UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
THAIS DE OLIVEIRA GABRIELI
READEQUAÇÃO DO AMBIENTE ESCOLAR PÓS-COVID: ENSAIO PROJETUAL PARA O CMEI ABÍLIO LUIZ FAGUNDES
Vila Velha 2021
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO
THAIS DE OLIVEIRA GABRIELI
READEQUAÇÃO DO AMBIENTE ESCOLAR PÓS-COVID: ENSAIO PROJETUAL PARA O CMEI ABÍLIO LUIZ FAGUNDES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha como requisito parcial para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista sob orientação da Profª. Dra. Erica Coelho Pagel.
Vila Velha 2021
AGRADECIMENTOS Durante essa jornada de cinco anos, imaginei-me escrevendo esse agradecimento diversas vezes. Foi uma jornada intensa, um turbilhão de emoções, e tenho plena convicção de que não conseguiria sem o apoio de pessoas maravilhosas que sempre estiveram ao meu lado. Agradeço primeiramente a Deus, por planejar tão bem meu futuro e me dar a oportunidade de aprender tanto, por me proporcionar realizar esse sonho e, principalmente, por ser meu ouvinte e conselheiro. Agradeço aos meus amados pais, por também não permitirem que eu desistisse em nenhum momento e por nunca me deixarem sozinha, estando sempre presentes e fazendo de tudo para me ver bem. Espero um dia poder cuidar tão bem deles como eles cuidam de mim, com tanto amor e carinho. Ao meu irmão Peterson, só tenho a agradecer por sempre estar ao meu lado quando eu mais precisava. À minha prima maravilhosa, Larissa, só posso dizer obrigada; sou grata por me ajudar tanto em momentos nos quais me via totalmente perdida. Eu amo muito vocês e não saberia como prosseguir nessa jornada sem tê-los ao meu lado. Ao meu grande amor e melhor amigo, Pedro, não há palavras para expressar a minha gratidão por todos esses anos. Sou grata por todo o amor, por toda a paciência, por todo o colo que me deu, por não ter me deixado desistir em nenhum momento, por muitas vezes ter passado a noite em claro ao meu lado, dando-me força e apoiando-me incondicionalmente. Sou extremamente grata pela sua compreensão ilimitada e amor de sempre. Por fim, agradeço aos meus queridos mestres professores, que me proporcionaram uma formação extremamente completa; foram maravilhosos. Um agradecimento especial para a minha orientadora Érica, cuja parceria foi fundamental para que essa jornada se cumprisse. Gostaria de agradecer a todos os meus amigos de faculdade, em especial às minhas duas grandes companheiras Clara e Yasmin. Juntas conseguimos superar todas as adversidades. Elas foram especiais em minha formação; espero que possamos trabalhar por muitos anos transformando a vida das pessoas.
A arquitetura é a arte que determina a identidade do nosso tempo e melhora a vida
das
pessoas.
Não
busco
ser
entendido, busco ser livre. Se se entende a arquitetura como uma arte, vale a pena dedicar a ela a vida inteira.
(Santiago Calatrava)
RESUMO Este trabalho partiu do estudo do ambiente escolar, primordialmente entendido a partir de um padrão funcionalista que se desenvolveu no país, tornando-o arcaico, obsoleto. Baseado nisso, buscou-se demonstrar a importância da arquitetura escolar contemporânea no processo de ensino e aprendizagem e como ela torna o ambiente mais acolhedor e personalizado, levando em consideração os anseios da comunidade local, do contexto inserido e dando a oportunidade de o aluno desenvolver, com mais liberdade, a área que deseja seguir e, assim, exceder a capacitação do currículo formal. Posteriormente, a pesquisa buscou entender quais as recomendações colocadas na literatura atual, pós-pandemia do Coronavírus, uma vez que essa realidade deve ser agora levada em consideração nos edifícios educacionais do século XXI. Por fim, o presente estudo teve por finalidade realizar um ensaio projetual de readequação da área pedagógica do CMEI Abílio Luiz Fagundes, incorporando os conceitos estudados de arquitetura escolar contemporânea e as recomendações para ambientes pós-Covid-19. Com isso, acredita-se ter alcançado o entendimento de que o projeto do ambiente de ensino aprendizagem deve ir além de um lugar de explanação de conteúdo, indo para um lugar de sociabilização onde a criatividade e a curiosidade devem ser estimuladas com saúde e segurança.
Palavras-chave: Arquitetura Escolar. Covid-19. Escola Pós-Covid-19. Parâmetros de Projeto. Ensaio Projetual.
ABSTRACT This work started from the study of the school environment, primarily understood from a functionalist pattern that developed in the country, making it archaic, obsolete. Based on this, we sought to demonstrate the importance of contemporary school architecture in the teaching and learning process and how it makes the environment more welcoming and personalized, taking into account the desires of the local community, the context inserted and giving the opportunity for the student to develop, with more freedom, the area he wants to follow and, thus, exceed the training of the formal curriculum. Subsequently, the research sought to understand what recommendations are made in the current literature, post-pandemic Coronavirus, since this reality should now be considered in the educational buildings of the 21st century. Finally, the present study aimed to perform a projective essay to refit the pedagogical area of CMEI Abílio Luiz Fagundes, incorporating the studied concepts of contemporary school architecture and recommendations for post-Covid-19 environments. With this, it is believed to have reached the understanding that the project of the learning teaching environment should go beyond a place of content explanation, going to a place of socialization where creativity and curiosity should be stimulated with health and safety.
Keywords: The School Architecture. Covid-19. Post-Covid School-19. Project Parameters. Design Essay.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Escola ao ar livre na França......................................................................17 Figura 02 - Escola ao ar livre na Alemanha.................................................................17 Figura 03 - Escola Modelo da Luz, 1929.....................................................................23 Figura 04 - Fachada do Grupo Escolar Visconde de Congonhas...............................24 Figura 05 - Vista superior do jardim de infância Fuji Kindergarten.............................29 Figura 06 - Fechamentos em vidro do jardim de infância Fuji Kindergarten...............29 Figura 07 - Sala de aula do jardim de infância Fuji Kindergarten...............................30 Figura 08 - Banheiro do jardim de infância Fuji Kindergarten.....................................30 Figura 09 - Vista superior pátio Colégio Positivo Internacional, em Curitiba...............31 Figura 10 - Pátio Colégio Positivo Internacional, em Curitiba......................................31 Figura 11 - Fachada Colégio Positivo Internacional, em Curitiba................................32 Figura 12 - Pátio externo Colégio Positivo Internacional, em Curitiba........................32 Figura 13 - Fachada Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión..........................33 Figura 14 - Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión.........................................33 Figura 15 - Pátio Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión – Uruguai...............34 Figura 16 - Vista para as salas de aula, Escola nº 92 de tempo integral......................34 Figura 17 - Círculos dispostos no gramado do Domino Park, Nova York.....................55 Figura 18 - Yoga em domos infláveis na cidade de Toronto, Canadá..........................55 Figura 19 - Estufas de vidro privativas em restaurante, Amsterdã...............................56 Figura 20 - Localização do Bairro no Município de Cariacica......................................61 Figura 21 - Localização do CMEI Abílio Luiz Fagundes no Bairro Jardim de Alah.......62 Figura 22 - Tabela de Índices Urbanísticos – ZEIS II...................................................63 Figura 23 - Acabamento das edificações do entorno..................................................63 Figura 24 - Comércio do entorno.................................................................................64 Figura 25 - Localização CMEI Abílio Luiz Fagundes...................................................64 Figura 26 - Entrada atual do CMEI Abílio Luiz Fagundes............................................65 Figura 27 - Análise ambiental do terreno.....................................................................66 Figura 28 - Dados sobre a infraestrutura do CMEI Abílio Luiz Fagundes.....................66 Figura 29 - Setorização atual do CMEI Abílio Luiz Fagundes......................................67 Figura 30 - Áreas de intervenção no CMEI Abílio Luiz Fagundes................................67 Figura 31 - Salas de aula internamente.......................................................................68 Figura 32 - Corredor das salas de aula........................................................................69
Figura 33 - Pátio descoberto atual..............................................................................69 Figura 34 - Setorização proposta para o térreo...........................................................72 Figura 35 - Setorização proposta para o terraço pátio.................................................72 Figura 36 - Nova fachada frontal.................................................................................73 Figura 37 - Nova fachada frontal.................................................................................74 Figura 38 - Planta baixa humanizada – térreo.............................................................74 Figura 39 - Planta baixa humanizada - terraço pátio....................................................75 Figura 40 - Sala de aula, espaços de trabalho individual.............................................76 Figura 41 - Sala de aula, espaços de trabalho em grupo.............................................77 Figura 42 - Sala de aula, espaço de descanso e leitura...............................................77 Figura 43 - Aberturas, salas de aula...........................................................................78 Figura 44 - Decks, salas de aula.................................................................................79 Figura 45 - Sala de música e dança............................................................................80 Figura 46 - Sala de Leitura e artes...............................................................................81 Figura 47 - Pátio central..............................................................................................82 Figura 48 - Varandas térreo........................................................................................83 Figura 49 - Varandas primeiro pavimento...................................................................83 Figura 50 - Refeitório..................................................................................................84 Figura 51 - Pátio superior, playground........................................................................85 Figura 52 - Pátio Superior, espaços de permanência..................................................86 Figura 53 - Localização dos lavatórios e álcool no térreo............................................87 Figura 54 - Localização dos lavatórios e álcool no primeiro pavimento......................87 Figura 55 - Lavatório localizado na entrada do CMEI..................................................88 Figura 56 - Lavatório localizado no corredor das salas................................................88
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Escolas públicas com acesso à internet...................................................26 Gráfico 02 - Escolas com acessibilidades em suas instalações..................................26 Gráfico 03 - Escolas com acesso a infraestruturas públicas.......................................26 Gráfico 04 - Escolas com espaços de ensino diferenciados........................................26 Gráfico 05 - Divisão dos artigos por área de atuação..................................................44
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Parâmetros da arquitetura escolar - Áreas pedagógicas internas.............35 Tabela 02 - Parâmetros da arquitetura escolar - Áreas pedagógicas externas............37 Tabela 03 - Parâmetros da arquitetura escolar - Conforto ambiental...........................38 Tabela 04 - Parâmetros da arquitetura escolar - Transparência e conexões...............40 Tabela 05 - Síntese dos artigos da área da educação.................................................45 Tabela 06 - Síntese dos artigos da área da psicologia.................................................50 Tabela 07- Síntese dos artigos da área da tecnologia...............................................51 Tabela 08 - Síntese dos artigos da área da saúde....................................................53 Tabela 09 - Síntese dos artigos da área da arquitetura.............................................56 Tabela 10 - Parâmetros para uma arquitetura escolar pós-covid..............................57
LISTA DE ABREVIATURAS
CMEI
Centro Municipal de Educação Infantil
OMS
Organização Mundial da Saúde
UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
OPAS
Organização Pan-Americana da Saúde
CNE
Conselho Nacional da Educação
FDE
Fundação para o Desenvolvimento da Educação
PNE
Plano Nacional de Educação
PDM
Plano Diretor Municipal
ZEIS
Zona Especial de Interesse Social
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1 . INTRODUÇÃO O período em que se passa nos ambientes escolares promove nas crianças uma intensa absorção de conhecimento, por meio de conversas, de brincadeiras e de atividades para desenvolvimento da criatividade e da imaginação. As crianças estão em constante busca por descobertas impulsionadas pela imensa curiosidade, logo, a arquitetura escolar se torna mediadora no processo de aprendizagem. A educação e sua infraestrutura são essenciais para o desenvolvimento das crianças e, consequentemente, para o desenvolvimento de um país, em termos econômicos, mas, principalmente, nas questões sociais, culturais e pessoais. O debate sobre a escola do século XXI ser padronizada e arcaica é corriqueiro. Em relação à infraestrutura escolar, esta deve acompanhar as demandas da comunidade em que está inserida e ainda buscar se adequar às questões de sustentabilidade, de conforto e de psicologia ambiental. Dito isso, para se ter viabilidade de um novo modelo escolar, faz-se necessário uma reflexão sobre o sistema educacional, desde as oportunidades oferecidas e as enormes desigualdades sociais até os meios de ensino e seus espaços físicos. O ambiente escolar contemporâneo necessita dar liberdade e conectar seus usuários para que possam criar laços e relacionamentos, gerando o bem-estar e estimulando a criatividade. O modelo tradicional de educação tende a deixar de lado os aspectos da relação entre o homem e o espaço construído. As escolas contemporâneas necessitam ter foco na aprendizagem, na segurança e no conforto dos seus usuários. Além disso, a conexão com a comunidade local deve ser estimulada, para que o ambiente escolar faça parte do espaço onde está inserido: Ambientes que não inspiram a criatividade não dão suporte aos desafios acadêmicos e científicos e não apoiam as atividades de ensino e aprendizagem da educação. A arquitetura escolar mais tradicional pode tornar-se, portanto, barreira para promover a integração, a diversidade de escolhas e as potencialidades. (NEGRIS, 2018, p. 16).
No final de 2019, o mundo conheceu o novo vírus SARS-Cov-2, que ocasiona uma doença infecciosa popularmente conhecida como Coronavírus, a partir de um comunicado feito pelo governo chines à Organização Mundial da Saúde (OMS) que imediatamente classificou o vírus como perigoso. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo coronavírus constituiu uma emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Em fevereiro de 2020, os casos de coronavírus começaram a se espalhar rapidamente pelo mundo e os primeiros contaminados começaram a surgir no Brasil. Frente a isso, como uma medida para evitar a
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transmissão do vírus nas escolas, o governo brasileiro, por meio do Parecer CNE-CP Nº 5, de 28 de abril de 20201, adotou o ensino remoto emergencial para que o calendário escolar não sofresse alterações. Este método de ensino se respalda pelo Conselho Nacional de Educação, conforme citado a seguir: Em 18 de março de 2020, o Conselho Nacional de Educação (CNE) veio a público elucidar aos sistemas e às redes de ensino, de todos os níveis, etapas e modalidades, considerando a necessidade de reorganizar as atividades acadêmicas por conta de ações preventivas à propagação da COVID-19 (BRASIL, 2020, p. 01).
Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalhou no desenvolvimento de protocolos para o processo de reabertura das escolas; tais orientações mostram as medidas que devem ser tomadas para proteger a saúde das crianças e dos profissionais da educação. De acordo com o Manifesto de reabertura das escolas, assinado pela UNICEF, UNESCO e OPAS/OMS, dentro da escola, é essencial adotar todos os protocolos como: uso de máscara, higienização das mãos, distanciamento social, etiqueta respiratória, ventilação dos espaços, limpeza dos ambientes, espaçamento das mesas e organização das turmas. Com o surgimento das vacinas que combatem a covid-19 e a diminuição dos casos, após a reabertura das escolas com revezamento, em agosto de 2021, diversas escolas, tanto particulares quanto públicas, retomaram o ensino presencial. Devido a esse retorno, fez-se necessário redobrar os cuidados tanto com a transmissão do vírus quanto com o lado emocional de cada aluno, pois essas questões podem afetar seu desempenho acadêmico e seu processo de aprendizagem. Sendo assim, o ambiente escolar precisa estar preparado para receber os alunos de forma acolhedora e segura. No contexto da pandemia da covid-19, a escola se encontra em uma posição de reavaliar o aprendizado e os sistemas educacionais que, em um curto período, tiveram que se adaptar aos meios digitais. Com isso, os espaços físicos precisam ser revistos, pois neste momento os ambientes escolares limitam o estudante a um espaço fechado e introspectivo que não está de acordo com as necessidades comportamentais. A criação de espaços fluídos e flexíveis é de fundamental importância para os novos ambientes de ensino, e devem ser planejados espaços que
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Disponível em < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=147061pcp008-20&category_slug=junho-2020-pdf&itemid=30192> Acesso em: 05 de novembro de 2021
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integrem diferentes modalidades de ensino e flexibilizem seu uso para múltiplas inteligências. Assim como as mudanças ocorridas na educação causadas pela pandemia da covid-19, os ambientes escolares enfrentam diversas mudanças com o passar dos anos. Nesse sentido, pode-se citar o movimento das escolas ao ar livre que fizeram parte das políticas de prevenção a tuberculose, doença que se alastrou por diversos países no início do século XX. Figura 01 – Escola ao ar livre na França
Fonte: Hypeness2. Figura 02 – Escola ao ar livre na Alemanha
Fonte: Fonte: Hypeness3.
