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Entrevista
Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)
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Opção Vegana S e você já foi a algum restaurante não vegetariano e, na porta do estabelecimento, se deparou com um adesivo da campanha Opção Vegana, isso se deve a uma conquista da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Criada em 2016, hoje, são mais de 600 restaurantes TXHDGHULUDPRȴFLDOPHQWH¢FDPSDQKDHUHVROYHUDPLQFOXLU Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, conta todos os detalhes Por Marco Clivati da campanha que tem como missão aumentar opções veganas em seus cardápios. Nesta entrevista, Ricardo Laurino, presidente da SVB, conta como o programa Opção Vegana nasceu, qual o trabalho realizado e outros detalhes as opções veganas nos restaurantes brasileiros sobre esta campanha que vem ganhando cada vez mais força e ajudando muitos proprietários de restaurantes e redes de fast- -food a introduzirem opções veganas em seus estabelecimentos.
Revista dos Vegetarianos: Quando e como surgiu a campanha Opção Vegana? Ricardo Laurino: A SVB já havia conversado internamente sobre campanhas parecidas. Porém, foi em 2016, quando recebemos XPHPDLOGHXPDȴOLDGDGD69% questionando sobre quando iríamos fazer alguma ação com restaurantes não vegetarianos, que a coisa realmente andou. Por conta desse e-mail, o Guilherme Carvalho, que é secretário executivo da 69%ȴFRXPRELOL]DGRHWUD©RXR primeiro esboço do que seria a campanha Opção Vegana. Dois ou três meses depois, criamos esse novo departamento dentro da SVB e colocamos a campanha no ar.
RV: A SVB é quem vai atrás dos restaurantes ou são eles quem vão atrás da SVB? RL: Nós temos uma pessoa na equipe focada em mostrar para as grandes redes o mercado vegano e as tendências. Como a SVB participa de grandes eventos do segmento de food service, como a Fispal, isso faz com que o programa tenha uma grande visibilidade e a oportunidade de gerar muitos contatos com donos de restaurantes. Por isso, hoje, a abertura de novos restaurantes com opções veganas é um trabalho mais passivo do que ativo.
RV: O que exatamente a SVB oferece ao restaurante? Consultoria de culinária, marketing, treinamento de funcionários, dicas de fornecedores? RL: A primeira coisa que passamos para o restaurante é o conceito de veganismo. Eles têm muitas dúvidas sobre isso. Acham que vão ter que construir uma cozinha separada, por exemplo, e mostramos que
é possível fazer os preparos no mesmo local, tomando alguns cuidados. A SVB também treina os funcionários dos estabelecimentos sobre esses conceitos, ensina por que as pessoas procuram pelas opções veganas. Também avaliamos o cardápio do restaurante, porque nosso objetivo não é que o restaurante precise oferecer algo que seja difícil para ele executar. Tentamos usar o próprio conceito do restaurante e os ingredientes que eles já estão acostumados a trabalhar para que possam desenvolver os pratos veganos de forma simples, sem muita mudança e desgaste. RV: Como são elaboradas as opções veganas? O restaurante sugere ou é criação 100% da SVB? RL: ΖVVR«DOJREHPGLYHUVLȴFDGR Alguns restaurantes já trazem as opções veganas prontas. Eles chegam até nós para saber a nossa opinião, se podemos sugerir alguma melhoria ou se o prato é interessante para o público vegano. Outros chegam até nós sem nenhuma noção do que é veganismo. Aí, precisamos fazer o trabalho de base e o desenvolvimento dos pratos do zero. RV: A SVB ajuda na divulgação do restaurante?
RL: Sim. Sempre que surge um novo restaurante ou uma nova opção vegana divulgamos nas mídias sociais da SVB, para que as pessoas tenham acesso a essas informações e possam experimentar a novidade. A SVB também fornece um adesivo para que os restaurantes possam colocar na entrada do HVWDEHOHFLPHQWRLGHQWLȴFDQGRTXHO£ existem opções veganas no cardápio.
RV: Hoje, qual a principal GLȴFXOGDGHGDFDPSDQKD" RL: $PDLRUGLȴFXOGDGHSDUDTXH a campanha cresça ainda mais é a falta de pessoal. Apesar de a SVB ter 50 grupos e núcleos espalhados pelo Brasil, muitas vezes, a gente não consegue atender a todos os restaurantes. Por isso, acabamos priorizando os que demonstram mais interesse ou os que terão maior
impacto e alcance de pessoas. RV: Do lado do restaurante, qual a principal dúvida em relação ao veganismo? RL: Hoje existe mais informação. Há alguns anos, poucas pessoas sabiam o que era veganismo. Mesmo assim, ainda existem muitos donos de restaurante que acreditam que uma salada e uma batata frita já são opções veganas. O que a gente mostra é que é preciso ir além disso para agradar o público vegano. Também não pode ser algo em que o cliente precisa pedir para tirar isso ou aquilo para que o prato se torne vegano. Tem que ser um prato ou um sanduíche completo no cardápio, sem que a pessoa precise adaptar.
