Arte Urbana e Espaços Públicos: Intervenção Minhocão - Letícia Costa

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ARTE URBANA E ESPAÇOS PÚBLICOS INTERVENÇÃO MINHOCÃO LETÍCIA DA COSTA OLIVEIRA



CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

ARQUITETURA E URBANISMO Trabalho de Conclusão de Curso

LETÍCIA DA COSTA OLIVEIRA Orientadora: BEATRIZ KARA JOSÉ

ARTE URBANA E ESPAÇOS PÚBLICOS INTERVENÇÃO MINHOCÃO

São Paulo, 2020


agradecimentos à Beatriz Kara José, minha orientadora, pela paciência, o aprendizado e o compartilhamento do saber. à Myrna Nascimento, pelos conselhos e conversas valiosos. ao meu pai, que me proporcionou a oportunidade ao estudo. à minha mãe, pelo cuidado, apoio e torcida. à Vic e ao Douglas, pela amizade, por todas as ajudas e pelo ouvir. à todos professores, amigos e familiares, que de forma direta ou indireta contribuíram com esse processo.


sumário 1. Introdução........................................................................ 01

6. Praças secas.......................................................................86

2. Arte urbana e espaços públicos...................................... 05

6.1. Referências: Isamu Noguchi – Playscapes......................87

3. Minhocão..........................................................................08 3.1. A concepção...................................................................10 3.2. a imagem atual...............................................................13

6.2. Estudo de mobiliário......................................................91 Terreno 1...............................................................................95

3.3. a mudança de imagem...................................................16

Terreno 2...............................................................................97

4. Recorte da área de trabalho.............................................22

Terreno 3.............................................................................101

4.1. Referência Aldo Van Eyck...............................................23

Terreno 4.............................................................................103

4.2. Perímetro........................................................................27

Bibliografia..........................................................................105

4.3. Terrenos..........................................................................31 Nota.......................................................................................47 Projeto...................................................................................48 5. Intervenções de Arte Urbana...........................................49

5.1. Referencias de Arte Urbana...........................................50 5.2. Estratégia de Intervenção Urbana..................................59 5.3. Ponto de Partida.............................................................60 Intervenção 1.........................................................................66 Intervenção 2.........................................................................71

Intervenção 3.........................................................................77 Intervenção 4.........................................................................81


introdução

01. 1


Este trabalho trata de intervenções de arte urbana em espaços públicos que buscam iluminar questões voltadas ao processo de construção da cidade. Trazendo a debate questões e reflexões ligadas à dinâmica social, “a arte participa desta reflexão sobre o que é, o que deveria ser, o que têm sido os espaços de urbanidade” (PALLAMIN, Vera M., 2000). A escolha do Minhocão como área de estudo se deu pelo debate recorrente e em curso sobre a sua destinação futura. Desde a sua concepção questionável dada na ditadura militar no auge do planejamento funcionalista, quando o carro era sinônimo de progresso seguindo os modelos rodoviaristas americanos. E os resultados dessa política na atualidade, o consequente processo de desvalorização imobiliária, o abandono da região, o desconforto gerado e a formação de novos grupos sociais.

Hoje observa-se uma tentativa de mudança de imagem do viaduto, que vem permeada pelo conceito de revalorização dos espaços públicos, o de contato com a natureza e lazer. A sua

transformação em parque ou a sua demolição, em ambas observa-se que uma camada social mais frágil é excluída deste processo, esta camada composta pelos mais pobres, os moradores, principalmente os não proprietários, as pessoas em situação de rua, os trabalhadores e os artistas. Juntamente a esse processo é observado o despertar de uma nova demanda de consumidores e unidades habitacionais que vêm sendo produzidas, anunciando a intenção de uma possível transformação da ocupação atual. Grupos sociais, organizações culturais que existem além das imagens que se projetam de transformação do espaço são esquecidos. Como aqueles que precisam permanecer ali em função da disponibilidade de trabalho, em geral de baixa remuneração copeiros, mecânicos, borracheiros, garçons, ambulantes etc. Também os grupos LGBT+, que tem sua ocupação histórica estabelecida no Largo do Arouche, refugiados de países africanos e trabalhadores da cultura como artistas de teatro, músicos, grafiteiros, pixadores, que também são atraídos pelo aluguel barato.

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Estes, entre outros, correm o risco de desaparecimento por esse processo de transformação, e não possuem políticas de proteção e visibilidade. Principalmente os que ocupam "o chão", as "zonas das sombras", que abrigam as prostitutas, travestis, o consumo de drogas, a população de rua, que é decretada a sua invisibilidade por estes projetos. As intervenções propostas por este trabalho possuem a intenção de iluminar essas questões que muitas vezes ficam implícitas neste processo de produção da cidade e trazê-las ao debate público. Interromper o olhar viciado para o espaço e chamar atenção para estas questões que existe a intenção de serem esquecidas. O trabalho consiste na criação de um percurso de arte urbana que procura transformar espaços subutilizados (terrenos vazios e estacionamentos) em espaços de interação e convívio social através da arte. Criando "respiros" no perímetro com maior adensamento social do viaduto. Parte pela escolha de lotes próximos às habitações, observado a carência de espaços públicos na região. Lotes que fazem frente ao plano marginal

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do Minhocão e estão no nível da sua parte inferior, assim estão diretamente ligados. Cada um dos pontos do percurso tem uma intervenção pontual, de maneira que se complete pelo trajeto a temática que se deseja abordar, procurando ressignificar o espaço levando em conta a sua apropriação e uso social existente.

