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Num Mundo em Desordem para que Servem as Ordens | Abílio Alagôa da Silva

As ordens existentes devem ser uma fonte de esperança, de inspiração e sabedoria para ajudar a redirecionar as sociedades de hoje, sendo até um imperativo na desordem mundial que atravessamos! É isso que fazemos na SOBERANA!

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A emergência do restabelecimento do equilíbrio planetário é, quanto a mim, a Mãe de todas as doenças que o planeta padece, aquela que pode ser a fatalidade irreversível.

Consequência, não só da crise pandémica que atravessamos, mas de todos os erros praticados e acumulados pela humanidade no último século, que nos levaram a um ponto de não retorno que urge ser atacado, correndo ainda assim o risco de já não irmos a tempo de inverter a quase inevitabilidade de um desastre climático à escala planetária.

O que a humanidade parece não perceber é que o planeta, independentemente do que lhe fizermos, por cá ficará… mas nós não!

Vivemos um momento de enorme disrupção tecnológica, política e social e os desafios são maiores que nunca.

Nesta nova era muitos são os fenómenos que desafiam, não só a elaboração de uma nova ordem nas relações internacionais, mas também as relações e as estruturas do Poder mundial. Desde logo, está hoje mais do que nunca em causa o ator que durante séculos detinha a exclusividade do Poder nas relações internacionais – o Estado. Mais do que o conceito tradicional de soberania, é o próprio Estado que se encontra numa crise significativa, procurando sobreviver e adaptar-se a uma nova realidade onde, cada vez mais, as suas estruturas estão descontextualizadas e são manifestamente insuficientes para resolver os inúmeros problemas que ultrapassam largamente os limites fronteiriços tradicionais. Temos o exemplo vivo desta crise pandémica que, pela primeira vez na História da humanidade, confinou mais de metade da população mundial em simultâneo, vendo as maiores potencias mundiais sem capacidade de reação, resolução e de organização para fazer face a este brutal ataque pandémico.

Atualmente, muitos são os atores ou agentes que atuam junto dos centros de decisão nacionais e internacionais, assumindo uma cada vez maior fatia de Poder. Basta pensar na enorme relevância das multinacionais, dos media, dos grupos de pressão (lobbies) ou das organizações não-governamentais (ONG) para nos apercebermos das enormes mutações de Poder que ocorrem, quer no seio das sociedades, quer nas relações internacionais.

Julgo ser hora das Ordens, às quais pertencemos, de terem um papel mais interventivo na sociedade no que se refere à ética, à responsabilidade social e à meritocracia, combatendo firmemente o flagelo da corrupção que no nosso país, escandalosamente e para determinadas elites, passa no crivo da justiça com total impunidade.

Muitos, para não dizer a esmagadora maioria dos organismos estatais e empresas privadas, ainda não enxergam a importância de tais ações para o seu património e continuam ainda a visar apenas o lucro, enquanto muitas outras aplicam a doutrina ética apenas por uma questão de sobrevivência.

Por outro lado, temos um outro fenómeno não menos preocupante, o processo de erosão do protagonismo dos Estados, obviamente acelerado pela transferência de competências para organismos supranacionais, onde há um aspeto particularmente preocupante e perigoso: os cidadãos têm hoje maior dificuldade em controlar democraticamente os verdadeiros detentores do Poder. De facto, num mundo que cada vez mais se diz pautado pelos valores democráticos liberais e respeitador dos direitos humanos e individuais, grande parte dos agentes do Poder não são sancionados pela legitimidade eleitoral, não possuem mandato popular e escapam de forma escandalosa ao controlo das instituições democráticas tal qual as conhecemos.

A ordem global foi abalada e está a sofrer uma mutação de resultado imprevisível e que radica numa desordem sistémica. Hoje, em 2021, os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade que defendemos continuarão a ser questionados e postos à prova.

No entanto e na verdade, o mundo será, cada vez mais, definido pela evolução da ciência, da tecnologia ou das mudanças climáticas, do que pelas dinâmicas e mesquinhices partidárias. Na entrada deste novo decénio é previsível que a economia do conhecimento abra um novo ciclo de modernização sustentável à escala global e que a transição energética possa criar novas condições para o desenvolvimento e bem-estar, assim como para conter a poluição do meio ambiente e a degradação da natureza.

Em 2021 teremos também muita imprevisibilidade, dadas as relações entre a pandemia, uma agitada geopolítica e uma recuperação económica incerta.

Esta imprevisibilidade, repito, abre como nunca espaço às ordens em geral, mas às Obediências Maçónicas em particular, que se souberem modernizar, pois a sociedade precisa de orientações e de liderança. É esse o nosso desígnio enquanto a nova Maçonaria Portuguesa.

Acredito convictamente que esta crise é uma oportunidade de se fazer uma purga generalizada dos muitos males de que padecemos e de um consequente progresso económico e social. Porém, a grande questão de 2021 é saber se teremos estadistas ou, pelo menos, líderes minimamente responsáveis para a aproveitar. Mas, como sempre, o futuro depende do que fizermos dele e nós devemos enquanto Maçons ter um papel participativo e determinante na nova era e na transição que agora iniciamos. A Soberana, nesse sentido, tem tomado medidas de carácter estrutural, mas também de carácter tecnológico e social, instruindo e capacitando os seus obreiros para os grandes desafios que se nos deparam.

Sempre acreditámos que o trabalho árduo, a integridade e a resiliência acabam por dar excelentes resultados. O homem e a mulher do século XXI estão necessitados de se reencontrarem e nós, Ordens iniciáticas e do bem, podemos e devemos ser o seu porto de abrigo. Que num futuro não muito distante não olhemos para trás e vejamos que nunca fomos senão um vislumbre de nós próprios.

É HORA!

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