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AGOSTINHO CADETE
PELA VIDA, DE PASSAGEM...
PELA VIDA, DE PASSAGEM...
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AGOSTINHO CADETE
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Vivendo a infância na quietude da província num meio pequeno e fechado, atrasado e pobre, misto de urbano e rural, um jovem vê-se compelido no início dos anos 60 do século passado a emigrar para a grande urbe, fazer-se à vida, como tantos, em busca de um futuro melhor. Perante a grandeza do que vê e o deslumbramento que sente, a par do receio que o invade, não lhe falta ânimo, alguma ambição e clarividência de pensamento, bastantes para perceber o que quer e que caminhos trilhar para conseguir os objetivos que se propôs. Para atingir o desiderato viu uma saída: muito estudo e trabalho árduo. Os gloriosos anos 60 prosseguiam a bom ritmo. Entre trabalho e estudo e parca diversão entra na Universidade mas é, entretanto, apanhado pela prestação do serviço militar obrigatório. Enviado para a Guiné-Bissau, passa dois anos na guerra, e, ao regressar espera-o o casamento. Longe de cumprido o objetivo que se propôs quando rumou a Lisboa e sempre com a bússola por perto não se deixou deslumbrar, nem perder nem desviar dos objetivos que traçou, continuando o trabalho intenso durante o dia e o estudo interessado em pós-laboral, agora reforçados por responsabilidades familiares com o nascimento de um filho. Com a atividade profissional a ser recompensada por via de funções que no contexto profissional eram crescentes e exigentes, é confrontado, quase que de supetão, com a Revolução de 74 que irá dar início a uma nova era, obrigando-o durante alguns anos a envolver-se numa tentativa de salvar a empresa onde trabalhava e a que os pendores revolucionários o obrigavam. É com a Revolução que no âmbito das responsabilidades inerentes às funções que desempenhava na empresa onde colaborava, que se consolida um sentimento intenso: verdadeira paixão pelo Direito e pela Justiça e que o conduzem à Advocacia. Viaja quando pode para saber um pouco do mundo que o rodeia e que o levam a locais fabulosos que jamais imaginaria conhecer, proporcionando-lhe conhecimentos, amizades, e, encontros e reencontros pessoais. Entre gostos e desgostos, venturas e desventuras, a vida vai continuando. O trabalho, esse, repartido entre a gestão e a advocacia, fluindo, tornando-se mais uma paixão do que uma obrigação, porque os objetivos traçados vão-se alcançando, antes mesmo do timing previsto. Deixa a gestão empresarial para se dedicar em exclusivo à advocacia, paixão tardia mas materializada em momentos inolvidáveis e compensadores de uma profissão dura mas de uma enorme nobreza. Aos 75 anos de idade, no ocaso da vida, bafejado por um matrimónio de 50 anos, considera que a missão está cumprida e que é tempo de repensar o futuro, no fundo, agarrar o tempo que ainda lhe resta. Inopinadamente, a maldita pandemia chegou, trocando as voltas, alterando os dados, adiando projetos. Mas a vida, essa, continua e só resta esperar que a Covid passe ou sofra mutações que a tornem numa banal doença sazonal, para que a vida, finalmente, prossiga com a normalidade desejada.
(QUASE) MEMÓRIAS, O QUE A VIDA ME ENSINOU...
Agostinho Cadete nasceu em Borba no ano de 1943. Começando a trabalhar ainda na pré-adolescência e sempre atento e empenhado na aprendizagem do ensino básico e secundário, desde cedo aprendeu, e muito, com os ensinamentos da universidade da vida que, quase sem dar por isso, frequentou. Enveredou pelo ensino técnico-profissional na área comercial. Estudou Contabilidades, Ciências Empresariais e afins no Instituto Comercial de Lisboa e no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa. Estudou Direito na área de Ciências Jurídicas na Universidade Lusíada e na Universidade Autónoma Luís de Camões. Fez gestão de empresas, auditoria e consultadoria nas áreas contabilística, comercial, fiscal e financeira. Foi autor de livros relacionados com sociedades comerciais. Publicou em jornais e revistas vários artigos versando questões de natureza comercial e fiscal e sobre a problemática que envolveu o Banco Privado Português (BPP). Exerce Advocacia desde o ano de 1990.