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Em 2009, completou o curso de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária na UTAD. Realizou o seu estágio curricular no Hospital de Referência Veterinária Montenegro, na Clínica Veterinária da Lagoa e no Serviço de Cardiologia do Small Animal Teaching Hospital, University of Liverpool. No mesmo ano, iniciou a sua atividade profissional no Hospital de Referência Veterinária Montenegro. Apresenta como principais áreas de interesse a Neurologia, a Cardiologia e a Imagiologia. Frequentou a pós-graduação GPCert (Small Animal Practice) da ESVPS. Desde Setembro de 2011 que é o responsável clínico do Centro de Imagem Montenegro. Realizou diversas formações de TAC, RM e Neurologia em vários centros de referência na Europa. Autor dos livros “Cão Sem Segredos” e “Gato Sem Segredos”.
Assim, o objetivo deste livro passa por expor de uma forma simples os principais sinais de doença nos cães e explicar as principais patologias e as suas complicações. Ao mesmo tempo, queremos dar mais algumas informações sobre o comportamento canino, o seu maneio e algumas curiosidades para as pessoas que gostam de animais. Contamos assim, e com a ajuda de excelentes profissionais da medicina veterinária, fazer um manual útil ao tutor e que nos permita de alguma forma melhorar a qualidade de vida daqueles que tanto nos querem e merecem que façamos igual por eles, os nossos cães.
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Luís Montenegro Rui Mota
Edição Revista
Cão Sem Segredos
Dr. Rui Mota
Este livro tem como objetivo a aproximação dos tutores ao trabalho realizado pelos médicos veterinários. Não pretendemos que os tutores possuam informação equivalente à de um veterinário no que diz respeito à saúde dos animais; não pretendemos que este livro substitua consultas de rotina ou opiniões de um profissional. No entanto, sabemos a importância do papel do tutor na identificação de qualquer sinal precoce de doença nos seus animais, assim como sabemos que, quando as patologias são diagnosticadas precocemente, as possibilidades de tratamento e as probabilidades de sucesso são maiores.
Cão Sem Segredos Dr. Luís Montenegro
Luís Montenegro Rui Mota
Licenciado em Medicina Veterinária pela UTAD no ano de 1992, executa a sua atividade profissional como clínico de pequenos animais. Desde 1999 que exerce a posição de diretor clínico no Hospital de Referência Veterinária Montenegro. Para além de médico veterinário generalista, apresenta como principais áreas de interesse a reprodução e cirurgia. Tem também participado como palestrante e orador em diversos congressos nacionais e internacionais. Leciona como convidado na cadeira de ginecologia e obstetrícia do curso de Medicina Veterinária na Universidade Lusófona desde 2009. Participa desde a 1.a edição (2005), na organização do congresso do Hospital de Referência Veterinária Montenegro. Em 2010, completou o mestrado na área de reprodução, na UTAD, tendo como tema de dissertação as urgências reprodutivas. Participou e publicou o capítulo “Reproductive Emergencies”, na VIIIº edição do Textbook of Veterinary Internal Medicine (Ettinger, Feldman e Côté). Autor dos livros “Cão Sem Segredos” e “Gato Sem Segredos”.
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Sem Segredos (Edição Revista) Montenegro; Rui Mota edição: Edições Ex-Libris® (Chancela Sítio do Livro) autores: Luís
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título: Cão
Isabel Campos Mariana Vilas Boas capa: Ângela Espinha paginação: Paulo Resende imagem de capa:
isbn:
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1.ª edição Lisboa, novembro 2021
978‑989-9028-36-4 489138/21
depósito legal:
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© Luís Montenegro; Rui Mota
Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei. Declinação de Responsabilidade: a titularidade plena dos Direitos Autorais desta obra pertence apenas ao seu autor, a quem incumbe exclusivamente toda a responsabilidade pelo seu conteúdo substantivo, textual ou gráfico, não podendo ser imputada, a qualquer título, ao Sítio do Livro, a sua autoria parcial ou total.
