Jornal de Negócios - 01 de Agosto - Edição 316

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A advogada Karen Pastorello Krähenbühl, que fez diversos cursos de gestão

ESPÍRITO EMPREENDEDOR Profissionais liberais que se veem como donos de um negócio saem na frente em momentos de crise Pág. 8 Restaurantes apostam em kits semiprontos Pág. 4

Mercado de games cresce mesmo com pandemia Pág. 6

Sex shop fatura com planejamento e inovação Pág. 13


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Mantenha-se relevante, reinvente-se TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor

Olhe ao seu redor. Quando você imaginaria que, em tão pouco tempo, pessoas de todas as idades estariam se reunindo, social e profissionalmente, comprando bens e produtos, de hortifruti a móveis, de produtos de farmácia a cursos de pós-graduação, tudo virtualmente. E esse movimento vai continuar porque tais avanços garantiram expressiva melhoria da qualidade de vida – mobilidade, segurança, comodidade; mais tempo para atividades que trazem felicidade. Já estamos vivendo no que se convencionou chamar de “novo normal”. Grande parte dos donos de pequenos negócios (70%) passou a utilizar mídias sociais e internet para vender produtos e serviços (até março eram 35%), segundo estudo da SumUp com 3,8 mil donos de pequenas e médias empresas. Muitos fatos têm chamado minha atenção nesses últimos meses; quero deixar com vocês três que considero de suma importância, começando pela incrível capacidade dos empreendedores de se reinventar. É o caso da Regina Andrade, da PaboArtes, na Capital paulista, que já fazia vendas 100% online e conseguiu em maio deste ano o maior faturamento mensal em oito anos,

mesmo com a retirada de alguns produtos de seu portfólio, fazendo o reposicionamento da marca – passou de comerciante de bordados para loja de produtos personalizados, investiu no relacionamento com cliente e destravou a operação – em especial logística, para garantir o atendimento com excelência. Ela, como outros milhares de empresários paulistas, conseguiu no programa Agentes Locais de Inovação (ALI), do Sebrae, o apoio necessário para combater os efeitos danosos da pandemia, evitando a paralisação dos negócios. Outro fator que destaco: a conexão de elos importantes das mais diversas cadeias produtivas. Vi em vários pontos do Estado, pequenas, médias e grandes empresas se unirem para procurar formas de permanecer de portas abertas. Foi assim com 500 pequenas empresas que participaram de cinco rodadas de negócios virtuais promovidas pelo Sebrae-SP, apresentando seus produtos e serviços a 40 empresas âncoras dos setores de alimentos e bebidas, saúde e multissetorial, com negócios gerados na ordem de R$ 70 milhões. Empresários que entraram de cabeça na digitalização de seus empreendimentos, seja para o

aprimoramento dos processos de gestão, criação de novos produtos, serviços e canais de atendimento e relacionamento com o cliente, seja para entrada no mundo virtual de compras e vendas. E, meu último destaque no nosso bate-papo: com a conexão, veio a empatia, a solidariedade, o sentido de comunidade, o resgate de valores e princípios dos quais, nós, consumidores, empresários, colaboradores, sociedade, não pretendemos abrir mão. Esse é o admirável mundo novo. Sabemos que seria muito simples voltar a agir como antes. Só que tal decisão vai impactar diretamente na relevância de sua empresa junto ao mercado consumidor. É preciso coragem para tomar a decisão de mudar a programação de nossa mente – o famoso mindset. Não é fácil, mas lembre-se de que você não está sozinho. Durante a quarentena, formaram-se inúmeras redes de apoio, prontas para disponibilizar conhecimento, recursos, experiências. O Sebrae-SP integra várias delas e permanecemos de portas abertas – virtual e presencialmente – para ajudá-los a fazer as inovações necessárias e apoiá-los nessa jornada espetacular de se manter relevante no mundo que muda o tempo todo, sem interrupções.

Destaques

SebraeTec oferece tecnologia e inovação para os pequenos negócios Micro e pequenas empresas (MPEs) que buscam aprimoramento em tecnologia e inovação podem contar com o SebraeTec. A proposta do programa do Sebrae é fortalecer a capacidade competitiva dos pequenos negócios brasileiros. São oferecidas mais de 30 soluções com foco em consultorias em tecnologia para empresas do setor da indústria, comércio, serviços e agronegócios. As soluções são voltadas para o aumento de faturamento e de produtividade das empresas. As consultorias têm duração de 20 a 140 horas e

abrangem uma diversidade de temas para atender aos múltiplos segmentos dos diferentes setores. Para participar do SebraeTec, a empresa deve estar com a gestão em dia, incluindo estar legalizada com o poder público, e pode ou não já ter participado de algum programa de capacitação do Sebrae-SP. O processo de consultoria do SebraeTec envolve diagnóstico, análise de informações, mapeamento de processos e custos e gestão de pessoas e o objetivo é proporcionar: Gestão produtiva estruturada;

Organização e estratégia para atingir resultados; Acompanhamento de desempenho com base em indicadores estratégicos; Foco na melhoria contínua; Aumento da competitividade; Conquista de novos mercados; Menor perda de tempo com o manuseio de materiais; Menor congestionamento nos postos de trabalhos; Desenvolvimento e aprimoramento de controles; Desenvolvimento de produtos;

Estabelecimento de tempos das atividades; Redução de custos; Redução da ociosidade de máquinas e funcionários.

Os interessados devem entrar em contato com Sebrae pelo 0800 570 0800. Durante o atendimento, o empreendedor deve explicar a situação da empresa e indicar em que ponto há a necessidade de inovar.


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Entrevista do mês

Caminho sem volta Nova realidade da escola será híbrida, diz Ricardo Tavares, da FTD Educação, empresa centenária do setor Divulgação

Patricia Gonzalez

A

necessidade da transformação digital com a chegada da pandemia da Covid-19 afetou muitos setores de forma avassaladora e, talvez, permanente. No ramo da educação não foi diferente. Não só professores, alunos e pais, mas também empreendedores do setor ainda tentam entender quais serão as consequências reais para um futuro próximo. Afinal, a Unesco (órgão das Nações Unidas para a educação) estimava, em julho, que 61% dos estudantes matriculados em todo o mundo foram afetados pelo fechamento de escolas devido à expansão do novo coronavírus, o que representa mais de 1 bilhão de crianças e jovens. Na entrevista a seguir, Ricardo Tavares, diretor-geral da FTD Educação, empresa que atua com material didático, literatura e soluções educacionais, fala sobre as perspectivas para a educação e para quem está procurando entender como esse mercado vai se comportar daqui para frente. A FTD está no mercado há 118 anos e acabou de passar por um processo de transformação digital. Como foi isso? A FTD Educação é uma empresa centenária sempre alinhada com as melhores práticas e tecnologias do seu tempo. O processo de transformação digital, que teve início em 2018 e durou todo ano de 2019, contou com a assessoria da consultoria Accenture e foi acelerado e potencializado pela pandemia da Covid-19. Criamos uma diretoria de Transformação Digital. Imediatamente, além de uma virada nas produções editoriais, que passaram a convergir para o digital, houve um aumento significativo do e-commerce como canal de vendas, fortalecendo uma nova frente de relacionamento com as famílias. No início deste ano, esse aspecto já era nossa prioridade e a pandemia acabou nos encontrando dentro dessa transformação.

contexto e vai evoluindo, só precisa estar aberto ao novo.

