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Conservação das charnecas do norte da Europa

Vastas superfícies do noroeste da Europa foram em tempos cobertas por charnecas de baixa altitude, que formavam uma parte importante da economia rural, fornecendo uma fonte preciosa de combustível, pastagem e cama para os animais domésticos. Essas atividades modestas geraram condições ideais para uma grande variedade de plantas e animais selvagens que se tornaram dependentes do habitat para a sua sobrevivência. No entanto, desde os anos 1950 estas valiosas charnecas têm sofrido uma diminuição de 80%-90%.

As charnecas de baixa altitude são agora protegidas ao abrigo da Diretiva Habitats e muitas das principais zonas que restam foram incluídas na rede «Natura 2000». A proteção da UE também tem encorajado os países que acolhem este precioso habitat a partilhar ativamente informações sobre o estado em que o mesmo se encontra, as ameaças a que está sujeito e as técnicas de gestão para a sua conservação e reabilitação.

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O projeto HEATH, financiado ao abrigo do programa Interreg da UE, é um exemplo típico dessa cooperação transfronteiras entre a França, os Países Baixos e o Reino Unido. O projeto não só contribuiu para reabilitar mais de 4 000 ha de charneca primária nestes três países, mas conduziu também ao desenvolvimento de um modelo de gestão e um conjunto de ferramentas aplicáveis à gestão das charnecas de baixa altitude em todo o noroeste da Europa.

Cooperação pan-europeia na proteção do ganso-pequeno-de-testa-branca

O ganso-pequeno-de-testa-branca, espécie globalmente ameaçada, reproduz-se na região da tundra do norte da Europa. Pensa-se que migra todos os invernos para climas mais quentes na parte sul da UE. Infelizmente, muito pouco se sabe sobre a sua via de migração, o que tem prejudicado os esforços de conservação.

Peritos em conservação da natureza de cinco países europeus (Finlândia, Noruega, Estónia, Hungria e Grécia) deram início a um programa comum de conservação desta espécie, com o apoio do Fundo LIFE da UE.

Graças a esse projeto, muito se aprendeu sobre os padrões de migração da espécie, o que por sua vez permitiu a adoção de medidas para melhorar a gestão de vários dos seus principais sítios de paragem e invernação no norte da Grécia e na Hungria.

Cooperação dos países bálticos na conservação do sapo-barriga-de-fogo

O sapo-barriga-de-fogo foi em tempos um habitante comum da paisagem agrícola em torno do mar Báltico, mas as recentes atividades de intensificação e emparcelamento conduziram a uma diminuição significativa do seu número. A espécie é agora protegida ao abrigo da Diretiva Habitats e peritos de conservação da natureza da Alemanha, Dinamarca, Suécia e Letónia estão a trabalhar conjuntamente no âmbito de um projeto LIFE para ajudar a recuperar esta espécie em toda a região do Báltico.

Os resultados desta cooperação já estão a produzir resultados: a população de sapo-barriga-de-fogo aumentou para mais do dobro nos sítios abrangidos pelo projeto. A sólida rede científica criada durante o projeto está também a contribuir para preparar a via para futuros trabalhos de conservação tanto na região do Báltico como fora dela.

A União Europeia dispõe de uma mistura única e extremamente rica de nacionalidades, culturas, línguas e tradições a coexistir num espaço tão pequeno. Esta mistura reflete-se fortemente em toda a nossa paisagem. Há vários séculos que as pessoas trabalham nas suas terras em harmonia com as condições locais. Por sua vez, essas práticas consagradas aumentaram consideravelmente a biodiversidade da Europa.

