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Especial O desempenho do camarão

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As vendas de camarão vannamei seguiram uma dinâmica própria da categoria, que sofre mais a influência do food service. “As expectativas de crescimento da demanda, especialmente para o camarão in natura, não se materializaram, notadamente na semana que antecedeu a Semana Santa, sendo que no primeiro dia pós-Quaresma, já houve um aumento da procura e tendência de aumento de preços na porteira da fazenda”, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha.

Para ele, isso aconteceu a despeito de os preços praticados em março deste ano terem se mantido praticamente os mesmos praticados em dezembro do ano passado. “Na verdade, nos meses de janeiro e fevereiro, a demanda se manteve bastante aquecida e, como o setor já sabe que historicamente há redução de preços pós-Semana Santa, aproveitou-se a procura e deu-se saída à produção”, diz Rocha. Como resultado, ele calcula a comercialização de 6 mil toneladas de camarão no período.

No varejo, há relatos de um bom desempenho, mas como se trabalha muito o camarão congelado, pode ter sido reflexo de promoções e ações para diminuição de estoque de produto. Nesse aspecto, Baruzzi, da Rede São Paulo, estima um aumento geral de 20% de crescimento nas redes associadas.

Para Mauricio Deliberaes, da Copacol, faltou tilápia nas últimas três semanas da Quaresma e, por fim, a empresa terminou sem estoque, com vendas 25% maiores entre os sócios alguns cotistas dos maiores varejistas de Minas Gerais (Supermercados BH, DMA e EPA), nos quais viu a venda de pescado amazônico disparar. “Em números gerais, tivemos um crescimento geral bastante superior, em torno de 30%. Mas os peixes do Norte cresceram 60% em volume no sell-out [venda ao consumidor]: vendemos em torno de 2.000 toneladas de peixe do norte”, conta Pedro Fonseca, head de demanda de compras do grupo GTM.

Entre as espécies, destaque para a piramutaba e o filé de mapará, que nunca tinha entrado como proposta de volume e com evidência nos tablóides locais. “Ele superou bastante as expectativas de vendas, gerando até rupturas nas lojas”, conta. Com isso veio também a volta do surubim, que oscila muito pela falta de volume, e a aposta positiva foi a retomada da dourada em postas. A diversidade de produtos ajudou a amenizar a alta no preço da tilápia, que desestimulou o consumo local da espécie, segundo Fonseca. “Sobre a tilápia, a maior rede aqui no ano passado vendeu 500 toneladas no ciclo Quaresma do ano passado, neste ano não vendeu 200 toneladas.”

A redução de preços do pós-Semana Santa ajudou a aquecer as vendas de camarão: calcula-se que no período, houve comercialização de cerca de 6 mil toneladas

Nos 47 dias entre a quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa, o Hirota Supermercado viu um crescimento de 10% apoiado na expansão do bacalhau dessalgado. “As ações que nós fizemos foram voltadas ao bacalhau congelado e o crescimento foi de 100%, era o produto que estava mais em conta no mercado e com o qual tínhamos mais oportunidades de trabalhar”, aponta Laelson Leão de Oliveira, comprador de pescado do Hirota. O pior desempenho foi do bacalhau salgado, com uma queda de 15% em função do preço elevado.

Na contramão, a rede Pague Menos viu a mais tradicional categoria do varejo pascoal crescer. “Em comparação a 2022, a Semana Santa de 2023 foi ótima. Tivemos crescimentos nas vendas, tanto de valor como de quantidade. A venda de bacalhau teve um crescimento de 28%”, calcula o gerente comercial de perecíveis da rede, Jair Souza. Ele frisa que o volume não acompanhou o aumento do faturamento, o que sugere em empurrãozinho da inflação no desempenho. “O incremento de preço fez com que os consumidores procurassem outras alternativas para a época. Por isso, a venda em quantidade não acompanhou a venda em valor.”

É uma dinâmica similar à relatada por Luiz Roberto Baruzzi, executivo da Rede São Paulo de Supermercados “O que está acontecendo muito nos supermercados é que o faturamento anda crescendo, pela inflação, mas não necessariamente aumenta o volume.” Ele ainda desenha uma certa mudança na dinâmica da sazonalidade nos supermercados regionais, acompanhada de uma migração para produtos de menor valor. “Os produtos sazonais vêm caindo cada vez mais. Carne natalina, peru, chester, panetone, ovo de Páscoa… só caem. O sazonal parece ter menos efeito do que tinha antigamente.”

Isso afeta diretamente as compras de bacalhau, segundo Baruzzi.

“A migração para menor valor é evidente. Então, a maior queda foi do Gadus morhua, que realmente estava muito caro. Saithe, zarbo, ling e lasca de polaca saíram bem em diversos formatos. A média de preço do morhua foi de R$ 110 a R$ 140/kg, enquanto o saithe estava em R$ 60/70.” A nova dinâmica força também a

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