sempre em busca de novos desafios e aprendizados, atualmente atua como gerente das fazendas Mauá Agropecuária, Central São Carlos e Nelore Cadan, onde desenvolve todo o trabalho de melhoramento genético, monitoramento intra-rebanho, acasalamentos direcionados, gestão e planejamento. Cristiano ainda presta todo o suporte de vendas nas fazendas e nos leilões. “O meu maior desafio é atender com
excelência os pecuaristas, além de planejar e direcionar todas as atividades envolvidas na atividade, implantando técnicas que darão suporte aos produtores, sempre visando a viabilidade econômica das fazendas”, assegura. Outra paixão do zootecnista é a pista de julgamento. Ao longo de sua carreira profissional, nunca abriu mão de conciliar a assessoria pecuária com os julgamentos de animais em eventos. Com Especialização em Julgamento das Raças Zebuínas, integra o quadro de jurados da ABCZ, tendo atuado em exposições por todo o Brasil. O Brasil é uma referência mundial quando se fala em exposição e julgamento de zebuínos. Segundo Cristiano, a pista tem refletido o criterioso trabalho de seleção dos criadores brasileiros, com animais de excelente qualidade, e é uma vitrine importante para os criatórios. E com os constantes avanços no melhoramento genético do rebanho nacional, o país continuará atraindo os olhares dos investidores internacionais que estão interessados em levar a genética brasileira para seus países. Isso aumenta ainda mais a responsabilidade dos profissionais que atuam no setor, pois terão de inovar cada vez mais para não perder espaço no concorrido mercado internacional. “Contribuir com planejamentos nas áreas de melhoramento genético, aumentando cada vez mais a intensidade de seleção nos rebanhos, a fim de aumentar a velocidade e ganhos no progresso genético. Essa é minha principal missão na pecuária. Um trabalho que faço com muita determinação e orgulho”, finaliza Cristiano Cardoso Hueb.
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SOCIAL
Eddie, Hans, Erica e Paulo
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Thuane, Paulo, Daniela e Carlos
Paulinha Santana e Paulo
Cláudia, Lukas, Lucinha e Fábio
Gustavo, Wilson, Guilherme, João, Alexandre, João e Celso
Celso e Priscila
Thuane, Maria Delamare e Daniela
Alexandre, Anne, Guilherme, Robertinho, Alberto e Sueli
Miguel e Ana Laura
Ana e Dindo
Sueli e Virginia
Maria Antônia, Natália e Maria Luiza
Danielle e Luísa
Fabiano, João, Guto, Menoti, Camila e Sérgio
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Thaís Fernandes Monteiro
OPINIÃO
Advogada formada pela Universidade de Uberaba – UNIUBE, atuante nas áreas cível, trabalhista e criminal, pós graduada em Direito Civil e Processo Civil pelo Instituto Elpídio Donizetti – IED, Belo Horizonte e Advocacia Extra-judicial pela Faculdade Legale, São Paulo. Sócia de Monteiro Sociedade de Advogados, na cidade de Uberaba, Minas Gerais. thaisfmonteiro@outlook.com
JURÍDICO
Contratos agrários em tempos de pandemia de Covid-19
O
cenário da pandemia por Covid-19 se prolonga durante o ano de 2020, trazendo consigo várias surpresas e situações a priori corriqueiras e de fácil resolução, que com a superveniência da inesperada pandemia, se tornaram avalanches jurídicas, sobretudo no que tange aos contratos agrários. Mais do que nunca, o produtor rural neste momento necessitou e necessita de amparo jurídico, seja consultivo, como medida preventiva de evitar futuros conflitos, ou quando já não é mais possível a resolução dentro da esfera extrajudicial e faz-se necessário o ingresso na justiça. Sabe-se que, os contratos são institutos rígidos, devem ser preservados e cumpridos em todos os seus termos, após serem firmados. Entretanto, muitos foram descumpridos em suas cláusulas, por motivo de força maior em um instante que o produtor e empresário não encontravam outra saída, em uma situação totalmente atípica para todos. A teoria que fundamenta, e ao menos deveria ser a mais utilizada como meio de resolução e revisão de contratos agrários no período da pandemia, é a TEORIA DA IMPREVISÃO, a qual permite a flexibilização do contrato por fato posterior e imprevisível às partes, sem que as mesmas tenham contribuído para a ocorrência. Na lição de GAGLIANO, 2010: (...) consistente no reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, com