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8. PERÍODO INTER-TESTAMENTÁRIO

HISTÓRIA DE ISRAEL

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PERÍODO INTER-TESTAMENTÁRIO

Durante este período Israel esteve primeiramente sob o domínio Persa, depois Grego e por fim sob o julgo Romano. Após Malaquias não houve mais manifestações proféticas ou Livros inspirados. Livros como os de I e II Macabeus, por exemplo, que tratam deste período, embora lidos e reverenciados, somente foram aceitos como canônicos por uma parcela minoritária de judeus e cristãos. Para facilitar nosso estudo, falaremos dos persas, depois dos gregos e por fim dos romanos.

8.1 PERÍODO PERSA

Vai de 539 a.C., até cerca de 333 a.C., quando Alexandre o Grande entra em Jerusalém e é recebido pelo sumo-sacerdote Jado como escreveu Flávio Josefo. A política religiosa Persa era totalmente diferente de seus antecessores. Seus monarcas respeitavam os deuses dos povos conquistados. Além disso, Ciro, após conquistar Babilônia, permitiu que aos desterrados voltassem para suas terras contanto que pagassem tributos a ele. Foi assim que os judeus retornaram a Jerusalém e reconstruíram a cidade e o Templo. Ciro devolveu também todos os vasos sagrados que haviam sido levados por Nabucodonosor para a Babilônia. Como resultados disto, há uma grande consolidação do judaísmo por essa época.

O cativeiro curou os judeus da idolatria, definitivamente. Sob a liderança de Esdras, o estudo da Lei e dos Profetas foi instituído, dentro de lugares específicos chamados de sinagogas. No geral foi um período calmo para os judeus, exceto por certas disputas internas pelo cargo de sumo-sacerdote.

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8.2 PERÍODO GREGO

Iniciou-se efetivamente com a tomada da Grécia por Felipe da Macedônia. Ele derrota Atenas e Esparta, unificando as cidades gregas debaixo de seu governo. Dois anos depois de consolidar a Grécia, Felipe morre e seu filho assume a liderança. Alexandre foi um esplêndido guerreiro conquistando todas as regiões por onde passava.

Alexandre o Grande, entrou em Jerusalém, por volta do ano 333 a.C. Quando fez um cerco à cidade de Tiro, Alexandre solicitou ajuda dos judeus, que se recusaram por terem uma aliança com os persas e serem fiéis a esta aliança. Após destruir a cidade de Tiro, Alexandre marchou furioso contra a cidade de Jerusalém, entretanto foi recebido com flores pelos sacerdotes. Esse fato histórico pode ser encontrado nas crônicas do historiador judeu Flávio Josefo, que diz:

“Quando este ilustre conquistador (Alexandre) tomou esta última cidade (Gaza), ele avançou para Jerusalém e o sumo-sacerdote Jado, que bem conhecia a sua cólera contra ele, vendo-se com todo o povo em tão grande perigo, recorreu a Deus, ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e ofereceu-lhe sacrifícios. Deus apareceu-lhes em sonhos na noite seguinte e disse-lhes que fizessem espalhar flores pela cidade, mandar abrir todas as portas e ir revestido de seus hábitos pontificiais, com todos os santificadores, também assim revestidos e todos os demais, vestidos de branco, ao encontro de Alexandre, sem nada temer do soberano, porque ele os protegeria...Os fenícios e os caldeus que estavam no exército de Alexandre, não duvidavam que na cólera em que ele se achava contra os judeus ele lhes permitiria saquear Jerusalém. Mas aconteceu justamente o contrário, pois o soberano apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos de branco, os sacrificadores revestidos de seus paramentos de linho e o sumo sacerdote, com seu éfode, de cor azul adornado de ouro e a tiara sobre a cabeça, com uma lâmina de ouro na qual estava escrito o

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nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o sumo-sacerdote, a quem ninguém havia saudado. Então os judeus se reuniram ao redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes que o acompanhavam, ficaram surpresos, de tal espanto que julgaram que ele havia perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande prestígio, perguntoulhe como ele, que era adorado em todo o mundo, adorava o sumo-sacerdote dos judeus. Não é a ele, respondeu Alexandre, que eu adoro, mas é a Deus a quem ele é o ministro, pois quando eu ainda estava na Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, Ele me apareceu em sonho com estas mesmas roupas e me exortou a nada temer, disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele estaria à frente do meu exército e me faria conquistar o império dos persas. Eis porque jamais tendo visto alguém revestido com trajes semelhantes aos com que ele me apareceu em sonho, não posso duvidar de que não tenha sido por ordem de Deus que empreendi esta guerra e assim vencerei Dario, destruirei o império dos persas e todas as coisas suceder-se-ão conforme o meu desejo. Alexandre, depois de assim ter respondido a Parmênio, abraçou o sumo-sacerdote e os outros sacrificadores, caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao Templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o sumo-sacerdote lhe dissera devia fazer. O soberano pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele de quem a profecia fazia menção. Alexandre ficou muito contente”.15

Mas com a morte de Alexandre em 323 a.C., o Império Grego, que então abrangia a Grécia, o Egito e todo o Oriente Próximo, foi divido entre quatro de seus principais generais. A Ptolomeu coube o Egito, fundando assim a dinastia Ptolemaida. A região da Síria, que abrangia Israel, ficou sob o domínio de Seleuco, iniciando a

15. JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. CPAD: Rio de Janeiro. 2001, livro XI.

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dinastia dos Selêucidas. Ptolomeus e Selêucidas vão realizar inúmeras guerras para obter o domínio sobre toda aquela região, com efeitos devastadores sobre os judeus. Poderíamos subdividir ainda este período em 3 partes:

8.3 PERÍODO EGÍPCIO

Foi o período mais longo desta época. Através de severa luta, o Egito e a Judéia caíram nas mãos dos Ptolomeus. O primeiro conquistador foi chamado de Ptolomeu Soter, isto é, Salvador, o primeiro da dinastia. Embora os judeus recusassem fidelidade a ele, atacou Jerusalém e levou cem mil judeus presos. Embora tenha sido severo com a nação judaica, tornou-se depois amigável.

