Domenico Losurdo, Fuga della storia? Il movimento comunista tra autocritica e autofobia. La Città del Sole, Napoli, 1999, 71 p.
Por José Mário Angeli e João Carlos Soares Zuin
1. O filósofo italiano Domenico Losurdo é professor de História da Filosofia na Universidade de Urbino, Itália, e presidente da Internationale Gesellschaft für dialektische Philosophie - Societas Hegeliana. É autor de uma série de livros sobre a filosofia clássica alemã, entre os quais destacamos: Tra Hegel e Bismark. La rivoluzione del 1848 e la crisi della cultura tedesca, Riuniti, 1981; Hegel, questione nazionale, restaurazione, Università degli studi di Urbino, 1983; Autocensura e compromesso nel pensiero politico di Kant, Napoli, 1984; Hegel, Marx e la tradizione liberale, Riuniti, 1988; La catastrofe della Germania e l´immagine di Hegel, Guerini e Associati, 1988; Hegel und das deutsche Erbe. Philosophie und nationale Frage zwischen Revolution und Reaktion, Köln, 1989; Hegel e la libertà dei moderni, Riuniti, 1992; Hegel e la Germania, Guerini e Associati, 1997. Contudo, o seu mérito intelectual não se restringe apenas na reconstrução da história política da filosofia clássica alemão de Kant a Marx, em especial na interpretação do pensamento de Hegel e de seu tempo histórico, mas se estende por uma série de ensaios de intervenção filosóficos e políticos, tais como: Democrazia o bonapartismo. Trionfo e decadenza del suffragio universale, Bollati Boringhieri, 1993;
La seconda Repubblica. Liberismo, federalismo, postfascismo, Bollati Boringhieri, 1994; Il revisionismo storico. Problemi e miti, Laterza, 1996; Antonio Gramsci, dal liberalismo al “Comunismo critico”, Gamberetti, 1997; Dai fratellli Spaventa a Gramsci. Per una storia politico-sociale della fortuna di Hegel in Italia, La Città del Sole, 1997; Il pecatto originale del novecento, Laterza, 1998. Recentemente, o filósofo italiano publicou o livro Fuga dalla storia? Il movimento comunista tra autocritica e autofobia (1999), onde retorna e aprofunda várias questões contidas nos livros escritos sobre o comunismo, liberalismo, nazismo e o revisionismo histórico. Gostaríamos, antes de entrarmos na apresentação das idéias de Domenico Losurdo, de expor uma questão geral acerca do livro e do próprio autor. “Fuga della storia? Il movimento comunista tra autocritica e autofobia” foi originalmente publicado no jornal L’Ernesto. Mensile Comunista, no qual o autor procura redesenhar toda uma temporalidade histórica, de modo que, assim, o leitor possa refletir autonomamente acerca do debate ideológico entre as concepções de mundo que disputaram a hegemonia política e o sentido da história durante todo o século XX. Todavia, talvez seja este ensaio “menor”, se o compararmos
com a densa fecundidade dos outros já publicados, o que melhor revela o próprio autor. Seguindo de perto o aforismo de Aby de Warburg “o bom Deus se encontra nos detalhes”, podemos dizer que é neste livro “menor” que encontramos claramente os detalhes que revelam toda a importância e a grandeza intelectual de Domenico Losurdo. Primeiramente, a sua importância reside na procura obstinada e rigorosa (ostinato rigore!) do melhor argumento para desfazer as poderosas nuvens ideológicas que gravitaram nas últimas décadas do século XX, e que impuseram, e ainda impõem, uma concepção única de como se deve viver a vida. Segundo, é neste livro “menor” que podemos observar claramente a filiação do autor numa longa linhagem de intelectuais que concebiam o jornal como locus do inconformismo, da crítica e do desejo de ação política. Uma linhagem que tem a sua origem na França dos setecentos, onde os filósofos eram convidados à participarem do surgimento do mundo moderno mediante os panfletos e os textos políticos publicados nos jornais, e que, posteriormente, se apresenta nos oitocentos, na Alemanha do Vormärz, onde os jovens intelectuais herdeiros do pensamento dialético de Hegel, escreviam nos jornais acerca das idéias revo-
Ano XI, Nº 25, dezembro de 2001 177