impacto sobre a base econômica ou a execução do contrato, admitiria a sua resolução ou revisão, para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes. Segundo a teoria mencionada, imprevisão que vivemos se encaixa perfeitamente com a situação vivenciada atualmente com a pandemia e esperava-se que esta fosse considerada como meio de solução de conflitos, quando se fala em contratos. O contexto ao qual encontramo-nos inseridos, é uma pandemia, terreno totalmente novo para os produtores brasileiros, no qual a lavoura não foi devastada por algum fator climático ou praga, como muitas vezes já ocorreu, mas foi afetada por uma crise mundial sem precedentes. Esperava-se ao menos, uma permissão legal que possibilitasse amparo ao produtor, e aos demais empresários aos quais são diariamente afetados pelas quebras contratuais. Mediante a tamanha imprevisão, como suposta tentativa de flexibilizar os contratos e facilitar a resolução dos conflitos, foi criado o Projeto de Lei nº 1.179/2020 (PL 1.179/20) de autoria do Senador Antônio Anastasia e posteriormente aprovado em partes pelo presidente Jair Bolsonaro, que objetivava diminuir os efeitos da recessão. No entanto, o resultado não foi o esperado, o projeto de Lei que, em tese flexibilizaria as relações contratuais, acabou apenas reconhecendo a crise mundial por coronavírus e não cumprindo com seu objetivo.
Senão vejamos, com olhar crítico o art. 7º da PL 1.179/20: “Art. 7º Não se consideram fatos imprevisíveis, para os fins exclusivos dos art. 478, 479 e 480 do Código Civil, o aumento da inflação, a variação cambial, a desvalorização ou substituição do padrão monetário.” Ora, se nos referidos artigos do Código Civil, citados na PL 1.179/20, era a esperança e onde encontrava-se respaldo para os contratantes no que diz respeito a imprevisão vivenciada e a superveniência de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderia se pedir a resolução dos contratos, que beneficiasse equitativamente as partes, porém com a PL não mais se permite. Evidentemente, haverá o excessivo prejuízo para uma das partes. No mencionado artigo 478 do Código Civil abarcam acontecimentos extraordinários e imprevisíveis. Notadamente, nunca se viu acontecimento mais extraordinário e imprevisível nas últimas décadas do que a pandemia de Covid-19. Os ensinamentos de DINIZ, 2010 vão de encontro ao pensamento: (...) imprevisibilidade e extraordinariedade daquela modificação, pois é necessário que as partes, quando celebraram o contrato, não possam ter previsto o evento anormal, isto é, que está fora do curso habitual das coisas, pois não se admitirá a rebus sic stantibus se o risco advindo for normal ao contrato. Os dizeres do autor se traduzem em que, se houver um risco normal ou previsível do contrato, não poderá ser cumprido da maneira e nas condições em que se encontra (rebus sic stantibus), mas se houver um acontecimento inimaginável pelas partes, como é o caso da pandemia, as partes poderão se valer da teoria da imprevisão e facilitar bilateralmente o cumprimento do contrato. Inflação, variação cambial, desvalorização ou substituição do padrão monetário, não foram para o poder legislativo, motivos suficientes para que fosse permitido resolução dos contratos e o devido amparo ao produtor e empresário. Neste interim, nota-se que o mencionado Projeto de Lei, vai contra aos entendimentos doutrinários de Direito, no que tange à esfera contratual. Veio apenas para satisfazer falsamente o anseio do brasileiro, que esperava uma intervenção legislativa para socorrê-lo das grandes responsabilidades contratuais assumidas antes da pandemia e das garras da inadimplência, e sem efeito algum foi deixado a mercê de tantos problemas jurídico contratuais. A alternativa que resta neste momento para os afetados pela monstruosa avalanche contratual, sendo empresários e produtores, em primeiro lugar é buscar tais objetivos de maneira consensual e amigável, com assessoria jurídica se possível, estabelecendo e negociando condições de cumprimento dos contratos e só depois de esgotados os meios, ingressar com demandas judiciais, e esperar do judiciário bom senso, pois legalmente encontramo-nos em situação de desamparo legal em um período tão avassalador em todos os âmbitos, sobretudo na economia.