Infelizmente, muitas das atividades tradicionais estão agora a desaparecer, à medida que agricultores e outros utilizadores do solo são incentivados a intensificar os seus métodos de produção ou a converter os seus terrenos para outras utilizações. Os que não o podem fazer são, por vezes, obrigados a abandonar completamente as suas terras e a procurar emprego noutros locais. Este é atualmente um problema real para as zonas rurais marginais europeias. Como muitos sítios da rede «Natura » ainda são largamente geridos de uma forma respeitadora do ambiente, será importante assegurar que estas atividades serão mantidas em benefício tanto da natureza como das comunidades rurais que delas dependem para a sua subsistência. Desta forma, a Diretiva Habitats contribui para manter vivo o nosso património natural e toda a diversidade do nosso património cultural.

Agricultura para a conservação da natureza na Irlanda

Situada ao longo da costa do Atlântico ocidental, a região dos Burren é uma das paisagens mais emblemáticas da Irlanda e um dos melhores exemplos de paisagem cársica glacial na Europa. Estendendo-se ao longo de 600 km², acolhe uma grande variedade de habitats ricos em vida selvagem protegidos ao abrigo da Diretiva Habitats, incluindo pavimentos calcários, prados ricos em orquídeas e lagos temporários (turloughs).

Há muito que a agricultura faz parte integrante desta paisagem. Graças ao efeito da corrente do Golfo no aquecimento do clima e à capacidade latente de retenção de calor da pedra calcária, o solo raramente gela. Em consequência disso, o gado pode pastar ao ar livre durante todo o Inverno. As ervas e matagais são assim impedidos de crescer, o que, por sua vez, permite o desenvolvimento da vida vegetal tão própria desta região. Contudo, o delicado equilíbrio entre agricultura e natureza tem sido fortemente perturbado nos últimos anos pelo facto de os agricultores terem de trabalhar noutros locais procurando assim um complemento para os seus rendimentos agrícolas.

A fim de inverter esta tendência, foi desenvolvido um novo regime agroambiental com o apoio dos fundos LIFE da UE, destinado a reintroduzir práticas agrícolas favoráveis ao ambiente na região dos Burren. Este programa está não só a ajudar a restabelecer a abundante biodiversidade da região mas também a reforçar a sustentabilidade da agricultura local e a dar o devido reconhecimento ao papel essencial desempenhado pelos agricultores na manutenção desta paisagem única, em benefício da natureza e do homem. P

Dia de colheita

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Língua-cervina, pavimento calcário, região dos Burren

Pastagem de bovinos em prados costeiros, Estónia

Pastagem de ovinos, Eslováquia

Relançamento de práticas agrícolas costeiras na Estónia

A linha costeira do Báltico alberga um tipo especial de prado costeiro que é único nesta parte do mundo. Graças a séculos de pastoreio e lavoura em regime extensivo, estes prados tornaram-se excecionalmente ricos em vida selvagem. Proporcionam também um refúgio vital para centenas de milhares de aves migratórias. No entanto, após o colapso do sistema de exploração agrícola coletiva praticado na era soviética, muitos agricultores foram forçados a abandonar as suas terras.

Na sequência da sua inclusão na rede «Natura 2000», foi introduzido um novo regime agroambiental para apoiar os agricultores que tenham decidido gerir as suas terras de um modo respeitador da vida selvagem, à semelhança do passado. Esse regime provou ser muito popular e conta já com a adesão de mais de 500 agricultores.

Apoio aos prados alpinos na Eslováquia

Situada no coração dos Cárpatos, a região de Mala Fatra na Eslováquia deve muito da sua rica biodiversidade ao modo como os prados e pastagens alpinos têm sido geridos. O pastoreio de ovinos foi introduzido já no século XV e, desde então, faz parte integrante das práticas de pastoreio na região. A agricultura moderna ainda não chegou a estas montanhas isoladas e as explorações agrícolas são ainda geridas, na sua maioria, como pequenas empresas familiares.

Reconhecendo o valor social, cultural e natural destas pastagens e prados alpinos que fazem agora parte da rede «Natura 2000», foi introduzido um novo regime agroambiental destinado a prestar apoio adicional aos agricultores locais para que estes possam continuar a gerir as suas terras de uma forma que mantém a biodiversidade e apoia a economia local.

Com a Diretiva Habitats:

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