Ricardo Tavares, da FTD: mudanças na educação agora são reais

Quais são as principais transformações na educação decorrentes da pandemia? Não serão poucas. Todas aquelas competências sobre as quais vínhamos lendo e discutindo agora são reais. Agilidade, colaboração, flexibilidade, senso crítico, entre tantas. Uma verdadeira mudança de mindset. A questão é comportamental e não só de tecnologia. Afinal, por que não fazíamos essas videochamadas antes, se elas resolvem a maioria dos nossos problemas e são gratuitas? Por que não hospedávamos nossos arquivos em um só lugar, onde todos os envolvidos pudessem editar? Creio que, mesmo com o retorno presencial, que deve ser para valer somente pós-vacina, esse aprendizado vai ser mantido e ainda virão outros. Gosto muito da proximidade dos responsáveis com os filhos, especialmente com

Como alcançar e envolver os professores nessas novas necessidades do ensino a distância? Os professores são os maiores heróis desta transformação. Nunca trabalharam tanto e tiveram de se reinventar em uma velocidade incrível. O ponto é que, de agora em diante, isso não para mais. Nosso papel é tornar esse processo cada vez mais prazeroso para os professores. Queremos ajudar para que não seja só cobrança por parte da gestão das escolas, mas que eles se fortaleçam no papel do principal ator do processo de aprendizagem.

os pequenos. Isso pode ser visto como problema por alguns, mas pode ser uma oportunidade incrível de marcar para sempre a formação dessas crianças. Na sua opinião, a educação presencial vai perder espaço ou veremos um retorno ao cenário anterior assim que a pandemia terminar? O ensino híbrido, que mescla o presencial e o digital, é um caminho sem volta, seja por questão de segurança como também por um novo hábito adquirido por professores, pais e alunos. De acordo com o nível de maturidade digital, de cada instituição escolar ele vai sendo calibrado mais e mais daqui para frente. Não se trata mais de um diferencial, é uma necessidade. É preciso entender também que nessa questão não há uma fórmula pronta, cada um vai adaptando o seu momento, o seu

O senhor acredita que a colaboração é uma tendência também na área de educação? É uma forte tendência. Durante a pandemia, por exemplo, colocamos no ar em tempo recorde, ainda em março, a plataforma Conteúdo Aberto (conteudoaberto.ftd.com.br), uma área que disponibiliza de forma gratuita conteúdo educacional online para professores, pais e alunos. Em três meses no ar, o portal já registra mais de 500 mil usuários, sendo que um terço são de estudantes e famílias acessando e baixando conteúdos. A forma de ensinar também impacta diretamente na forma como os alunos aprendem. Nesse aspecto, quais as principais mudanças? As novas competências nunca foram tão relevantes e evidentes. Para as turmas das séries iniciais do fundamental, por exemplo, estamos lançando a coleção “Faça”, desenvolvida toda em uma plataforma de ensino maker. Mais do que uma aprendizagem colaborativa, as crianças passarão a ver os conteúdos comuns do planejamento de uma forma imersiva, criativa, aprender fazendo é o que essa solução propõe. Ter um ensino dinâmico, prazeroso, instigante, multitelas e híbrido é o que vai prevalecer.


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Restaurantes agora

Delivery de kits semiprontos permite ao consumidor

Mariana Shimada e Georgia Paschoal, do Georgia Café: brunch em domicílio

Gisele Tamamar

A

necessidade do isolamento social provocada pela pandemia da Covid-19 estimulou a criatividade dos empreendedores da área de alimentação. Para intensificar a experiência do consumidor e ajudar no faturamento do negócio, o setor aposta na venda de opções semiprontas para finalização na casa do cliente que vão do café da manhã até o drink do fim de noite. Na avaliação da consultora do Sebrae-SP Karyna Muniz, trata-se de uma excelente oportunidade de

conexão do negócio, da cozinha e do chef com o seu cliente. Segundo ela, diversos restaurantes mundo afora, inclusive selecionados pelo Guia Michelin, estão com seus chefs estrelados atuando nesse formato. “Passa a ser uma experiência nova e customizada se você utilizar, por exemplo, os canais digitais enviando um vídeo com dicas de como finalizar as preparações via WhatsApp, SMS ou até mesmo por meio de um bilhetinho, um cartão com o passo a passo dessa finalização”, afirma Karyna.

Vendidos nos aplicativos de entrega, plataformas próprias ou via rede social, os kits para preparo ajudam a amenizar o rombo nas contas. A quarta edição da pesquisa do Sebrae sobre os impactos da pandemia nos pequenos negócios mostrou que, em média, as empresas de serviços de alimentação registraram uma queda de 58% no faturamento em relação a uma semana normal. Para enfrentar a crise, o Georgia Café, com unidades em Santos e Guarujá, precisou adaptar a parte operacional e estrutural do negócio,

incluindo embalagens, logística de entrega, plataforma digital para pedidos e até alguns produtos para formatos mais adequados para trazer praticidade na hora da retirada ou delivery. Ao perceber um crescimento da valorização do artesanal e de mais “aventureiros” na cozinha, as proprietárias do café, Georgia Paschoal e Mariana Shimada, resolveram vender kits com ingredientes para o cliente montar um brunch em casa. “Muitas vezes, nosso cliente quer ter o sabor do nosso canto


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entregam experiências

finalizar o prato em casa, trazendo mais valor em tempos de portas fechadas Para Georgia, o comportamento do consumidor já mudou e continuará mudando no pós-pandemia. “Engana-se aquele que pensa que assim que liberarem o comércio, tudo voltará ao normal. Por isso, um dos nossos planos é criar cada vez mais linhas de produtos diferentes, com embalagens atrativas, investindo no sistema grab and go (pegue e leve) e principalmente no ‘pronto para consumo’. Lembrando sempre que isso não significa não trabalhar com produtos frescos e feitos artesanalmente, que é o nosso ponto forte”, destaca Georgia. Além de brunch, é possível encontrar kits para preparo de massas e até comida japonesa como o sukiyaki, um cozido japonês que leva legumes, carne em fatias finas e um molho especial. Para proporcionar uma experiência mais completa, bares e restaurantes também vendem kits para preparo de drinks, com o envio do gelo em formato especial para evitar o derretimento rápido.

está cada vez maior, estamos ainda cheios de preocupações e incertezas, porém indo bem, conseguindo manter nosso restaurante, equipe e a marca”, relata Daniela. No Old Man, é possível encomendar os kits de dois lanches do cardápio, Cheese Burger (R$36) e o Blacksmith (R$46), com um dia de antecedência pelo WhatsApp da empresa. Para ajudar no preparo, dois vídeos no IGTV no Instagram ajudam na explicação, além de uma carta enviada junto com o kit. As instruções de preparo, inclusive, são um ponto de atenção, segundo a consultora Karyna Muniz. Além de verificar se o alimento “viaja bem”, a empresa precisa informar qual a melhor forma do cliente finalizar a preparação em um ambiente doméstico. “O empresário não pode esquecer que em cozinhas domésticas não temos

fornos e equipamentos de última geração. Dicas de cuidados ao abrir as embalagens são bem vindas. E, claro, dicas adicionais de como fazer a montagem para que a preparação fique na casa do cliente tão bonita quanto ficou na divulgação do seu site ou rede social”, ressalta.