O presente trabalho está organizado da seguinte forma: 1. Arte Urbana e Espaços Públicos, que aborda a conceituação de Arte Urbana como uma produção social do meio urbano e seu papel como um instrumento de apropriação e debate sobre o espaço público. 2. O Minhocão, a sua concepção questionável, a imagem atual, suas ocupações, as mudanças de uso, os perfis dos moradores e as projeções de futuro e como essas implicam na realidade atual.

3. A escolha das áreas de estudo, a partir das referências de Aldo van Eyck. 4. Estudo de caso sobre arte urbana, que estão diretamente ligado aos debates sobre os espaços público.


5. O desenvolvimento das 4 intervenções de arte urbana propostas por este trabalho, que discorrem sobre as questões que implicam os processos de transformação do espaço ligadas ao Minhocão. 6. Estudo de caso sobre Isamu Noguchi, a concepção de mobiliários e a criação de praças secas nas áreas de estudo.

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arte urbana e espaços públicos

02. 5


eles preexistiam a ele e a ele sobreviverão”. 2

Segundo Patrícia C. Philips, a Arte Urbana “é potencialmente enriquecida e alterada por uma multiplicidade de assuntos filosóficos, políticos e cívicos. (...) Evidentemente, Arte Pública não é pública somente por estar em espaços externos, ou em algum espaço público identificável, ou porque é algo que quase todos podem aprender; é pública porque é uma manifestação de atividades artísticas e de estratégias que tomam a ideia de público como gênese e assunto a ser analisado”. 1

Tomando este sentido, se compreende que a Arte Urbana não é definida apenas por sua localização pública (praças, ruas, sob viadutos) mas sim, pelos assuntos e a temática que aborda e como são recebidos. Deve-se compreender que a Arte Urbana é diferente de outras manifestações artísticas que ocupam o espaço público, como os monumentos históricos, bustos e esculturas. Estes, por sua vez, como explica Augé sobre monumentos, “[...] não são diretamente funcionais, imponentes construções [...] em relação às quais cada indivíduo pode ter a sensação justificada de que, para a maioria,

Tais monumentos estão ligados a ideia de datas comemorativas, figuras históricas e a função decorativa, que nem sempre levam em conta suas relações com os locais que as abrigam. Por outro lado, as manifestações de Arte Urbana estão diretamente ligadas com o espaço público, como parte da produção do espaço urbano socialmente construído. Na Arte Urbana “a cultura é socialmente situada e especialmente vivida. Suas significações são espacialmente encarnadas” (PALLAMIN, 2000, p. 29). Se torna uma prática crítica, que evidencia pontos de tensão que marcam a cidade e buscam iluminar questões voltadas ao seu processo de construção. Trazendo a debate questões e reflexões ligadas à dinâmica social. Estes pontos de tensão nas cidade podem ser resultados pelo conflito de diferentes interesses, os processos que transformam a cidade e forma que ela é vista.

(1) PHILLIPS, Patricia C, apud KARA JOSÉ, Beatriz. Espaços Públicos e Manifestações Artísticas. p. 7. (2)AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade, p. 58. 6


E como a busca pelo apontamento dessas questões é comum encontrar a mistura da arte com o ativismo, que trazem à tona questões de debate público, como habitação, a exclusão social, o racismo, processo de gentrificação e percebe-se “um modo de expansão da política à arte” (PALLAMIN, 2000, p. 49). Tornando o espaço urbano como um local de debate,

como “não-arte”, ligado ao seu repertório estético e cultural ou mesmo por uma questão de conflito de interesses, dada a disputa simbólica que existente pelos espaços públicos. É comum marginalizar e vandalizar essas práticas, principalmente quando vindo das camadas sociais mais frágeis.

“Quando não confronta uma política com outra, o protesto encontra apoio na poesia, na música, no teatro, e também na espera e na esperança do extraordinário (...)” 3.

Conforme coloca Argan, “Na condição atual da cultura se permite até mesmo que (...) um objeto possa ser contemporaneamente arte e não-arte, a qualificá-lo ou não como arte bastando a intencionalidade e atitude do artista e também do espectador” (ARGAN, Giulio Carlo, 1984).

Essa condição atual torna a “apropriação da coletividade” sobre a arte urbana subjetiva, principalmente quando se trata de manifestações como o grafite, o espectador pode interpretá-lo

(3) LEFEBVRE, Henry, apud PALLAMIN, Vera M. Arte Urbana São Paulo: região central, 2000.

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minhocĂŁo

03. 8


Fig 01: "Elevado, o triste futuro da avenida". Manchete do jornal O Estado de São Paulo em dezembro de 1970

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Fig 02: Minhocão engole a praça Marechal Deodoro em charge de Biganti, 23/5/1970 – Acervo Estadão


3.1. a concepção O Elevado Presidente João Goulart, que nasceu como Elevado Presidente Costa e Silva em homenagem ao segundo presidente do Brasil na Ditadura, hoje é popularmente conhecido como Minhocão. É um trecho de 3,5 km de via elevada, uma gigantesca estrutura viária, que faz ligação entre as regiões Leste e Oeste da Cidade de São Paulo.

