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Márcia Gomes Marques

Foto: Bárbara de Almeida

Márcia Gomes Marques

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“Eu vejo potencial nos alunos”

Possui graduação em Sociologia e Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, especialização em Cooperazione e Sviluppo pela Scuola Di Politica Internazionale Cooperazione e Sviluppo, mestrado em Comunicación pela Pontificia Universidad Javeriana, doutorado em Scienze Sociali pela Pontificia Università Gregoriana, pós-doutorado pela Universidade Autônoma de Barcelona e aperfeiçoamento em Educazione AlloSviluppo pela Università degli Studi Di Roma La Sapienza. Foi coordenadora do curso de 2005 a 2007.

“Professora, como foi a experiência de estudar fora? Eu estudei Comunicação Social no mestrado e foi uma experiência muito enriquecedora. Estudei na Colômbia e no México o mestrado e na PUC. Foi uma entrada bem interessante na área de Comunicação porque eu já me interessava por esse campo de estudo, tanto que minha monografia de final de curso foi sobre os meios de comunicação, sobre o programa Globo Repórter. Foi bastante interessante porque uma das questões mais enriquecedoras do mestrado foi ter contato com os autores latino americanos. Tem uma grande produção, e uma reflexão bem interessante sobre os meios de comunicação em vários países latino-americanos. E não temos tanto acesso a essa produção aqui. Além do mais, há uma intensa produção em meios de comunicação. Têm vários países produtores muito importantes em nível de mercado mundial. A Venezuela produzia muito, principalmente televisão. Tinha uma produção importante de novelas, de ficção seriada televisiva. Eu conheci mais dessa produção, seja do meio de comunicação factual, ficcional, unitários, produção em série, desses países. Me familiarizei, por exemplo, com as produções em telejornalismo, talk shows, ficção seriada peruana, argentina, mexicana, sul dos Estados Unidos, que tem uma presença latino-americana muito forte. E a respeito da bibliografia, foi uma experiência que valeu a pena.

A senhora estudou em lugares renomados fora do país. Por que escolheu trabalhar na UFMS?

Quando eu voltei do doutorado, eu estava interessada em dar aula em Universidade. Surgiu a possibilidade de dar aula em uma outra faculdade aqui de Campo Grande, logo surgiu essa possibilidade de dar aula aqui. Eu considero Campo Grande uma cidade com uma qualidade de vida muito alta. Comparada com os grandes centros. Pensei na questão de que a UFMS talvez não fosse tão integrada ao mundo acadêmico de uma forma geral. Não havia mestrado aqui, mas um dos colegas do curso me assegurou que o grupo da Universidade queria desenvolver o mestrado. Eu tinha muita vontade de trabalhar na pós-graduação e ele me garantiu que esse era um projeto que ia ser implantado. Eu comecei a trabalhar primeiro como professora substituta em 2003. Achei o perfil do acadêmico do curso bem interessante. Vi muita potencialidade nos alunos, uma vontade grande de crescer, de saber e levar à diante projetos. E isso é uma coisa bastante interessante,então teve uma combinação de fatores.

Quando a senhora chegou, como era a estrutura física do curso e estrutura pedagógica? Com o que a senhora se defrontou?

A estrutura do curso era bem mais precária do que agora. Nós estávamos em um outro local, as salas eram compartilhadas por vários professores, havia pouco espaço para os acadêmicos. As máquinas eram antigas e com problema de funcionamento. Eu vinha de uma Universidade particular, com uma estrutura física muito boa. A biblioteca era bastante modesta. Essa foi a primeira impressão que eu tive. Eu dava aula para o primeiro ano. Era uma sala do curso de letras. Nós usamos por alguns anos aquela sala. Logo começamos a ver uma modificação nessa estrutura. Primeiro o departamento conseguiu esse espaço. Foi uma boa notícia para o curso. Aqui tinha potencial, tinha muita gente com vontade de trabalhar, com vontade de fazer projetos. Mas essa estrutura que a Universidade nos propiciou, deu lugar ao desenvolvimento de uma série de ações. Maior inserção dos alunos de pós-graduação na Universidade, maior tempo de integração entre pós e graduação.São projetos de pesquisa que possibilitaram a compra de equipamentos que são disponibilizados para estudantes, para o trabalho de pesquisa. De um lado o Governo Federal, de outro lado a Universidade que está prestando atenção nessas demandas dos cursos. Por outro lado, a Fundect, que é nossa agência estadual de pesquisa, que também tem sido sensível a essa demanda..

