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António Ramalho
from Conta-me um Conto
by rosammrs
- Faz sentido. E continuaram. - E o que significa isso? - Podemos ter só uma oportunidade. Ao entrarem na floresta do desconhecido, encontraram reflexos arrepiantes e vozes medonhas. Estavam diante do castelo do medo. Era um castelo de milhares de labirintos e diferentes espaços. Facilmente as pessoas se perdiam, a não ser que conseguissem controlar os seus medos. Havia muitos desafios no castelo do medo. Eram esses obstáculos que levavam a que as pessoas facilmente desistissem de caminhar. Mas a Lily e o Bry eram determinados e tinham coragem. Depois de verem figuras estranhas, eles deram as mãos. Queriam vencer, O seu propósito era conseguir descobrir o que existia para lá da floresta do desconhecido. - Ouviste aquilo? - Não te sei dizer o que era. Atrás deles a floresta era muito densa. Parecia uma noite tranquila, exceto a experiência daquela noite estranha. Essa era a diferença entre uma derrota temporária e o fracasso. Para não ser um fracasso, era preciso muita resiliência. O sucesso só se alcança com persistência e nunca o consegue quem desiste. Lily viu uma oportunidade em esconder o medo. Para vencer os medos tinha que lutar contra eles.
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Continuaram a caminhar. Naqueles labirintos do castelo do medo, perceberam que carregavam muitos problemas na sua mente. Conseguiram bater à porta da mente e entrar. Conhecer a própria mente era a tática eficaz. Tinham de controlar os seus próprios pensamentos. Tinham demasiados pensamentos negati-
vos. - Estás a ouvir? - Estamos escondidos ao longo do rio da vida. - Sim Bry, mas não percebes que estes labirintos no castelo do medo, somos nós que os criamos através da nossa mente. Saber escolher os pensamentos era a escolha a fazer. Estava tão silencioso, que até metia medo. Estavam muitos ansiosos. Não tardaram a descobrir uma casa na floresta. Era a casa da madrugada. Era aonde aprendiam a ter um propósito na vida. Onde podiam saber o que queriam da vida. Perto do rio da vida, encontraram o que eram muito importante. Sementes de medo e sementes de amor. Mas tinham de escolher que quantidade queriam daquelas sementes. O segredo estava nessa escolha.
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A floresta do desconhecido deixava mais perguntas do que respostas. Havia imensos lagos e riachos. No trilho da sinceridade, aprenderam que precisavam sobretudo de sementes de amor. Colocaram 21 sementes de amor e 3 sementes de medo nas suas mochilas. A escolha das sementes podia ser importante. Conseguir chegar à terra da felicidade dependeria dessa escolha. No tempo necessário esperaram o que poderia nascer desse cultivo. Enquanto esperavam que as sementes crescessem, perceberam que estavam junto do lago dos peixes gigantescos. Era um sítio aterrador. Algo estava a mexer-se continuamente. Depois de escurecer, ficava sempre tudo muito escuro. - Até fiquei arrepiado. Não se podiam distrair. Sentiam que estavam a ser observados. As sombras mudavam de forma. Resolveram então caminhar em direção a uma luz. Era a luz dos valores morais. Aparecia e desaprecia de repentes. Era uma luz inexplicável. - Estou sem palavras.
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As árvores da floresta eram estranhas. estavam sempre a mexer-se. Não tinham qualquer lógica. O que fazia a diferença no seu caminhar, era o propósito de ambos (sabiam o que queriam) e a sai determinação (o seu querer e a sua coragem). Havia uma quietude que não era natural. - O que foi aquilo? - Aquele som estava daquele lado. Perceberam que o segredo estava nas suas próprias mentes. Posicionaram-se sempre ao longo do rio, orientados pela luz dos valores morais. Sabiam que o rio da vida era a fonte dos alimentos. Por fim conseguiram chegar a uma clareira. Era a terra da felicidade. Tinham conseguido ultrapassar a floresta do desconhecido.
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O GATO CUSCAS
Era uma vez o gato Cuscas. Era um gato que falava demais. Criticava muito e todos. E que não podia negar isso facilmente. Nas suas atitudes, estava sempre à procura de fofocas. Os seus olhos verdes gigantes, queriam sempre ver a perfeição, mas acabava sempre por dizer mal de alguma coisa ou de al-
guém. Não tinha amigos. Tinha apenas alguns conhecidos. Os outros gatos do bairro, sempre que o viam, afastavam-se imediatamente, evitando a sua direção. E todos sussurravam: - Olha o gato Cuscas! Vai dizer mal de alguém, de certeza! Na sua atitude de falar e criticar tudo e todos, não percebia que magoava sempre os outros gatos. Inevitavelmente, acabava sempre por arranjar conflitos e discussões. E também se envolvia em lutas desnecessárias. Um dia, O gato Sinceras, quando ia a passar próximo da casa do gato Cuscas, ouviu um ladrar estranho. Um ladrar agatinhado. Espreitou à janela e…
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…Viu o gato Cuscas a tentar ser um cão. A andar como um cão. E a querer ladrar também. O gato Sinceras correu a chamar os outros gatos e todos assistiram à mesma cena. A partir desse dia, sempre que o gato Cuscas andava na rua, todos começavam a ladrar e a imitar um cão. Furioso recolheu-se em casa. O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Tanto falou e criticou os outros que acabou sendo falado e criticado por eles.. Mais tarde, não aguentou tantos comentários sobre ele, e acabou por ir para outro bairro.
MORAL DA HISTÓRIA: Não fales dos outros, se não queres que falem de ti!
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Autor
Ascenção Lopes
Três contos
A QUINTA DO TIO ZECA
O João e a Rafaela eram dois irmãos. Durante as férias de Páscoa, decidiram visitar a quinta do tio Zeca e levaram com eles os amigos que viviam na mesma rua. O tio Zeca morava distanciado da cidade havia muitos anos. A sua quinta e a sua casa eram o sonho de muitos meninos. Estes ao entrarem em casa do tio Zeca, logo sorriram imenso, pois tudo parecia quase perfeito. A cantoria dos perus, avestruz, galinhas, galos, pintainhos, patos, pavões, melros, cotovias, cegonhas, papagaios, rolas, rouxinóis, gaios, cucos, andorinhas, cavalos, bois e até dos grilos transmitiam-lhe uma infinda alegria. Tudo isto parecia uma orquestra musical num ambiente mágico.
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