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EDIÇÃO REVISTA por Isabel Campos
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Índice 1. O que saber antes da decisão de ter um cão (Dr. Luís Montenegro)
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2. Ter um animal de estimação (Dr. Octávio Cunha)
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3. Relatos de um tutor (Dra. Maria João Ribeiro)
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4. Comportamento 4.1. Bases do comportamento do cão (Dra. Isabel Santos)
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4.2. Problemas de comportamento no cão (Dra. Isabel Santos)
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5. Relacionamento entre crianças e animais (Dra. Clara Pereira) 6. Primeiros Socorros (Dra. Isabel Campos) 7. Nutrição canina (Dra. Magda Águas)
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8. Medicina preventiva (Dra. Ana Cota)
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9. Reprodução canina (Dr. Luís Montenegro)
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10. Alterações patológicas
10.1. Sistema digestivo (Dr. Mike Willard)
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10.2. Sistema cardiovascular (Dr. Rui Pereira / Dra. Cláudia Abreu)
156
10.3. Sistema respiratório (Dr. German Santamarina / Dra. Maria L. Suarez) 170
10.4. Sistema urinário (Dra. Cathy Langston)
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10.5. Oftalmologia (Dra. Rafaela Rego)
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10.6. Dermatologia (Dr. Paul Bloom)
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10.7. Neurologia (Dra. Vânia Evaristo)
11. Doenças musculo-esqueléticas (Dr. Daniel Gonçalves)
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12. As patologias endócrinas mais frequentes e sua importância (Dra. Marta Pinto)
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13. Princípios de oncologia canina (Dra. Cláudia Oliveira)
263
14. Intoxicações mais comuns no cão (Dra. Joana Moreira)
275
15. Geriatria (Dr. Rui Mota)
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16. Minimizando os riscos cirúrgicos e anestésicos: o seu papel como tutor (Dra. Theresa Fossum)
301
17. A dor no cão (Dra. Cláudia Rodrigues / Dra. Izaskun Rodríguez)
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18. Eutanásia (Dr. Luís Montenegro / Dr. Rui Mota)
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19. Curiosidades (Dr. Luís Montenegro / Dr. Rui Mota / Andrea Neves)
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INTRODUÇÃO
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Este livro pretende ser um tributo a todos os cães que, ao longo dos anos, passaram pelo meu consultório para receberem cuidados médico-veterinários. Com uns tive o privilégio de contribuir para o seu bem-estar; com outros, infelizmente, todo o meu esforço para contrariar o inevitável foi em vão. Com todos tentei fazer o melhor, consciente das expectativas dos seus tutores e também do objetivo principal da minha profissão, tratar aqueles que nos são leais, dedicados e que acreditam em nós sem reservas. Um animal na nossa vida será, garantidamente, um acréscimo de felicidade, principalmente nas sociedades modernas, carregadas de pressão e individualismo; o animal será um elo de ligação à natureza, levando a que não se desvalorize sentimentos tão importantes como a bondade, a disponibilidade e a dedicação. O projeto deste livro surge no âmbito de uma sã parceria entre médicos veterinários do mundo que desejam dar um contributo para o esclarecimento de algumas dúvidas e simultaneamente proporcionar algumas informações interessantes. Pretendemos com este trabalho consciencializar a opinião pública acerca da responsabilidade de ter um animal, analisar a relação cão / homem, o adestramento, zoonoses e principais doenças. 9
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Os médicos veterinários trabalham com paixão e dedicação, elementos que considero fundamentais no exercício desta profissão. É uma profissão apaixonante, contudo exigente, obrigando a uma disponibilidade e empenho total. Nas nossas mãos, tal como na medicina humana, está muitas vezes a vida de um ser vivo e os sentimentos daqueles que o amam. Lidamos diariamente com uma carga emocional pesada, pois a dor daqueles que perdem o seu animal é grande, exigindo de nós um grande apoio. No entanto, as alegrias conseguidas tudo superam: a recuperação de animais doentes, o nascimento, o reconhecimento dos tutores - por tudo isto ser médico veterinário é a melhor profissão do mundo. Não esqueço o papel cada vez mais fundamental dos enfermeiros veterinários, profissão com menos tradição que a do médico veterinário, mas que a completa e permite um aprimorar da prática clínica atual. A decisão de ter um animal deve ser um ato bem ponderado, pelo que o devemos distinguir bem de um ato de consumo, pois trata-se de um Ser com o qual se vão criar fortes ligações sentimentais e dependências, as quais não devem ser quebradas, sob pena de se praticar um ato desumano. Atualmente tende-se a humanizar excessivamente os nossos animais, descaracterizando-os e, por vezes, afantochando-os. No entanto, os animais conquistaram respeito na prática clínica, tendo possibilitado o desenvolvimento de uma classe esforçada e com valores éticos modernos e realistas. Penso que este trabalho poderá vir a ser um ponto de partida na discussão de temas da nossa sociedade tão confusos e mal compreendidos,
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como a eutanásia, que pode ser praticada nos animais em situações terminais, irreversíveis, evitando muitas vezes situações de sofrimento atroz.
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CAPÍTULO 1 Dr. Luís Montenegro
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TER OU NÃO TER?