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Disponível em: < https://www.hypeness.com.br/2020/06/escolas-ao-ar-livre-criadas-para-combater-atuberculose-no-inicio-do-seculo-20/>. Acesso em: 06 de novembro de 2021 3 Disponível em: < https://www.hypeness.com.br/2020/06/escolas-ao-ar-livre-criadas-para-combater-atuberculose-no-inicio-do-seculo-20/>. Acesso em: 06 de novembro de 2021
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De forma geral, as escolas ao ar livre foram instituições que priorizavam o contato com a natureza e seus elementos para a cura e prevenção de doenças. Tais espaços nasceram do encontro entre a medicina e a educação com o objetivo de frear o avanço da pandemia de tuberculose e estabelecer alternativas para os modelos escolares mais tradicionais. A proposta era de proporcionar um ambiente educativo inovador, com muitos preceitos advindos dos movimentos escolanovistas. A professora da classe pré-primária teria a função de orientar e estimular as crianças para obter conhecimentos a partir da observação, da experiência e de projetos desenvolvidos de acordo com os seus próprios interesses. Previa-se uma galeria de arte para expor trabalhos desenvolvidos pelas crianças e o espaço para o cultivo de uma horta. As histórias contadas pelas professoras poderiam servir de motivo para dramatizações. Já na classe primária, a ideia era de que, por se tratar de uma escola ao ar livre, o contato com as estruturas do parque poderia favorecer, a partir da observação, a aquisição de conhecimentos sobre a natureza, história e geografia. (DALBEN, 2019, p. 15).
A visão é que o momento atual que a sociedade está enfrentando pode se tornar um impulso para mudanças positivas e duradouras nos sistemas educacionais, valorizando o trabalho incessante dos professores, favorecendo o protagonismo dos alunos em seus desempenhos escolares e permitindo que a arquitetura tenha maior relação com todo esse processo, trazendo modificações significativas para uma prática educacional mais atraente e motivadora. O espaço escolar é o primeiro local onde a criança é inserida em uma experiência coletiva, cujas relações são formadas com as demais pessoas e com o ambiente construído. Sendo assim, as intervenções de melhoria para uma prática educacional
mais
motivadora
devem
acontecer
ainda
no
ensino
infantil,
principalmente na área da educação pública, na qual o ambiente construído, muitas vezes, é pouco atraente e ainda segue os padrões tradicionais da educação, sem uma infraestrutura de qualidade e com poucas inovações tecnológicas.
1.1 OBJETIVO GERAL A pesquisa possui como objetivo entender as bases conceituais da arquitetura escolar contemporânea e propor um ensaio projetual de readequação das áreas pedagógicas do CMEI Abílio Luiz Fagundes, tomando como partido a relevância da adaptação dos espaços pós pandemia da Covid-19.
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1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO • Sintetizar parâmetros necessários para o desenvolvimento de uma arquitetura escolar contemporânea; • Analisar como a pandemia da Covid-19 afetou o processo de planejamento do espaço construído; • Propor a readequação do ambiente escolar do CMEI Abílio Luiz Fagundes, em Cariacica, para os parâmetros de uma arquitetura contemporânea pós Covid-19.
1.3 JUSTIFICATIVA O ambiente escolar sempre foi alvo de muitos estudos, por diferentes áreas de ensino e interesse. No que diz ao contexto histórico da arquitetura escolar, a realidade da maioria das escolas públicas nacionais demonstra que, na estrutura escolar, não houve avanço com o desenvolvimento da tecnologia, tornando-a, muitas vezes, arcaica e, assim, inviabilizando uma absorção completa do aprendizado aos estudantes. Não se pode fazer uma análise desta, sem mencionar a necessidade que se tinha há anos de criar-se o maior número de vagas possíveis. Esse processo acabou por padronizar o padrão construtivo estrutural e de ensino. Lima (1989) afirma que a consequência desta necessidade levou governos a esta padronização, uma vez que, com estruturas mais simples, a demanda temporal era menor, assim como o gasto público. Em contraponto, após muitos estudos, houve a constatação da inevitabilidade de se relacionar o ambiente escolar com a qualidade do ensino, demonstrando a necessidade de transformação e integração do ambiente estrutural, escolar, social e tecnológico. Nesse contexto, Doris (2011) corrobora que, para se obter uma educação de qualidade, faz-se necessário uma gama de componentes dos quais devem funcionar de maneira homogênea a fim de proporcionar um aprendizado mais amplo. No cenário atual, devido à pandemia ocasionada pela covid-19, a configuração do ambiente escolar é forçada a se reinventar, o que implicou não só a forma de ensino escolar, mas levou principalmente a uma restruturação no ambiente. Com a necessidade de distanciamento orientada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o retorno às aulas se fez ainda mais importante, pois esse cenário provocou efeitos emocionais em todos, reforçando a relevância de um dos pilares do ambiente escolar, que é o acolhimento e a sociabilização dos alunos, e trazendo à tona que este não é
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um mero espaço para se obter um currículo formal. Partilhando deste mesmo pensamento Dutra, Carvalho e Saraiva, aduz: É aí que conhecemos o mundo além do núcleo familiar e, então, podemos perceber o papel essencial da escola. Papel que está além dos conteúdos programáticos, pois também envolve o ensinar a criar laços, permitindo, assim, que a criança aprenda através da socialização. (DUTRA, CARVALHO, SARAIVA, 2020, p. 294 a 295).
A necessidade da readequação do ambiente escolar torna-se importante, pois as mudanças precisam ser eficazes no sistema estrutural e na unidade de ensino, haja vista estarem diretamente ligados à tecnologia que avança dia a dia. Com o advento do covid-19, viu-se que os ambientes e estruturas escolares devem ser cada vez mais integrados e abertos, com áreas de circulação livre e sem obstáculos para uma renovação de ar eficiente. Ocasionou também um impulso para mudanças positivas no sistema educacional brasileiro, sendo elas a valorização do trabalho do docente e a possibilidade de o aluno ser protagonista do seu processo de ensino. Com isso, reforçou-se que a arquitetura tem um papel fundamental, pois integra todos os componentes do ambiente escolar e social, levando à formação de cidadãos cada vez mais conscientes. Os avanços feitos e os apontamentos de novos objetivos de transformação da arquitetura escolar nos preparam para o enfrentamento desta pandemia, e de outras que poderão surgir, planejando um espaço cada vez mais socializador, acolhedor e saudável para o aluno. A abordagem de tal tema se mostrou relevante, pois o sistema padronizado de aprendizagem já não é mais eficaz, uma vez que o ambiente escolar deve formar, acima de tudo, alunos-cidadãos que devem buscar um futuro diferente para si e para o país. Este ambiente deve ir além de um lugar de explanação de conteúdo, já que é um lugar de sociabilização e onde a criatividade, a curiosidade e o desenvolvimento das artes devem ser estimulados para que, no futuro, os alunos possam escolher com liberdade a área e os planos que irão seguir, pois as diferenças devem ser respeitadas e estimuladas, e não levadas apenas a um ensino básico-padrão. Por fim, para entender a pertinência no campo da arquitetura, constata-se que o ambiente escolar, desde a sua construção, foi pautado pelo funcionalismo. Ainda hoje, esse modelo se faz presente em toda a sociedade, deixando de lado a importância e valorização da arquitetura. Ao se pensar em um ambiente escolar, o projeto, desde a concepção, deve ser único e ser estruturado para atender os requisitos e anseios da comunidade local. Geralmente, isso não é o que efetivamente acontece, levando ao engessamento do arquiteto sempre a padrões construtivos pré-
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estipulados, que se esquece, muitas vezes, de levar em consideração as ponderações do local onde esta estrutura escolar estará inserida.
1.4 METODOLOGIA O estudo foi desenvolvido baseado em pesquisas teóricas, que serviram de suporte, para que, assim, atingisse um ensaio projetual para escola de ensino municipal infantil. A pesquisa, no meio acadêmico, é um mecanismo crucial para a produção de conteúdo e de traçado de diretrizes pertinentes ao tema. A pesquisa trouxe a problematização da constante padronização do ambiente escolar advindos das políticas públicas que visavam apenas a ampliação de vagas e não a personalização do ensino e estrutura fornecidos. A partir da leitura de fontes bibliográficas que abordam o tema e o uso de alguns ambientes escolares modelos, foi possível criar parâmetros projetuais para a produção de uma escola contemporânea, levando em consideração a realidade local, a forma de ensino e a espacialidade. Para o melhor embasamento, além do levantamento bibliográfico e do estudo da realidade atual dos ambientes escolares, agregou-se também o levantamento de dados para nortear-se a respeito da infraestrutura das escolas públicas e para análises sobre o impacto da covid-19 no ambiente construído. Para a construção de uma base de informações sobre o ambiente escolar póscovid-19, foi necessária a análise de artigos científicos disponibilizados pelo Scholar Google, SciELO e Capes – periódicos, entre os meses de Janeiro de 2020 a Abril de 2021, em que foi possível reconhecer as áreas de pesquisas mais estudadas até o momento sobre o assunto, pesquisando palavras-chaves como: arquitetura, escola, pós-covid e pandemia.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ARQUITETURA ESCOLAR Este capítulo descreverá a transformação dos parâmetros arquitetônicos para projetos escolares com o decorrer do tempo, além de discutir a relevância da arquitetura como facilitadora do processo de ensino. 2.1 CAMINHOS DA ARQUITETURA ESCOLAR NO BRASIL Os primeiros espaços dedicados à educação no Brasil eram escolas de ler e escrever, no período colonial. Esses espaços eram salas arranjadas com precariedade de iluminação e ventilação natural (BUFFA; PINTO, 2002). De acordo com Kowaltowski (2011), o processo de organização escolar começou na escola primária em classes sequenciais, em países europeus. Os programas de projeto eram baseados em modelos educacionais franceses, voltados principalmente para a área pedagógica. A arquitetura procurava acompanhar os valores culturais da época, dividindo, por exemplo, as áreas femininas e masculinas, inclusive no pátio de recreação. (KOWALTOWSKI, 2011, p. 83).
Através da arquitetura ornamentada, era demonstrada a importância atribuída à educação durante a Primeira República, voltada principalmente para a elite. A maioria dos edifícios escolares ficavam em áreas adjacentes às praças como uma referência à expressão do poder e da ordem política (KOWALTOWSK, 2011). Kowaltowski (2011) exemplifica a Escola Modelo da Luz, inaugurada em 1897, no Bairro da Luz, em São Paulo. Projetado por Ramos de Azevedo, o edifício possui salas elaboradas para que tenham iluminação e ventilação natural. Figura 03 – Foto Escola Modelo da Luz, 1929
Fonte: Estado de São Paulo, 19294.
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Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/neh/18251896/1895_Escola_Modelo_da_Luz.pdf>. Acesso em: 06 de abril de 2021
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Durante a primeira metade do século XX, a Semana de Arte Moderna e a Revolução de 1930 influenciaram a área educacional e a arquitetura. O edifício, aos poucos, deixou de ser compacto, extinguiu-se a divisão entre os sexos, a implantação apresentava características mais flexíveis, como o uso de pilotis, deixando o térreo livre para atividades recreativas. (FDE, 1998b apud KOWALTOWSKI, p.85).
A criação da Constituição de 1934 também influenciou o cenário da educação, já que obrigava os municípios a investirem 10% dos impostos neste setor. Além disso, com a ascensão de Getúlio Vargas, a educação pública foi idealizada para o remodelamento do país em busca da democracia (KOWALTOWSK, 2011). Para Kowaltowski (2011), nesse período, inicia-se o funcionalismo com integração entre espaços internos e externos, grandes corredores e plantas em formato de “L” ou “U”, para uma boa circulação. Um exemplo é o Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo, de 1936, localizado no bairro do Tatuapé, um projeto do arquiteto José Maria da Silva Neves, que passa a refletir novas concepções pedagógicas, com espaços como o auditório, por exemplo, que passam a ser uma ferramenta para a integração, levando a uma educação mais completa (BUFFA; PINTO, 2002). Figura 04 - Fachada do Grupo Escolar Visconde de Congonhas
Fonte: BUFFA e PINTO, 20025.
Segundo Kowaltowski (2011), no Brasil, a questão de quantidade de vagas atropelava a qualidade da arquitetura, porém, o Secretário de Educação da Bahia, Anísio Teixeira, inspirado pelo programa escola-parque norte-americano, propôs um
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Disponível em: < https://biblioteca.univap.br/dados/000038/00003848.pdf> Acesso em: 06 de abril de 2021.
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sistema em que houvesse a complementação pela educação dirigida. A escola-parque tem os princípios da arquitetura moderna e aborda o convívio como conceito. A necessidade por vagas se acentuou no governo de Juscelino Kubitzchek (1956 a 1961), pois a urbanização levou a uma necessidade de escolaridade por parte do mercado de trabalho. “[...] Precisava-se edificar depressa com pouca verba, o que prejudicava a qualidade construtiva da arquitetura moderna [...].” (ORNSTEIN; BORELLI, 1995). Autores, como Soares (1995 apud KOWALTOWSKI, 2011) argumentam o uso de um padrão construtivo simples para um atendimento rápido à demanda de novas escolas. Para Lima (1989), como consequência de tal situação, muitos governos mantiveram uma relação de cliente com empreiteiras, uma vez que, com construções mais simples, tanto os prazos eram atendidos em relação ao calendário político quanto as taxas de lucro das empreiteiras eram mantidas altas. Embora
esses
projetos
envolvessem
arquitetos,
as
condições
de
desenvolvimento das obras resultaram em espaços escolares “que constituem meros arranjos de construção, sem qualquer preocupação educativa, social ou cultural.” (LIMA, 1989, p. 68).
2.2 CENÁRIO DAS ESCOLAS PÚBLICAS PADRONIZADAS A democratização da educação básica vem ocorrendo através da ampliação de acesso e cobertura escolar, porém, são muito os desafios tais como atendimento e cobertura na educação infantil e no ensino médio, e a melhoria das condições de infraestrutura das escolas. A garantia do direto à educação pressupõe que o processo de ampliar a cobertura garanta a qualidade do ensino. No ano de 2014, foi sancionado o Plano Nacional de Educação, Lei nº 13.005/2014, que estabelece diretrizes, metas e estratégias para a Educação. A Lei nº 13.005/2014 (BRASIL, 2014), que possui vigência até o ano de 2024, estabelece vinte metas divididas em quatro grupamentos, dentre eles, o primeiro grupo é dedicado a metas para a garantia do direito à educação básica de qualidade com a intenção de garantir o acesso, à universalização da alfabetização e à ampliação da escolaridade. O segundo grupo visa à redução de desigualdades e à valorização da diversidade. O terceiro grupo diz respeito à valorização dos profissionais da educação. O quarto grupo é orientado para a questão da educação superior deixandoa sob responsabilidade dos governos federais e estaduais.
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Apesar do Plano Nacional de Educação ser bem elaborado, a vida real enfrenta problemas que são predecessores às propostas previstas. Exemplo claro dessa questão é a meta nº 7, estabelecida por essa lei, que trata da importância de fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, tendo como uma de suas estratégias: 7.15. universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de educação básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação. (BRASIL, 2014, p. 08).
Em correspondência à meta nº 7.15 do PNE, os dados do Censo Escolar de 2020, disponibilizados pelo portal QEdu, inseridos neste estudo por meio dos gráficos abaixo, demonstram que, de um total de 138.487 escolas públicas analisadas, ainda há muito o que fazer para atingir a meta. Gráfico 01 – Escolas públicas com acesso à
Gráfico 02 – Escolas com acessibilidades em
internet
suas instalações
Gráfico 03 –Escolas com acesso a
Gráfico 04 – Escolas com espaços de ensino
infraestruturas públicas
diferenciados
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Escolar/INEP 2020.6
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo Escolar 2020. Disponível em: < https://www.qedu.org.br/brasil/censoescolar?year=2020&dependence=0&localization=0&item=>. Acesso em: 06 de abril de 2021
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Em relação à acessibilidade, todas as pessoas com deficiência física, intelectual, auditiva ou visual possuem o direito à igualdade de oportunidades e cabe às instituições de ensino o dever de manter assegurado o sistema educacional inclusivo em todos os níveis de ensino para promover acessibilidade nas escolas. Segundo o Artigo 24, do Decreto Federal nº 5.296, Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, auditórios, ginásios e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários. (BRASIL, 2004, p. 09).
