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Gerson Luiz Martins
Foto: Arquivo pessoal
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Foto: Mylena Rocha/ AF UFMS
Formado em Filosofia e Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, em Jornalismo pela UFMS, mestre e doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor em Ciberjornalismo pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha. Trabalhou como jornalista profissional sem ter o curso. Defendia a importância do diploma e em 1999 cursou Jornalismo simultaneamente ao doutorado.
“Quando estudava aqui na UFMS, o senhor já estava no mercado de jornalismo? Eu trabalhava na UCDB como assessor de comunicação e professor. Fiz mestrado em Comunicação e foi uma auto-cobrança minha ter a graduação, depois de já ter registro e fazer o doutorado em Jornalismo. Para mim era muito importante, porque sempre defendi a exigência do diploma.
Já estudava ciberjornalismo?
Sempre gostei de tecnologia, mas em 95 começou a internet no Brasil. Sempre tive interesse de aliar o Jornalismo com tecnologia. Sempre me interessei em cuidar da página de Jornalismo da UCDB. Comecei a pesquisar e estudar. Quando eu entrei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, havia uma disciplina optativa de Jornalismo Online e eu assumi essa disciplina. Na minha cabeça, como é que o futuro do jornalismo era uma disciplina optativa? Desde que eu trabalhava em Campo Grande, comecei a mexer com Ciberjornalismo, isso foi em 2000, 2001.
Como era a estrutura física? Quais professores te deram aula?
Na época era o Jorge Ijuim, o Mauro Silveira, a Maria Francisca Marcelo, a Desiree Cipriano Rabelo, o Edson Silva. A infraestrutura era muito fraca, muito ruim. Haviam máquinas de escrever, depois trocou para computadores e eram IBM. Eram usados por outros setores da Universidade e depois doados para o curso de Jornalismo. Hoje que nós temos uma situação, que não é ideal ainda, mas muito mais confortável que antigamente.
Quanto à estrutura pedagógica, o que o senhor achava?
É interessante observar que havia um grupo de professores que eram concursados, o caso do Mauro, Edson, Licerre. Quase metade do curso erade professores substitutos. Havia dificuldades nesse sentido e o professor substituto não atendia às necessidades.
Qual era o maior desafio nessa época?
Sem dúvida a pedagógica, era a capacidade dos professores.o Curso de Jornalismo na UFMS nasceu da demanda dos profissionais de Jornalismo de Campo Grande e os primeiros professores eram professores do mercado, que tinham boa experiência profissional. Essa experiência,aliada à vontade de qualificar o aluno, foram fundamentais para ter uma qualidade do curso, mesmo não obstante ao problema de infraestrutura. O curso nasceu notur-
no, a primeira expectativa era atender os jornalistas que estavam no mercado.
Quais diferenças o senhor percebe da época em que fez parte do curso e agora como professor? Tanto na estrutura física quanto pedagógica.
A Universidade como um todo está mais organizada. Do ponto de vista dos professores, tem um grupo grande. Já tem uma redação, um laboratório de televisão e rádio informatizados, que é uma coisa natural e fundamental, que faz a grande diferença no curso da UFMS. Também tem um grupo de professores que, mesmo mais novos, tem uma experiência profissional aliada a uma bagagem acadêmica. Essa é uma característica daqui nos últimos anos.
Como o senhor vê a diferença do perfil dos alunos?
O grupo de alunos era muito mais maduro, a faixa etária caiu muito. Quando diminui, às vezes o aluno entra na Universidade sem saber direito o que quer. Antes, faziam dois anos de disciplinas teóricas, e só no terceiro ano faziam disciplinas práticas. Com a mudança que houve nos últimos anos, com mais práticas no primeiro semestre, ajuda os estudantes a escolherem a profissão. Naquela época,os ingressos sabiam o que queriam, muitos estavam no mercado.
Ministrou quais disciplinas?
Redação, Assessoria de Imprensa, Sistemas de Comunicação, Ética em Jornalismo, Ciberjornalismo, e História da Imprensa.
Foi o senhor que implantou o Ciberjornalismo aqui na UFMS?
Foi, quando eu cheguei aqui. Primeiramente eu trabalhava Ciberjornalismo na disciplina de Redação. E depois na reforma que eu e a Daniela fizemos em 2009, implantada em 2010, criamos a disciplina. Em 2003, 2004 estava começando jornalismo na internet.
Quais foram suas experiências em rádio?
Trabalhei um ano na rádio Educação Rural, como locutor. Comecei a fazer programa gravado no domingo e depois ao vivo. É outra coisa. Antigamente a rádio AM tinha uma audiência muito grande, ao vivo, tinha que atender telefone do ouvinte, aquela interatividade, é fantástico! Adoro rádio! Quando eu fazia graduação aqui, o curso tinha uma rádio comunitária.
Eu me voluntariei e fazia um programa na rádio, trazia os discos de casa.
Teve experiência com televisão ou impresso?
Tive, trabalhei na TV Morena com produção de programa. Em redação impressa como colaborador no Diário da Serra, no Correio do Estado e no jornal O Estado de Mato Grosso do Sul. Vivenciava aquela coisa de redação, mas sem trabalhar como repórter.
Como o mestrado está colaborando com o mercado?
Com o mestrado, a mídia local vai ser analisada, criticada e avaliada pela academia.O mercado não está preparado, embora teve a iniciativa da redação de um veículo para que o curso de Jornalismo oferecesse cursos para formação. É um primeiro passo. Ainda não foi concretizado, mas é interessante nesse aspecto. Outro fato interessante é que muitos jornalistas do mestrado são do mercado.
Como o senhor recebeu a noticia da não obrigatoriedade do diploma?
Pessimamente, toda minha vida eu entendi que o diploma é fundamental, que o curso de Jornalismo é uma das áreas estratégicas para a democracia de um país. Uma área dessa importância, precisa de profissionais oriundos da Universidade, não pode ser alguém da prática. É uma condição im-
”prescindível para o Jornalismo de qualidade. Hoje em dia, 90% dos jornalistas que estão no mercado têm formação e temos problemas, imagina se não tivesse formação universitária.