E quanto às disciplinas que a senhora já deu. Sempre foram as mais teóricas?

A minha prova de concurso aqui foi para a área de Teoria da Comunicação. Essa é uma matéria que eu dou aula desde o meu mestrado. E a minha disciplina, não é voltada à Sociologia, é voltada à Comunicação. Eu sou formada em Sociologia e tenho mestrado em Comunicação e doutorado em Ciências Sociais, na área de Comunicação. Eu dou aula de Teoria da Comunicação aqui desde 2003, Sociologia da Comunicação, acho que é desde 2010. E eu dou aula de Cultura de Massa, que é uma disciplina que está absolutamente dentro da Comunicação. E são disciplinas mais voltadas para a teoria, sim. Eu já dei aula de Metodologia e de História da Imprensa.

Como o mestrado contribui com a profissão?

A pós-graduação é fundamental para o desenvolvimento de qualificação profissional aqui. Você tem que qualificar a região e qualificar os quadros que vão dar aulas nas instituições de ensino. Atualmente, já não cabe mais que você tenha professores com nível de graduação dando aula para a graduação. O primeiro fator de colaboração é a qualificação de pessoas que vão dar aula nos cursos de graduação da região. A gente precisa de, pelo

menos, o nível de mestrado, que é um tipo de formação mais sistemática, com mais aprofundamento teórico, mais discussão e mais reflexão. É importante ter cursos de pós-graduação interagindo com a graduação porque você amplia os horizontes do estudante. Algumas vezes, em lugares onde só há graduação, os estudantes nem pensam na possibilidade de fazer pós-graduação. E o mercado de trabalho, ele pede um profissional mais qualificado atualmente. É importante ter essa relação porque o estudante de graduação, vendo essa possibilidade de perto, consegue visualizar de uma maneira mais próxima a potencialidade que há por trás de uma qualificação mais dedicada e ter uma formação mais circular e que desenvolvam vários aspectos não só as habilidades técnicas.

O perfil do estudante de jornalismo está muito diferente?Porque essa é uma questão que todos os professores têm tocado.

Nosso perfil de estudante era diferente. Na época, nós tínhamos vestibular e tivemos uma grande modificação do perfil do acadêmico depois que entrou o Enem. E o curso era noturno. Isso também fez com que o nosso estudante modificasse um pouco o perfil. Tinham menos bolsas de estudo. Não havia esse espaço físico para receber os estudantes, não tinha toda essas acomodações de agora, de laboratório.

Existiam dificuldades dentro do curso?

Na época, nós tínhamos muitos professores substitutos.Tínhamos pouquíssimas pessoas com pós-graduação. Eram profissionais que estavam no mercado e que vinham dar aula. Tiveram várias contratações de lá para cá.

Isso é bom ou ruim?

Tiveram algumas modificações na profissão, não foi só a queda da necessidade do diploma, mas também todo esse conjunto de mídias e produção que temos agora, ligadas ou não ao exercício direto da profissão, e notei que tem uma maior participação de estudantes do interior do MS do que antes. Tem gente de várias localidades. Eu acho essa mistura de origens produtiva. Eu não sei se esses novos mecanismos de canalização de estudantes pegam os que querem fazer jornalismo ou não. O curso era de Comunicação e vai passar a ser jornalismo, acho que vai ter outra modificação.

Com a nova grade, a disciplina da senhora muda alguma coisa? ” Melhora. Na última grade, nós tivemos uma ampliação das disciplinas práticas de laboratório e diminuição das teóricas. Agora com a grade nova deve haver mais equilíbrio e aumento das teóricas. Acho que outra vez vai modificar o perfil do aluno. Um dos desafios agora é diminuir a evasão.

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