A partir das análises realizadas por este estudo, é possível concluir que a problemática da educação brasileira não é somente de cunho pedagógico, mas também possuem justificativas na estruturação física dos ambientes escolares. Toda essa questão revela a real dimensão do problema enfrentado pela educação básica brasileira e a necessidade de um maior comprometimento do governo. 2.3 O PAPEL DA ARQUITETURA NA QUALIDADE DE ENSINO Muitos estudiosos relacionam o ambiente escolar com a qualidade do ensino, dentre eles, Kowaltowski (2011) diz que uma educação de qualidade depende diretamente de um ambiente que possua diversos fatores que, de forma conjunta, devem ampliar o processo de aprendizagem dos alunos. De maneira geral, o que permanece ainda hoje, especialmente em edifícios de ensino público, são os moldes da pedagogia tradicional em relação à configuração das salas de aula com os alunos dispostos em fileiras com um professor a sua frente. Dessa forma, a concentração e a atenção cognitiva dos alunos dependem da inércia física. O movimento é rejeitado porque remete a tumultos na sala de aula [...]. (KOWALTOWSKI, 2011, p 61).
Neste mesmo sentido, Mayumi Souza Lima, esclarece que [...] Essa distribuição espacial dos alunos pressupõe que não há necessidade de troca de ideias entre os pares; ouvir o colega, somente através do professor. Descarta-se a possibilidade de as crianças aprenderem a construir suas próprias ideias, manifestar-se, respeitar e ser respeitadas nessa manifestação. (LIMA, 1989, p. 58).
De acordo com Hohmann e Mota (2012), o desenvolvimento do conhecimento das crianças é construído através das interações com as demais pessoas e com o ambiente em que estão inseridas; o conhecimento não é uma cópia da realidade, mas é construído por meio das trocas culturais e das experiências que cada cidadão vive. Os espaços devem ser organizados de forma a desafiar as crianças nos campos: cognitivo, social e motor. Oportunizando a criança de andar, subir,
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descer e pular, através de várias tentativas, assim a criança está aprendendo a controlar o próprio corpo [...]. (HANK, 2006 p. 3).
Quando os espaços escolares não propiciam novas experiências e desafios às crianças, não permitem a formação de novos saberes. Vygotsky (1991, p. 59) afirma que “as crianças, podem imitar uma variedade de ações que vão muito além dos limites de suas próprias capacidades”. Kowaltowski (2011) propõe que a arquitetura escolar é um componente essencial para o planejamento educacional. A autora considera que o Estado, por meio de políticas educacionais, deve valorizar os conteúdos e práticas pedagógicas, mas também o aspecto ambiental dessas práticas. Todavia, ainda no século XXI, de acordo com Walden (2009, apud Negris, 2018), projetos escolares têm utilizado padrões de uma sociedade industrial. Porém, há uma perseverante tentativa de afastar os projetos escolares atuais da organização espacial das escolas do século XIII e XIX, a fim de que se aproximem de novos parâmetros e considerações sobre o aprendizado contemporâneo. 2.4 CARACTERÍSTICAS DA ARQUITETURA ESCOLAR CONTEMPORÂNEA A arquitetura escolar é apresentada como importante e essencial, devido ao longo tempo que se passa nos ambientes de ensino. Cada aluno responde às características do ambiente e se apropria deste espaço de maneira diferente. A arquitetura do edifício escolar interfere, deveras, no modo como as relações em seu interior acontecem e, consequentemente, na forma como os alunos compõe seu conhecimento e, por assim dizer, aprendem, de fato. Assim, de modo particular, é necessário ter conhecimento de quais são as necessidades dos alunos, professores e funcionários em geral, a fim de prover uma arquitetura facilitadora do e participante no currículo. (NEGRIS, 2018, p. 55).
Negris
(2018)
aponta
que
as
escolas
contemporâneas
necessitam
acompanhar novos parâmetros para garantir que seus ambientes sejam funcionais de acordo com as demandas da aprendizagem e, para alcançar esse resultado, de acordo com Leiringer e Cardellino (2011); Deed e Lesko (2015); Sigurdardóttir e Hijartarson (2016, apud Negris, 2018), é necessária a utilização de plantas-livres, que expressam a oportunidade de flexibilização e permeabilidade, garantindo a autonomia dos atores, uma vez que permite a liberdade de práticas educacionais variadas. Gislason defende: “[...] que o sucesso de um projeto diz respeito a quão bem ele auxilia determinado programa educativo. Se existe um bom encaixe entre o projeto e programa, então o projeto tende a facilitar e reforçar à prática educacional [...].” (GISLASON, 2010, p. 128 apud NEGRIS, 2018).
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As plantas livres, ou plantas abertas, podem possuir diversos significados. Negris (2018, p. 78) aponta que plantas livres podem ser interpretadas como: “A criação de ambientes visualmente acessíveis, fazendo uso da transparência ou por paredes móveis e deixando livre para que todos tenham acesso (ao menos visual) às atividades que ocorrem na escola. Essa característica não deixa apenas à mostra a atividade e seus participantes, mas tem a função de compartilhar o conhecimento”.
O projeto do jardim de infância Fuji Kindergarten, construído na cidade de Tokio, em 2015, pelos arquitetos da Tezuka Architects, demonstra a utilização de plantas livres. O design circular permite que os alunos circulem mais, deixando o sedentarismo de lado. As quatro salas de aula não possuem paredes para o exterior e sim portas de vidro, proporcionando uma maior interação das crianças com o ambiente externo e um sentimento de liberdade, desenvolvendo a criatividade dos alunos. Figura 05 – Vista superior do jardim de infância Fuji Kindergarten
Fonte: Archdaily, 2020.7 Figura 06 – Fechamentos em vidro do jardim de infância Fuji Kindergarten
Fonte: Archdaily, 2020.8
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Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/947652/escola-infantil-yoshino-tezukaarchitects?ad_medium=office-landing&ad_name=featured-image>) Acesso em: 20 de abril de 2021 8 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/947652/escola-infantil-yoshino-tezukaarchitects?ad_medium=office-landing&ad_name=featured-image>) Acesso em: 20 de abril de 2021
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Internamente, a escola tornou-se um ambiente integrado, com possibilidade de articular as salas de aula, sendo que as divisões entre as classes são feitas por mobiliários móveis, permitindo a flexibilidade de acordo com as necessidades educacionais. Além disso, os ambientes se articulam bem a escala da criança, com mobiliários adequados e um pé direito limitado a 2,10 metros. Figura 07 – Espaço interno das salas de aula do jardim de infância Fuji Kindergarten
Fonte: Archdaily, 2020.9 Figura 08 – Banheiro do jardim de infância Fuji Kindergarten
Fonte: Archdaily, 2020.10
Outro ponto necessário a se pensar é o desenvolvimento de pátios e salas de aula com maior contato com a natureza para proporcionar uma educação ao ar livre, oferecendo ao aluno atividades cooperativas e, consequentemente, melhorando o desenvolvimento intelectual, a saúde e a inteligência emocional do estudante. A importância do pátio escolar transcende sobre a intensa supressão das áreas livres e de lazer no meio público, oriundas da intensa industrialização e urbanização das cidades. Em sua grande maioria, adolescentes e crianças não possuem espaços seguros e destinados a sua faixa etária para a socialização. Restam-lhes os espaços externos dos ambientes escolares, que, no entanto, encontram-se totalmente desprovidos de aparatos que
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Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/947652/escola-infantil-yoshino-tezukaarchitects?ad_medium=office-landing&ad_name=featured-image>) Acesso em: 20 de abril de 2021 10 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/947652/escola-infantil-yoshino-tezukaarchitects?ad_medium=office-landing&ad_name=featured-image>) Acesso em: 20 de abril de 2021
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viabilizem a integração que as áreas públicas das cidades deveriam conter. [...]. (DALLASTRA. et al. 2018, p. 16).
O projeto do colégio Positivo Internacional exemplifica a integração entre o ambiente interno e o ambiente externo. Construído em 2013, na cidade de Curitiba, pelo arquiteto Manoel Coelho, o projeto procurou explorar a permeabilidade visual através de peles de vidro, com dispositivos de proteção solar e painéis de vedação em telhas metálicas perfuradas permitindo a conexão visual com os espaços externos e a ventilação e iluminação natural. Figura 09 – Vista superior pátio Colégio Positivo Internacional em Curitiba
Fonte: Archdaily, 2021.11 Figura 10 – Pátio Colégio Positivo Internacional em Curitiba
Fonte: Archdaily, 2021.12
O edifício escolar está organizado em um bloco linear em estrutura de concreto (onde estão localizados as salas e os laboratórios) e um volume irregular em estrutura metálica que abriga a biblioteca e a parte administrativa. O elemento principal desta arquitetura é o pátio coberto, sendo utilizado para articular os setores e servindo como grande espaço de convívio dos alunos.
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Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/872442/colegio-positivo-internacional-manoelcoelho-arquitetura-e-design>. Acesso em: 20 de abril de 2021. 12 Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/872442/colegio-positivo-internacional-manoelcoelho-arquitetura-e-design>. Acesso em: 20 de abril de 2021.
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Figura 11 – Fachada Colégio Positivo Internacional em Curitiba
Fonte: Archdaily, 2021.13 Figura 12 – Pátio externo Colégio Positivo Internacional em Curitiba
Fonte: Archdaily, 2021.14
Deliberador (2016) comenta sobre como é importante a comunicação dos usuários com o edifício, tornando-os participantes ativos no projeto da arquitetura escolar, ou seja, os usuários não são somente receptores das mudanças, mas, sim, parte dela. Assim, a compreensão do uso do ambiente escolar é facilitada. [...] um maior nível de participação democrática dos alunos, dos professores, das professoras, das mães, dos pais, da comunidade local, de uma escola que, sendo pública, pretende ir tornando-se popular, demanda estruturas leves, disponíveis à mudança, descentralizadas que viabilizem, com rapidez e eficiência, a ação governamental. (FREIRE, 2014, p. 38). Uma vez sentindo-se mais parte do local, as pessoas têm sua participação ampliada. Um exemplo é o sentimento de controle passado aos usuários, a capacidade de modificar o local como desejarem, como um espaço pessoal – mesmo que este não seja essencialmente individualizado. Essa possibilidade de interação leva a uma sensação de autonomia, segurança e liberdade [...]. (NEGRIS, 2018, p.52).
A escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión, no Uruguai, projetada pelo arquiteto Pedro Barrán, em 2014, demonstra a importância de se entender o contexto
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Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/872442/colegio-positivo-internacional-manoelcoelho-arquitetura-e-design>. Acesso em: 20 de abril de 2021. 14 Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/872442/colegio-positivo-internacional-manoelcoelho-arquitetura-e-design>. Acesso em: 20 de abril de 2021.
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local ao qual o projeto está inserido, uma vez que a escola se localiza em uma área carente do bairro Extensión, com assentamentos informais e habitações de interesse social. Seu projeto tinha como objetivo melhorar as condições de igualdade. Além disso, o desenvolvimento do projeto contou com a participação dos educadores que solicitaram que a escola fosse pequena, permitindo que cada aluno tivesse a oportunidade de ter um atendimento mais individualizado. Figura 13 - Fachada Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión - Uruguai
Fonte: Archdaily, 2015.15 Figura 14 - Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión - Uruguai
Fonte: Archdaily, 2015.16
Pontua-se também, neste projeto, a importância da sua relação com a comunidade local, marcada pelo livre acesso a algumas áreas da escola, como o refeitório, permitindo que os moradores do bairro possam utilizá-lo fora do horário das aulas. Embora existam salas de aula no térreo, um ponto fraco do edifício está na questão da acessibilidade; posteriormente, é possível que a edificação tenha que passar por adaptações, o que é bastante inoportuno. 15
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/761207/escola-n-degrees-92-de-tempo-integralbella-union-pedro-barran-casas >. Acesso em: 20 de abril de 2021. 16 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/761207/escola-n-degrees-92-de-tempo-integralbella-union-pedro-barran-casas >. Acesso em: 20 de abril de 2021.
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Figura 15 – Pátio Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión - Uruguai
Fonte: Archdaily, 2015.17 Figura 16 – Vista para as salas de aula, Escola nº 92 de tempo integral, em Bella Unión - Uruguai
Fonte: Archdaily, 2015.18
Os conceitos da arquitetura escolar se traduzem em parâmetros de projeto com representações gráficas, que demonstrem suas intenções de modo a criar uma arquitetura escolar perfeita e que atenda as especificidades locais, porém, ainda se constituem como um desafio. Alguns autores criaram padrões a serem ponderados durante a elaboração do projeto do edifício escolar. Nair, Fielding e Lackney (2013) defendem que o método dos padrões engloba quatro campos da experiência humana: espacial, psicológico, fisiológico e comportamental. Deliberador (2016) apresenta uma forma de trabalhar com diversos parâmetros de projeto ao criar um baralho da arquitetura escolar com quinze naipes, sendo que cada naipe representa um aspecto. São eles: aspectos pedagógicos, modalidades de aprendizagem, inserção urbana, público-alvo, espaços, pátio, entre outros, pelos quais é possível entender as questões locais e inserir o projeto da melhor forma no contexto local. Por fim, Negris (2018) aponta que a especificidade de cada 17
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/761207/escola-n-degrees-92-de-tempo-integralbella-union-pedro-barran-casas >. Acesso em: 20 de abril de 2021. 18 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/761207/escola-n-degrees-92-de-tempo-integralbella-union-pedro-barran-casas >. Acesso em: 20 de abril de 2021.
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parâmetro criado para a elaboração do projeto arquitetônico escolar é apresentada pela forma como os padrões são harmonizados, bem como o destaque que cada um possui, dependendo do que se deseja transmitir. Partindo dos estudos realizados por tais autores, é possível desenvolver uma síntese em forma de tabela, na qual podemos destacar diretrizes para os ambientes escolares e suas representações e características. TABELA 01 – PARÂMETROS DA ARQUITETURA ESCOLAR Áreas pedagógicas internas PARÂMETROS
IMPORTÂNCIA
Sala de aula
As novas metodologias de ensino demonstram que as salas de aula devem possibilitar maior variedade de configurações de aprendizagem.
Espaço individual para material do aluno
Todo aluno deve possuir um espaço individual e seguro para guardar seus materiais.
CARACTERÍSTICAS - Livre movimentação; - Diversas atividades; - Layout modificável; -Trabalho individual ou em grupo; - Interação com o professor; - Área de circulação minimizada. - Próximo às áreas de estudo; - Cada aluno deve possuir sua mesa. - Layout flexível; - Área expositiva e para trabalhos sujos; - Integração internoexterno; - Áreas para debates. - Espaço exposição e apresentações; - Rádio, atividades multimídia, jornal; - Áreas externas e salas multiuso.
Laboratórios
Nesses ambientes o ensino é obtido por meio da prática.
Arte, música e atuação
Oportunidade para inserir objetos artísticos no edifício escolar
Tecnologias
A tecnologia é utilizada para comunicação, jogos e várias outras funções que a tornam indispensáveis.
- A escola deve ter um sistema wireless, para permitir o acesso à informação em toda sua extensão; - Diversidade tecnológica.
Espaços flexíveis
Espaços multifuncionais são importantes, mas necessitam de arranjos que sinalizem seus usos.
- Grandes dimensões; - Modulação inteligente; - Paredes suficientes; - Divisórias móveis; - Móveis de fácil movimentação; - Fechamento separado da estrutura.
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Campfire Space
Watering Hole Space
Cave Space
Múltiplas inteligências
Relaciona a forma de ensinar de um especialista que compartilhe seu conhecimento com os alunos. São espaços de ensino mais informais onde a cooperação entre alunos é incentivada desenvolvendo habilidades relativas ao discurso social. Preza o espaço individual, para reflexão e estudo dos alunos; é uma metáfora que relaciona uma caverna ao espaço individual. O ambiente escolar deve permitir descobrir as potencialidades do estudante, desenvolvendo as mais frágeis e expressando as mais fortes.
- Área do especialista em local elevado (ou de destaque); - Acústica compatível; - Equipamentos de projeção.
- Aprendizado informal e em grupos; - Nichos em espaços de circulação para trabalhos em grupo. - Entendido como áreas da biblioteca, porém não necessitam de silêncio podendo ocorrer externamente; - Mobiliário confortável que permitam atividade individual. - Cada inteligência só pode ser desenvolvida em espaços com característica própria; - Necessita-se de um planejamento das atividades para definição espacial.
Fonte: Adaptado de Nair, Fielding e Lackney (2013); Kowaltowski (2011); Deliberador (2016); Choas (2016) e Negris (2018).