Foi idealizado pelo então indicado prefeito da cidade de São Paulo, Paulo Maluf, para aumentar a velocidade de deslocamento de veículos. A proposta fazia parte do Plano de Avenidas de Prestes Maia, que foi concebida em 1930. A sua construção levou apenas 15 meses, entre outubro de 1969 e dezembro de 1970, sendo inaugurada no início de 1971, quando esse tipo de construção viária já era questionada e abandonada em outros países. A construção nesse período era tratada pelo seu idealizador, Paulo Maluf, como uma obra luxuosa e moderna, um progresso à cidade. Foi construído no auge do planejamento urbano funcionalista, quando o carro era sinônimo de progresso e a cidade de São Paulo passava por

uma série de intervenções baseadas em um projeto rodoviarista, pautado pela mobilidade individual e motorizada. Durante um regime ditatorial, sem levar em conta a realidade social, priorizando o uso do automóvel acabou trazendo resultados negativos para região. A infraestrutura possui largura variável de 15,5m e 23m, com quatro faixas para carro, sem acesso para pedestres ou ciclistas. A sua altura é de cerca de 6,5m da cota viária, o que resulta na altura do 1º e 2º pavimentos das edificações lindeiras, a distância entre estes é de cerca de 5m, o que começou a sinalizar desde sua obra o desconforto para vizinhança. Já em 14 de janeiro de 1971, começava-se a questionar a obra e criticar seus efeitos, como mostra um trecho do Jornal O Estado de São Paulo, “obras barulhentas, sujas e de turnos interruptos e famílias que mesmo antes da construção estar acabada já moravam debaixo do viaduto”4.

Assim os efeitos começaram a ser sentidos quase de imediato. O barulho excessivo, a poluição

(4) MARGINALIZADOS já se instalam no Minhocão. O Estado de São Paulo.14 de Jan. 1971. Disponível em: <https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19710114-29378-nac-0021-999-21-not/busca/Minhoc%C3%A3o.>

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poluição gerada pelos carros, a falta de privacidade, principalmente com seu funcionamento de 24 horas. Também o lugar inóspito e escuro que se gerou na parte inferior do viaduto. Com os moradores insatisfeitos desencadeou-se um processo de abandono da população de classe média e média alta, assim a desvalorização imobiliária seguida pela degradação do espaço. Foi "como se o sonho modernista de uma cidade multinivelada, de tráfegos independentes e desimpedidos, se desdobrasse em pesadelo (...) passaram a tratar a região central como mero nó de articulação e passagem na estrutura viária da cidade, priorizando a circulação em grande escala em detrimento das áreas atravessadas. O Minhocão, em especial, resultou numa desvalorização drástica e imediata do entorno, mesmo situando-se em região até então muito procurada para empreendimentos verticais."5

(5) CAMPOS, 2008, p. 20 e 42. apud ZAIDLER JUNIOR, Waldemar, 2014. 11

Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-17102014-102150/pt-br.php>


Fig 03: Construção do Minhocão, Agência Estado/Estadão Conteúdo

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3.2. a imagem atual O processo de desvalorização gerou o perverso efeito positivo para a população mais pobre. Criou a oportunidade de grupos de baixa renda a possibilidade de morar no centro, próximo ao seu trabalho. A morte da rua e o degradar do entorno, desvalorizou os prédios à sua margem, que tiveram seus valores imobiliários e para locação diminuídos, permitindo que um novo grupo social tivesse condições de ocupá-lo. Essa nova ocupação social hoje é composta por grupos LGBT+, que tem sua ocupação histórica estabelecida no Largo do Arouche, trabalhadores na maioria de baixa renda, refugiados de países africanos e trabalhadores da cultura como artistas de teatro, músicos, grafiteiros, pixadores, que são atraídos pelo aluguel barato.

trabalhadores como copeiros, mecânicos, borracheiros, garçons, ambulantes etc., trabalhadores que recebem baixa remuneração que procuram o centro por função da disponibilidade de trabalho.

O mapa a seguir mostra a alta densidade de empregos por quadra na região, que em quase toda a sua extensão é alta, superior a 150 empregos.

O uso e ocupação na maioria se dá pelo uso misto e residencial, os térreos dos edifícios no geral, são ocupados por pequenos e simples estabelecimentos comerciais e de serviços, de característica popular e uso cotidiano, oficinas mecânicas, borracharias, botecos e pensões. As residências, cortiços e pensões são ocupadas por

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Fonte: RAIS, 2017 (Elaboração: SP Urbanismo, 2019)


Essa população que hoje vive o abandono, a degradação e a poluição. Os gráficos a seguir mostram como os níveis atuais da poluição sonora e atmosférica são muito superiores que o aceitável pela CETESB.

Níveis de poluição atmosférica medidos ao longo de uma semana (Fonte: Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da FMUSP)

Níveis de ruído medidos ao longo de uma semana (Fonte: Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da FMUSP)

A parte inferior do viaduto, “as zonas das sombras”, abrigam as prostitutas, travestis, o consumo de drogas e muitas vezes é um teto para população de rua. Se tornando uma vitrine da pobreza e da miséria da cidade é também palco de manifestações artísticas, estando muito presente o grafite nos pilares do viaduto. Aos finais de semana, quando fechado, o Minhocão faz função de parque seco e é ocupado por diferentes grupos cívicos, para atividades de lazer, encontros sociais, eventos e festas.

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Fig 04: Moradores de rua parte inferior do MinhocĂŁo + grafite 15


3.3. a mudança de imagem O processo de transformação da imagem do Minhocão tem sido dado ao longo dos anos desde sua concepção. A seguir, apresento brevemente uma linha do tempo com os fatos mais pontuais desse processo.