Seu sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi mais amigável ainda. Em seu tempo os judeus foram solicitados a traduzir suas Escrituras para o grego, dando ao mundo a famosa versão chamada de Septuaginta (LXX), escrita por 72 sábios judeus em setenta dias.

O terceiro rei da dinastia ptolemaica também foi favorável e por isto os judeus prosperaram como nunca nesse império. Cidades como Alexandria, tornaram grandes centros de cultura judaica e eles constituíam cerca de um terço da cidade. O quarto rei, Ptolomeu Filopatro, porém, devido às guerras contra Antíoco o Grande da Síria, foi hostil aos judeus. Seu principal agravo foi tentar entrar no Santo dos Santos. Ele perdeu a disputa e o rei da Síria apossou-se da Palestina.

8.4 PERÍODO SÍRIO

A administração dos Selêucidas foi na maioria das vezes nociva para os ju-

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deus e em alguns casos houve sangrenta perseguição a eles. Foi por esta época que a Palestina foi dividida em 5 províncias: Judéia, Samaria, Galiléia, Peréia, Traconites.

Tanto Antíoco o Grande, quanto seu sucessor, Seleuco Filopatro, foram muito cruéis, embora alguns judeus tenham permanecido com certas liberdades para administrar suas próprias leis. Todavia, com ascensão de Antíoco Epifânio (175-164 a.C.), um reinado de terror sobreveio sobre eles. Ele ficou conhecido como o anticristo do Antigo Testamento.

Por este tempo surgiram os helenistas, grupo que queriam implantar a cultura grega entre os judeus. Os nacionalistas ortodoxos se opuseram, iniciando-se contendas e assassinatos. Por fim, Antíoco utilizou esta disputa para descarregar o seu furor sobre eles, fazendo uma grande devastação na terra, em 170 a.C. Jerusalém foi saqueada, os muros derrubados, o Templo profanado e o povo submetido as mais terríveis crueldades. Houve massacres e escravidões. A religião judaica foi proibida. O paganismo foi imposto à força. Uma pessoa foi encarregada de profanar o Templo de Jerusalém, dedicando-o a Júpiter Olímpio. Todas as cópias da Lei que foram encontradas foram queimadas ou desfiguradas com figuras idólatras. Seus proprietários foram assassinados. Muitos judeus apostataram e perseguiram seus compatriotas. Em 168 a.C., Antíoco ordenou que uma porca fosse oferecida sobre o altar de sacrifícios e a seguir, mandou erguer uma estátua a Júpiter no lugar do altar. Neste período ocorre o famoso martírio dos sete irmãos juntamente com sua mãe, por recusarem-se a comer carne de porco.

8.5 PERÍODO MACABEU

O movimento de resistência se iniciou por meio de um sacerdote idoso, de nome Matatias e desenvolveu-se com seu filho Judas, mais tarde chamado Judas Macabeu, derivado do termo hebraico que significa “martelo”. Este foi um poderoso movimento de resistência sem paralelo dentro do povo judeu. A bravura e a fé destes homens os fizeram lutar até a morte contra o extermínio de sua crença. Refugiados nas montanhas iniciaram seus ataques contra as tropas do exército se-

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lêucida.

Judas desenvolveu uma poderosa estratégia de guerrilhas e seu exército cresceu muito. Combateu os exércitos invasores, sobressaindo nas batalhas. Várias tentativas do inimigo de vencê-los foram frustradas. Em 25 de dezembro Jerusalém foi retomada e o Templo restaurado (esta é a origem da Festa de Dedicação).

Embora Antíoco tenha planejado vingar-se, os reveses pelos quais passou deixaram-no extremamente doente. Conta-se que morreu num estado de completa loucura. Para os judeus, ele é a abominação da desolação descrita pelo profeta Daniel.

Com sua morte, seu filho Lísias voltou com um exército de 120.000 homens para atacar Jerusalém. Judas e seu exército foram sitiados na cidade santa e tiveram que render-se. Quando tudo parecia perdido, uma revolta nas regiões da Síria obrigou Lísias a fazer paz com os judeus e restabelecer sua religião.

Com todos os altos e baixos do governo Macabeu sobre a Judéia, o poder permaneceu em suas mãos até o ano de 63 a.C., quando a região passou a ser uma província Romana.

8.6 PERÍODO ROMANO

No ano de 63 a.C., Pompeu entra em Jerusalém, após um cerco de três meses, fazendo da Palestina uma das províncias romanas. Morreram cerca de 12.000 judeus quando da tomada da cidade, que foi facilitada, pelo fato dos judeus se recusarem a guerrear em dia de sábado, e nem mesmo a entrada dos exércitos romanos os impediram de continuar sacrificando.

Após apossar-se do trono de Roma, Júlio César nomeia Antípater, procurador da Judéia, 47 a.C. Em 37 a.C., Herodes toma Jerusalém, mata Antígono Macabeu, que havia sido colocado no lugar de Antípater pelos partas, e apodera-se do trono. No ano de 19 a.C., após haver construído enormes obras na Judéia, Herodes resolve fazer uma grande reforma no Templo de Jerusalém que durou quarenta e seis anos conforme declaram as Escrituras (João 2.20). Este foi o Templo que Jesus conheceu e no qual ele entrou, e sobre o qual ele lançou sua profecia de destruição.

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