Os ambientes internos escolares, principalmente as salas de aulas, são onde os alunos passam a maior parte do seu tempo. Sendo assim, é necessário, ao projetar, ter uma maior atenção aos detalhes para estes ambientes, buscando adequações de modo que todos os alunos possam usufruir dos espaços da mesma forma. Nesse cenário, será promovida uma maior absorção do conhecimento, bem como a estimulação a diversas possibilidades de aprender e a sensação de conforto e acolhimento dos usuários, proporcionando, assim, uma experiência escolar motivadora e enriquecedora.
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TABELA 02 – PARÂMETROS DA ARQUITETURA ESCOLAR Áreas pedagógicas externas
/
PARÂMETROS
IMPORTÂNCIA
Entrada convidativa
A entrada deve convidar os alunos, demonstrar que são bem-vindos, além de transmitir proteção e segurança.
Espaço de exposição de trabalhos
É um espaço necessário para que os alunos se sintam valorizados.
Áreas casuais para alimentação
Áreas de educação física
Pátio
As refeições acontecem de forma rígida em um refeitório que normalmente são espaços barulhentos e desconfortáveis; falta a preocupação com elemento estético. A falta de um espaço para exercícios pode causar problemas de saúde além de prejudicar a frequência, o desempenho, a saúde mental e o bem-estar. Os pátios são áreas que incorporam diversas atividades de lazer, além das atividades pedagógicas.
CARACTERÍSTICAS - Identidade própria; - Cobertura ampliada; - Amplo espaço de transição; - Área da entrada para exposição de trabalhos; - Visão para áreas de atividade dos alunos. - Diversas áreas pela escola; - Superfícies verticais e horizontais; - Utilizadas como elemento decorativo; - Feito com trabalho dos alunos ou sobre alunos.
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- Horários flexíveis para as refeições em grupos menores; - Espaços de refeitórios com menores dimensões; - Visuais agradáveis como jardins.
- Atividades realizadas nos espaços internos; - Áreas para ginástica; - Incentivo para hábitos saudáveis e qualidade de vida; - Áreas tradicionais de esporte devem permitir usos mais variados. - Possuir áreas cobertas e livres; - Projeto paisagístico de fácil manutenção; - Deve estar conectado a entrada dos alunos e possuir área generosa para espera.
Fonte: Adaptado de Nair, Fielding e Lackney (2013); Kowaltowski (2011); Deliberador (2016); Choas (2016) e Negris (2018).
Além dos espaços internos de aprendizagem, como salas de aulas e laboratórios, os ambientes externos também podem ser utilizados para ensinamentos,
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como os pátios, os espaços de educação física e até mesmo os refeitórios, trazendo uma nova perspectiva para o sistema de ensino, fugindo do padrão tradicional e acrescentando diversas possibilidades para o aprendizado. Ademais, hoje, os espaços externos dos ambientes escolares possuem um objetivo de promover a socialização entre alunos, professores e funcionários. TABELA 03 – PARÂMETROS DA ARQUITETURA ESCOLAR Conforto ambiental PARÂMETROS
Vistas interiores e exteriores
Mobiliários confortáveis
IMPORTÂNCIA O projeto deve promover vistas de um horizonte externo para descansar a visão e vistas internas instigantes. Há muitas queixas sobre o mobiliário; os alunos sentem falta de conforto e, por passarem muitas horas na mesma posição, a ergonomia é importante.
Iluminação natural
É essencial para o bem-estar fisiológico e psicológico das crianças e adultos que ficam das dependências escolares por muitas horas.
Ventilação natural
A ventilação natural reduz as toxinas presentes no ar criando um ambiente mais saldável.
Iluminação, cor e aprendizagem
A iluminação e a cor utilizadas devem ser pensadas de acordo com cada ambiente e não podem ser frutos de um padrão préestabelecido.
CARACTERÍSTICAS - Visuais a fim de descansar a visão para espaços fora da sala de aula, com horizontes e vegetação; - Uso de vidros. - Cadeiras estofadas; - Variedade de móveis para sentar-se permitindo mudança de posturas; - Assentos macios permitindo discussões agradáveis. - Em climas quentes, é necessário cuidado com a entrada de luz solar. O uso de dispositivos de sombreamento é essencial; - Placas fotovoltaicas devem ser incorporadas para aproveitar a energia solar. - Troca de ar, ventilação cruzada; - Janelas possíveis de serem manipuladas para que os usuários possam intervir; - Janelas altas necessitam de proteção; - A iluminação deve abranger o espectro total para ser compatível com a luz natural; - Áreas de exposição de trabalhos necessitam de iluminações flexíveis; - A mistura de luz indireta e direta deve
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Sustentabilidade
Conforto acústico
Acessibilidade
A arquitetura sustentável é uma chave para obter projetos com altos desempenhos. Isso pode ser explorado no ensino. A qualidade acústica deve ser prioridade nas salas de aula, uma vez que são espaços diretamente ligados ao ensino.
De acordo com os conceitos de desenho universal, a acessibilidade é fundamental para a vivência de um indivíduo em um ambiente, seja público, seja privado.
compor o projeto de iluminação artificial dos ambientes. - Redução do impacto da construção da escola; - Reaproveitamento de materiais; - Minimizar consumo de água e aproveitar a energia solar passiva. - Os materiais utilizados nas salas de aula e os materiais externos devem reduzir a reverberação do som absorvendo os ruídos. - Elementos para permitir o acesso ao ambiente a todos; - Equipamentos para circulação, provimento de privacidade em espaços íntimos; - Inclusão de formas de comunicação variadas; - Considerar a diversidade antropométrica; - O ambiente deve ter dimensões de forma a abrigar confortavelmente o usuário.
Fonte: Adaptado de Nair, Fielding e Lackney (2013); Kowaltowski (2011); Deliberador (2016); Choas (2016) e Negris (2018).
O conforto dos ambientes de ensino, muitas vezes, é negligenciado em projetos escolares, sendo que este possui forte influência sobre o desempenho acadêmico dos alunos. A má iluminação dos ambientes, a falta de uma boa acústica e a sensação de enclausuramento, por falta de ventilação natural, afetam a saúde e o bem-estar dos usuários. Sendo assim, o conforto dos ambientes não deveria ser esquecido na etapa projetual de uma unidade de ensino. Os projetos arquitetônicos escolares devem ser pensados de forma única, levando em conta as condições do terreno, do clima, da ventilação natural, do tratamento acústico, da iluminação natural e da artificial e de
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outras diversas questões que juntas tornarão o projeto do ambiente escolar personalizado. TABELA 04 – PARÂMETROS DA ARQUITETURA ESCOLAR Transparência e conexões PARÂMETROS
Transparência
Conexão entre espaços internos e externos
IMPORTÂNCIA A transparência deve transmitir que a escola celebra a educação e aprendizagem, além de criar um sentimento de abertura. As crianças, necessitam ter uma relação com o ambiente externo, por isso a escola deve propiciar esse contato com a natureza.
CARACTERÍSTICAS -Abertura para áreas administrativas de socialização e estudo; -Visibilidade da entrada; -Visibilidade entre classes; -Corredores com luz natural.
O projeto deve expressar a pedagogia e os valores que a escola deseja exprimir para a comunidade local.
-Expressão da pedagogia e valores da escola; -Elementos simbólicos expostos, na parte interna da escola ou externa.
Assinatura local
Conexão com a comunidade
Proteção e segurança
O edifício escolar deve estar conectado à comunidade através da compreensão de seus valores e desejos para o espaço projetado. Tratar a segurança como uma questão humana e não mecânica. Projetar a escolar que as pessoas se vejam, se conheçam e se comuniquem.
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. -Conexão com a natureza através de jardins e hortas; -Áreas externas como uma extensão; -Conexões físicas diretas e de livre acesso.
A escola deve estar próxima ao centro da comunidade; -Possuir relação com o comércio local; -Ter abertura para o uso da comunidade em suas infraestruturas. -Espaços externos protegidos para segurança interiorexterior do sítio da escola;
Fonte: Adaptado de Nair, Fielding e Lackney (2013); Kowaltowski (2011); Deliberador (2016); Choas (2016) e Negris (2018).
Após análise da tabela 4, é necessário ter em mente que, além de todas as considerações apresentadas, o projeto de uma arquitetura escolar deve ser
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desenvolvido com base no microclima e na situação do entorno em que a escola será inserida. Esses aspectos devem ser considerados desde as etapas iniciais do processo projetual, tornando o ambiente único, indo ao encontro das necessidades locais. Outrossim, a tabela acima deve servir como ponto de partida para projetos escolares, de modo a identificar atributos espaciais importantes para a implantação dele, de acordo com a visão conjunta do arquiteto, da comunidade escolar e da comunidade local.
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3. A ESCOLA PÓS-COVID Pensar na reconfiguração da educação pós-pandemia global, ocasionada pela Covid-19, implica refletir sobre os impactos que toda essa situação gerou à comunidade escolar. O retorno às aulas é importante, principalmente referente ao contexto da sociabilidade que as crianças tanto necessitam para dar continuidade ao seu processo de ensino-aprendizado e desenvolvimento pessoal. É necessário reconhecer que esse cenário provocou efeitos emocionais na maior parte das pessoas: a angústia do isolamento, a ansiedade em relação à correta absorção do conhecimento e a sensação de pressão e cobrança são sentimentos que foram desenvolvidos por muitos durante este processo de pandemia. De fato, hoje, compreende-se a importância dos espaços escolares pela sua prática de sociabilização e acolhimento, indo além de um espaço onde o currículo formal é repassado do professor ao aluno. A arquitetura escolar, mais do que nunca, precisa ter como protagonista, em seu processo, o bem-estar dos alunos e dos professores, além de proporcionar a sensação de acolhimento. Este capítulo assume como perspectiva teórica e metodológica a análise de artigos científicos utilizando 3 bases de dados disponíveis na internet: Scholar Google; SciELO; Capes – periódicos, contendo revistas científicas como Revista Augustus, Revista Ifes Ciência, Boletim de Conjuntura, Revista Inovação Social, Revista Práticas Educativas, Memórias e Oralidades e Práxis Educativa. Para a pesquisa, foram utilizadas as palavras-chaves: arquitetura, escola, pós-covid e pandemia. Mediante a pesquisa, foram encontrados um total de 60 artigos, em português, que envolvem a temática estudada, porém, deste total, dez artigos foram descartados da análise, pois não se enquadravam na temática proposta, tratando de assuntos mais específicos, como plano de ações para hospitais escolas, entrevistas com profissionais da área da saúde, crise educacional segundo pesquisadores do continente africano, entre outros. A análise do material foi feita perante uma leitura prévia dos artigos, e o resultado foi a identificação de textos mais relevantes sobre a arquitetura escolar pós-covid. A leitura de todo material permitiu sua separação em categorias por área de atuação, sendo elas: Psicologia, Educação, Tecnologia, Saúde e Arquitetura, como demonstra o gráfico a seguir.
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Gráfico 05 – Divisão dos artigos por área de atuação
Fonte: Elaborado pela autora com base nos artigos analisados.
Desta forma, criou-se cinco blocos de discussão para a análise dos artigos estudados referentes as cinco temáticas abordadas: a) Educação; b) Psicologia; c) Tecnologia; d) Saúde; e) Arquitetura. 3.1 EDUCAÇÃO Os artigos relacionados à educação, de uma maneira geral, tratam da adoção do ensino remoto emergencial para que o calendário escolar não seja alterado. Tal forma de ensino está respaldada pelo Conselho Nacional de Educação em uma nota de esclarecimento citada a seguir. Em 18 de março de 2020, o Conselho Nacional de Educação (CNE) veio a público elucidar aos sistemas e às redes de ensino, de todos os níveis, etapas e modalidades, considerando a necessidade de reorganizar as atividades acadêmicas por conta de ações preventivas à propagação da COVID-19. (BRASIL, 2020, p. 01).
Outro ponto abordado pelos artigos da área educacional diz respeito ao aumento das desigualdades sociais que, com a inclusão do ensino remoto, explicitou e intensificou a atual situação vivenciada por muitos brasileiros. A falta de recursos tecnológicos destinados à educação acaba inviabilizando o acesso à educação, ou seja, a falta de recursos de muitos alunos para acompanhar as aulas online e executar as atividades agravou as desigualdades. Dentro do grupo de vulnerabilidade em função da desproteção dos direitos humanos estão as crianças e adolescentes, que tiveram, de forma abrupta, de interromper as atividades educacionais presenciais, tendo que dar continuidade aos estudos na modalidade remota. Em virtude das inúmeras
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dificuldades nesta modalidade de ensino, grande parte dos alunos não conseguiu realmente dar continuidade aos seus estudos por não ter acesso à internet ou até mesmo aos materiais pedagógicos, bem como, não ter apoio dos pais e/ou responsável. (VICENTE; SANTOS, 2021, p. 395).
Os trinta e dois artigos da área educacional analisados tratam sobre assuntos relevantes neste momento de pandemia do Covid-19. Todos possuem a finalidade de informar e refletir sobre os efeitos que essa crise ocasionou no sistema educacional brasileiro. A tabela 05 - Síntese dos artigos da área da educação reúne todos os artigos analisados por este estudo e traz um resumo de cada um deles. TABELA 05 - SÍNTESE DOS ARTIGOS DA ÁREA DA EDUCAÇÃO TÍTULO A exclusão social e a educação na póspandemia
AUTOR / DATA Íris Maria De Oliveira Formiga 2020
Escolas: considerações para medidas de mitigação da Covid-19 em contextos internacionais de Baixos Recursos
A covid-19 e o direito à educação
Nota Técnica - Ensino a Distância na educação básica frente a pandemia da Covid-19 Ensinar e aprender em tempo de Covid19: entre o caos e a redenção
Covid-19 e educação: resistências, desafios e (im)possibilidades
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) EUA 2020 Candido Alberto; Susana Oliveira; Enrique Vázquez e Cristina CostaLobo 2020 Todos Pela Educação Abril/2020 José Matias Alves e Ilídia Cabral Maio/2020 Andreia Cristina Barreto e Daniele Santos Rocha Maio/2020 Wagner Feitosa Avelino e Jessica
SÍNTESE Essa pesquisa atesta que as sociais desconstroem a ideia sucesso na educação depende mérito e de interesse. Outro prejuízo na interação entre professores no ensino remoto
diferenças de que o apenas de ponto é o alunos e
A cartilha oferece ideias para reduzir a transmissão da covid-19 com medidas de higiene, de distanciamento, bem como medidas para reconhecer sinais e sintomas, além de suporte para estresse e resiliência. Os autores asseguram que a covid-19 se espraiou pelo mundo graças à globalização. Quanto à educação, após a pandemia, é necessário olhar para saúde. Haverá a necessidade de recuperar valores, comportamento e aprendizagem. A cartilha pontua que o ensino remoto pode contribuir; há risco do aumento das desigualdades com o EAD; o ensino remoto não deve se resumir a plataformas de aulas online; mesmo a distância, a atuação dos professores é fundamental. O artigo conclui que o que está acontecendo não é fácil. Por isso, é preciso organizar as tarefas principais, constituir grupos de reflexão-ação e avaliação, reorientar os órgãos e refazer os planos de contingência. Para as autoras, são muitos os desafios para os professores, e estes são os que mais consomem tecnologia, adaptando-as a cada turma. Além disso, o artigo ressalta a questão da desigualdade de acesso as tecnologias por parte dos alunos. O artigo está voltado para a questão de o professor não possuir uma formação em
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A realidade da educação brasileira a partir da Covid-19 Educação escolar no contexto de pandemia: algumas reflexões Biopolítica e educação: impactos da pandemia de Covid-19 nas escolas públicas Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da covid19
Medidas de prevenção à Covid-19 no retorno às aulas: Protocolos de 13 países
Cinco lições para educação escolar no pós-covid-19
A covid-19 e as voltas às aulas: ouvindo as evidências.
