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Especial Quaresma fatiada

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Na Gôndola

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Preço derruba Gadus morhua e não atrapalha tilápia, merluza e polaca se recuperam e mercados regionais têm desempenho recorde de nativos, esvaziando os estoques de um varejo mais cauteloso

Texto: Ricardo Torres

Uma Páscoa no começo do mês é tudo o que os peixeiros brasileiros gostam. Com o dinheiro do salário ainda no bolso, os consumidores desembolsaram mais com pescado neste ano e tanto varejistas quanto as indústrias registraram desempenho recorde, ao menos para os entrevistados desta matéria. Da tilápia à merluza, houve grande demanda para todos os itens, mas no caso do bacalhau também se viu uma corrida às espécies mais baratas de peixe seco e salgado. Até o salmão congelado e o coho venderam bons volumes a um bom preço no varejo, deixando contentes chilenos e brasileiros de forma geral.

As cifras de aumento de crescimento de todo o período da Quaresma entre as fontes consultadas foram superlativas, contrariando o que se esperava no início do ano. A inflação e o endividamento das famílias era um grande fantasma no âmbito doméstico, como parte de um caldo de problemas globais que ainda afetam a produção, distribuição e consumo de alimentos. “Desde 2020, até o terceiro trimestre do ano passado, problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no País”, explica o economista e pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha.

A incerteza com os reflexos desse panorama nas compras da Quaresma automaticamente deram um clima de cautela aos compradores do varejo e seus fornecedores, que em geral fizeram programações mais ajustadas. Ainda assim, havia uma expectativa de vendas razoáveis nos 40 dias que sucedem o carnaval. No entanto, a venda demorou para engrenar. “Foi um ano muito atípico e o consumidor não respondeu no período da Quaresma”, diz uma fonte de uma grande rede consultada pela reportagem. “No pré-Semana Santa, tínhamos uma expectativa altíssima. Abastecemos muito com peixe fresco e a venda não aconteceu. Então, várias lojas pediram pra ‘cortar grade’ [reduzir o volume].”

Depois de um começo desanimador, a fonte diz que, a partir da terça-feira Santa, a venda começou a engrenar e apenas na quinta-feira Santa, em 6 de abril, o faturamento com peixe fresco e congelado foi quase o dobro da maior venda histórica da rede. No balanço final da Semana Santa 2023 com o mesmo período do ano passado, houve crescimento acima de 20% na venda bruta e superior a 15% no volume nesta

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