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José Sepúlveda
from Conta-me um Conto
by rosammrs
Um dia o jovem viu surpreendido O anúncio: "Preciso de aprendiz" E fez-se luz no sonho adormecido De ser um marceneiro e ser feliz.
Mas não, como podia ele pensar Em ser um marceneiro se sabia Que havia tanto jovem no lugar Que estar nele lugar almejaria!
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Mas quando o mestre como desafio Propunha aos candidatos por tarefa Limpar aquele sótão negro e frio, Fugiam do lugar a toda a pressa.
Passaram-se semanas. Ao voltar Um dia ao povoado, com surpresa, Olhou e viu ainda a anunciar "Preciso de aprendiz": Eu, com certeza!
E cheio de coragem, entra e diz: "Bom dia, mestre, queira me aceitar, Humilde e pobre, como o aprendiz Que o mestre está tentando encontrar"
O mestre olhou o jovem com espanto E disse-lhe: "Às sete da manhã Quero te aqui limpando cada canto Do velho e sujo sótão que ali está".
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Esfuziante, cheio de alegria, Ao regressar das lidas da cidade, Contou ao pai e disse: "Eu sei que um dia Vou ser um marceneiro de verdade".
E se a distância longa que existia Do lar ao povoado, com vontade, Um dia e outro dia a percorria E logo se encontrava na cidade.
Chegou o mestre. Olhou com simpatia, E disse para ele calmamente: "Sobe essa escada e limpa a porcaria Que anda lá pior cima, faz-te gente!"
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Subiu a velha escada. A escuridão Cobria aquele sótão. Com coragem, Foi gatinhando, andando pelo chão, Limpando cada canto na passagem.
Passou-se uma semana, outra semana E o mestre observava com surpresa A força e a coragem que ele imana Enchendo essa oficina de beleza.
Um dia, o jovem desce aquela escada E disse: "Meu bom mestre, aqui me tem, A lida que me deu ei-la acabada, Me diga por favor se ficou bem"
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O mestre, com a ajuda do aprendiz, Subiu a escada e com grata surpresa Olhou a sala, viu-se tão feliz, Tão cheia de frescura e de beleza
E o jovem foi crescendo passo a passo, Fazendo jus à arte que aprendia E desbravando para além do espaço As sensações imensas que sentia.
E prosseguiu seu sonho dedicado Levando a sério o mestre e o seu ensino. E um dia se sentiu determinado E ei-lo a construir um violino.
Não era mais o humilde fazendeiro, Cresceu e ao seu redor tudo mudou, Evoluiu e num violineiro Prestigiado um dia se tornou.
E a fama deste mestre se espalhava E viu a sua indústria florir E toda a gente vinha e procurava Também um violino conseguir.
E foi mil violinos construindo Com ávida paixão e amor profundo E pode assim viver seu sonho lindo E ver o Stradivarius correr mundo!
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A ÚLTIMA CEIA
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Contavam que Da Vinci, o grande Mestre, Quando pintava a Ceia do Senhor, Foi a um Mosteiro, a um lugar agreste, Para encontrar modelos a rigor.
Então, com todo o gênio e inspiração, Pintou rosto após rosto. Mas depois, Viu um vazio. Olhou com atenção E nesse grupo lhe faltavam dois.
Só quando certa orquestra ouviu tocar E o seu maestro irradiava luz, Da Vinci prontamente o foi buscar Para pintar o rosto de Jesus.
Para findar a sua obra de arte, Faltava agora Judas, o traidor; E ao procurar por Roma, em toda a parte, O encontrou num torpe malfeitor.
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- Olha meus olhos, vê, não vês quem sou? Aqui me tens, um reles pecador! Da Vinci olhou seus olhos e gritou: - Não pode ser! O rosto do Senhor!
- Sim, sou eu mesmo, vê quanto contraste Encontras neste meu olhar profundo No qual há pouco tempo te inspiraste Para pintar o Salvador do Mundo! -
E a lenda diz que à sombra desse olhar Sentiu como um punhal no coração E pela vida inteira foi pagar A pena dessa insigne criação.
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RÓMULO E REMO
(A Fundação de Roma)
Rómulo e Remo são, segundo a mitologia romana, dois irmãos gêmeos, um dos quais, Rômulo, foi o fundador da cidade de Roma e seu primeiro rei. Segundo a lenda, eram filhos de Marte e de Reia Sílvia, descendente de Eneias. A data de fundação de Roma é indicada, por tradição, em 21 de abril de 753 a.C.
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Em terras onde Ítalo se assentava, No tempo dos Etruscos, certo dia, A lenda em pergaminhos registava A estória duma infame rebeldia.
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Amúlio - que de Reia era tio Da jovem quis fazer uma Vestal Mas Marte foi ao Templo em desafio E engravidou-a sem ver nisso mal.
E nessa relação, amor infesto, Rómulo e Remo, gémeos naturais, Seriam concebidos e de resto, Depressa separados de seus pais.
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Dizia-se que Amúlio, em desvario, Furioso com tamanho despudor, Mandou lançar os filhos seus ao rio Num gesto de perfeito desamor.
A lenda que no tempo perdurou Foi que uma loba, nessa tarde obscura, Em busca de alimento, os encontrou E os escondeu numa caverna escura.
Qual extremosa mãe, os dois meninos Amamentou e eis que, entrementes, Os viu crescer, moldou os seus destinos, E se tornaram fortes e valentes.
Até que um dia, Fáustulo, o pastor, Perdidos lá na serra, encontraria Os dois rapazes cheios de vigor E para sua casa os levaria.
O doce leite dessa loba mãe, Os fez medrar. E cheios de fulgor, Seguiram conquistando o mundo além, Tornando-se guerreiros de valor.
A lenda diz que Remo pretendia Fazer vingar a sua liberdade Mas Rómulo por fim o mataria E construiu assim sua cidade.
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Depois, seguiu, vitória após vitória A conquistar o mundo - a terra e o céu. E Reia - que perdera sua glória Do incesto com seu filho renasceu!
Do fruto dessa vã leviandade Surgiu por fim a Roma Imperial, E no seu seio cresce outra cidade, Quem sabe, um novo Império Universal.
Relata a lenda que p'la noite dentro Se ouve a loba uivar com grão clamor, Deixando a sensação, o sentimento, Que Reia incesto foi de um grande amor.
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ALADIN
Autor
Josiclénio Sebastião
Um conto
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Chamava-se Aladin A ave que conheceu A gaiola muito cedo. Aladin, colocava um olhar macio como cetim, sempre que sonhava viajar sem medo. O pássaro do jardim azul, em tardes amenas, amava estar entre flores multicoloridas juntinho da sua amada Dona Teresa, o belo pássaro... Adorava rosas e girassóis pois para ele, as vermelhas simbolizavam paixão as cor-de-rosa amor e as amarelas amizade. Tivera seis meses de vida quando lhe tiraram a sua independência, o privilégios de desfrutar do seu jardim do Éden. Por muitos anos, o pobre pássaro viveu longe da sua natureza longe da sua zona de conforto.
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