A educação e a Covid-19
Guimarães Mendes Maio/2020 Claitonei de Siqueira Santos Junho/2020 Alexandre de Jesus, Fábio Narduchi e Maria Geralda Junho/2020 Ingrid D’avilla, Ana Maria D’Andrea, Tainah Silva e Flávia Coelho Julho/2020 Letícia Soares e Teresa Helena Schoen Agosto/2020 Bento Duarte da Silva e Teresa Ribeirinha Agosto/2020 João Batista Araujo; Matheus Gomes e Thais Barcellos Setembro/2020 Érika Dias e Fátima Cunha Ferreira Setembro/2020
Covid-19, ensino remoto emergencial e a democratização do acesso à educação no Brasil
Lucas Gomes Faria Setembro/2020 Ítalo Vaz de Melo
tecnologias e de que muitos alunos não possuem conexão de internet, ou seja, a modalidade EAD aumentará as desigualdades entre alunos. O autor faz reflexões sobre a educação na pandemia, contrapondo um discurso sobre revolução na educação pós-crise. O artigo discute o fechamento das escolas, devido à pandemia, e a proposta de reorganização do calendário letivo por meio do ensino a distância. Esse trabalho disponibiliza informações para escolas públicas destacando a comunicação sob mecanismos de transmissão da Covid19 e a implementação de boas práticas que possam contribuir para a promoção da saúde e a prevenção dessa doença nas escolas. No estudo dos autores, a análise de dados identificou providências em relação a quem pode frequentar a escola e à higiene pessoal, à limpeza, ao uso de máscaras e ao distanciamento. A reabertura deve pensar na situação local. Os autores defendem que a educação ocorre de forma heterogênea por conta dos níveis de apropriação de tecnologia. Vendo a importância das tecnologias na póspandemia, é necessária a inclusão digital como uma prioridade nas escolas. A pesquisa apresenta evidências do impacto do fechamento das escolas, examina intervenções a serem implantadas e faz a análise das limitações dos professores, alunos e familiares no ensino a distância. O artigo analisa outras publicações. Os autores discutem temas variados, como pandemia, educação especial, cuidado com grupos minoritários e formação da cultura de paz, com o objetivo de garantir uma educação mais inclusiva. O estudo analisa como a pandemia intensificou as desigualdades e o discurso de equidade de acesso à educação. Este momento cria oportunidade para novas políticas de acesso à tecnologia e à educação.
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As consequências da pandemia (Covid-19) na rede municipal de ensino: impactos e desafios
Setembro/2020
Bernadete A. Gatti Possível reconfiguração dos modelos educacionais pós-pandemia O dia depois de amanhã – na realidade e nas mentes – o que esperar da escola pós-pandemia? Reinventar educação escolar em tempos da Covid-19 Juventudes, escolas e cidade na pandemia da Covid-19 Do conteúdo ao sistema de avaliação: reflexões educacionais em tempos de pandemia (COVID-19)
Apresentação do Dossiê: Educação em tempos de COVID-19
Alguns desafios para a educação básica frente à pandemia de Covid-19
Setembro/2020
Lenise Maria Ribeiro Ortega e Vitor Fiuza Rocha Setembro/2020 Sandrelena da Silva Monteiro Outubro/2020 Victor Hugo Nedel Oliveira Outubro/2020 Hudson do Vale e Francismeire Sales Outubro/2020
Angélica de Almeida Merli
Outubro/2020 Victor Hugo Nedel Oliveira Outubro/2020
De acordo com o estudioso, as mudanças do modelo tradicional levaram a reinventar as práticas pedagógicas, introduzindo mídias digitais. São inúmeras as dificuldades, tais como a falta de acesso à internet e à falta de experiência com tecnologia. Além disso, implica todo um cuidado com aspectos emocionais. Para a autora, a mudança da rotina e das relações provocou ruptura nos hábitos e incitou reflexões sobre o que é essencial. A educação passou a ter mais peso sobre os pais. Tudo chama a repensar a educação fragmentada. O artigo reflete sobre a educação tendo como motivação as inquietações que a pandemia trouxe. Conclui que toda essa situação impôs uma mudança paradigmática à educação escolar que tem seu maior apoio na tecnologia e na adaptação de professores e gestores. A pesquisadora demonstra como aconteceu a suspensão das aulas, migrando para o EAD, e traz os impactos que a crise trouxe para a educação. Este estudo apresenta dados iniciais de levantamento realizado com jovens do ensino médio de uma escola pública de Porto Alegre (RS), sobre suas percepções em relação à covid-19. Os autores refletem sobre como a sociedade sente os impactos da pandemia. Na educação, percebe-se que a tecnologia ajudará a diminuir os impactos, porém é importante pensar que os problemas educacionais podem ir além do uso de tecnologias. A autora afirma que, na busca por manter o vínculo entre crianças e escola, as estratégias têm sido as mais variadas. As tentativas buscam contemplar a todos os alunos e, mesmo que as desigualdades sejam um obstáculo, o vínculo está sendo mantido. O autor constata que as escolas não estavam preparadas para a pandemia. A crise levou a ações a fim de não prejudicar o calendário. Na pós-pandemia, são necessárias a adoção de medidas de higiene e a incorporação de tecnologias.
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Educação no contexto da pandemia da covid-19: adversidades e possibilidades
A pandemia do Covid19 e os impactos na educação
Jussara de Fátima; Juliana Cristina da Costa e Elisângela Ladeira de Moura Outubro/2020 Jurenice da Silva; Marília Rafaela Amorim e Célio da Cunha Dezembro/2020
Novas exigências a Educação Ambiental no contexto pós-covid19: desafios a redefinição do Projeto Pedagógico O teletrabalho coletivo durante a pandemia da Covid-19: um relato de experiência na educação infantil de Florianópolis Desafios da Pandemia para o Futuro da Educação: O Caso Coppead
Covid-19 e a reabertura das escolas: uma revisão sistemática dos riscos de saúde e uma análise dos custos educacionais
Desafios da educação infanto-juvenil: os efeitos da Covid-19
Vilmar Alves Pereira, Marcel Jardim Amaral Dezembro/2020
Juliano Silveira
Janeiro/2021 Roberta Dias, Elaine Tavares, Paula Castro e Leonardo Marques Fevereiro/2021 Márcio Soomer; Driele Peixoto; Giuliano Generoso; Jandrei Markus; Catherine Moura e João Cossi Fevereiro/2021 Aparecido Renan, Paola Alves, Andreza Marques e Diene Monique Carlo Março/2021
Reduzindo iniquidades: uma
Rogerio Luz Coelho Neto
Para as autoras, a pandemia exigiu que os professores se apropriassem das tecnologias e repassassem os conteúdos. O ensino remoto fez com que a escola se reinventasse. É necessário que os professores avancem nessa apropriação, visto que essas metodologias enfatizam o protagonismo do aluno. Os autores afirmam que, diante da pandemia, estudantes aprenderam sua autonomia nos estudos, com organização e planejamento. Apesar das desigualdades, toda a comunidade escolar se esforça para a adaptação ao ensino a distância. Os autores apresentam 10 princípios que apontam para mudanças de compreensões e para reafirmação de pautas que podem contribuir para a garantia da vida em nossas escolhas políticas do Projeto Pedagógico. O autor assevera que a pandemia tem impactado as práticas pedagógicas do ensino infantil. Em virtude do teletrabalho, foi necessário ações para os vínculos com as crianças e famílias por meio de produções audiovisuais compartilhadas. O estudo descreve o processo de adaptação para a virtualização do ensino no Coppead, escola de pós-graduação em administração. A mudança ocorre impulsionada pelo isolamento social adotado no país por conta da pandemia. Este estudo trata do fechamento das escolas como possibilidade de causar efeitos negativos e, portanto, deve ser uma prioridade criar estratégias para reabertura das escolas. Em contextos em que a doença está controlada, é possível manter as escolas abertas sem consequências significativas na transmissão comunitária do vírus. Os pesquisadores refletem que, no grupo de vulnerabilidade dos direitos humanos, estão as crianças que tiveram de interromper as atividades educacionais migrando para o EAD. Em virtude das desigualdades, muitos alunos não deram continuidade ao estudo. Portanto, o direito que era para ser garantido está sendo violado. O autor afirma que o fechamento de escolas não parece efetivo em diminuir a
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defesa da reabertura de escolas no Brasil Maio/2021
transmissão. Faria sentido sendo associado a outras formas de mitigação. Como isso não ocorre e o isolamento não está sendo seguido pela população, o fechamento das escolas só traz prejuízo para as crianças.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados dos artigos citados acima.
Vários são os pontos de vista sobre como a educação deve continuar em tempos de pandemia. Alguns autores, como Luz e Neto (2021) e Soomer et. al. (2021), defendem a reabertura das escolas por não ter comprovação efetiva que o fechamento delas diminui a transmissão do vírus e a modalidade de ensino remoto aumenta as desigualdades entre os alunos, que já são imensas no universo educacional. Outros autores, como Fátima; Costa e Moura (2020) e Da silva; Amorim e da Cunha (2020), argumentam que a adaptação para virtualização do ensino fez professores se reinventarem e alunos se tornarem protagonistas em seus processos de aprendizagem. Por fim, Silveira (2021) indaga que todo esse processo pandêmico trará impactos para a educação, principalmente na criação de vínculos entre alunos e professores, tão importante para o processo de ensino e desenvolvimento da sociabilização das crianças.
3.2 PSICOLOGIA A psicologia foi uma das áreas que aparecem como resultado ao realizar a pesquisa. Em geral, as pesquisas nesse campo trataram de como a pandemia da Covid-19 e a suspensão das aulas presenciais para adoção do ensino remoto afetou a saúde emocional dos professores e dos alunos. Segundo Dutra; Carvalho e Saraiva (2020), a escola possui uma função que vai além de transmitir o ensino, pois é um espaço de socialização, essencial para que as crianças possam estar em contato com seus pares desenvolvendo suas potencialidades. As autoras ainda complementam dizendo que as crianças se sentem mais seguras com a ideia de organização, logo, com o senso de normalidade interrompido pela pandemia, elas sentem falta da rotina. Em relação aos professores, segundo Oliveira; Fernandes; Andrade (2020), a pandemia fez com que os docentes se apropriassem das tecnologias para o repasse dos conteúdos. A mudança abrupta do modelo tradicional levou a novas práticas pedagógicas introduzindo as mídias digitais. As dificuldades vivenciadas neste período são inúmeras, como a falta de acesso à internet e a falta de experiência com tecnologia, sem contar os aspectos emocionais.
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A educação remota vem trazendo questões e desafios para a Educação Básica e para a docência, mas, mesmo com todas as dificuldades, não se coloca em questão a paralisação dessas atividades. Insegurança, necessidade de adaptações rápidas, invasão da casa pelo trabalho e pela escola, ansiedade frente às condições sanitárias e econômicas são elementos presentes no cenário atual que vêm produzindo professores em estado de exaustão. (SARAIVA; TRAVERSINI E LOCKMANN, 2020, p.12).
Os artigos de cunho psicológico demonstram que toda a comunidade escolar teve sua rotina alterada por conta da pandemia e desenvolveu questões emocionais que necessitam ser escutadas e compreendidas para que todos superem este cenário. A tabela 06 - Síntese dos artigos da área da Psicologia reúne todos os artigos analisados e sintetiza o que cada um deles estuda. TABELA 06 - SÍNTESE DOS ARTIGOS DA ÁREA DA PSICOLOGIA TÍTULO Práticas pedagógicas durante a pandemia: desafios nos processos de ensino-aprendizagem da escola pública Covid-19 e o calendário escolar brasileiro: medo e frustração
O efeito da pandemia de Covid-19 na saúde mental das crianças
A educação em tempos de COVID-19: ensino remoto e exaustão docente
O impacto da COVID19 em educação préescolar: análise das estratégias desenvolvidas Comunicação Educativa: perspectivas e desafios com a COVID-19
AUTOR / DATA Lisiane Teresinha Dias Olsen 2020 Nelio Reis, Cristina de Oliveira e Alequexandre Galvez Março/2020 Joyce Dutra, Natália Carvalho e Thamires Saraiva Julho/2020 Karla Saraiva, Clarice Traversini e Kamilla Lockmann Agosto/2020 Cristiana Ribeiro, Ana Claudia Loureiro, Cristina Mesquita e Rui Lopes Novembro/2020 Joaquim José Jacinto Escola Novembro/2020
SÍNTESE Por meio de entrevistas, o estudo foi dividido em três reflexões: pandemia em meio ao calendário escolar, tecnologias educacionais e os desafios dos processos de ensino-aprendizagem na educação remota. Utilizando o método Mann-Whitney, foi possível testar as emoções sentidas por professores e alunos. O resultado da pesquisa apresentou três emoções: medo, tristeza e frustração. O artigo analisa o relato de crianças e nota os efeitos da pandemia em sua saúde mental; mostra a importância do contato social para seu desenvolvimento e a escola como um ponto de convívio. Após explanarem como a pandemia levou os professores a desenvolverem novas estratégias para que o ensino não fosse comprometido, as autoras concluíram que o trabalho se intensificou levando à exaustão dos docentes, gerando estresse e ansiedade. O artigo analisa as práticas educativas na pandemia que tentam manter o contato entre crianças e escola, pois é um vínculo importante, seja por meio das plataformas online, seja por contato com os familiares. O artigo faz uma reflexão sobre a noção da comunicação educativa discutindo sua importância na relação com a tecnologia. Por mais que se tenham diversas ferramentas tecnológicas, não há educação sem a comunicação.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados dos artigos citados acima.
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As pesquisas relacionadas ao campo psicológico fazem uma análise de como a pandemia da Covid-19 afetou a saúde mental de toda a comunidade escolar. Saraiva; Traversini e Lockmann (2020) analisam como a educação remota levou à exaustão dos professores, enquanto Dutra; Carvalho e Saraiva (2020) analisam o relato de crianças e como a pandemia tem afetado à saúde mental delas, mostrando como é importante o contato social para seu desenvolvimento. Por último, Escola (2020) demonstra a importância da comunicação no processo educativo, constatando que somente o uso de tecnologias e aplicativos, sozinhos, não colaboram para o ensino, mas em conjunto com a comunicação educativa trará avanços para a educação.
3.3 TECNOLOGIA O ensino remoto e a adoção de ferramentas tecnológicas e aplicativos foram assuntos tratados nos artigos da área da tecnologia. Segundo Moreira et. al. (2020), é essencial e notável que novas tecnologias precisam ser aplicadas para que, em tempos de pandemia, a educação seja contínua e ininterrupta. Segundo Canti; Sandrini; Soares e Scalzer (2020), a educação, desde o início, é revestida de tecnologia, sendo a linguagem a primeira tecnologia criada pelo homem para facilitar a vida em comunidade. Ao longo dos séculos, a tecnologia vem se transformando e, ao chegar no século XXI, em meio à pandemia de Covid-19, quando se fez necessário o isolamento social, emergiu a necessidade de estabelecer o ensino de forma remota com o uso Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação O uso das TDIC na educação tem sido pauta de muitas discussões de inúmeros profissionais da área, inclusive com a alegação de que esses recursos não garantem um trabalho docente eficiente. No entanto, hoje, com a real situação de pandemia pela Covid-19, a escolha de utilizar ou não as tecnologias digitais nas salas de aula passou a não ser mais opcional. (CANTI; SANDRINI; SOARES e SCALZER, 2020, p. 35).
A tabela 07 - Síntese dos artigos da área da Tecnologia reúne os artigos analisados por este estudo apresentando suas abordagens. TABELA 07 - SÍNTESE DOS ARTIGOS DA ÁREA DA TECNOLOGIA TÍTULO
AUTOR / DATA
Ensinar e aprender: desafios no período covid em Portugal
Joaquim José Escola
2020
SÍNTESE O artigo reflete sobre a importância da ciência e da tecnologia na civilização e as implicações delas em todos os domínios da sociedade, principalmente na educação. Além disso, destaca que a escola necessita reinventar-se e que os professores são desafiados a se adequarem às novas
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Metodologias e tecnologias para educação em tempos de pandemia Covid-19
Educação e covid-19: a arte de reinventar a escola mediando a aprendizagem prioritariamente pelas TDIC
Das aulas presenciais às aulas remotas: as abruptas mudanças impulsionadas na docência pela ação do Coronavírus
Educação e covid-19: as tecnologias digitais Mediando a aprendizagem em tempos de pandemia
Maria Eduarda Souza Moreira
Junho/2020 Josiane Brunetti, Elizabete Caron, Gilvan Soares e Kamila Scalzer Junho/2020
Rosane Teresinha Nascimento da Rosa
Julho/2020
Verissimo Barros dos Santos e Jean Carlos da Silva Monteiro Dezembro/2020
exigências digitais, na identificação de metodologias e estratégias. Após explicar a mudança de ensino presencial para a modalidade de educação a distância e exemplificar o uso da ferramenta Google Classroom, o artigo conclui que a modalidade a distância inviabiliza o processo de aprendizagem, além de afetar a interação social entre crianças e adolescentes. Após o estudo dos diversos aplicativos possíveis para suprir as aulas presenciais, o autor criou um quadro com os tipos de ferramentas e o nível de conhecimento que cada software dispõe, demonstrando para que serve cada aplicativo. Este trabalho aborda as dificuldades que o uso da tecnologia na educação sempre enfrentou, sendo barreiras pautadas na desinformação e na falta de preparo dos docentes. Além disso, os computadores nas escolas continuam subutilizados por aspectos políticos e pedagógicos. Somente a tecnologia não consolida a transformação da educação. É preciso formação de habilidades e competências que possibilite aos alunos serem protagonistas nos estudos. O artigo trata das tecnologias digitais como recursos no processo de aprendizagem em meio à pandemia. Seu objetivo é apresentar aplicativos como o Google Classroom e o aplicativo ZOOM, demonstrando suas potencialidades para o ensino remoto
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados dos artigos citados acima.