PLANEJAMENTO As vendas de kits não devem sair do cardápio das empresas após a quarentena. Para avaliar a manutenção da oferta, a dica da consultora do Sebrae-SP é observar com quais necessidades o empresário tem convivido no ambiente de sua residência, consultar amigos e compreender quais tendências ocorrem quando os consumidores mudam seus hábitos. “Esse é o instante perfeito para ir atrás desses comportamentos para vislumbrar qual melhor caminho deve ser seguido”, completa.

LANCHE EM CASA

na sua mesa, mas também quer participar do processo de preparo, colocando a mão na massa de certa forma”, conta Georgia. O kit de sucesso é o brunch inspirado no prato servido no café com avocado, cogumelos, ovos mexidos, tostas de pão artesanal de fermentação natural, molho de tomate e opção de parma ou salmão defumado. Os itens são entregues em embalagens separadas dentro de uma caixa com laço, como se fosse um presente. O kit para duas pessoas custa a partir de R$ 55.

O brasileiro já estava acostumado a pedir hambúrguer via delivery. Mas a venda de kits para preparo do lanche em casa passou a ser mais explorada pelos negócios do setor com a quarentena. No Old Man Sandwich Shop, localizado em São Caetano do Sul, a ideia de vender os kits surgiu com a busca pela aproximação do cliente. “As pessoas começaram a buscar mais atividades para fazer em casa e vimos uma oportunidade de fornecer essa experiência de ser ‘chapa por um dia’”, conta Daniela Rodrigues sócia-proprietária do local. Em setembro de 2019, a empresa realizou uma reforma para ampliar a cozinha e também fez alterações no salão este ano. “Como todas as pessoas, fomos pegos de surpresa devido à expectativa de voltar com um salão maior e conseguir retornar todos os custos que estávamos tendo por causa da ampliação. Agimos rapidamente e não paramos nenhum dia o delivery. A demanda

Atenção ao oferecer o kit Vender kits para finalização do preparo em casa pode ser uma forma de conexão, mas exige cuidados.

Preste atenção se o produto “viaja bem”, se não sofre muitas alterações no trajeto de entrega.

Use os canais digitais para enviar um vídeo com dicas de como finalizar as preparações via WhatsApp ou SMS.

Para não depender apenas do vídeo, envie um bilhete ou mesmo um cartão com o passo a passo da finalização.

Informe a melhor forma de o cliente finalizar a preparação em um ambiente doméstico. Lembre que cozinhas domésticas, em geral, não têm fornos e equipamentos de última geração.

Embalagens são como as “roupas que vestem” o seu produto. Por isso, precisam ser bonitas. Precisam também ser apropriadas para a preparação e, acima de tudo, dispor das orientações sobre como higienizar antes da abertura, como abrir e como descartar.

Fonte: Karyna Muniz, consultora do Sebrae-SP


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Mercado de games

Setor é um dos poucos que apresentam

Yuri Uchiyama (penúltimo da esquerda para a direita) e a equipe da Gamers Club: número de jogadores aumentou na pandemia

Marcos Leodovico*

A

pandemia de coronavírus tem sido preocupante para os negócios em geral. Porém, a indústria de games passa longe da crise. Esse mercado registra números favoráveis e os empreendedores brasileiros do setor confirmam o bom momento, favorecido pelo fato de as pessoas ficarem mais tempo em casa por causa do isolamento social. O cenário positivo significa oportunidades de negócio para empresas de todos os portes. Segundo a pesquisa mais recente da Superdata, empresa do grupo Nielsen, o total gasto em jogos digitais em março deste ano superou US$ 10 bilhões (cerca de R$ 56 bilhões) no mundo, representando o recorde do valor mensal. Na comparação com o mesmo período de 2019, o maior crescimento foi

apresentado nos jogos para console (ou videogames de mesa) com 42%; em seguida vêm os jogos para celulares (14%) e por último os de computador (12%). No Brasil, existem 375 empresas desenvolvedoras de jogos, sendo 71% delas microempresas, isto é, com faturamento anual de até R$ 81 mil, de acordo com o Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais realizado em 2018. Um dos que vivem a boa fase do setor é o desenvolvedor mineiro e CEO da Onrizon, Henrique Almeida. Tudo começou em 2007 quando ele criou o Gartic – jogo de adivinhação de desenhos – em meio às limitações tecnológicas da época. “Comecei o Gartic na época da faculdade, com 19 anos. Eu estava estagiando e já gostava da área de web. Sempre tive vontade produ-

zir jogos, mas naquela época era muito difícil fazer um, pois necessitava de muitas ferramentas e eu não tinha como produzir coisas muito avançadas na web naquele momento. Foi quando pensei em utilizar o HTML5, que nada mais é do que um conjunto de tecnologias que possibilita a criação de jogos de dentro de um navegador, que é usado até hoje”, conta. A receptividade foi positiva. “Levei para faculdade, testamos e todos os meus colegas gostaram”, lembra. Segundo ele, a simplicidade e a facilidade das pessoas acessarem o jogo foram fundamentais. Atualmente, o Gartic registra mais de 750 mil acessos diários em mais de 190 países. Almeida ressalta que os acessos começaram a aumentar muito rapidamente. “Tudo meio que aconteceu

da noite para o dia; tínhamos uma crescente dos nossos jogos, o que já era normal. Com a pandemia, o hábito mudou e jogos casuais como o nosso começaram a ter muita procura e tivemos de alocar servidores pelo mundo afora.” Almeida comemora o sucesso internacional. “Para se ter uma ideia do tamanho do crescimento do Gartic fora do País, na Indonésia nosso aplicativo é o mais baixado da Play Store, do Google, chegando a 1 milhão de downloads.”