RV: Por que vocês recomendam aos restaurantes não colocarem o nome vegano nos pratos? Em vez de chamar de risoto vegano, vocês recomendam risoto de cogumelos. RL: 3ULPHLURSRUTXHLGHQWLȴFD melhor o prato. Um risoto vegano pode ser um risoto de muitas coisas. Quando você coloca risoto GHFRJXPHORVȴFDFODURGRTXH se trata o prato. Em segundo, para um restaurante que não tem muitos clientes veganos, isso é uma forma de aumentar a aceitação do prato. Ainda existem muitas pessoas que têm ressalvas quanto à palavra vegano. Apesar disso, a gente percebe que a aceitação do veganismo é cada vez maior. Por isso, se o restaurante optar por colocar o nome vegano no prato, também vamos apoiar e avaliar se é interessante ou não. Outra recomendação nossa é em relação ao cardápio. Incentivamos os restaurantes a incluírem as opções veganas no cardápio principal e não criarem um cardápio separado. Isso se torna um obstáculo para o cardápio chegar à mão do cliente.
RV: O que você acha de grandes UHGHVFRPRR*LUDDVHR2XWEDFN que acabaram de lançar um novo cardápio com opções ovolacto, porém, nenhuma vegana? RL: Eles perderam uma oportunidade de se adiantarem em algo que terão que fazer em breve. Em casos como esses, a SVB alerta o restaurante que, ao oferecer somente opções ovolacto, ele deixa de atingir um público que é cada vez maior, que são os veganos. Apesar disso, olhando de forma ampla, vejo que é um primeiro passo, para daqui a pouco oferecerem opções veganas. Porém, é um passo que eles já poderiam ter dado.
RV: Um restaurante que não oferece opção vegana está perdendo dinheiro? RL: 6LPΖVVRHVW£ȴFDQGRFDGDYH] mais claro. Hoje, é muito comum encontrar um vegano em um grupo de pessoas. E, quando esse grupo se reúne para comer fora de casa, é muito mais fácil escolher um restaurante que tenha opção vegana, para atender o amigo vegano. O fato de um restaurante não oferecer opção vegana pode ser um motivo para o grupo não escolher aquele local. E isso também vale para quem não é vegano e está querendo reduzir o consumo de ingredientes de origem animal. Atualmente, um restaurante que não oferece opção YHJDQDHVW£ȴFDQGRSDUDWU£VHVH ainda não sentiu, vai sentir que está perdendo dinheiro.
RV: Entre os diversos restaurantes que já aderiram à campanha, qual teve maior repercussão? RL: O Brasileirinho Delivery e o Baked Potato foram duas redes que tiverem uma enorme repercussão. São duas redes que foram precursoras, de maior nome e com um número maior de lojas. Elas acabaram ajudando a divulgar a campanha e a trazer novos estabelecimentos.
RV: O serviço oferecido aos restaurantes é gratuito? Como a SVB é remunerada pelo trabalho realizado? RL: Sim. Tudo é oferecido de forma gratuita, sem nenhum custo para o restaurante. Hoje, a SVB tem algumas fontes de receita. Uma delas são doações de instituições, como a Humane Society International, que entrou como parceira logo no início da campanha, e de pessoas físicas. 2XWUDIRQWHGHUHFHLWDV¥RRVȴOLDGRV da SVB, que hoje somam quase 3 mil ativos. Todas essas receitas nos ajudam a fazer as campanhas e os eventos. Na maioria das vezes, os eventos empatam em termos de receita. Porém, alguns dão lucro. E esse dinheiro vai custear outros programas que a SVB não cobra, como a Segunda Sem Carne, por exemplo, que hoje está treinando 4 mil merendeiras da cidade de São Paulo. Na campanha Opção Vegana é a mesma coisa. Realizamos diversos trabalhos nos quais o recurso vem de outras atividades que a SVB promove.
RV: Se algum dono de restaurante quiser participar da campanha, como ele faz? RL: Ele pode enviar mensagem por meio de nossas redes sociais, pelo e-mail atendimento@ svb.org.br ou acessar o site da FDPSDQKDZZZVYERUJEU1RVVR objetivo é ajudar os restaurantes e ter progressivamente mais estabelecimentos com opções veganas, gerando um impacto cada vez maior e mais pessoas percebendo como é possível, acessível e legal partir para uma jornada rumo ao veganismo.