A tecnologia se tornou essencial para a educação durante o fechamento das escolas, pois a adoção do ensino remoto forçou até mesmo os educadores mais tradicionais a aceitarem a importância de implementar a tecnologia nos processos educativos. Em relação ao ensino remoto, Moreira (2020) e Santos e Monteiro (2020) discutem sobre a utilização de aplicativos e ferramentas tecnológicas, incluindo suas potencialidades, como o Google Classroom e o aplicativo ZOOM, muito utilizados para aulas expositivas e criação de atividades virtuais. Brunetti, Caron, Soares e Scalzer (2020) montaram um quadro expositivo com todos as ferramentas disponíveis para o ensino a distância possibilitando que a comunidade escolar possa entender as potencialidades de cada um dos aplicativos.
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Por fim, Nascimento (2020) afirma que a tecnologia não é valorizada nos processos educativos, principalmente pela falta de informação e preparação dos professores. O autor conclui que só a tecnologia não consolida a transformação da educação, é preciso formação de habilidades e competências que possibilite aos alunos serem protagonistas em seus processos educacionais. 3.4 SAÚDE A preocupação com a saúde das crianças em uma possível reabertura total das escolas foi ponto de debate. Caixeta; Becker e Maunsell (2020) defendem que, embora existam evidências limitadas de que a escola tenha papel relevante na transmissão da Covid-19, o papel essencial dos médicos, em meio a esse cenário, é informar sobre a real situação e os riscos para a saúde que as crianças e adolescentes apresentarão com a reabertura das escolas. Outro ponto destacado pelos artigos da área da saúde diz respeito a orientações em relação à saúde e aos cuidados que devem ser tomados com o retorno das aulas presenciais. A reabertura das escolas necessita de um plano adequado para minimizar as perdas educacionais e tornar essa volta à escola segura, sem acarretar prejuízos ao processo de ensino-aprendizagem. A tabela 08 reúne os artigos analisados e apresenta os assuntos debatidos. TABELA 08 - SÍNTESE DOS ARTIGOS DA ÁREA DA SAÚDE TÍTULO
Cartilha educação e saúde no combate a pandemia (covid-19)
COVID-19 em crianças: considerações sobre o retorno das aulas
AUTOR / DATA Cristine Brandenburg, Jocyana Cavalcante, Miriam Viviane Baron, Bartira Ercília Pinheiro e Lia Machado Fiuza Fialho Julho/2020 Alexandre Caixeta, Luciana Becker e Rebecca Maunsell
Setembro/2020
SÍNTESE A cartilha divulga orientações em relação à educação e à saúde na possível retomada de aulas presenciais em meio à pandemia. O retorno gradativo das aulas presenciais necessita de um plano adequado para minimizar as perdas educacionais e tornar o retorno às aulas seguro, sem acarretar maiores prejuízos à aprendizagem. O artigo retrata qual o papel do médico frente ao cenário do Covid-19, informando os pacientes dos riscos para a saúde que as crianças e adolescentes apresentarão com a reabertura das escolas, além de orientar os cuidados que devem ser tomados com o retorno. Por fim, o autor conclui que o retorno às atividades presenciais deve ser gradual, opcional e cuidadoso.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados dos artigos citados acima.
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No atual cenário, o retorno gradativo das aulas tem a necessidade de um plano político-educacional adequado, visando a minimizar as perdas educacionais e proteger alunos, professores e funcionários. Essa questão é discutida pelos dois artigos apresentados; tal discussão é relevante, pois a volta às aulas necessita de medidas para reduzir os prejuízos ao aprendizado e medidas para que o retorno seja seguro, com a finalidade de evitar a transmissão do vírus. Se faz necessário reestruturar todo o comportamento da comunidade escolar para que a saúde e o bemestar prevaleçam. 3.5 ARQUITETURA Os artigos analisados da área da arquitetura têm seu foco voltado mais para a importância dos espaços ao ar livre e de como o isolamento social impactou a vida e a saúde da sociedade. Pouco se relata sobre como o ambiente escolar pode influenciar em todo esse processo. Barbirato (2020), em seu estudo, retrata a importância do resgate de princípios básicos de higiene das construções dentro do conforto ambiental e da revisão de princípios bioclimáticos em estudos urbanos frente à crise da covid-19. A autora demonstra a importância da higienização dos ambientes a partir da ventilação e da insolação das envoltórias das edificações, debatidas há anos, porém, a realidade mostra a fragilidade do país frente à situação de catástrofe pandêmica. O desafio torna-se maior quando se sabe que as cidades brasileiras possuem condições conforto e salubridade precárias na maior parte de suas habitações, dos seus espaços públicos, equipamentos e infraestrutura, especialmente nas periferias (BARBIRATO, 2020, p. 17).
Hybiner e Azevedo (2021) avaliaram a influência da iluminação dos ambientes nas emoções de jovens no confinamento causado pela covid-19. Como resultado, notou-se que as emoções positivas relacionadas ao bem-estar estavam ligadas a ambientes abertos como quintais e jardins. Pôde-se observar ainda que a luz fria trazia o sentimento de felicidade aliada à ansiedade. Ambientes com condições favoráveis de conforto ambiental, incluindo visão do céu e atividades a céu aberto (intimamente relacionadas à presença de luz natural) favoreceram o estímulo de emoções positivas; do contrário, ambientes cujas variáveis de conforto eram ausentes ou precárias (incluindo conforto luminoso, tais como ausência de vistas para o exterior, ambientes fechados e escuros) favoreceram o estímulo de emoções negativas dos pesquisados. (HYBINER E AZEVEDO, 2021, p. 47).
Em seu estudo “Cada um no seu quadrado: a pandemia, a cidade e suas bolhas”, Perpétuo e Fontes (2020) destacam inúmeras iniciativas que surgiram para
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os espaços públicos na tentativa de adaptá-los às necessidades de distanciamento social. Algumas iniciativas propõem a utilização de bolhas ou estufas para minimizar o contágio. Como exemplos, citam-se os círculos brancos dispostos de forma simétrica no gramado do Domino Park, Brooklyn, Nova York (figura 17); os domos individuais climatizados utilizados para a prática de yoga, em Toronto, Canadá (figura 18) e as estufas privativas de vidro em um restaurante em Amsterdã (figura 19). Todas essas ideias demonstram a fácil adaptação do ser humano a situações adversas, porém, se faz necessária a busca por soluções arquitetônicas para lidar com as questões sanitárias sem esquecimento das relações socioespaciais com as cidades. Figura 17 - Círculos dispostos no gramado do Domino Park, em Nova York.
Fonte: Archdaily, 202019. Figura 18 - Yoga em domos infláveis na cidade de Toronto, Canadá.
Fonte: Archdaily, 202020. 19
Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/940318/domino-park-em-nova-iorque-introduzcirculos-no-chao-para-garantir-distanciamento>. Acesso em: 18 de maio de 2021 20 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/942492/domos-para-a-pratica-de-ioga-invademos-espacos-publicos-de-toronto>. Acesso em: 18 de maio de 2021
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Figura 19 - Estufas de vidro privativas em restaurante – Amsterdã.
Fonte: Archdaily, 202021.
TABELA 09 - SÍNTESE DOS ARTIGOS DA ÁREA DA ARQUITETURA TÍTULO
O paradigma da ESCOLA no espaço da CASA
AUTOR / DATA André Santos, Bruna Rocha e Jéssica Costa
2020 Roda de Conversa Virtual “Arquitetura em contexto de pandemia: velhas questões, novos caminhos”
Gleice Azambuja Elali
Arquitetura, urbanismo e conforto ambiental: reflexões em tempos de pandemia
Gianna Melo Barbirato
Julho/2020
Agosto/2020
Cada um no seu quadrado a pandemia, a cidade e suas bolhas
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Maini de Oliveira Perpétuo e Adriana Sansão Fontes Outubro/2020
SÍNTESE Para os autores, mesmo com a gradual abertura das escolas, a questão educacional assombra, visto que influenciará nos anos seguintes. A prática da educação fora da escola traz incerteza em relação à qualidade do ensino. Mesmo com todas as iniciativas, a situação atual só aumenta a importância que a arquitetura escolar possui como um espaço de aprendizagem e socialização. Entendendo a Arquitetura como arcabouço social e fonte de bem-estar, a pesquisadora inferiu ser fundamental que a área de arquitetura se preocupe (e se envolva ativamente) com essa nova realidade, procurando meios para encarar os inúmeros desafios que dela emanam. A autora defende que cabe aos arquitetos a criação de estratégias que “salvem” a cidade sem restringir a circulação necessária, o lugar de encontros e a salubridade de seus espaços externos e de convívio, dentro desse novo panorama de possíveis pandemias, com base em princípios bioclimáticos. O resultado da pesquisa mostrou que, à medida que o isolamento social vem sendo flexibilizado em diversas cidades do mundo, inúmeras iniciativas vêm surgindo nos espaços públicos na tentativa de adaptá-los às necessidades de distanciamento. Algumas dessas intervenções de caráter especulativo, propõem a utilização de
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/940080/restaurante-em-amsterda-recebe-clientesem-estufas-privativas-para-garantir-isolamento>. Acesso em: 18 de maio de 2021
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A influência da iluminação nas emoções de jovens no contexto da pandemia de COVID19
Juliana Mara Batista Menezes Hybiner & Giselle Arteiro Nielsen Azevedo
Abril/2021
bolhas ou estufas privativas para minimizar as possibilidades de contágio. A pesquisa revelou que as emoções positivas estão diretamente relacionadas a lugares com condições de conforto luminoso adequado, incluindo aberturas para o exterior e contato com a natureza. Ambientes com ausência das condições favoráveis relatadas, além de influenciarem de modo negativo as emoções, poderão comprometer o senso de identidade desses jovens.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados dos artigos citados acima
Os artigos analisados da área da arquitetura têm seu foco voltado mais para a importância dos espaços ao ar livre e de como o isolamento social impactou a vida e a saúde da sociedade. Para a área de análise desta pesquisa, que são os espaços escolas, não foi encontrado nenhum artigo correspondente, entre os analisados, que demonstrasse a importância da arquitetura escolar no cenário pós-pandemia da covid19. Frente ao exposto, cabe ressaltar que ainda se tem muito o que avançar em relação aos espaços arquitetônicos pós-covid-19. A arquitetura escolar necessita ser cada vez mais fluida, aberta, integrada, contínua e conectada, possibilitando uma flexibilização do espaço e uma adaptabilidade às necessidades de cada momento e situação, para que os estudantes se apropriem do espaço de formas diferentes e conforme os novos padrões de distanciamento.
3.7 SÍNTESE DOS PARÂMETROS PARA UMA ARQUITETURA ESCOLAR CONTEMPORÂNEA PÓS-COVID-19 Ao utilizar os parâmetros estabelecidos por Nair, Fielding e Lackney (2013); Kowaltowski (2011); Deliberador (2016); Choas (2016) e Negris (2018) e todo o embasamento teórico adquirido pela leitura dos artigos relacionados a ambientes escolas e covid-19, foi possível desenvolver uma síntese na qual podemos destacar diretrizes para ambientes escolares pós-pandemia da covid-19. TABELA 10 - PARÂMETROS PARA UMA ARQUITETURA ESCOLAR PÓS-COVID PARÂMETROS
IMPORTÂNCIA PÓS-COVID-19
Sala de aula ampla
Uma sala de aula mais ampla permite manter o distanciamento entre os alunos e professores, evitando aglomerações e a propagação de vírus.
CROQUI
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O espaçamento entre mesas é essencial para que não haja contato. Além disso, é necessário estimular a educação sanitária para que todos entendam sua importância. Quanto mais aberto for o espaço de ensino, haverá mais circulação do ar evitando que o vírus fique contido. De acordo com a Organização Maiores Mundial da Saúde (OMS), a ventilação natural aberturas para o deve ser implementada para que a troca de ar exterior seja total, eliminando os riscos de contaminação. Além disso, o contato com a natureza alivia emoções ruins e pode estimular novos aprendizados. Cada aluno deve possuir seu espaço e seu Espaço individual material, porque compartilhar espaços de para material do armazenamento e materiais pode trazer a aluno propagação do vírus. Espaços com aberturas e áreas casuais ajudam a fugir do modelo tradicional. Dividir as turmas em Áreas casuais pequenos grupos para o recreio permite que os para alimentação alunos não tenham que ficar todo o tempo dentro da sala de aula. As vistas externas, além de auxiliar no descanso Vistas interiores da visão, quando possuem belas paisagens e e exteriores vegetação, causam boas emoções nos alunos, ajudando no desenvolvimento do ensino. Para a volta às aulas, a tecnologia deve ser vista como uma aliada. A escola deve aprimorar o uso Tecnologias das tecnologias a favor do desenvolvimento do aprendizado dos alunos. Espaçamento entre mesas e cadeiras
Conexão entre espaços internos e externos
A conexão com a natureza deve ser uma extensão da sala de aula, pois o contato com o ambiente externo pode estimular os alunos a adquirirem novos conhecimentos práticos. Além disso, auxiliam na busca por boas emoções e diminuem a propagação do vírus.
Espaços flexíveis
A flexibilidade dos ambientes permite que as salas se adequem ao espaçamento entre alunos e as atividades propostas, demonstrando a possibilidade de vários arranjos.
Cave Space
A metáfora preza o espaço individual do aluno, para que ele seja o protagonista em seu processo de aprendizado. Isso ajuda com o distanciamento e permite que os alunos desenvolvam seus próprios métodos de aprendizagem.
Iluminação natural
É essencial para o bem-estar fisiológico e psicológico das crianças e adultos que ficam nas dependências escolares por muitas horas.
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Ventilação natural
A ventilação natural reduz as toxinas presentes no ar, criando um ambiente mais saldável.
Pátios
Os pátios são áreas que incorporam diversas atividades de lazer, além das atividades pedagógicas. Por conter ventilação e iluminação natural, são essenciais.
Espaços de aula ao ar livre
Espaços externos para aula auxiliam no bemestar fisiológico e psicológico. Como possuem ventilação natural direta, reduzem as toxinas no ar e permitem aprendizados práticos que diferem do modelo tradicional.
Box sanitários com pias e álcool acessíveis em pontos estratégicos da escola
Ensinar a importância da higienização é essencial para que o vírus não se propague. Então, é necessário espaços com a disponibilidade de álcool e área para lavagem das mãos no ambiente escolar.
Fonte: Adaptado de Nair, Fielding e Lackney (2013); Kowaltowski (2011); Deliberador (2016); Choas (2016) e Negris (2018).
A criação da tabela acima permite entender quais as recomendações colocadas pela literatura atual para os edifícios educacionais neste período de pós-pandemia do Coronavírus. Destaca-se a necessidade de adaptação dos espaços escolares do século XXI, visto que a sociedade já enfrentou diversas crises pandêmicas até o presente momento, a fim de estar preparados para ocasiões futuras que possam vir a ocorrer.
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4. APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO A área escolhida está localizada no bairro Jardim de Alah, no munícipio de Cariacica, no Estado do Espírito Santo. A escolha pela intervenção no CMEI Abílio Luiz Fagundes se deu pela necessidade de aprimoramento da infraestrutura atual para uma arquitetura mais contemporânea que atenda às necessidades de toda a população local. Figura 20– Localização do Bairro no Município de Cariacica
Fonte: Elaborado pela autora com os dados disponibilizados pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO JARDIM DE ALAH O bairro Jardim de Alah é predominantemente ocupado pelo uso residencial, mas a região conta com estabelecimentos comerciais locais, institucionais e serviços
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que atendem a população residente. Devido a uma ocupação histórica irregular, o bairro é extremamente ligado aos bairros adjacentes, como Jardim Botânico, Rio Marinho,
Alzira
Ramos
e
Vista
Linda.
