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Marketing & Investimentos Na constelação do varejo

Apas Show 2023 reúne quase 140 mil pessoas em quatro dias de evento com presença menor do pescado, mas ainda relevante entre os mais de 800 expositores

Texto: Fabi Fonseca e Ricardo Torres | Fotos: Seafood Brasil

Ocenário estelar que a Apas Show adotou como tema de seu congresso nesta 37ª edição capta bem o clima do que foi o evento, do qual se pode dizer que o pescado participou como um coadjuvante de luxo. Os números foram tão superlativos quanto o número de estrelas da Via Láctea: 137.487 visitas, uma frequência 23,3% maior que em 2022 - quando a presença do expresidente Jair Bolsonaro congestionou as entradas. Entre 15 e 18 de maio, quatro pavilhões e mais um anexo do Expo Center Norte abrigaram mais de 850 expositores, dos quais cerca de 30 empresas ofereceram peixes, moluscos e crustáceos no portfólio

Além dos tradicionais satélites que já navegam na órbita do pescado - as empresas consagradas do segmento -, indústrias consolidadas no frango, carne bovina e distribuidores especializados em outros itens aproveitaram a Apas para divulgar as opções em alimentos aquáticos (veja mais detalhes no decorrer da matéria) Valéria Rossi, CEO da Shopper Experience, explica que esse movimento está associado à busca do consumidor por um “consumo sem culpa”. “Nessa onda da saudabilidade e na busca de produtos que tragam um consumo sem culpa daquele alimento, o pescado entra muito bem porque vai se posicionar como mais saudável frente, por exemplo, a carne vermelha.”

Na pesquisa exclusiva que Rossi apresentou durante a Apas, 55% dos entrevistados querem manter uma alimentação saudável, com produtos naturais, orgânicos e pouco industrializados - o que ela vê como trunfo para os fornecedores de pescado. “O pescado é ‘privilegiado’ na mente das pessoas como um produto totalmente saudável.”

Outras categorias, como o frango, têm se saído melhor no pujante comércio varejista nacional. “O pescado não chega a cair, mas fica estável no consumo e muito impactado pela percepção de preço”, sublinha Rossi. Com suas 94.706 lojas em território nacional, os supermercados faturaram em 2022 uma cifra equivalente a 7% do PIB - R$ 695,7 bilhões. No último ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a peixaria fresca correspondeu a 0,9% do faturamento, o que corresponde a R$ 6,26 bilhões - o estudo não detalha o pescado congelado da categoria de perecíveis industrializados (8,7%), bem como não esmiúça conservas de pescado dentro da categoria de mercearia líquida (12,6%).

Apesar do apoio da saudabilidade, fazer-se notar na constelação de produtos do varejo é uma tarefa árdua.

O cenário fica ainda mais complexo com a hipersegmentação do varejo, conceito criado pelo norte-americano Lee Peterson, um dos palestrantes do evento do congresso da Apas - batizado de “Supernova: expanda o seu futuro”, uma analogia dessa tendência varejista à explosão de uma estrela em milhares de pedaços, que precipita o surgimento de novas estrelas e galáxias. Em um mercado tão variado quanto o pescado, dá para dizer que de fato, a explosão começou há anos e ainda não parou de gerar novos corpos celestes - e nem dá previsões de que isso vai cessar.

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