1971: O Minhocão é inaugurado, após 12 meses de obras. 1976: A prefeitura restringe a circulação de carros no local entre meia-noite e 5hs. 1987: O primeiro projeto para transformar o Minhocão em jardim suspenso é apresentado ao prefeito Jânio Quadros. 1989: A prefeita Luiza Erundina decide ampliar o horário de fechamento do elevado de segunda a sábado entre 21:30 e 6:30hs. 1996: O fechamento das vias do Minhocão é ampliado pela prefeitura para domingos e feriados, durante o dia inteiro.

2006: a Prefeitura Municipal de São Paulo começa estabelecer uma série de medidas visando intervenções urbanísticas, que propõem 6 “recuperar” a região central . 2010: a Operação Consorciada Lapa-Brás7 propunha intervenções no sistema ferroviário, que o transformaria em um sistema subterrâneo, além de parques, ciclovias, entre outros a demolição do Minhocão, que previa revitalizar seu entorno. 2013: Um grupo de moradores funda a Associação Parque Minhocão para defender a criação de um parque suspenso. 2014: o projeto de lei nº 16.0508, de 31 de julho foi encaminhado à Câmara Municipal para a criação do Parque Minhocão, e o Plano Diretor de São Paulo de 2014, que em seu artigo 375º, parágrafo único, estabeleceu prazo para a desativação do trânsito e demolição ou transformação em parque.

(6) https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/02/minhocao-enfrenta-decadas-de-debate-sobre-demolicao-e-parque-veja-historico.shtml (7) OUC-Lapa-Brás “De acordo com o projeto, a superação da barreira ferroviária se dará por meio de seu rebaixamento, transformando-a num sistema subterrâneo desde a Lapa até o Brás - numa extensão aproximada de 12 Km. Na superfície, a proposta prevê uma via de porte estrutural, mas com características urbanísticas diferenciadas - de uso lindeiro intenso, com parques e ciclovias - promoverá melhorias na acessibilidade e permitirá que os eixos transversais de ambos os lados, hoje interrompidos pela presença dos trilhos, possam se conectar. A implantação dessa via criará condições para a demolição do Elevado Costa e Silva e a revitalização de seu entorno.” disponível em <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/novas_operacoes_urbanas/termos_de_referencia/index.php?p=17816> (8) Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014, Prefeitura de São Paulo, disponível em <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/PDE-SuplementoDOC/PDE_SUPLEMENTO-DOC.pdf>

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2016: O Projeto de Intervenção Urbana Parque Municipal do Minhocão9 (PIU Parque Minhocão) conforme as diretrizes do Decreto nº 56.901/2016. Tem como objetivo o desenvolvimento do projeto de arquitetura e urbanismo do equipamento, junto a estratégias do Projeto de Intervenção Urbana do Setor Central da Macroárea de Estruturação Metropolitana (PIU Setor Central). 2018: O prefeito João Doria sanciona lei que estipula as regras de funcionamento do Parque Minhocão durante a semana e nos fins de semana.

Hoje observa-se uma tentativa de mudança de imagem do viaduto, desencadeada em 2006, que vem permeada pelo conceito de revalorização dos espaços públicos, o de contato com a natureza e lazer. Esse conceito fica claro com as ilustrações do mais atual protejo de parque, do ex-prefeito Jaime Lerner, que ilustram o PIU Parque Minhocão.

(9) O Projeto de Intervenção Urbana Parque Municipal do Minhocão (PIU Parque Minhocão) Decreto nº 56.901/2016 https://participe.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/parque-minhocao 17

Fig 05: Piscinas e deques fariam parte do projeto Projeções Lerner Arquitetos Associados/Divulgação


Fig 06: Restaurantes à céu aberto, lojas de flores e outros comércios teriam espaço de instalação Projeções Lerner Arquitetos Associados/Divulgação

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Fig 07: Detalhe da arquitetura das rampas de acesso Projeções Lerner Arquitetos Associados/Divulgação

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As imagens mostram não só uma mudança do espaço, mas também uma mudança da realidade cotidiana e dos grupos sociais que dela participam.

consumidores e unidades habitacionais que vêm sendo produzidas. Anunciando a intenção de uma possível transformação da ocupação atual, na qual resultaria na expulsão dos mais vulneráveis.

Também declarações do último governador de São Paulo, mostram esse interesse pela transformação pautada na ideia de volta do antigo centro de São Paulo, dominado pela classe rica com inspiração nos centros franceses: “Prefeitura quer transformar Largo do Arouche em 'boulevard' com inspiração francesa” declaração do Jornal O Estado de São Paulo sobre entrevista com o então prefeito, João Doria. Outra declaração semelhante do prefeito, "Aqui é conhecido como a 'petit Paris’ na cidade de São Paulo”10

Hoje os moradores de dividem em grupos a favor do parque, outros à sua demolição, outros pela visibilidade e proteção em tais projetos.

Seja ao se falar na sua transformação em parque ou na sua demolição, em ambas observa-se que uma camada social mais frágil é excluída deste processo, esta camada composta pelos mais pobres, os moradores, principalmente os não proprietários, as pessoas em situação de rua, os trabalhadores e os artistas.