Essa
interligação
acarreta
uma
interdependência, logo, o CMEI Abílio Luiz Fagundes atende a comunidade de todos esses bairros. Figura 21– Localização do CMEI Abílio Luiz Fagundes no Bairro Jardim de Alah
Fonte: Elaborado pela autora com a imagem do Google Earth 2021.
O CMEI Abílio Luiz Fagundes pertence a Zona Especial de Interesse Social II (ZEIS II), que, segundo o Plano Diretor Municipal de Cariacica (PDM), é composta por áreas públicas ou particulares, dotadas parcialmente de infraestrutura urbana, com acessibilidade inadequada, apresentando demanda por serviços e equipamentos comunitários. Sendo assim, a reformulação da escola beneficia a comunidade local. A área possui toda a infraestrutura pública que uma escola necessita, como rede de esgoto, energia elétrica, gás, iluminação pública, coleta de lixo, entre outros. Além disso, os índices urbanísticos são favoráveis à sua implantação como demonstra a figura 22.
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Figura 22 – Tabela de Índices Urbanísticos – ZEIS II
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do Plano Diretor Municipal de Cariacica 22.
4.2 O ENTORNO DA ÁREA DE ESTUDO O entorno da área apresenta edificações de até 3 pavimentos com arquitetura simples, rebocadas, pintadas e/ou revestidas. Em relação ao comércio, em sua maioria, se concentra ao longo da rua principal, denominada Estrada de Caçaroca, sendo que a maior parte possui térreo comercial e pavimentos superiores residenciais. Quanto às questões de impacto urbano, por estar implantado em uma via local (Rua Augusta Campos), com baixo fluxo de veículos, o CMEI não traz impactos negativos para a área. O fato de ser um ensaio projetual de reforma e modificação demonstra que o objetivo do novo projeto é resolver os problemas existentes em relação à infraestrutura da edificação, bem como de trazer ganhos positivos para a comunidade local. Figura 23 - Acabamento das edificações do entorno
Fonte: Google Maps23
22
Plano Diretor Municipal do município de Cariacica. Lei complementar nº 18/2007. Cariacica, 31 de maio de 2007 23 Disponível em: < https://www.google.com.br/maps/place/EMEF+S%C3%A3o+Jorge/@-20.380672,40.3708567,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0xb83f11181b9cc9:0xf0e27c1778887602!8m2!3d20.380672!4d-40.368668>. Acesso em: 18 de junho de 2021.
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Figura 24 - Comércio do entorno
Fonte: Google Maps24. Figura 25 – Localização CMEI Abílio Luiz Fagundes
Fonte: Elaborado pela autora com a imagem do Google Earth 2021.
4.3 O TERRENO DO CMEI ABÍLIO LUIZ FAGUNDES A edificação ocupa 4 terrenos que juntos somam 1894,86 m 2 de área, com uma fachada frontal de 48,13m de comprimento. Por mais que não esteja localizado na rua principal do bairro, a instituição possui uma implantação favorável à demanda
24
Disponível em: < https://www.google.com.br/maps/place/EMEF+S%C3%A3o+Jorge/@-20.380672,40.3708567,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0xb83f11181b9cc9:0xf0e27c1778887602!8m2!3d20.380672!4d-40.368668>. Acesso em: 18 de junho de 2021.
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da região, uma vez que se localiza próximo à principal, mas em uma rua com menor fluxo de veículos, o que garante maior segurança na entrada e saída dos alunos. Figura 26 – Entrada atual do CMEI Abílio Luiz Fagundes
Fonte: Google Maps25
O terreno possui fachada principal com orientação para o nordeste, tendo incidência solar durante todo o dia e ventos predominantes advindos do Nordeste. O entorno tem baixo gabarito e, em frente ao terreno, há um grande espaço não edificado sendo favorável tanto para incidência solar quanto para a ventilação natural. Em relação à poluição sonora, a implantação do terreno em uma área residencial com baixo tráfego de veículos favorece a não incidência de ruídos. O entorno possui cerca de quatro terrenos baldios, o que pode vir a ser um problema em relação a insetos. Além disso, a rua de acesso à escola é totalmente pavimentada, porém, possui calçadas irregulares.
25
Disponível em: < https://www.google.com.br/maps/place/CMEI+Ab%C3%ADlio+Luiz+Fagundes/@20.3797339,40.3687515,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0xb83ee1c0b29a7b:0x971c8e5b304974f0!8m2!3d20.3797134!4d-40.3665611>. Acesso em: 18 de junho de 2021.
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Figura 27 – Análise ambiental do terreno
Fonte: Elaborado pela autora com a imagem do Google Earth 2021.
Os dados do Censo Escolar de 2020, disponibilizados pelo portal QEdu 26 e inseridos neste estudo por meio da figura 30, demonstram que, atualmente, o CMEI Abílio Luiz Fagundes carece de instalações diferenciadas para o desenvolvimento dos alunos. A unidade de ensino conta somente com 11 salas de aula para atender 440 alunos, sendo que 220 estudantes estão matriculados no turno matutino e 220 alunos estão matriculados no turno vespertino. Figura 28 – Dados sobre a infraestrutura do CMEI Abilio Luiz Fagundes.
Fonte: QEdu27
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo Escolar 2020. Disponível em: < https://www.qedu.org.br/escola/168109-cmei-abilio-luiz-fagundes/sobre >. Acesso em: 18 de abril de 2021
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Figura 29 – Setorização do CMEI Abílio Luiz Fagundes
Fonte: Arquivos repassados pela escola.
4.4 A ÁREA DE INTERVENÇÃO A proposta de intervenção para a adequação dos ambientes escolares será direcionada para a área pedagógica do CMEI Abílio Luiz Fagundes, localizados em todo o lado leste do terreno. A intervenção acontecerá no bloco das salas de aula, incluindo a sala multiuso; no pátio descoberto, localizado na fachada principal do edifício escolar, e na área do playground. As áreas de intervenção foram definidas a partir da justificativa de serem as áreas de maior permanência pelos estudantes. Figura 30 - Áreas de intervenção no CMEI Abílio Luiz Fagundes
Fonte: Arquivos repassados pela escola
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4.4.1 SALAS DE AULA Seguindo um formato padrão, as seis salas de aula, onde ocorrerá a intervenção, são quadradas, com medidas de 6,30mx6,30m, com 36,97 metros quadrados. Todas possuem portas amplas com divisões em duas alturas e janelas amplas com gradil que diminuem a visibilidade para a área externa. Destaca-se a falta de um projeto de iluminação artificial, o que torna as salas um pouco escuras e frias. Em relação ao mobiliário, todas as salas seguem um padrão tradicional, com mesas e cadeiras para crianças, uma mesa para professor, um armário fechado para material, algumas prateleiras e ganchos para pendurar mochilas. Figuras 31 (A) – Salas de aula internamente
Fonte: Arquivo Pessoal Figuras31 (B) – Salas de aula internamente
Fonte: Arquivo Pessoal
O bloco de sala de aulas é interligado por um corredor central longo, que não possui iluminação natural, provocando a sensação de enclausuramento. Ao final do corredor, existem portas duplas que dão acesso à sala multiuso; este ambiente
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pedagógico se encontra subutilizada como um espaço de descanso para professores e funcionários. Figuras 32 – Corredor das salas de aula
Fonte: Arquivo Pessoal
4.4.2 PÁTIO DESCOBERTO PRINCIPAL O pátio descoberto localizado na fachada principal do CMEI Abílio Luiz Fagundes possui cerca de 106 m2, e está sendo utilizado somente como área de passagem para acessar a entrada principal e o corredor lateral do CMEI. Além disso, a área encontra-se toda gradeada para que os alunos não tenham livre acesso. Neste espaço, também foi instalado o reservatório de água inferior com aproximadamente 37 metros quadrados. Este espaço tem grande potencial para se tornar um ambiente externo de aprendizagem e funcionar como ponto de apoio para as salas de aula. Figuras 33 (A) - Pátio descoberto
Fonte: Arquivo Pessoal
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Figuras 33 (B) - Pátio descoberto atual
Fonte: Arquivo Pessoal Figuras 33 (C) - Pátio descoberto atual
Fonte: Arquivo Pessoal
As intervenções serão direcionadas de maneira a adaptar os espaços escolares em questão aos parâmetros definidos para uma arquitetura escolar contemporânea pós-covid-19. O foco será dado a detalhes que tornem o ambiente escolar mais atrativo e saudável para as crianças, indo além da arquitetura escolar tradicional.
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5. INTERVENÇÃO PROJETUAL NO CMEI ABÍLIO LUIZ FAGUNDES A proposta de reestruturação do CMEI Abílio Luiz Fagundes foi resultado da articulação entre o bloco administrativo preservado e a criação de um novo bloco pedagógico e social, adequando-o a todos os parâmetros anteriormente citados em relação ao covid-19 e a futuras epidemias virais. Para que a infraestrutura escolar atendesse a todos os parâmetros se fez necessário uma grande intervenção na área, sendo assim houve a necessidade de redefinir toda a área pedagógica e social, permanecendo somente com o bloco de serviços e administrativo, permitindo a criação de salas de aulas maiores, com maiores aberturas, circulação e ventilação. Para isso, viu-se necessário adicionar um pavimento, possibilitando novos espaços de aprendizagem que vão além da sala de aula. É valido ressaltar que todas as salas de aula tiveram um aumento em sua metragem quadrada para melhor atender às demandas dos alunos e professores. Figura 34 – Setorização proposta para o térreo.
Fonte: Elaborado pela autora Figura 35 – Setorização proposta para o terraço pátio
Fonte: Elaborado pela autora
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O acesso ao CMEI Abílio Luiz Fagundes se manteve pela Rua Augusta Campos, mas toda a fachada principal da edificação foi reformulada (figuras 34 e 35) para que se tornasse convidativa, demonstrando que todos são bem-vindos e trazendo a sensação de proteção e acolhimento. De uma forma geral, foram criados tanto ambientes que permitem um convívio social seguro, com boa ventilação natural para a troca de ar ser constante, como espaços de convivência ao ar livre, tais quais pátios, decks e playgrounds, que permitem execução de atividades educadoras fora do espaço das salas de aula, garantindo que a sociabilização entre alunos e professores ainda ocorra, mas de forma mais segura contra a dissipação de gotículas de vírus. FIGURA 36 – Antes e Depois, fachada
Fonte: Elaborado pela autora
FIGURA 37 – Antes e Depois, fachada
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Fonte: Elaborado pela autora Figura 38 – Planta baixa humanizada - térreo
Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 39 – Planta baixa humanizada - terraço pátio
Fonte: Elaborado pela autora
5.1 BLOCO PEDAGÓGICO No térreo do bloco pedagógico, foram projetadas cinco salas de aula que atendem as turmas com três e quatro anos e uma sala voltada para aulas de música e dança. Também foram projetados novos sanitários para atender ao bloco. Já no pavimento superior, foram criadas cinco salas de aula, que atendem as turmas com quatro e cinco anos de idade, e uma sala voltada para leitura e atividades artísticas. Todas as salas de aula são amplas, possuindo entre 53 e 64 m 2, e contam com um layout que possibilita a flexibilização dos espaços. Além disso, o ambiente permite a criação de áreas para trabalhos individuais (figura 40), trabalhos em grupo (figura 41), atividades práticas e espaço para descanso (figura 42), com mobiliários confortáveis, que tornam o processo de aprendizagem do aluno mais agradável. Contam ainda com a implementação de tecnologia ao cotidiano dos alunos através de do uso de projetores, quadros interativos e computadores a disposição com o devido monitoramento dos professores., visto que a pandemia da covid-19 demonstrou a importância desse recurso para o processo educacional. Ao projetar o ambiente das salas de aula, foi possível manter um distanciamento entre as cadeiras dos alunos, de forma mais sutil, para que, mesmo distantes, as crianças pudessem permanecer com um contato social entre si. Além disso foram implementados lavatórios para higienização das mãos.
FIGURA 40 (A) – Sala de aula, espaços de trabalho individual
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Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 40 (B) – Sala de aula, espaços de trabalho individual
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 40 (C) – Sala de aula, espaços de trabalho individual
Fonte: Elaborado pela Autora
FIGURA 41 (A) – Sala de aula, espaços de trabalho em grupo
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Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 41 (B) – Sala de aula, espaços de trabalho em grupo
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 42 – Sala de aula, espaços de descanso e leitura
Fonte: Elaborado pela Autora
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Em relação às aberturas, visto a importância delas nos ambientes escolares, todas as salas foram projetadas com duas grandes portas de vidro (figura 43), que buscam a conexão entre os ambientes internos e externos, possibilitando o contato com a natureza, vistas para o horizonte, maior ventilação e iluminação natural. Todos esses elementos são essenciais para o bem-estar fisiológico e psicológico das crianças e adultos que ficam nas dependências escolares por muitas horas. Desse modo, as portas de vidro são necessárias para que haja a troca de ar constante no ambiente, impedindo a proliferação de vírus em geral. FIGURA 43 (A) –Aberturas salas de aula
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 43 (B) – Aberturas salas de aula
Fonte: Elaborado pela Autora
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Um outro ponto do projeto que buscou manter a conexão com o ambiente externo à sala de aula, criando espaços diferenciados de ensino ao ar livre, foi o desenvolvimento de decks anexos às salas de aula térreas (figura 44), que trazem a possibilidade de promover atividades educadoras ao ar livre. Com isso, há a troca de ar, e a priorização do conforto e o bem-estar psicológico dos alunos e professores, uma vez que o contato com a natureza, o ar puro e a iluminação natural são essenciais para o bem-estar dos seres humanos. Além disso visando a durabilidade e a facilidade de manutenção os decks em sua totalidade foram projetados utilizando madeiras plásticas que são idênticas as naturais porém com maior facilidade de limpeza e maior durabilidade. FIGURA 44 (A) –Decks, salas de aula
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 44 (B) – Decks, Salas de aula
Fonte: Elaborado pela Autora
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A sala de música e dança foi projetada para que haja um espaço direcionado ao desenvolvimento do lado artístico de cada criança, além de ser um espaço para que sejam feitos exercícios físicos, contribuindo como forma de impedir que as crianças desenvolvam problemas de saúde relacionados ao sedentarismo e problemas psicológicos que afetam o bem-estar. Os pátios também são espaços onde as crianças brincam e se exercitam, porém, a sala de música e dança (figura 45) surgiu da intenção de que o exercício físico seja feito também em ambientes fechados e com maior atenção de professores para que todos se exercitem de maneira correta. FIGURA 45 (A) – Sala de música e Dança
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 45 (B) – Sala de música e dança
Fonte: Elaborado pela Autora
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Outro espaço projetado, que busca desenvolver o lado criativo de cada criança, é a sala de leitura e artes (figura 46), a qual permite descobrir e expressar as potencialidades e desenvolver as fragilidades. O ambiente conta com espaços individuais de leitura e atividades artísticas, possibilitando que o aluno tenha seu espaço individualizado, e espaços para trabalhos em grupos mais expressivos, que geram um contato social entre as crianças. Além desses, foi projetado um cantinho da leitura que estimula a imaginação e a criatividade de cada um. FIGURA 46 (A) – Sala de leitura e artes
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 46 (B) – Sala de leitura e artes
Fonte: Elaborado pela Autora
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5.2 PÁTIOS A fim de explorar toda a área do CMEI e criar diversos espaços externos de socialização e aprendizado, o projeto conta com um pátio central onde estão localizados a rampa de acesso ao segundo pavimento, os decks individuais como uma extensão de cada sala de aula, as varandas anexas ao bloco pedagógico e um grande pátio acima do bloco de serviço e do bloco administrativo. O pátio central (figura 47) foi projetado para ser um espaço de passagem e permanência dos alunos, com abertura direta para a área do refeitório, para a entrada da escola e para o bloco pedagógico. A composição dos blocos edificados criou este pátio central aberto e arborizado, detendo áreas de descanso com mobiliários confortáveis que proporcionam a sensação de familiaridade. Ao redor da rampa de acesso ao primeiro pavimento, há um deck e espaços verdes que favorecem a prática de atividades lúdicas em contato com a natureza e desenvolvem a criatividade das crianças. FIGURA 47 – Pátio Central
Fonte: Elaborado pela Autora
A circulação do bloco pedagógico foi projetada para comportar pequenas varandas (figuras 48 e 49), onde, visando externalizar o processo de aprendizagem, foram pensados mobiliários, como mesas e grandes bancos, para que algumas atividades escolares sejam desenvolvidas neste espaço. Ademais, tais varandas possuem grandes jardineiras que permitem um maior contato dos alunos com a natureza.
