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“A escola mudou minha vida”
from Seafood Brasil #48
Por Nanci Kawahito, professora da Nagoya Sushi School e sócia do restaurante Emi Sushi, em Itaguaí (RJ) decretada, entrou um curso on-line da Nagoya. Quando eu comecei a fazer, disse ‘Meu Deus do céu, nada disso eu conheço e estou fazendo tudo errado’.
Vi que o sensei André [Nobuyuki Kawai] era conhecido como embaixador do sushi, nomeado pelo governo japonês. Pesquisei também sobre o sócio dele, sensei Hiro Ozono, e vi que eles davam cursos avançados e de proficiência. Com a pandemia, sensei André, que mora no Japão, ficou preso no Brasil e isso fez com que a escola crescesse. Havia muitos alunos online e eles aceleraram as obras para que, quando a pandemia desacelerasse, eles pudessem acomodar mais turmas.
Depois, fui fazer o curso avançado de sushi presencial em São Paulo e cheguei a chorar em sala de aula. Eu vi que estava fazendo muita coisa errada, embora achasse que já tinha chegado ao ápice. O pior não é fazer errado, mas não saber o que está fazendo errado. Eles foram abrindo turmas pequenas e eu fazia todos os cursos. Fui eleita a aluna-modelo por conta da diferença de resultados, da forma que consegui absorver a técnica e como consegui reproduzi-la.
Comecei a fazer sushi em casa desde criança, o que é comum em famílias japonesas. Por volta de nove e dez anos eu já entrava na cozinha. Quando me tornei adolescente, comecei a fazer muitos eventos com comida e, posteriormente, resolvi abrir o restaurante. Na época, fiz um cursinho que nem lembro onde foi só para poder agradar ao paladar brasileiro por sushis. Aprendi com os meus antepassados, que não tinham tido educação formal e também tinham muita dificuldade de comprar de insumos. Era como se fosse um sushi caseiro, não sushi profissional para venda. Fora isso, a literatura era muito limitada e equivocada . Até hoje tem muitos ensinamentos incorretos, como a esteira usada para enrolar o sushi. O nome correto é makisu, mas todo mundo no setor conhece como sudare - que na tradução literal seria algo como ‘cortininha’.
Quando abri o restaurante, senti que consegui ir até um limite. Eu sentia que faltava alguma coisa, não conseguia passar de um ponto, embora sempre tivesse estudado muito. Continuei. Mas quando entrou a pandemia, de repente caiu tudo. Aí eu vi realmente a necessidade. Fui buscar informações e, na semana em que a pandemia foi
Foi a época que todo mundo pensou no que iria fazer e como seria viver com a Covid. Aí, focaram na parte de segurança e higiene, como contaminação, como lidar com o produto para não levar doença para as pessoas em casa e coisas assim. Ao final, as pessoas queriam fazer algo mais seguro, técnico e que os peixes durassem mais tempo.
Para mim, reduziu as entregas para uma vez só por semana. Com as técnicas que aprendi, comecei a mudar um monte de coisas e vi uma mudança brusca na qualidade, ao ponto de eu não reconhecer meu próprio sushi. Parece que não havia sido eu que tinha feito! O peixe começou a ter outra aparência, outro aspecto e brilho, e as fotos que eu postava já mostravam isso. Com o aprendizado que tive, explodi de vendas já na pandemia. Mantive quase o mesmo fluxo financeiro só com o delivery, sem o salão. Hoje minha operação de salão voltou e não consigo dar sequência no delivery. São 32 lugares aqui.
Nanci Kawahito fez mais de 15 cursos na Nagoya nos últimos três anos e se tornou aluna-modelo e professora da instituição; no detalhe, a chef junto ao sensei André Kawai e o sensei Hirotoshi Ogawa
O sensei André foi vendo o meu compromisso em fazer o certo e, ao mesmo tempo, a minha forma de lidar com meus colegas. Nisso, ele achou que eu tinha perfil para ensinar, porque eu já tinha feito vários antes. Então, eu tirei o de proficiência no ano passado, o que é muito importante para consultoria, principalmente para professores, mas também para chef executivo de restaurante.
Com o tempo fui pegando turmas menores e agora, já faz um ano [que sou professora]! Com sede na Nagoya do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, hoje, faço mais de 30 alunos por mês. As turmas estão sendo um sucesso, os alunos saem muito satisfeitos e eu me sinto cada vez mais realizada!