A Rede Paulista de Educação Patrimonial, a Repep, enfatiza que mesmo que os projetos ainda não tenham sido executados, a sua previsão já desencadeia um processo de gentrificação. “(...) mesmo não existindo concretamente o parque, mas apenas pela sua projeção de instalação futura, uma vez que vários empreendimentos imobiliários foram erguidos em área próxima ao Elevado e já estão causando risco e perda de referências culturais, em função da revalorização espacial.” 11

Juntamente a esse processo é observado o despertar de uma nova demanda de (10) https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,doria-vai-executar-projeto-de-revitalizacao-do-centro-encomendado-pelo-secovi,70002017074 (11)Gentrificação e Patrimônio Cultural: uma abordagem para a permanência de grupos sociais no centro de São Paulo, p. 3 – Jaime Solares Carmona, Mariana Kimie Nito, Simone Scifoni. 20


Fig 09: Moradores pedem a demolição do elevado Foto: Débora Melo / Terra

Fig 08: A filha do engenheiro Athos Comolatti, Greta, segura a bandeira da Associação Parque Minhocão Foto: Athos Comolatti

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recorte da รกrea de trabalho

04. 22


4.1, Referência – Aldo Van Eyck

Na década de 40, após o fim de Segunda Guerra Mundial, passou a se valorizar a figura da criança. Aldo van Eyck desenhou para Amsterdam entre 1947 e 1978 uma rede de espaços públicos, que faziam parte de uma estratégia de reconstrução da cidade, que se diferenciava da abordagem funcionalista do Movimento Moderno. • Projeto de reconstrução em um espaço construído, buscando interação social e convívio. • Cria espaços públicos capazes de atribuir identidade dentro de uma comunidade, não só criar espaços funcionais. • Deseja incluir aspectos sociais, cognitivos, emocionais e comportamentais recorrendo à arte.

• A criação dos espaços próximos às habitações. Vencendo o tecido urbano consolidado, buscando alternativas em interiores de quadras e na reconversão de ruas.

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Fig 10: Playground Aldo Van Eyck, Amsterdam

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Fig 11: Playground Aldo Van Eyck, Amsterdam

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Fig 12: Playground Aldo Van Eyck, Amsterdam

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Como a referência apresentada, este trabalho procura a criação de um percurso de ativação cultural, através de espaços públicos capazes de atribuir identidade dentro da comunidade por meio da Arte. Não sendo apenas espaços funcionais, mas de interação social, convívio e lazer. Tendo em vista o Minhocão e as suas margens, um espaço degradado, que sofre com uma alta carga de poluição, escuro, inseguro, sendo uma área de opressão e pensando em espaços de descompressão nas áreas mais adensadas que o margeiam e nos seus planos marginais que fazem frente ao viaduto, o projeto procura vencer o tecido urbano consolidado, buscando alternativas em lotes vazios e subutilizados próximos às habitações – como estacionamentos, espaços residuais e a praça em situação de abandono.

4.2. Perímetro O recorte do perímetro parte da identificação das áreas mais adensadas que ladeiam o Minhocão, portanto se deu na porção mais central do viaduto, que possui maior densidade demográfica e menor número de equipamentos culturais e voltados ao lazer (dados observados pelo GeoSampa). Além de ser onde percebe-se as ocupações mais degradadas.

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Mapa Densidade Demográfica - Perímetro esc 1:10.000 (dados Geosampa) - EDITADO


Ampliando o recorte e identificando o uso e ocupação do solo.

Legenda

Uso Misto Serviço

Residencial Comércio

Estacionamento Áreas Verdes

Perímetro

Mapa de Uso e Ocupação do Solo - Perímetro esc 1:6.000 (base Geosampa -EDITADO) 28


Destacando uso misto e residencial, mostra que a maior parte do perímetro é ocupada por habitações, entre uso misto e residencial. Dando oportunidade da criação de espaços próximos às habitações.

Legenda

Uso Misto Serviço

Residencial Comércio

Estacionamento Áreas Verdes

Perímetro

Mapa de Uso e Ocupação do Solo (habitações) - Perímetro esc 1:6.000 (base Geosampa - EDITADO) 29


Destacando os espaços com possibilidade de intervenção – lotes vazios, estacionamentos, espaços residuais e a Praça Marechal Deodoro.

Legenda

Uso Misto Serviço

Residencial Comércio

Estacionamento Áreas Verdes

Perímetro

Mapa de Uso e Ocupação do Solo (terrenos subutilizados) - Perímetro esc 1:6.000 (base Geosampa - EDITADO) 30


4.3. Terrenos Durantes as visitas ao Minhocão foi percebido um grande número de estacionamentos na região, reforçando seu caráter rodoviarista, em geral sendo os únicos espaços sem edificações. Se tornando espaços subutilizados para cidade, que não cumprem com a sua função social e são o perfil da maioria dos terrenos escolhidos para intervenção. A imagem ao lado mostra o volume de estacionamentos que margeiam o Minhocão, dentre os subterrâneos e os terrenos vazios.

Mapa de Manchas de Estacionamentos

s/ esc 31

(base Geosampa - EDITADO)


Na escolha dos lotes foi optado por terrenos que fazem frente ao minhocão, porque até mesmo dentro das quadras e nas quadras próximas percebe-se uma mudança na tipologia das ocupações. As que estão voltadas para minhocão são as mais degradadas e esse plano marginal é o que mais proporciona a sensação de opressão, barulho, escuridão e insegurança, sem espaços de lazer e são altamente adensadas. Já as voltadas as ruas paralelas são na maioria condomínios residenciais de médio padrão, que possuem um perfil diferente aos mais próximos do Minhocão, que são na maioria usos mistos em edificações degradadas. Outro fator de escolha foi por espaços próximas às habitações, dando uma oportunidade de lazer aos moradores.

