Fazer Política Hoje
Roberto Leher*
Unesco, Banco Mundial e educação dos países periféricos 1) Introdução Um leitor ocasional de O Correio da Unesco dificilmente iria crer que a entidade das Nações Unidas responsável pela Educação, Ciência e Cultura possui uma história cujos estrategistas do Departamento de Estado dos EUA, da CIA e, mais recentemente, do Banco Mundial são protagonistas muito mais importantes do que os educadores, os cientistas e os artistas envolvidos com a sua criação. Este estudo irá sustentar que a temática educação e segurança encontra-se no cerne de sua trajetória. Quando os países periféricos tentaram transformá-la numa instituição direcionada para a construção de sistemas de ensino capazes de promover a autonomia científi-
co-cultural ( uma reivindicação constitutiva da luta por uma Nova Ordem Econômica Internacional (NOEI) ( , forças da direita forçaram a saída dos EUA desta instituição, contribuindo, assim, para o deslocamento de suas atribuições educativas para o Banco Mundial, com conseqüências muito negativas para a educação dos países periféricos. 2) O Surgimento da Unesco e a Guerra Fria A Unesco representa, ao mesmo tempo, uma tradição e uma ruptura com a política externa americana. Uma tradição na medida em que, desde o início do século, os Estados Unidos atuam internacionalmente na “difusão” cultural, científica e educacional. Uma ruptura, pois, até 1938, a
Ano XI, Nº 25, dezembro de 2001 45