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Antes de ter um animal será importante pensar se realmente reúne todas as condições necessárias e essenciais para tal, pois só dessa forma se beneficia da sua companhia e se garante o bem-estar. Costumo dizer que a primeira consulta no médico veterinário, deveria ser antes de adquirir o seu animal de companhia. É importante ter em conta que a esperança média de vida do cão aproxima-se dos 13 anos (dependente da raça / tamanho, entre outros fatores), e que, durante este período, ele será completamente dependente de nós. Devemos por isso proporcionar-lhes espaço adequado, tempo e disponibilidade, e ainda ter alguma capacidade financeira, de forma a garantir-lhe alimentação e cuidados médicos adequados. Tal como em nós próprios, com a idade, o cão vai necessitar de mais carinho, paciência e mais cuidados médicos. Inclusive será importante escolher o cão adequado em função das nossas condições. Fatores como o tamanho, raça e idade devem ser considerados. Também devemos ponderar porque preferimos um cão a um gato! Não poderá ser esta uma opção acertada se, eventualmente, vivemos num espaço exíguo, ou saímos às 7 h da manhã e regressamos já noite instalada! 13
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Será, portanto, importante ter em conta a nossa personalidade, espaço (quintal), tempo disponível, planos para os períodos de ausência (férias), disponibilidade financeira, esperança de vida do animal, e até experiências anteriores. Perante isto, a escolha pode recair desde um Yorkshire a um São Bernardo, entre outras raças fantásticas… ou porque não um “rafeirola” de médio porte, simpático e versátil? É socialmente dignificante que a nossa escolha recaía sobre animais com alguma idade. O mais usual, contudo, é que a sociabilização no seio familiar se faça entre as 9 e 15 semanas, fase em que o canídeo se encontra completamente recetivo ao estabelecimento relacional com o humano. Com animais mais velhos, teremos de ter mais cuidado e paciência, pois inclusive este já pode ter determinados traumas e comportamentos desadequados a uma relação sadia homem / cão. A rotulagem, feita pelo mundo fora, de raças potencialmente perigosas não deixa, em si mesma, de ser falaciosa, pois todos os cães com mais de 15 kg podem ser potencialmente perigosos. Embora compreenda o sentido objetivo das leis criadas e a necessidade de proceder a regulamentação nesta matéria, na minha opinião, esta simples designação não irá resolver esta ameaça, pois, mais tarde ou mais cedo, outras raças estarão também incluídas nesta lista. O principal problema está nos tutores, não nos cães ou na sua raça específica. O importante é que a população esteja informada, de forma a saber adestrar o seu animal e reconhecer as suas limitações, necessitando por vezes de ajuda profissional, no sentido de não possibilitar que 14
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ter ou não ter
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determinadas condutas errantes e antissociais se possam instalar. É importante, igualmente, educarmos as nossas crianças e os restantes membros da sociedade, no sentido de saber lidar com um animal por vezes desnorteado, para se evitar acidentes escusados. Será importante respeitar as pessoas que não gostam de animais, e tudo devemos fazer para não lhes darmos razões para se tornarem intolerantes para com os nossos companheiros. Por isso, devemos sempre limpar os dejetos dos mesmos, e assim contribuir para termos os nossos espaços públicos limpos e asseados; devemos evitar que comportamentos como a ansiedade por separação se instalem, pois esses animais vão estar em sofrimento e tornar-se-ão barulhentos, podendo incomodar os vizinhos. É conveniente passearmos sempre os animais de trela e, eventualmente, com açaime, pois talvez desta forma, num futuro próximo, possamos ver menos sinais de proibição de acesso aos nossos animais nos espaços públicos. Felizmente, atualmente, existem cada vez mais espaços públicos acessíveis e/ou dedicados aos animais de estimação, pelo que cabe a cada um de nós adotar uma atitude responsável e contribuir para um aumento contínuo destes espaços. É muito importante compreender que um cão não é um homem, por isso não o devemos tentar humanizar, mas sim respeitar o seu instinto e necessidades. O cão é, sem dúvida, um ser inteligente. O que vos posso dizer pela minha experiência clínica é que estes distinguem perfeitamente bem a dor e o mal-estar induzido por um tratamento, da dor causada por maus tratos. 15
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O que posso afirmar é que é muito gratificante ter um cão: é o amigo que vai estar sempre do nosso lado, que, sem interesse, nos espera, reconforta e acarinha. É capaz ainda de se moldar ao nosso estado de espírito, podendo sempre contar com ele, por isso vos apelo para não serem cobardes na prática do abandono. Se alguma dúvida vos resta, peço-vos: por favor, não tenham um cão!