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Eduardo Muniz de Lima “Mineiro”
OPINIÃO
Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo diretoria@minerembryo.com.br
MERCADO
Arroba de R$300,00 foi bom enquanto durou...
A
tingir a @ de R$300,00 mostrou ser o sonho do pecuarista em 2020. Ela chegou, mas durou pouco. Quais os ensinamentos e aspectos duradouros ela trouxe? A @ do boi gordo chegou a ser negociada em algumas praças pontualmente a R$300,00 e realizou os desejos de alguns pecuaristas, mas e daí? “O mercado é soberano”, frase escrita por Adam Smith, mas muito antes as leis da oferta e da demanda já regiam os mercados de qualquer produto. As forças compradoras se mostraram ao longo da pandemia bem mais fortes que as restrições financeiras. O apetite da China, hoje com 60% das nossas exportações, continua alto sendo um dos únicos países a crescer em 2020 e em consequência à febre suína africana, mesmo repondo com muita velocidade seus estoques de matrizes. Outros fatores puxaram, como as queimadas na Austrália e o câmbio muito atraente aos exportadores que ampliou o leque de países que hoje consomem a nossa carne, além da percepção da nossa qualidade. Junto à subida da carne, vimos aumentar, às vezes até em maior intensidade, o preço dos insumos como milho, farelo de soja, adubos, semente, arame, madeira, sal mineral, entre outros, o que acabou “engolindo” um pouco a lucratividade da atividade. Mas o que nunca podemos esquecer é que 70% da nossa carne fica no mercado interno e nossos consumidores falaram “Chega!!!” e foi aí que as 12 semanas seguidas de subida dos preços não se sustentaram e hoje procuram se adequar a uma nova realidade. Não aquela de R$180,00 que perdurou por quase 3 anos e desmotivou a atividade, mas mais parecida à estabelecida em novembro/19 de R$230,00. E quais as lições aprendemos com este novo pico histórico de novembro/20, caro leitor? São muitas, mas vou enfatizar somente três. Trabalharmos mais com planejamento estratégico, definindo sua reposição com margem atraente ou sua produção de bezerros com baixa utilização de insumos ou custo/benefício razoável. As travas de mercado como Put, Call, venda futura, termo, etc, se mostraram imprescindíveis e possibilitaram ganhos nunca vistos em 2020. Mas, acima de tudo, ter todos os processos e custos da fazenda na mão como o custo real de sua arroba vendida e o resultado financeiro final de sua atividade agropecuária em R$/ha/ano, não importa qual seja ela, carne, leite, soja, milho, etc. E agora que atingimos estes valores históricos começamos a ter novos desejos. Qual o seu novo sonho de @ Pecuarista?
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PONTO DE VISTA
“Espero que vocês não sejam contaminados por uma crise de desrespeito que há no Brasil. As pessoas estão perdendo o juízo.” Paulo Guedes , ministro da Economia
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“Não temos mais tempo para esperar. Temos que avançar e mostrar ao mundo que produzimos com eficiência e sustentabilidade. Vamos nos tornar o grande país agro do mundo. Temos terra, gente e disposição para isso”,
João Martins , presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
“Uma crise revela o que está em nossos corações” Papa Francisco
“Sempre cultivei um otimismo cauteloso. A história nem sempre avança. Às vezes retrocede ou se move em outras direções. Não há dúvida de que a humanidade progrediu nos últimos dois milênios; há menos violência, mais educação e temos melhores níveis de saúde, mas ao mesmo tempo persistem a guerra e a crueldade.” Barack Obama
“Em 2021, a ONU estima que o mercado de soluções para agricultura digital deverá movimentar mais de 15 bilhões de dólares em todo o mundo. O Brasil terá grande participação nesse cenário, e é por isso que precisamos nos dedicar diariamente para promover iniciativas, impulsionar debates e estimular conexões entre organizações públicas e privadas e profissionais que integram o setor.” Marcos Fava Neves , agrônomo, professor, doutor e palestrante
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EM FOCO
“Os tempos de escuridão não são motivo para ter medo, mas uma motivação para brilhar com mais força ainda”.
Foto Boy
Autor desconhecido
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