GESTÃO O mercado de games no Brasil tem potencial para crescer muito mais, porém, os interessados precisam se preparar. Segundo o professor da Escola Superior de Empreendedorismo (ESE), do Sebrae-SP, Alexandre Szykman, entrar nesse


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passa longe da crise

crescimento durante a pandemia universo exige, além de conhecimento técnico, familiaridade com gestão. “O que deve ser visualizado pelas microempresas que atuam na área de criação de jogos é a estruturação do negócio. Normalmente essas empresas são muito fortes na área de desenvolvimento e acabam se esquecendo das outras partes que envolvem o negócio”, explica. “O Sebrae-SP atua com a área de economia criativa e hoje os consultores podem dar respaldo a quem tem o desejo de começar a trabalhar no mercado de games. O Sebrae oferece muitas consultorias, cursos e materiais para ajudar esses empreendedores”, afirma Szykman. O desenvolvimento de jogos envolve diversas especialidades, entre elas criação e roteirização. De acordo com Szykman, os desenvolvedores devem estar em contato com outros profissionais para visualizar melhor as possibilidades e transformá-las em jogos. “O mercado é gigantesco, é recomendável pensar fora da caixa. Normalmente, é interessante estar em contato com pessoas que estão um pouco fora desse mundo, assim você visualiza os problemas que elas passam e as histórias delas. No futuro, isso pode se transformar

em ideias, roteiros para grandes jogos”, destaca o professor. Como o setor não se resume a desenvolvimento de jogos, há oportunidades de negócios em diversos ramos acessórios. “O mercado de games ajuda o crescimento de outras áreas. Hoje existem empresas de assessoria de imprensa, advocacia, agências de marketing, lojas de periféricos e até de roupas para esse tipo de público. O mercado é gigantesco e o que era uma coisa amadora há dez anos se tornou fonte lucrativa para muitas pessoas que visualizaram uma forma de incorporar ao mercado aquilo que sabem fazer”, conclui Szykman.

MAIS QUE UM JOGO Para muita gente, jogar é algo sério e quanto mais competitivo melhor. Essa foi a visão de Yuri Uchiyama ao fundar a Gamers Club, com três amigos, há quatro anos. Criar uma plataforma em que os participantes tivessem acesso não só ao jogo, mas também a outras ferramentas era um sonho antigo, segundo ele. Nascia a ideia de uma empresa voltada ao desenvolvimento da comunidade de e-sports.

“A Gamers Club teve seu início em 2016, em Sorocaba. Eu e meus sócios Juliano Mirandolli, Gabriel Toledo – jogador profissional de Counter Strike – e Felipe Pregnolatto tínhamos a ideia de montar uma plataforma onde os jogadores poderiam se divertir, aprender e competir, tudo em um único lugar”, conta. No começo, todo o investimento na plataforma era do próprio bolso. Tudo o que ganhavam retornava para a empresa. Em 2017, a Gamers Club recebeu um aporte da Canary, um fundo de investimento brasileiro com o foco em startups, que ajudou a empresa a expandir seus serviços na internet. Em dezembro de 2018 a Gamers Club foi adquirida pelo Immortals, grupo americano responsável por grandes núcleos de esportes eletrônicos no Brasil e nos Estados Unidos. A plataforma é monetizada de duas formas: por assinantes que pagam um valor mensal ou anual para ter acessos aos conteúdos exclusivos, e por meio de publicidade focada no setor de jogos. “Nosso negócio oferece assinaturas, que chamamos de ‘premium’. Assim que você compra a assinatura, automaticamente tem acesso a várias

ferramentas como aulas, servidores dedicados para jogar, ranqueamento e premiação para os melhores de cada mês”, diz Uchiyama. Segundo ele, em meio à pandemia e com as pessoas passando mais tempo em casa, a Gamers Club começou a receber mais acessos e o número de jogadores na plataforma dobrou. “No período de quarentena observamos também um aumento de horas jogadas na nossa plataforma. Pessoas que haviam parado, voltaram a jogar. Pessoas que haviam parado de jogar na Gamers Club voltaram e outras começaram nesse período”, afirma Uchiyama. Para quem deseja começar a empreender na área de games, seja em desenvolvimento ou soluções para os jogadores, Uchiyama fala sobre paixão e foco no público-alvo. “A primeira coisa é empreender no meio pelo qual você é apaixonado; em segundo lugar, focar em uma proposta de valor para seu público-alvo. Apesar de ser um mercado de games, existem vários nichos que você pode explorar. É legal entender o mercado e qual público você quer atingir. Teste sempre as possibilidades para ver se as pessoas estão dispostas. Arrisque e não tenha medo”, completa o CEO.

NÚMEROS DO SETOR NO BRASIL ATIVIDADES DA EMPRESA 95,5%

375

Desenvolvedores de jogos em atividade

71%

São microempresas com faturamento anual inferior a

R$ 81 mil

Criam jogos digitais

31,4%

Desenvolvem softwares e serviços de TI

31,4%

Produzem conteúdo digital

25,7%

Fazem animação

23%

Realizam serviços educacionais

20,8%

Prestam consultoria

16,3% 12,4%

Oferecem treinamento corporativo Trabalham com publicidade e propaganda

PERFIL DOS CONSUMIDORES Jogadores casuais

61,9%

São mulheres Têm entre 25 e 34 anos

35,2% 60,8%

Preferem jogar no mobile

Jogadores assíduos

61,3% 39,2% 34,4%

São homens

Têm entre 16 e 24 anos Preferem jogar no mobile

Fonte: 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais (2018) e Pesquisa Game Brasil 2020.

*Estagiário sob supervisão dos editores


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EMPREENDEDOR

Com a pandemia, advogados, dentistas e outros profissionais

Gabriel Jareta

N

a virada para o ano de 2020, a advogada Karen Pastorello Krähenbühl estava em viagem pelo Sudeste Asiático quando começou a ouvir notícias sobre um vírus misterioso na China. De volta ao Brasil, as informações aos poucos se tornaram mais preocupantes e ela decidiu que iria acelerar o processo de digitalização do seu escritório de advocacia, localizado em Santo André. Algum tempo depois, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declararia a pandemia de Covid-19 e o Brasil – assim como quase todo o mundo – entraria em

um período de quarentena que, pelo menos por aqui, ainda deve durar algum tempo. “Muita gente achava que exagero, mas faz parte do perfil empreendedor se antecipar às situações e tomar decisões estratégicas”, diz Karen, que é sócia de um escritório próprio há mais de dez anos. A advogada conta que a migração para o ambiente digital é um caminho que o Judiciário brasileiro vem seguindo já há algum tempo, mas ela não imaginava que isso fosse acontecer de maneira tão abrupta para o setor. Na prática, porém, a

preparação com cursos de gestão e empreendedorismo fez com que, no caso dela, esse momento de trabalhar de casa não fosse tão traumático. “Nosso fluxo continuou igual, nossos clientes continuam precisando de orientação, mas o que mudou foi a maneira de gerir o escritório”, afirma. Assim como aconteceu com Karen, um enorme contingente de profissionais liberais brasileiros tiveram de se adaptar para a nova realidade provocada pela pandemia do coronavírus. Não só advogados, mas também dentistas, fisiotera-

peutas, arquitetos, médicos, entre outros, precisaram se dedicar mais ao marketing digital, à gestão de pessoas a distância, à administração das finanças em um período de queda de faturamento e aos desafios de inovar em setores tradicionais. “Quem não estava preparado, ficou à margem e percebeu que precisava sobreviver”, observa o consultor do Sebrae-SP Márcio Bertolini, que também é advogado O consultor também ajudou a colocar em prática o programa Advocacia Empreendedora, voltado para levar fundamentos de gestão


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DE SI MESMO

liberais precisam investir na gestão e acelerar mudanças

A advogada Karen Pastorello Krähenbühl: perfil empreendedor ajudou a se antecipar à pandemia

olhos para enxergar dificuldades e gerir crises – um desafio para profissionais que não são formados para isso na faculdade. “Esse é um grande desafio, já que eu nunca havia me imaginado como empreendedora. Algumas coisas são intuitivas, mas eu acredito em dados e fatos. A gestão da advocacia precisa ser profissionalizada, e para isso não tem outro jeito que não seja estudar”, afirma. Mesmo assim, algumas questões ainda precisam ser enfrentadas, como o marketing, por exemplo. “Acredito que ainda não chegou a hora de atacar de frente o marketing digital, não é nosso perfil. O marketing na advocacia precisa ser cuidadoso, ainda precisamos entender isso melhor”, ressalta a advogada.

