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Pescados

acompanharam de perto os indicadores que o campo traz. “Os últimos anos foram muito desafiadores. A gestão precisa ser muito em cima e o know-how é muito importante”. O ritmo também foi fundamental, diz o executivo. “Fomos crescendo e conquistando mercado muito devagar.” Para o futuro breve, nenhum plano impactante. “Nosso timing agora é validar o modelo: precisamos deixar a escala estável, para um aumento seguro. Estamos cruzando as informações para ter uma gestão 100% na mão e valorizar as pessoas. Nosso foco é construir nossa cultura.”

Ambar Amaral: o ativo está debaixo d’água

Um dos maiores legados que o patriarca Antonio Carlos Lopes do Amaral deixou aos filhos antes de falecer foi olhar de perto todos os negócios do grupo. Quando o negócio da piscicultura começou a tomar corpo, pouco depois da fundação da GeneSeas, Ramon e Felipe literalmente mergulharam no setor, com acompanhamento estreito da mãe, Sônia Amaral. “A nossa atividade exige uma sensibilidade para conhecer todo o negócio. Até hoje, eu passo nas pisciculturas e olho atentamente o que está acontecendo”, diz Ramon.

Na divisão dos negócios de aquicultura da família, Ramon e Felipe tocam, respectivamente, as pisciculturas e o frigorífico Brazilian Fish e a indústria de rações Raguife. Ramon garante que os negócios funcionam de maneira independente. “A Brazilian Fish é uma cliente da Raguife e ambos os negócios precisam ser sustentáveis financeiramente.”

Na prática, isso evita que um negócio cresça artificialmente apoiado por outro menos rentável, mas estimula sinergias de desenvolvimento e inovação que ampliam a competitividade e as margens obtidas em ambos os negócios de forma efetiva.

A verticalização é a marca da empresa que hoje, atua do alevino ao filé. Mas isso não ocorreu com o intuito de prosperar sozinho na atividade, como sustenta Ramon. “Nunca tivemos segredo no nosso negócio. Acredito que quanto mais pessoas produzindo na mesma região, mais forte eu fico.”

Ele disse que apoiava a operação da GeneSeas quando estava com os fundadores, mas depois perdeu a fé no negócio. “Quando temos concorrentes bons e estamos em um mercado tão concorrido, isso é positivo. No pescado, diferentemente de qualquer outra atividade, teu bem está debaixo d’água e você precisa saber o que está fazendo. Tudo neste negócio eu já fiz.”

Para aumentar ainda mais o conhecimento do negócio, o grupo Ambar Amaral incorporou alguns dos talentos da GeneSeas - a qualificação do time dá mais subsídios para a fase de expansão da atividade aquícola do grupo. O plano principal é aumentar a capacidade de abate em 55%, plano que já foi colocado em marcha com ampliações da planta original, em Santa Fé do Sul (SP) e a aquisição de uma planta frigorífica em Santa Albertina (SP). O grpo já diversificou negócios com a tilápia e em breve lançará no mercado um biofertilizante com resultados incomparáveis no campo. Sem detalhar, Ramon já projeta outra aquisição - mas ele garante que não é do frigorífico da ex-concorrente em Aparecida do Taboado.

Mar & Terra agora é Pluma

Quem tem mais de dez anos de atuação no setor sabe o que representou o projeto da Mar & Terra, uma das pioneiras na produção, processamento, comercialização e exportação de peixes nativos no Brasil. Em 2019, depois de alguns anos sucessivos de dificuldades produtivas associadas à disponibilidade de matéria-prima, o negócio foi arrendado pela paranense Paturi Piscicultura Agroindustrial, para na sequência, ser adquirida por um grupo familiar sulmato-grossense com forte atuação na cadeia avícola: Pluma, dono da Bello Alimentos. Mas talvez poucos saibam que este não foi o primeiro negócio da empresa com proteína aquática.

O frigorífico paraense Coprimar, com foco na exportação de itens da pesca extrativa, já havia sido incorporado e a tilápia já fazia parte do portfólio de itens em distribuição por meio de uma parceria com a Cooperativa dos Piscicultores de Mundo Novo (Coopisc). “Vendíamos um volume considerável de tilápia, até que apareceu a oportunidade de entrar na Mar & Terra para adquirir a fazenda e o frigorífico”, indica Marcos Paludo, gerente corporativo para o mercado interno da empresa.

A produção foi completamente convertida para a tilápia, o que rendeu desafios técnicos mas também na busca por integrados regionais dispostos a fazer parte do projeto Mar & Terra. Outro desafio, a compra de ração, foi superado com a aquisição da fábrica de ração Douramix, em Dourados (MS), com capacidade para 10 toneladas/ hora. O frigorífico, em Itaporã (MS), foi modernizado com a reforma completa da sala de máquinas e a instalação de um girofreezer, que nada mais é que um túnel helicoidal que realiza o congelamento de produtos individuais.

O investimento total nas aquisições e modernizações superou os R$ 50 milhões e os resultados já estão em marcha. A empresa está abatendo 35 mil peixes por dia, com meta de expandir para 40 mil até o final do ano. Para meados de 2024, a Mar & Terra deverá chegar a 60 mil peixes por dia e o indicador pode dobrar dois anos depois. O plano ambicioso vem de um aprendizado paulatino do negócio, escorado em décadas de experiência com a avicultura. “No frango o volume é muito grande e todo mundo que tem frigorífico tem fábrica de ração. No peixe, investimos muito no aprendizado do negócio, estamos em um nível melhor e o mercado está receptivo”, avalia Paludo.

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