Fig 13: Fachada degradada voltada ao Minhocão

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Destacado no mapa os 4 terrenos selecionados para intervenção.

4

3 Legenda

2

Uso Misto

Serviço

1

Residencial Comércio Estacionamento Áreas Verdes Perímetro

Mapa de demarcação dos terrenos- Perímetro esc 1:6.000 (base Geosampa) 33


terreno 01

Fig 14: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 15: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 16: Imagem capturada do Google Maps

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terreno 02

Fig 17: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 18: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 19: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 20: Imagem capturada do Google Maps

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terreno 03

Fig 21: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 22: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 23: Imagem capturada do Google Maps

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terreno 04

Fig 24: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 25: Imagem capturada do Google Maps

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Fig 26: Imagem capturada do Google Maps

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nota O planejamento do trabalho contava com ensaios fotográficos e mais estudos in loco, mas devido a pandemia da covid-19 o Governo Estadual de São Paulo decretou quarentena ao Estado, impossibilitando tais atividades como o planejado, também dificultando o acesso a softwares usados para representação gráfica, sendo assim executado o trabalho da maneira que foi possível. 47


projeto

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intervençþes de arte urbana

05. 49


5.1. Referências de Arte Urbana Eduardo Srur Eduardo Srur nasceu em 1974 na cidade de São Paulo. O artista começou com a linguagem de pintura e se destacou nas intervenções urbanas. Suas obras se utilizam do espaço público para chamar a atenção para questões ambientais e sociais da cidade, sempre com o objetivo de redirecionar o olhar dos espectadores e proporcionar reflexões. • Estratégia subversiva • Atrair e reciclar o olhar, com sorte gerar uma reflexão do espectador • Criar um paralelo lúdico • Ideia de retomar o que “o problema” tirou.

Obras 1. Caiaques Composta por dezenas de caiaques tripulados por manequins sobre as poluídas águas do rio Pinheiros, em São Paulo, promoveram uma quebra do visual da cidade. Nas últimas semanas da exposição, o lixo da cidade se juntou às esculturas, criando uma imensa ilha de resíduos e alterando radicalmente a composição da obra. A tripulação de caiaques era uma prática comum no rio antes da poluição que o tornou totalmente.

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Fig 27: Eduardo Srur, Caiaques no Rio Pinheiros 51


2. O Pintado Seguindo a mesma ideia dos caiaques, também implantou a obra “O Pintado” - consiste na representação plástica de um pintado com mais de 30 metros de comprimento e 7 metros de altura sobre uma plataforma de flutuação. “Quero que as pessoas, principalmente as futuras gerações, saibam que alguém teve coragem de pescar neste rio contaminado” 12, diz o artista.

(12) Pintado de Eduardo Srur. Site História da arte. Margaret Imbroisi. 27 ago 2017 Disponivel em: < https://www.historiadasartes.com /sala-dos-professores/pintado-deeduardo-srur/ >

Eduardo Srur, O Pintado no Rio TiÊte

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3. Trampolim E “Trampolim”, com manequins realistas que remetem ao tempo em que era possível nadar no rio.

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Fig 28: Eduardo Srur, Trampolim no Rio Tiête


4. Bicicletas Intervenção urbana realizada na avenida Paulista, em São Paulo. Bicicletas coloridas cruzaram o espaço aéreo, suspensas por cabos de aço durante 20 dias. Um sistema a motor movimentava as peças entre uma fachada e outra, chamando a atenção dos motoristas e transeuntes da avenida. A instalação integrou a Mostra SESC de Artes, na exposição Molina Remix. Proporcionou a reflexão sobre a forma de se deslocar na cidade. Sobre o transito da avenida paulista as bicicletas cruzavam o livre espaço aéreo.

Fig 29: Eduardo Srur, Bicicletas na Avenida Paulista

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Escritório Nitsche O escritório foi fundado em 2000 pelos irmãos Pedro e Lua Nitsch e fica em São Paulo. Desenvolve projetos de arquitetura, arte e comunicação visual, entre elas intervenções urbanas.

1. Escala Urbana •

• •

A intervenção é composta por uma trena de 28 metros de comprimento e 40 centímetros de largura se estende ao longo de construções da cidade, a instalação itinerante se apropria de edifícios, viadutos e ruas, criando uma nova perspectiva sobre a paisagem urbana. A escala monumental das edificações ganha uma nova referência, uma escala gráfica que subverte a relação espacial e construtiva da cidade. De certa maneira o trabalho aproxima e cria uma ponte entre a escala urbana e a escala humana as vezes esquecida. Questiona a escala e a utilização das construções da cidade. Fig 30: Escritório Nitsche, Escala Urbana em viaduto

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Fig 31: Escritório Nitsche, Escala Urbana em edifícios 56


2. Empena Viva •

A intervenção fica localizada nos arredores do Minhocão, é um painel projetado a convite da "Virada Cultural 2015" de São Paulo. A ideia, segundo o escritório, foi a de transformar uma empena cega em uma “empena viva”. O Nitsche Projetos Visuais explica ainda que as empenas cegas no Parque Minhocão formam um conjunto de "telas brancas", como se o elevado fosse uma grande galeria suspensa em escala metropolitana, além de serem cortes dos edifícios em escala real. Redirecionando o olhar do espectador e trazendo uma nova visão para espaços que muitas vezes são esquecidos. Fig 32: Escritório Nitsche, Empena Viva no Minhocão