FUTURO A DISTÂNCIA

e marketing aos profissionais do direito. Para Bertolini, advogados e demais profissionais liberais devem estar atentos a um tripé: o comportamento empreendedor; as habilidades de gestão; e a transformação digital. “É o momento de acelerar o entendimento de que você, enquanto profissional liberal, tem um negócio e precisa puxar as rédeas para você. Para isso, é preciso aprender com quem entende e ter um planejamento estratégico, sem cair nos modismos”, diz Bertolini. Para a advogada Karen, a educação empreendedora a ajudou a ter

Os cursos na área de empreendedorismo também foram responsáveis por tirar do sufoco a dentista Sumaya Actis. Além da pandemia de Covid-19, que afastou os pacientes e derrubou o faturamento, ela teve de encarar a reta final da mudança para um novo consultório, no bairro do Brooklin, em São Paulo. Formada desde 2001, Sumaya conta que nunca levou muito jeito para ser empresária – a maior parte da carreira foi na clínica do pai, que está já há algum tempo afastado por questões de saúde. “O que me salvou foram os cursos que fiz, especialmente o Empretec e o Empreenda, afinal eu tive mesmo que assumir o negócio e começar uma nova clínica”, conta a dentista. “No meio dessa loucura, se eu não tivesse o conhecimento de como funciona a empresa, não sei como seria. Nós temos que nos ver como uma empresa, e isso é algo que não se aprende na faculdade de odontologia”, ressalta. O distanciamento social também mostrou a Sumaya que existem mais possibilidades do que atender os pacientes no consultório. É o caso do telemonitoramento, permitido pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), e que se adequa

bem à especialidade de Sumaya, a ortodontia. “Para o futuro, vi que é possível ter essa presença virtual e que isso dá certo”, diz. Também durante a pandemia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também regulamentou o teleatendimento, o que deve trazer mudanças para os profissionais de saúde. Para o consultor do Sebrae-SP César Ossamu, que já atendeu a diversas turmas de dentistas em projetos direcionados para esse público, todo esse cenário mostra a importância da presença digital. “É impossível conceber a ideia de um profissional que hoje não tenha suas informações na internet, incluindo endereço, horários, especialidades,

entre outras informações essenciais”, diz, lembrando que o marketing de profissionais liberais precisa respeitar os códigos de ética das profissões (Leia mais abaixo). De fato, o marketing continua sendo uma dificuldade para Sumaya. “Nunca gostei muito de exposição e acho que meu estilo é um pouco diferente do tradicional”, diz. Mesmo assim, a ideia de estar à frente das decisões do negócio lhe dá a liberdade para arriscar e para colocar as ideias dela em prática. “Com o tempo, descobri um lado empreendedor. Mesmo que no futuro contrate alguém para administrar a clínica, entender como funciona vai me fazer delegar melhor”, afirma.

ATENÇÃO AOS LIMITES Toda a comunicação e o marketing dos profissionais liberais da área da saúde são regidos pelos códigos de ética dos respectivos conselhos – no caso dos advogados, isso fica a cargo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Diferentemente de uma empresa que oferece outros serviços ou de um comércio, não é permitido divulgar preços, ofertas, mensagens sensacionalistas ou, no caso dos profissionais de saúde, informações sobre procedimentos não comprovados cientificamente, entre diversas outras limitações. “Os profissionais têm sido bastante estimulados a buscar a comunicação, mas eles precisam tomar cuidado. Você pode falar sobre prevenção, dar dicas de saúde ou mostrar que já está preparado para receber pacientes com todos os cuidados necessários, por exemplo”, diz o consultor do Sebrae-SP César Ossamu. A atenção precisa ser redobrada no caso de terceirização das redes sociais. “Se não for o próprio profissional que gere o conteúdo, pelo menos deve supervisar e validar antes de ir ao ar. Mesmo que terceirize, a responsabilidade é só dele”, ressalta.


10 | JORNAL DE NEGÓCIOS

10 dicas para o seu delivery

Com aumento da demanda, serviço de entrega deve estar bem estruturado para conquistar clientes

A

pandemia de Covid-19 provocou uma série de mudanças na maneira de se consumir. Com o isolamento social e as pessoas passando mais tempo em suas casas, a demanda pelo serviço de delivery aumentou. Empresas

que não faziam entregas foram obrigadas a adotar a prática para poder se manter em atividade. Quem já fazia, teve de se aprimorar para conseguir atender bem aos pedidos, principalmente na área de alimentação, segmento com a maior procura.

Segundo pesquisa realizada pela empresa especialista em foodservice Galunion e o Instituto Qualibest, os fatores mais importantes na hora de escolher um restaurante para fazer o pedido são higiene e limpeza, seguidos por preço

1 QUE TIPO DE PRODUTOS CONSIGO OFERECER NO SISTEMA DELIVERY É preciso validar a estrutura da empresa e validar as exigências para que o produto chegue preservado ao local de entrega. Além disso, é necessário avaliar a estrutura de estoque existente e a capacidade produtiva para tal.

ESTRUTURA PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES DO MERCADO O empreendedor precisa avaliar o perfil de profissional adequado para interagir com os pedidos que chegam. Seja por telefone, WhatsApp ou redes sociais, é essencial haver dedicação e muita atenção para não haver atrasos nas entregas

ATENÇÃO ESPECIAL PARA AS FORMAS DE PAGAMENTO Verifique as formas de pagamento disponíveis na empresa. Veja as possibilidades de pagamento a distância e antecipado, que podem evitar possíveis problemas de inadimplência.

TREINAMENTO CONTÍNUO DA EQUIPE Essa é uma medida fundamental para o delivery ter um bom desempenho e garantir a integração da equipe, além de um melhor acompanhamento dos acontecimentos da empresa.

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PÓS‑VENDA E FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES

COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CLIENTE É fundamental entender como seu cliente se comporta no dia a dia. Sem dúvida, a pandemia potencializou o processo de conveniência na vida das pessoas, no entanto, trata-se de um público bastante exigente e imediatista. Conhecer ainda mais seu cliente e potencial cliente pode ajudar e muito.

CANAIS DE DIVULGAÇÃO DO SERVIÇO DE DELIVERY Para que o delivery ocorra e seja um sucesso, é preciso definir como divulgar e comunicar para o mercado, em especial, intensificar a comunicação pelas redes sociais.

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Avaliar o processo de delivery é muito importante. Possibilite um momento de interação para que os clientes sejam ouvidos e as oportunidades de melhoria sejam colocadas em prática.

justo, sabor da comida e serviço bem-feito. Para ajudar os donos de micro e pequenas empresas, o consultor do Sebrae-SP Luiz Felipe Navarro fez uma lista com dez orientações para um delivery eficiente.

