SAÚDE E BEM-ESTAR nº 316 - maio 2021

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ENFARTE DO MIOCÁRDIO PANDEMIA AGRAVOU O PROBLEMA A

S DOENÇAS CARDIOVASCULARES, em geral, e o enfarte agudo do miocárdio (EAM), em particular são das principais causas de morte em Portugal. Os doentes tendem a reconhecer os sintomas de alerta do EAM e a procurar os cuidados médicos demasiado tarde, comprometendo o seu prognóstico. A pandemia veio agravar, de forma determinante, este problema, devido ao medo da população em ser infetada pelo SARS-CoV-2 nas instituições hospitalares. Neste período, verificou-se uma redução das admissões hospitalares por EAM, um menor recurso ao transporte pelo INEM e um aumento do tempo de atraso até ao tratamento, responsável pelo aumento das taxas de mortalidade e das complicações nesta população de doentes.

MAIO 2021

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QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS? A manifestação clínica mais frequente do enfarte agudo do miocárdio inclui a dor no peito de intensidade e duração variável, habitualmente descrita como um aperto, constrição ou peso, que em alguns casos pode estender-se para os braços, costas e pescoço, podendo surgir acompanhada de suores, náuseas e vómitos. Existem, no entanto, formas de apresentação menos típicas, como o desmaio ou a falta de ar súbita, mais frequentes em doentes diabéticos, idosos e mulheres.

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O QUE FAZER PERANTE A SUSPEITA DE ENFARTE? Perante a suspeita de um EAM, é crucial ligar imediatamente para o número de emergência médica 112, por dois motivos essenciais: a rapidez no diagnóstico e o transporte em segurança para um hospital com capacidade de tratamento do EAM.

DURANTE A PANDEMIA, VERIFICOU-SE UMA REDUÇÃO DAS ADMISSÕES HOSPITALARES POR ENFARTE E UM AUMENTO DO TEMPO DE ATRASO ATÉ AO TRATAMENTO, RESPONSÁVEL PELO INCREMENTO DA TAXA DE MORTALIDADE E DAS COMPLICAÇÕES POR DOENÇA CARDIOVASCULAR. COMO PREVENIR AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES? Para manter a sua saúde cardiovascular em tempos de pandemia, é fundamental conhecer todos os fatores de risco cardiovascular e empenhar-se no seu controlo rigoroso, tendo como objetivos: 4 Deixar de fumar; 4 Reduzir os níveis de colesterol para os alvos recomendados de acordo com o nível de risco cardiovascular (LDL

Pelo

DR. PEDRO MONTEIRO Cardiologista no Hospital Universitário de Coimbra

inferior a 55 mg/dL) ou redução de, pelo menos, 50% em relação aos níveis basais nos doentes com risco cardiovascular muito elevado (antecedentes de eventos cardiovasculares, diabetes ou doença renal crónica); 4 Controlar os valores de pressão arterial (inferior a 130/80 mmHg); 4 Otimizar o controlo glicémico (açúcar no sangue) no caso dos doentes diabéticos ou pré-diabéticos; 4 Adotar uma dieta saudável (semelhante à Mediterrânica): pobre em gorduras saturadas e açúcares; rica em vegetais, peixe e fruta; redução de sal (<5g/dia); ingestão limitada de álcool - máximo de 20g/dia (2 copos) no homem e 10g/ dia na mulher; abstinência alcoólica em caso de insuficiência cardíaca. 4 Manter um peso saudável (índice de massa corporal entre 20 e 25 Kg/m2) ou reduzir nos casos de excesso de peso ou obesidade; 4 Praticar exercício físico de acordo com a idade, o nível de atividade prévia e as limitações físicas – pelo menos, 150 minutos/semana de exercício aeróbico moderado (30 minutos, 5 dias/semana) ou 75 minutos/semana de exercício aeróbico vigoroso (15 minutos, 5 dia/ semana); 4 Gerir e controlar a ansiedade;


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