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CAPÍTULO 2 PROF. DR. OCTÁVIO CUNHA
TER UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO
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Ter um animal de estimação é um trabalho difícil. Um cão quando faz cócó tem de se apanhar. O xixi é pior. E é preciso ter cuidado com o pelo. O gato é um bocadinho mais fácil, mas também tem de se ter cuidado porque se tiveres um hamster ou um rato da rua tem que se prender o gato porque o gato pode comer o rato. O hamster é um animal muito pequenino, mas é preciso ter cuidado com a loja onde se compram porque o rato pode morder. Mas também se tem de mudar a areia de uma em uma semana, que se compra no supermercado. A tartaruga é um animal muito fácil de tratar. Só é preciso comprar comida no supermercado ou noutras lojas de animais. E a comida pode ser de crocodilo ou de tartarugas. Ter um animal de estimação é duro mas é bom. Manuel Ribeiro da Cunha Antunes de Azevedo (8 anos)
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Ter um animal de estimação é bom. É como ter um irmão mas … diferente dos outros. Ele não fala mas brinca, corre e às vezes até chora. Eu gosto de ter um animal de estimação porque é uma “pessoa” (animal) que nunca se zanga connosco e nunca diz nenhum dos nossos segredos a ninguém. É bom … mas às vezes é difícil como: ter de limpar cócós e xixis, comprar comida, dar-lhe banho … Mas afinal, vamos a ver, é mais positivo do que negativo.
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Tomás Ribeiro da Cunha Antunes de Azevedo (11 anos)
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Nos tempos que são os nossos as famílias são cada vez mais pequeninas. Por razões óbvias. Muitas vezes só têm um filho. Quando assim é, esta criança corre o risco de se tornar Rei e Senhor de tudo. É o centro de todas as atenções, correndo o risco de se transformar num ser caprichoso e egoísta. É muito bem cuidado mas não “aprende” … a cuidar. Cuidar, mais do que tratar, é muito difícil, (digo eu como profissional) mas é das coisas mais importantes durante toda a vida. Esta forma de “solidão” pode ser quebrada pela vinda de um animalzinho de estimação lá para casa. Não importa se tem pelo, carapaça, penas ou escamas. É um ser vivo que, de um modo ou outro, transmite e reforça afetos e ensina as crianças a serem responsáveis pela sua alimentação, pelo seu bem-estar e pela compreensão, por parte da criança, que ele cresce e se transforma. Como nós! Claro que há sempre um dia triste. Quando morrem antes de nós, o que não é nada bem aceite por ninguém e é incompreensível para as crianças. Mas até isso as ensina a crescer e a aprender devagarinho que a morte é uma realidade. Estimula a imaginação dos pais a explicar-lhes que o mais importante é que, enquanto viveram, as pessoas e os animais que nos foram queridos foram felizes. Para crescerem bem e serem adultos felizes e responsáveis, as crianças precisam de regras, normas e rituais. Os animais também. Quando as crianças aprendem a ensinar aos animais estes princípios, percebem melhor a aceitar mais facilmente que os Pais também exijam o mesmo deles (a outros níveis, claro). Ter um animal em casa é bom. Não podemos é esquecer que cada animal, para ser feliz, não só precisa de afeto, mas de um 19
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espaço próprio que responda às suas necessidades (também elas próprias). Quem resolve “viver” com um animal tem de pensar bem nisto antes de o trazer para casa. Muitos não o fazem e por isso os abandonam na primeira esquina. Não deixa de ser uma forma grave de crueldade. É evidente que há algumas contraindicações para “adotar” animais. Particularmente cães e gatos. Antes de o fazerem, em particular se os pais são portadores de doenças alérgicas do foro respiratório, asma ou rinite alérgica, devem fazer testes para excluir a possibilidade de serem alérgicos ao pelo destes animais. Se o forem, a probabilidade de os seus filhos também o serem é elevada e será sensato escolherem outro tipo de animal para terem em casa. Em relação a tudo o resto, mas em especial ao facto de os cães e gatos poderem eliminar alguns parasitas que podem infetar as crianças, a solução é simples. Os animais merecem consultas regulares praticadas por Médicos Veterinários que se encarregarão facilmente de resolver este problema. Estou a falar de alguns tipos de ténias e “lombrigas”. As carraças também podem transmitir doenças às crianças e adultos, particularmente nas regiões do Douro e Alentejo. São fáceis de detetar e facilmente erradicáveis. Embora a vacinação contra a raiva continue a ser obrigatória, o facto é que esta doença, também ela grave, é considerada erradicada no nosso país. A mulher grávida deverá ter cuidado de seguir os protocolos em vigência para o controlo da gravidez. Se for infetada pela Toxoplasmose deverá seguir com rigor o tratamento indicado para impedir a infeção e as suas consequências no feto. 20
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ter um animal de estimação
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Só mais duas notas: as crianças e adultos com animais em casa devem ter o cuidado de lavar as mãos ainda mais frequentemente e não oferecerem carne não cozinhada aos animais. Quando saem, particularmente com cães, nunca se esqueçam do saquinho de plástico para recolher os dejetos dos animais. A incúria dos adultos que não o fazem é uma autêntica Vergonha Nacional e reveladora de um grau civilizacional muito baixo.