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CAPACIDADE LOGÍSTICA DA EMPRESA EM ATENDER AS DEMANDAS. A entrega é um dos pilares para que o delivery cumpra seu papel. Caso seja necessário contratar terceiros, a empresa deve acompanhar de perto e apresentar as condutas apropriadas.

APRESENTAR BASTIDORES E CUIDADOS COM A HIGIENE Mostrar para os seguidores e para os clientes alguns cuidados da empresa com a higiene dos produtos, do ambiente, no processo de entrega. Pode ser por meio de fotos e vídeos.

RELACIONAMENTO E ENCANTAMENTO DE CLIENTES Considere enviar um bilhete com um agradecimento pela compra, criando assim uma experiência ainda melhor para o consumidor.


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Divulgação

A importância da inovação JULIANA SANCHES FARIA consultora do Sebrae-SP

Planejamento é essencial Quando falamos de planejamento para o empresário recebemos, muitas vezes, a argumentação de que no seu negócio é impossível planejar devido à grande instabilidade do mercado e às peculiaridades do segmento em que atua. Entretanto, é exatamente em momentos de instabilidade que o planejamento pode ser um importante direcionador, que possibilita alterar rotas e escolher caminhos menos perigosos. A ausência de um instrumento norteador, juntamente com uma visão equivocada do ambiente podem contribuir para a mortalidade das empresas. O planejamento estratégico é uma ferramenta que auxilia empresários e gestores a entenderem o seu ambiente de atuação, possibilitando que as empresas tomem decisões adequadas e estejam mais preparadas para o futuro, fazendo opções mais seguras. O planejamento deve ser feito levando em conta informações do ambiente externo e interno de forma a integrar ações que deverão ser executadas, considerando orçamento, recursos e

prazos. Já a implementação requer disciplina e monitoramento para que esse instrumento não seja mais um daqueles “planos” que deixamos para o próximo mês, semestre ou ano. Embora a formalização desse instrumento seja de grande importância para nortear a empresa e programar ações, há diversas dificuldades de implementação como falta de tempo e resistência da equipe. Em relação à falta de tempo, entender que o planejamento contribuirá para uma melhor administração do próprio tempo é o primeiro passo. Quanto à resistência da equipe, o gestor terá um papel de fundamental na implantação e monitoramento. Ele poderá mediar correções e possíveis falhas no processo, incentivando e reconhecendo os colaboradores que contribuírem para o andamento das ações, com sugestões de melhoria. Quando o gestor envolve a equipe na elaboração e na condução desse trabalho, as pessoas sentem-se incluídas e encaram o planejamento como parte da rotina, contribuindo para um ambiente colaborativo e mais produtivo.

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Passados aproximadamente cinco meses desde o início da pandemia no Brasil, ainda estamos vivendo uma fase de mudanças. Por ser uma situação totalmente atípica, a adaptação à realidade imposta pelo coronavírus não é fácil. As empresas foram obrigadas a adequar suas operações para manter o funcionamento e garantir alguma receita. A relação com os clientes ficou diferente e um aspecto essencial para o empreendedor – a capacidade de inovar – foi testada. Há quem pense que para haver inovação é preciso investir alto ou criar um produto ou serviço nunca visto antes. Não necessariamente. Inovar pode ser mais simples do que parece: basta a empresa fazer algo que não fazia. Alterar o portfólio ou um processo operacional para obter resultados melhores são exemplos de inovação. O intuito é encontrar soluções, sejam elas para o aprimoramento da empresa ou do atendimento ao cliente. Atualmente, a demanda gira em torno de higiene, cuidados com saúde, restrições de atividades e vendas online, para citar apenas alguns tópicos. Nesta edição do Jornal de Ne‑ gócios, mostramos um caso típico.

Falo dos restaurantes que passaram a enviar kits semiprontos para os clientes finalizarem os pratos em casa. Com a preocupação de se resguardar da Covid-19, surgiu a oportunidade de o consumidor preparar itens do cardápio do estabelecimento de que ele gosta. Dessa forma, o restaurante pode não só entregar sua comida (para isso existe o delivery), mas também oferecer uma experiência prazerosa ao cliente. É perfeitamente compreensível o empreendedor não saber por onde começar. Nessa hora, vale observar o que a concorrência está fazendo, incentivar a equipe a dar sugestões, buscar informações sobre o setor de atuação (dentro e fora do País) e, principalmente, conhecer o seu público e saber ouvi-lo. O importante é estar aberto a ideias para conseguir reconhecer uma oportunidade. Inovar, portanto, é possível, além de ser primordial para a sobrevivência e competitividade de qualquer negócio.

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

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Prazer organizado

Empresária do segmento erótico comemora os resultados positivos após auxílio do Sebrae-SP Rogério Lagos

Q

uando ingressou no mercado de produtos eróticos e sensuais, Miriam Rossi era revendedora porta a porta. Comprava e vendia sem muito conhecimento de gestão, mas com a certeza de que faria daquele negócio seu objetivo de vida. Dez anos depois, a hoje empresária e sexóloga formada em 2019 é dona do e-commerce Sexy Home, onde acumula anos de aprendizado e um propósito claro: não quer apenas vender produtos, mas retirar o rótulo pejorativo do segmento e oferecer saúde sexual aos seus clientes. “O projeto Sexy Home sempre existiu, mas a princípio eu não pensava em site. Queria representar a marca e seguir levando produtos à casa dos clientes. Mas analisando as mudanças de comportamento do consumidor, com as vendas online aumentando, por que não um site para facilitar?”, comenta Miriam, que buscou no Sebrae-SP auxílio tanto em gestão quanto no acesso a linhas de crédito para tirar a ideia do papel. “O Sebrae pegou na minha mão e me ajudou a conseguir uma linha de crédito a juro zero em 2018. Com os R$ 15 mil que consegui, comprei computador, impressora, escrivaninha, produtos para o estoque e, claro, o site como um todo”, explica. O e-commerce Sexy Home foi lançado oficialmente em fevereiro de 2019, mas ganhou nova roupagem em maio de 2020. A empresária fez diversos cursos com o Sebrae-SP, de finanças a marketing digital, que foram fundamentais para ajustar seu negócio e torná-lo

Miriam Rossi, da Sexy Home: “O Sebrae pegou na minha mão e me ajudou a conseguir crédito com juro zero”

mais rentável. “Eu tinha menos de mil visualizações por dia, mas hoje passam de 17 mil!”, comemora. O aumento de tráfego ao site teve reflexos no faturamento. No comparativo entre o primeiro semestre de 2019 com o mesmo período de 2020, por exemplo, cresceu 80% – inclusive durante a crise. “Mas não adianta fazer cursos e achar que as coisas vão fluir como mágica. É preciso fazer a lição de casa, se dedicar sempre 100% àquilo que se propõe”, destaca. Miriam é hoje uma das referências no segmento, inclusive em meio aos projetos estruturados do Sebrae-SP. A instituição, por meio de seu escritório regional do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, já capacitou mais de 500 profissionais da área entre projetos presenciais antes da pandemia e oficinas virtuais. Miriam não só participou do primeiro projeto como incentiva

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

outras pessoas a participar. Para a consultora de negócios do Sebrae-SP Luana Polastri, muitas pessoas trabalham com o segmento sem fazer dele seu carro-chefe. “Poucos vivem de vender produtos eróticos e sensuais, tratando o serviço como um bico. Mas quando percebem o potencial do mercado querem viver disso. E é nesse momento que a capacitação se faz necessária, da mesma forma que a Miriam fez e hoje vem colhendo bons frutos.”