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Fig 33: Escritรณrio Nitsche, Empena Viva vista Minhocรฃo 58


5.2. Estratégia de Intervenção Urbana

A partir das intervenções estudadas, pontuei os principais fatores que fazem parte de suas composições, se tornando uma estratégia de projeto. 1. Ideia de retomar o que “o problema” tirou. 2. Pautar uma inquietação 3. Reativar esse espaço ou uma área que as pessoas escolhem não ver

4. Transformar a paisagem urbana a fim de provocar uma reflexão do espectador 5. Criar um paralelo lúdico 6. Interromper um olhar viciado sobre a cidade.

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5.3. Ponto de Partida Seguindo um dos fatores da ideia de “retomar o que o ‘problema’ tirou”, fiz uma pesquisa visual da região antes da implantação do viaduto. Foi percebido a recorrente figura do bondes elétricos da light, a partir deste objeto comecei a pautar as minhas inquietações e questões a fim da criação das intervenções.

Fig 34: São Paulo, 1952

Fig 35: O mesmo local atualmente

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Fig 36: Bonde na Avenida São João 61


Registro #01 – Mobilidade urbana • • • • •

• • • • • •

Há 50 anos as linhas de bondes de São Paulo chegavam 169km, quase um terço do que são hoje os 96km das linha de metrô. Hoje a velocidade média do trânsito de São Paulo nos horários de pico é hoje 16km/h, os bondes da light tinham a velocidade média de 30km/h. O Minhocão foi construído pautado pela idade de Modernização e progresso da cidade. Sua construção foi pensada para um único modal, o deslocamento de carros, não é uma via para pedestres e/ ou ciclistas. O Minhocão é uma infraestrutura técnica para massa em grandes distâncias – em detrimento da escala do usuário local? Aconteceu realmente algum um progresso? O Minhocão é realmente útil? Como a mobilidade tem sido tem sido historicamente tratada na cidade? Quem realmente se beneficia? Vale a pena tanto dinheiro investido? A mobilidade urbana está em retrocesso?

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Fig 37: Mapa do metrô de São de Paulo

Fig 38: Mapa das linhas de bonde elétrico de São de Paulo nos anos 50 63


Entre outras questões que permearam o estudo da área e de uma sensação pessoal de corpo e espaço foi feito um segundo registro.

Registro #02 – Um viaduto que nasce com nome de ditador • • • • • •

A maneira impositiva que ele se coloca na cidade, a materialidade, a escala, a posição. A alta carga de poluição, sem iluminação, sensação de opressão. Abrigo para os moradores de rua. A atmosfera que contamina todo o plano que o margeia. Por quem o minhocão está abandonado? Já que ele possui uma altíssima densidade demográfica. O que determina o cuidado para uma determinada área da cidade?

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4 3

2

1

Mapa Intervenções s/ esc (base Geosampa - EDITADO) 65


intervenção terreno 01

A intervenção parte pelo uso da projeção em uma grande empena cega que se ergue diante do Minhocão, o filme projetado é a apresentação do projeto do viaduto por Paulo Maluf, em 1969. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=j44cTNnDHps> Criando um cenário onde o Maluf descreve o Minhocão frente a ele mesmo, gerando um comparativo do viaduto do projeto e a realidade atual, o resultado da política aplicada. O projeto pautado pelo progresso e o modernismo, exaltado como luxuoso pelo então prefeito, idealizado pelo planejamento urbano funcionalista, quando o carro era sinônimo de progresso e as intervenções eram baseadas no rodoviarismo. Movido pela ideia da mobilidade individual e motorizada, durante um regime ditatorial, sem levar em conta a realidade social, priorizando o uso do automóvel. Frente ao espaço que o Minhocão se tornou na realidade, longe de ser um progresso à cidade.

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Trecho das falas retiradas do vĂ­deo.

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ReferĂŞncias diretas

Fig 39: Abraham Lincoln, KRZYSZTOF WODICZKO 68


Fig 40: Croqui – Terreno 01 69


Fig 41: Croqui – Terreno 01 (noite) 70


intervenção terreno 02

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A intervenção 2 tem a intenção de discutir o desconforto físico gerado pelo Viaduto. A sensação do corpo no espaço. O ambiente escuro, a poluição, a sua materialidade e busca trazer alguma "luz" para esse local. Discute também como isso resulta no abandono do lugar e no processo de degradação, como é deixado às sombras. E o resultado dessa grande infraestrutura refletida na escala do usuário. A intervenção, é composta pela representação das figuras dos bondes, por meio de um grande mural, trazendo uma figura que representa o histórico da mobilidade urbana local. Os faróis dos bondes possuindo, cada um, uma fonte de luz. Resultando em um pintura de luz própria e em uma área iluminada.