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Nota: agradeço aos meus Netos Tomás e Manuel a colaboração prestada.
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CAPÍTULO 3 Dra. Maria João Ribeiro
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RELATOS DE UMA TUTORA
O envelhecimento é uma situação inevitável e irreversível e os nossos cães não são exceção. Pode afetar o sistema respiratório, cardíaco, digestivo, urinário, nervoso, imunitário, ósseo, entre outros, e trazer também algumas alterações comportamentais. A esperança média de vida dos nossos fiéis amigos tem 23
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aumentado bastante, podendo chegar até aos 18 anos nas raças mais pequenas e nem sempre estamos preparados para acompanhar um animal sénior prestando-lhe todo o cuidado e atenção que merece, especialmente na última fase da sua vida. Temos de estar conscientes que o nosso animal não vai durar para sempre e que, nesta fase, não estará certamente tão ativo como antes, mas nunca devemos deixar de lhe prestar todos os cuidados necessários, sempre com muita dedicação, amor e carinho, para que a sua velhice seja passada da melhor forma possível. De facto, o papel e a presença do tutor do animal, quer pela ligação afetiva que os une, quer pelo conhecimento do animal que só o tutor possui, é tão importante quanto os cuidados médico-veterinários que lhe sejam prestados. Um bom tutor, atento aos pequenos sinais de alterações físicas e comportamentais no seu animal, pode auxiliar muito o médico-veterinário, facilitando um diagnóstico precoce de doenças e prolongando a esperança de vida do cão. O animal não fala e tem tendência a esconder o seu mau estar. É o instinto a funcionar para o proteger de predadores (especialmente nos gatos), pelo que, muitas vezes, quando damos conta que alguma coisa vai mal, a situação já está num estado muito avançado. Como podemos, nós tutores, ajudar um cão com dificuldades em locomover-se, um cão cego ou que perdeu o sentido de audição, um cão diabético ou que perdeu algumas das suas funções cognitivas, para além de lhe facultar o acesso aos cuidados médico-veterinários necessários? Animais mais velhos têm necessidades diferentes dos mais novos e é muito importante que os donos consigam entender essas diferenças. Para 24
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além de todo o amor e carinho que nós, tutores, devemos prestar ao nosso animal, é fundamental tomarmos conhecimento do problema que o afeta, dos sintomas e dos possíveis tratamentos, lendo, informando-nos junto do médico-veterinário como poderemos proporcionar mais conforto ao animal em casa, estando atentos a quaisquer sinais de mudança tais como letargia, perda de apetite, beber demasiada água, desequilíbrio ou agressividade, e sobretudo acompanhar o nosso animal em permanência, não só em casa, mas também nas consultas e internamentos. Temos de nos lembrar que um cão não consegue perceber porque razão tem de ficar internado num local que não lhe é familiar e que a nossa presença é importante para que se sinta seguro. Nunca devemos ignorar qualquer mudança de comportamento do nosso cão. O nosso animal, nesta fase, necessitará de muita paciência e dedicação e também que algumas rotinas sejam adaptadas às suas novas limitações. Um animal com dificuldades em locomoção equilibra-se melhor numa superfície em alcatifa do que em tijoleira ou soalho, um animal surdo não deverá nunca andar na rua sem trela, um animal com o seu metabolismo reduzido deverá seguir uma dieta ajustada, o exercício num cão geriátrico terá de ser mais limitado, enfim, consoante o problema em causa há uma série de pequenos ajustes às rotinas diárias e ao ambiente que podem e devem ser feitos para melhorar a qualidade de vida dos nossos animais. Em termos de prevenção, uma palpação periódica desde a cabeça até às patas pode servir para detetar precocemente algum tumor. Há também pequenos cuidados médico-veterinários que podem ser realizados em casa pelos tutores, evitando 25
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