CONCENTRAÇÃO? Desde meados de março, Miriam aproveitou o “confinamento” do combate ao coronavírus para um período de concentração e criou um novo produto para sua marca. “Tive ideia de criar uma caixa com diversos produtos, para homens e mulheres. A intenção é comercializá-la no formato de

assinaturas”, explica. A Sexy Box, assim batizada, tem três categorias: basic, classic e premium. “É mais um item que crio com propósito na Sexy Home. Podemos usar esse período de distanciamento social para nos concentrarmos em nossos negócios”, incentiva Miriam. “Hoje existe assinatura de um monte de coisa, mas não existia nada erótico. O produto chega discretamente à casa dos clientes, com novidades e sem a necessidade de ir até uma loja”, destaca a consultora Luana. Na visão da especialista, Miriam possui qualidades essenciais para o sucesso de qualquer empreendedor. “Ela é muito bem relacionada, dedicada, organizada, extremamente comprometida e ousada. Não quer só ganhar dinheiro, mas sim ajudar as pessoas a ter uma saúde sexual melhor. Para isso ela foi buscar tanto o conhecimento técnico como sexóloga, como o de gestão empresarial com o Sebrae-SP”, comenta. A empresária agora se dedica às próximas etapas do e-commerce. Uma delas é alimentar o site com conteúdo de educação sexual. “Até o fim do ano vai ficar redondinho! Agradeço ao Sebrae por me deixar preparada para todos os próximos desafios”, finaliza Miriam.

CAPACITAÇÃO Para quem tem uma sex shop ou trabalha com produtos eróticos e sensuais e quer se capacitar em gestão empresarial, o Sebrae-SP tem projetos estruturados focados no segmento para ajudar. Para detalhes, ligue gratuitamente no 0800 570 0800.

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Diagramação: Daniel Augusto de Resende Neves, Douglas da Rocha Yoshida, Gisele Resende Costa e Letícia Durães. Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos. Estagiários: Anderson Freitas e Marcos Leodovico. Imagens: gettyimages.com.

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR (11) 3177­‑4784

FALE COM A REDAÇÃO imprensa@sebraesp.com.br


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TEC &

LIVROS MINDSET – LIDERANÇA ESTRATÉGICA (Nave – Nauemblu Ciência&Arte) No livro, a psicóloga e empresária Léia Wessling nos conduz pelas heroicas histórias do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda como metáfora para a vivência de líderes no meio empresarial. O objetivo é ajudar nas batalhas do mundo corporativo. Afinal, o que uma equipe de gestão precisa compartilhar para a formação do mindset da liderança estratégica? Leitura recomendada nesse contexto de crise, a obra é destinada a gerentes, líderes, executivos, empresários, investidores, empreendedores e gerentes de RH. ADMINISTRANDO SISTEMAS, GERINDO PROCESSOS E ENGAJANDO PESSOAS (Chiado Books) Uma gestão estratégica, que seja capaz de ver o todo, faz a diferença para o bom desempenho de um negócio. O autor Luiz Otávio Goi Jr. traz ferramentas e metodologias para desenvolvimento de uma gestão empresarial organizada. A proposta da obra é nortear diversos profissionais, sejam eles iniciantes na carreira, técnicos de sistemas ou gestores. Nesse livro estão compiladas vivências em sistemas de gestão com ferramentas que cabem em empresas de qualquer tamanho, segmento e perfil. A linguagem é simples e objetiva, visando focar em aplicações rápidas e práticas. COMO O GOOGLE FUNCIONA (Intrínseca) Em Como o Google funciona, Eric Schmidt e Jonathan Rosenberg reúnem as valiosas lições que fizeram da empresa uma gigante global conhecida pela missão de inovar incessantemente. Eles descrevem como o avanço da tecnologia transferiu o poder das corporações para os consumidores e reforçam que, para sobreviver, é essencial concentrar esforços na qualidade dos produtos e investir em uma nova categoria de profissionais: os criativos inteligentes, que unem conhecimento técnico, tino comercial e uma criatividade sem limites. Eric e Jonathan relatam casos curiosos e exemplos da história e do dia a dia do Google e abordam temas como estratégia, cultura corporativa, tomada de decisões, contratação de funcionários e capacidade de adaptação e inovação.

NÚMERO DE EMPRESAS QUE VENDEM PELO FACEBOOK ATINGE 160 MILHÕES NO MUNDO Com o isolamento social em todo o mundo devido à pandemia de coronavírus, as redes sociais se tornaram o grande canal de comunicação e também de vendas para as empresas. O Facebook, que é dono do WhatsApp e do Instagram, registrou crescimento de 20 milhões de empresas utilizando pelo menos um de seus aplicativos no mundo, passando de 140 milhões para 160 milhões, durante a pandemia. No Brasil, segundo o Sebrae, 29% dos pequenos empresários passaram a vender pelas redes sociais, sendo que 8% entraram em comunidades de interesses dos clientes para vender mais. Pesquisa do Facebook realizada pelo Ipsos mostra que, separadamente, WhatsApp (92%), Instagram (89%) e Facebook (86%) ocupam as primeiras posições em importância para os negócios atualmente.

SOLUÇÃO DIGITAL AJUDA A REDUZIR CUSTOS DE SERVIÇOS FINANCEIROS Para ajudar os donos de pequenos negócios com dificuldades para escolher a melhor opção de serviço financeiro para a sua micro ou pequena empresa, o Sebrae criou o EmConta, solução digital de acesso gratuito que facilita a busca e contratação de produtos e serviços financeiros ofertados por instituições do mercado brasileiro presentes na plataforma. O EmConta permite que o empreendedor conheça e compare os serviços oferecidos para ter uma conta corrente de pessoa jurídica em bancos digitais e tradicionais, e uso de diferentes máquinas de cartão. O cliente do EmConta também oferece simulações de serviços contábeis de empresas digitais que realizam todo o atendimento de forma remota. Para acessar: https://emconta.sebrae.com.br/.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE A realidade virtual pode ser aproveitada por uma micro ou pequena empresa? Rogério Moraes, CEO da Kemp

Divulgação

MAIORIA DAS EMPRESAS QUE MAIS CRESCEM VENDE PELO INSTAGRAM Levantamento realizado pelo Berkeley Institute mostra que 61% das pequenas e médias empresas que mais crescem no Brasil vendem produtos e serviços pelo Instagram. A pesquisa foi feita com base no estudo da Deloitte com 100 pequenas e médias empresas com crescimento mais acelerado no País. Apesar do porcentual considerável, 35% das companhias consultadas nem têm contas na rede social. Além disso, 61% dos posts das pequenas e médias empresas analisadas no Instagram são exclusivamente compostos por imagens isoladas. Somente 20% das publicações desses negócios com crescimento acelerado usam gravações.

