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que sobreviver”
Trans No Esporte
competem possuem força acima da média, o que as deixaria em vantagem em relação às competidoras cis. Entretanto, o que decorre é o contrário. Alessandra conta que, por causa do tratamento, “elas estão totalmente em desvantagem, porque além da testosterona estar baixa, muitas vezes fica inferior ao nível das atletas cis”.
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A pesquisadora elucida a desvantagem relacionada ao declínio desse hormônio: “perde-se um pouco de massa óssea, resultando numa predisposição à fratura. Diminui a massa muscular e, por consequência, a força. Ainda há um aumento de massa gorda”. No corpo do homem trans, a aplicação de testosterona é importante para que as características masculinas, como a barba, apareçam. Por ser um hormônio anabólico (atrelado ao crescimento muscular), favorece o desenvolvimento de fibras que aumentam a aptidão física. Em níveis muito altos, é considerado doping. Portanto, a disputa é justa. “Tem parâmetros reguladores!”, afirmaAlessandra.
O argumento de que mulheres trans não devem competir por conta da testosterona também é derrotado quando distúrbios hormonais afetam, também, mulheres cis. Atletas que possuem síndrome do ovário policístico, por exemplo, produzem grandes quantidades de testosterona e, apesar disso, elas não são proibidas de disputarem em categorias femininas quando realizam o tratamento.
Categoria trans?
Em tom de brincadeira, Zyon se refere às pessoas que sugerem a criação de uma modalidade exclusiva para trans como “dodóis”. Sua risada tenta mascarar o desconforto e a indignação que ele sente, sempre que ouve essa polêmica sugestão. Para Alessandra, “quando a gente cria uma nova categoria, estamos segregando. Temos de entender como esses corpos vão ser incluídos. É preciso ciência, bom senso, tempo e paciência”.
Embora seja preciso lidar com todas as limitações e proibições, é necessário, de algum modo, buscar esperança. Segundo Walter Mariano de Faria Silva Neto, docente de Psicologia da UFTM e pessoa não binária, “a psicoterapia é muito importante, mas buscar um coletivo ou um grupo de apoio é essencial. Não é só sobre aceitação. A gente também tem que se indignar com a exclusão e o preconceito”.
Ao redor do Brasil, algumas iniciativas de inclusão esportiva chamam a atenção. A Taça da Diversidade, que acontece em São Paulo (SP), é um evento de futebol exclusivo para times de atletas da comunidade LGBTQIA+. Lá, a transfobia não tem vez e o jogo vira: 2 a 1 para a diversidade.