ReferĂŞncias diretas

Fig 42: Acampamento dos Anjos, Eduardo Srur

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Fig 43: Granville Island, Os Gêmeos

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Fig 44: Croqui – Terreno 02

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Fig 45: Croqui – Terreno 02 com luz

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Fig 46: Croqui – Terreno 02 com luz (noite)

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intervenção terreno 03

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Procura fazer um comparativo direto, entre o bonde e o Minhocão. Parte da abstração da figura do bonde de maneira mais surrealista, criando uma relação de escala direta. Sendo composta por um "trilho de bonde" com o cabo de força elétrico, implantado na mesma altura do Viaduto, deixando os dois lado a lado. Os bondes Há 50 anos possuíam quase 169km de linhas, o que são hoje quase um terço das linhas de metrô em são Paulo, que são 96km. O minhocão que foi construído anos depois da extinção do bonde, pautado pela ideia de modernização e progresso, hoje tem a velocidade média em horários de pico de 15km/h, enquanto o bonde andava em média 30km/h. O minhocão proporciona inúmeros desconfortos aos moradores, ele é pensado unicamente para um modal, motorizado individual. As questões são: Aconteceu realmente algum progresso? O minhocão é realmente útil? Como a mobilidade tem sido historicamente tratada na cidade? Quem realmente se beneficia? A mobilidade urbana está em retrocesso?


Referências diretas

Fig 47: Eduardo Srur, Trampolim no Rio Tiête

Fig 48: Escritório Nitsche, Escala Urbana

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Fig 49: Croqui inicial – Terreno 03 79


Fig 50: Croqui – Terreno 03

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intervenção terreno 04

81

Discute como as projeções de mudança de imagem do minhocão são pensadas, criando um paralelo com o projeto apresentado no PIU parque Minhocão. Observando como é abordada a questão de toda a sua parte inferior, que pouco é mencionada sua situação atual e o seu destino. Então, a intervenção parte por "descer" as passarelas, utilizadas no projeto unindo o Minhocão aos prédios, para o "chão ", como se o projeto pudesse se deparar com a realidade não retratada no mesmo. A questão despertada é: Para quem é projetado o parque Minhocão?


Fig 51: Passarelas Parque Minhocão Projeções Lerner Arquitetos Associados/Divulgação 82


Fig 52: A realidade do “chão” - Ex frequentadores da cracolândia migram para debaixo do Minhcão 83


Fig 53: Croquis iniciais - terreno 04 84


Fig 54: Croqui - terreno 04 85


praรงas secas

06. 86


6.1. Referência: Isamu Noguchi - Playscapes •

Isamu Noguchi se baseia no trabalho abstrato na sua maioria realizado em pedra e baseado em formas orgânicas e geométricas.

Inspirado pela arte tradicional japonesa e pelo surrealismo, é conhecido devido ao seu trabalho artístico em mobiliário e arquitetura urbana.

Seu objetivo maior era criar e fortalecer e valorizar os espaços públicos através da escultura.

Reconhecido pelo mundo da arte, arquitetura e design pós-guerra.

“(...) playgrounds oferecem uma interação física e social que normalmente não é vista em um museu, ele projetou vários espaços públicos onde os visitantes podiam se envolver física e ativamente com a arte.” 13

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(13) Noguchi, Isamu e Rhony Alhalel. " Conversas com Isamu Noguchi ." Kyoto Journal 10 (Primavera de 1989): 32–37. Dísponivel em: <https://www.noguchi.org/isamu-noguchi/>


Fig 55: Moerenuma Park, Sapporo, JapĂŁo 88


Fig 56: Playscape in Atlanta, Georgia 89


Piedmont Park em Atlanta, EUA. Imagem via Flickr 90


6.2. Estudo de mobiliário A partir das formar geométricas e orgânicas e a mistura de esculturas com o mobiliário, foi desenvolvido um estudo de objetos para composição as praças.

Fig 57: Croqui mobiliário espiral

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Espiral


Fig 58: Croqui mobiliรกrio domo Fig 59: Croqui mobiliรกrio tubo

Domo

Tubo

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Fig 60: Croqui mobiliรกrio cubo

Cubo 93


Fig 61: Croqui mobiliรกrio espiral 2

Espiral

Fig 62: Croqui mobiliรกrio quadrado

Quadrado

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terreno 01 Planta Terreno 1 esc: 1:500

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Corte Terreno 1 esc: 1: 200 96


terreno 02

Planta Terreno 2 esc: 1:500

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Corte Terreno 2 esc: 1: 200

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Corte Terreno 2 – Painéis Iluminados esc: 1: 200

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Corte Terreno 2 – Painéis Iluminados (noite) esc: 1: 200

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terreno 03

Planta Terreno 3 esc: 1:500

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Corte Terreno 3 esc: 1: 200

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terreno 04

Planta Terreno 4 esc: 1:500

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Corte Terreno 4 esc: 1: 200

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bibliografia KARA JOSÉ, Beatriz. Espaços Públicos e Manifestações Artísticas. AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. LEFEBVRE, Henri. O Direito à cidade –industrialização e urbanização PALLAMIN, Vera M. Arte Urbana São Paulo: região central. ZAIDLER JUNIOR, Waldemar.Ratículas: as superfícies mudas como lugar da fabulação. CARMONA, Jaime Solares; NITO, Mariana; SCIFONI, Simone. Gentrificação e Patrimônio Cultural: uma abordagem para a permanência de grupos sociais no centro de São Paulo. O patrimônio contra a gentrificação: a experiência do Inventário Participativo de Referências Culturais do Minhocão. HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. MARTINHO, Joana Isabel Peireira. O espaço para a criança na cidade – um estudo crítico a partir da experiência de Aldo van Eyck

PEIXOTO, Nelson Brissac. Intervenções urbanas: arte/ cidade

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2020

CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC


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