Happy Um dos caminhos para alguém empreender com sucesso é conhecer a necessidade do cliente e conseguir atendê-la. Para alcançar esse objetivo é necessário proporcionar a felicidade do consumidor. Mas qual é o sentido da felicidade? É esta pergunta que o documentário “Happy” se propõe a responder. Com achados da ciência e filmado em diversas partes do mundo, traz uma abordagem sobre o que, de fato, torna as pessoas felizes. Para quem empreende, é uma excelente oportunidade para conhecer melhor a mente de quem consome. Disponível na Netflix.

MENOS TINTA Conheça a história da empresa de Marcelo Falcão, que atua no ramo de recarga de cartuchos de impressora.

Veja em:

A realidade virtual hoje é uma tecnologia acessível a todos, desde pequenas empresas até usuários finais. Isso porque existem muitas ferramentas e muitos softwares que podem ser acessados pelo celular. Também existem óculos de todos os preços. O Google, por exemplo, lançou um modelo de papelão que custa entre R$ 3 e R$ 5. Além disso, existem inúmeros softwares gratuitos de realidade virtual e, nos próprios sites das plataformas desses softwares, há vídeos explicativos e manuais que ajudam a entender a tecnologia e suas aplicações. Então, até mesmo a pequena empresa, utilizando esses canais, consegue criar um ambiente e criar uma realidade virtual. Para cada empresa, a realidade virtual pode ser aproveitada de forma diferente. Depende do segmento. Hoje você consegue decorar ambientes, fazer projetos nesse segmento e visualizá-los no celular. Digamos que seja um escritório muito pequeno e a empresa quer fazer um teste e colocar duas ou três mesas a mais. Usando softwares gratuitos, é possível montar um layout para se ter uma ideia de como ficaria o resultado final com essa nova configuração de móveis. Outro exemplo: se você tem uma imobiliária pequena, consegue fazer um ambiente imersivo com uma câmera 360 graus. Você vai no imóvel, tira fotos e monta a imagem do lugar com a realidade virtual. Assim, pode fazer com que o cliente veja aquilo no celular dele, sem precisar estar no local fisicamente. Com essas ferramentas, você consegue fazer várias outras coisas, como games e brincadeiras interativas, nos quais a pessoa mergulha virtualmente no ambiente. Da mesma forma, é possível realizar cursos e treinamentos em ambientes criados com a realidade virtual. Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.

https://youtu.be/XKhXmOKXaHE


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Um futuro mais doce

Lucas Onofre Gibertoni, da Aidu, conta como a empresa de alimentos se reorganizou na crise Lucas Onofre Gibertoni e o pai, Renato Gibertoni Filho, da Aidu: crescimento com aerossol alimentício

Depoimento a Anderson Freitas*

“A

nossa empresa alimentícia, hoje chamada Aidu, foi criada em 1994 pelo meu pai, Renato Gibertoni Filho. Na época, ele viu uma grande oportunidade de abastecer o mercado vendendo creme chantilly. Eu entrei na fábrica ainda em 2002 a partir da necessidade de ser o sucessor dele. Embora ele nunca tivesse pensado sobre essa questão, um dos principais motivos foi ter começado a receber vários pedidos de desenvolvimento de produtos novos. Com isso, fiquei nessa parte e também no planejamento e controle de produção. Sou formado em gastronomia, já trabalhei em restaurante, fiz um curso de dois anos de química e fiz uma especialização de ciência da panificação. Desde a fundação até hoje, nossa produção foi bem diversificada. Começamos só com o chantilly e

chegamos a fazer cinco toneladas por dia, atendendo a restaurantes, motéis e hotéis, mas depois que os players grandes começaram a entrar nesse mercado fomos perdendo espaço e interesse em continuar. Abrimos então um ramo de terceirização, queríamos continuar com toda a lucratividade que tivemos com o chantilly. Passamos a terceirizar fazendo aromas para confeitaria e corantes diversos. Também começamos a fornecer um óleo desmoldante para algumas empresas de panificação – um óleo que é passado na forma de pães e bolos para desmoldar e evitar perdas. Em uma grande empresa que utilizava nosso óleo, a perda foi de 30% dos produtos para zero. Há cinco anos, tivemos uma oportunidade de crescimento com aerossol alimentício. Até então, ninguém fazia isso na América Latina, então ‘apanhamos’ bastante. Tivemos de encontrar parceiros que

abraçassem a causa e começamos a fazer um volume pequeno, vendendo 50 caixas, o que dá de 500 a 600 latas. Na época, havíamos perdido um faturamento de 60% sem aviso prévio de uma empresa para quem fornecíamos. Precisamos fazer um empréstimo no banco para comprar as máquinas e acreditar no sonho de que daria certo – e graças a Deus deu bastante certo. O começo da pandemia foi bem assustador, de um dia para o outro o fornecimento de terceirização foi para quase zero, já que a maioria das nossas vendas é para confeiteiros, padarias e a indústria de panificação em geral. Nas primeiras semanas, acabamos trabalhando durante três dias da semana, reduzindo as horas trabalhadas. Em março, ainda conseguimos fechar as contas no azul. Em abril, demos conta da folha de pagamento e também buscamos um emprés-

timo no banco para arcar com a matéria-prima do mês anterior. Mas, mesmo com a pandemia, desde abril estamos tendo crescimento todo mês. Tivemos uma grande ajuda das redes sociais dos nossos parceiros com o aumento das vendas pela internet. Todo mundo estava online vendo influencers divulgando as marcas, isso deu um salto nas vendas. Muitas pessoas têm comprado coisas que fornecemos para se entreter em casa, como espuma de café, espuma de gengibre para drinques etc. Isso tem auxiliado bastante nosso crescimento. Além disso, no retorno da produção, nossas empresas parceiras precisaram renovar os estoques de produtos. Tivemos de buscar no banco um empréstimo com juros menores para conseguirmos fazer novamente a fábrica girar. Não tenho do que reclamar, nossos clientes continuam a comprar e com bastante frequência. Mesmo com todos esses problemas, estamos todos bem e com crescimento nesses últimos meses. O Sebrae-SP teve um papel gigantesco na nossa empresa; tivemos orientação para empréstimos e também várias dicas de marketing em relação a abrir uma loja virtual na internet para vender com a nossa marca própria. Aprendemos a dar mais valor para mostrar a cara da nossa empresa na internet. Estamos pensando em mudar a fábrica de local e o Sebrae-SP está nos ajudando a planejar. Nosso espaço é limitado para estocar por muito tempo. Com a nova fábrica, queremos voltar a oferecer vários outros produtos, como corantes, molhos, ketchups, maioneses e barbecue, com zero sódio e zero açúcar. São clientes antigos que estão querendo voltar a usar nossos serviços porque confiam na nossa qualidade. Acredito que em três anos estaremos no novo local.” *Estagiário sob supervisão dos editores


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