FIGURA 48 (A) – Varandas, térreo
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Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 48 (B) – Varandas, térreo
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 49 – Varandas primeiro pavimento
Fonte: Elaborado pela Autora
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A fim de modificar a estruturação padrão dos refeitórios escolares (figura 50), buscou-se, com o projeto, abrir este ambiente para o pátio central, proporcionando visuais agradáveis para os alunos durante as refeições. Outra proposta para o ambiente do refeitório foram os espaços de permanência com mobiliários confortáveis e espaços para brincadeiras, fazendo com que este ambiente seja uma extensão do pátio e promovendo a circulação de ventilação natural constantemente. Dessa forma, é possível garantir horários de refeições mais descontraídas e seguras. FIGURA 50 (A) – Refeitório
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 50 (B) – Refeitório
Fonte: Elaborado pela Autora
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O ambiente desenvolvido no primeiro pavimento, acima do bloco de serviço e do administrativo, veio como uma solução para ampliar os espaços externos do CMEI Abílio Luiz Fagundes. Com a finalidade de ser um grande terraço, este ambiente conta com área de playground (figura 51), espaços de permanência (figura 52) que trazem aconchego para o ambiente e um pergolado que permite sua utilização em dias ensolarados. Visando à utilização deste espaço como uma grande sala de aula a céu aberto, com iluminação natural e ventilação natural, ainda foi proposta a disposição de diversos mobiliários, tornando o ambiente seguro quanto à propagação de quaisquer vírus. Além disso, , vale ressaltar que os guarda-corpos possuem uma altura total de 1,6 metros (0,5m de altura da jardineira e 1,10m de guarda-corpo propriamente dito) para que não haja risco para as crianças. FIGURA 51 (A) – Pátio superior, playground
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 51 (B) – Pátio superior, playground
Fonte: Elaborado pela Autora
FIGURA 52 (A) – Pátio Superior, espaços de permanência
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Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 52 (B) – Pátio Superior, espaços de permanência
Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 52 (C) – Pátio Superior, espaços de permanência
Fonte: Elaborado pela Autora
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Por fim, vale ressaltar que, como as crianças estão constantemente em contato com germes e vírus que se propagam com o contato e com a ventilação, o projeto dispõe de diversos pontos com pias adaptadas para as crianças higienizarem as mãos e disponibilidade de álcool em todo o ambiente escolar. Estes são itens essenciais para que o vírus não seja propagado e as crianças permaneçam em segurança. Figuras 53 - Localização dos lavatórios e álcool no térreo.
Fonte: Elaborado pela autora. Figuras 54 - Localização dos lavatórios e álcool no primeiro pavimento.
Fonte: Elaborado pela autora.
FIGURA 55 – Lavatório localizado na entrada
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Fonte: Elaborado pela Autora FIGURA 56 – Lavatório localizado no corredor das salas
Fonte: Elaborado pela Autora
Fonte: Elaborado pela Autora
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O caminho da arquitetura escolar brasileira sempre se manteve alinhado com a funcionalidade, o que, por muitas vezes, se preocupou mais em atender uma demanda quantitativa, atropelando, de certa forma, a qualidade dos espaços. Kowaltowki (2011) argumenta que o uso de um padrão construtivo simples era demasiadamente utilizado para que pudesse ser multiplicado com facilidade e os custos do governo não fossem exorbitantes. Hoje, diversos estudos demonstram a importância que o ambiente escolar tem no processo de aprendizagem, porém, de forma geral, especialmente nas escolas públicas, ainda permanecem os moldes de uma educação tradicional, com uma infraestrutura padronizada e arcaica. Lima (1989) já apontava que a distribuição dos alunos em filas pressupõe que não há necessidade de trocas de ideias e informações. A educação, hoje, descarta a possibilidade de que as crianças possam aprender a construir sua criatividade e suas próprias ideias. Negris (2018) aponta que as escolas contemporâneas necessitam acompanhar novos parâmetros projetuais para garantir que todos os alunos tenham seu processo de ensino desenvolvido. Ao projetar um novo ambiente escolar, a atenção aos detalhes é imprescindível; é preciso buscar formas de adequar o espaço para que todos os alunos possam se desenvolver com maior absorção do conhecimento, a partir da diversificação do modelo de aprendizagem, tornando a experiência inovadora, motivadora e enriquecedora do conhecimento. Ao falar sobre ambientes escolares contemporâneos, devemos apontar a questão que a covid-19 trouxe à tona: a reconfiguração da educação pós-pandemia. Durante esse período, houve a migração para o ensino remoto e, sem sombra de dúvidas, essa mudança abrupta criou barreiras no processo de ensino aprendizagem, tanto para os professores, que tiveram que se adaptar e reformular toda a sua estrutura de aula, levando a uma exaustão psicológica, quanto para os alunos, que, com toda esta questão, tiveram que aprender a se tornarem protagonistas em seu processo de ensino. Coloca-se ainda, neste panorama, os pais que tiveram de assumir um papel maior na educação, uma vez que, em casa, as crianças necessitam de uma maior atenção para o desenvolvimento de atividades. É necessário reconhecer que toda essa adaptação para este cenário de pandemia desencadeou problemas de saúde a todos, afetando principalmente o lado emocional, gerando uma angústia com o isolamento, ansiedade, medo e inseguranças
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sobre o que viria a seguir. Hoje, é notável a importância que o ambiente escolar tem, não somente para o processo de ensino, mas também para a prática de sociabilização. Com todo esse cenário, é notável que os parâmetros para uma arquitetura escolar contemporânea necessitam agora de serem direcionados para espaços arquitetônicos escolares pós-covid-19, buscando uma fluidez entre os espaços, sendo uma arquitetura mais fluida que possibilita a flexibilização e adaptabilidade às necessidades de cada momento e situação que o mundo está passando. Desta forma, a readequação proposta no ensaio projetual para o CMEI Abílio Luiz Fagundes teve o foco voltado para adaptar os ambientes escolares ao retorno às aulas, pós-Covid-19, de forma segura e confortável. Ainda assim, propôs criar uma arquitetura saudável e motivadora no intuito de que o processo de ensino aprendizagem ocorresse de forma mais efetiva. Por se tratar de um centro municipal de educação infantil, o CMEI Abílio Luiz Fagundes necessita se tornar um ambiente seguro e ainda assim atrativo para as crianças, permitindo uma apropriação do espaço, sem frustrações ou medos. A adaptação para os parâmetros da covid-19 foi feita de forma sutil, visto que as crianças precisam se sentir confortáveis e seguras no ambiente escolar. Toda esta situação de medos e incertezas gerada pela pandemia pode prejudicar o processo de sociabilização entre as crianças e, consequentemente, o processo de aprendizagem. Portanto, foram criados ambientes, como salas de aula mais amplas, que permitem atividades individuais e coletivas mantendo o distanciamento social; salas de música e leitura que permitem que os alunos ampliem suas perspectivas de ensino; ampliação das áreas sociais, principalmente do refeitório, ligando-o ao pátio central, permitindo uma maior incidência de ventilação natural; espaços ajardinados e um terraço jardim para suporte às atividades pedagógicas. Como forma de adequar o ambiente escolar do CMEI Abílio Luiz Fagundes aos protocolos de higienização de prevenção à covid-19, foram implementados box sanitários, com lavatórios e álcool, acessíveis, em pontos estratégicos, além da ampliação das aberturas de portas e janelas de forma a contribuir com a troca de ar constante, gerando uma dispersão eficiente do vírus. Foram criados também espaços para atividades pedagógicas ao ar livre como varandas e decks. Ao fim de todo este processo enriquecedor, é notável a necessidade de que esta discussão deva continuar, uma vez que, de fato, a pandemia da covid-19 surpreendeu
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toda a população mundial. Então, é preciso estar preparado para futuras adversidades que possam vir a acontecer, a fim de não permitir que estas impeçam o desenvolvimento educacional das crianças. Sendo assim, espera-se que este trabalho contribua de forma positiva para este importante debate e sirva como base para futuros estudos que visem a aprimorar cada vez mais a importância da arquitetura escolar contemporânea para o processo de aprendizagem.
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100
N.M
Lote
4,05
7,86
7,85
7,85
5,65
10,85
Lote
3,00
Lote
Lote
RUA E
Lote
1,85
48,31
1
28 m²
29 m²
DECK SALA DE MÚSICA / DANÇA
38 m²
35 m²
31,30
DECK SALA INFANTIL 03
36,00
DECK SALA INFANTIL 03
DECK SALA INFANTIL 03
4,05
Lote
ÁREA DO TERRENO: 1.807,28m²
RESERV. INFERIOR
64 m²
SALA DE AULA INFANTIL 03
64 m² +0,40
+0,40
64 m² +0,40
02
88 m² +0,40
CAIXA D'ÁGUA 5000L
11,35
Acima
2,00
2,00
4,04
2,00
1,65
1,65
2,00
1,96
10,59
FRALDÁRIO 15 m² +0,40 CAIXA D'ÁGUA 5000L
CIRCULAÇÃO 244 m²
16 m²
WC FEMININO
6 m²
13 m²
PNE 3 m²
WC MASCULINO
I = 8,3%
13 m²
4 m² 4 m²
53 m²
+2,65
+0,40
A. SERV. 12 m² +0,40
PÁTIO DE SERVIÇO 44 m² +0,35
+1,15
COZINHA 22 m² +0,40
2
PLANTA DE SITUAÇÃO 1 : 500
2,00
7 m² +0,40
SECRETARIA
SALA DE AULA INFANTIL 04
HALL DE ENTRADA
53 m²
27 m² +0,40
COORD. 13 m²
54 m² +0,40
+0,40
+0,40
+1,90
Acima
DECK CENTRAL
12 m² +0,40
4,40
SALA PROF.
DIREÇÃO
2,32
Lote
2,50
22 m²
DEPÓSITO
I = 8,3%
I = 8,3%
DECK SALA INFANTIL 04
14,63
33 m²
SALA DE AULA INFANTIL 04
Área Pública
23 m²
WC WC
+0,40
4 m² 4 m²
7,05
DECK SALA INFANTIL 04
Lote
DEP. WC
149 m² +0,40
3,88
I = 8,3%
16 m²
2,80
WC MASCULINO
3,50
2,80 7,50
RUA AUGUSTA CAMPOS
Acima
+0,40
PNE
REFEITÓRIO / PÁTIO COBERTO
7,50
Lote
33,81
2,80
2,80
WC FEMININO
2,75
CAIXA D'ÁGUA 5000L
4,85
3,15
Lote
7,20
SALA DE AULA INFATIL 03
3
2,50
SALA DE AULA INFANTIL 03
Lote
3,46
02
SALA DE MÚSICA E DANÇA
07 06 05 04 03 02 01
11,98
8,14
3
8,14
36 m² CAIXA D'ÁGUA 5000L
RUA SEM NOME
03
112 m²
1 03
4,05
7,00
+0,20
4,04
10,78
2,50
4,54
3,15
1,30 1,30
5,30
3,00
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II C.M.E.I ABÍLIO LUÍZ FAGUNDES AUTOR DO PROJETO:
1
PLANTA BAIXA TÉRREO
CONTEÚDO:
1 : 200
THAIS DE OLIVEIRA GABRIELI PLANTA BAIXA TÉRREO E PLANTA DE SITUAÇÃO
QUADRO DE ÁREAS
ESCALA:
TERRENO
1.894,86 m²
TÉRREO
1.212,00 m²
1º PAVIMENTO
919,00 m²
ÁREA CONSTRUÍDA
2.131,00 m²
TAXA DE OCUPAÇÃO
63,96 %
INDICADA
PRANCHA:
01/03
N.M 7,86
7,85
7,85
5,65
11,00 1 03
1
19,81
03
9,70
RUFO
RUFO
RUFO
LAJE IMPERMEABILIZADA
RESERVATÓRIO SUPERIOR
ALÇAPÃO
79 m²
64 m² +3,40
+3,40
3 02
TELHA DE FIBROCIMENTO I=10% CAIXA D'ÁGUA 5000L
Abaixo
CAIXA D'ÁGUA 5000L
CAIXA D'ÁGUA 5000L
3 02
RUFO
CALHA METÁLICA
RUFO
10,29
SALA DE AULA INFANTIL 04
64 m² +3,40
3 02
10,82
SALA DE AULA INFANTIL O5
SALA LEITURA E ARTES
09 08 07 06 05 04 03 02 01
10 11 12 13 14 15 16 17
8,14
3 02
5,20
50 m²
PÁTIO SUPERIOR
RUFO
RUFO RUFO
RUFO
6 m²
RUFO
16 m²
5,65
PLATIBANDA H=110CM
PLAYGROUND
I = 8,3%
I = 8,3%
132 m² +3,40
TELHA DE FIBROCIMENTO I=10%
+1,15
CALHA METÁLICA
+2,65
+3,40
TELHA DE FIBROCIMENTO I=10%
53 m²
14,07
SALA DE AULA INFANTIL 05
20,53
I = 8,3%
16 m²
I = 8,3%
WC MASCULINO
7,50
12,67
RUFO
Acima
PNE
2,24
2,80
RUFO
106 m² +3,40
WC FEMININO
2,80
TELHA DE FIBROCIMENTO I=10%
2,60
CIRCULAÇÃO
5,46
330 m² +3,40
RUFO
3,88
53 m² +3,40
+1,90
RUFO
7,50
SALA DE AULA INFANTIL 05
RUFO
2,89
RUFO
1
11,04
03 1
7,00
10,78
2,04
03
16,50
PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO
2
1,60
RESERVATÓRIO SUPERIOR
RESERV. INFERIOR
+0,40
+3,40
PÁTIO SUPERIOR
SALA DE MÚSICA E DANÇA
+3,40
SALA DE AULA INFANTIL 04
+0,40
SALA DE AULA INFANTIL 03
+1,70
+0,40
+3,40
SALA DE AULA INFANTIL 04
+0,40
SALA DE AULA INFANTIL 03
SALA DE LEITURA E ARTES
+3,40
+0,40
SALA DE AULA INFANTIL 03
PLANTA DE COBERTURA 1 : 200
PLANTA DE COBERTURA
2,90
1,10
1 : 200
6,40 PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO
2,90
1
4,04
3,40 PLANTA BAIXA TÉRREO
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
0,40 00 - RUA
C.M.E.I ABÍLIO LUÍZ FAGUNDES
0,00
3
CORTE LONGITUDINAL 1 : 200
AUTOR DO PROJETO: CONTEÚDO:
THAIS DE OLIVEIRA GABRIELI
PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO, PLANTA DE COBERTURA E CORTE LONGITUDINAL QUADRO DE ÁREAS
ESCALA:
TERRENO
1.894,86 m²
TÉRREO
1.212,00 m²
1º PAVIMENTO
919,00 m²
ÁREA CONSTRUÍDA
2.131,00 m²
TAXA DE OCUPAÇÃO
63,96 %
PRANCHA:
INDICADA
02/03
1,10 +3,35
SALA DE AULA INFANTIL 03
+0,40
+3,35
+3,40
SALA DE AULA INFANTIL 05
+0,40
SALA DE AULA INFANTIL 04
WC WC FEMININO MASCUL.
+0,35
+0,35
+3,40
SALA DE AULA INFANTIL 05
+0,40
SALA DE AULA INFANTIL 04
2,90
+3,40
WC WC FEMININO MASCUL.
6,40 PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO
2,90
SALA DE LEITURA E ARTES
PLANTA DE COBERTURA
3,40 PLANTA BAIXA TÉRREO 0,40 00 - RUA
1
0,00
CORTE TRANSVERSAL 1 : 200
FACHADA PRINCIPAL
CMEI
ABÍLIO LUÍZ FAGUNDES
2
FACHADA SUL - FRONTAL 1 : 200
FACHADA LATERAL DIREITA
3
4
FACHADA NORTE - POSTERIOR 1 : 200
FACHADA OESTE - LATERAL ESQUERDA 1 : 200
FACHADA POSTERIOR UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II C.M.E.I ABÍLIO LUÍZ FAGUNDES AUTOR DO PROJETO: CONTEÚDO:
5
FACHADA LESTE - LATERAL DIREITA 1 : 200
THAIS DE OLIVEIRA GABRIELI CORTE TRANSVERSAL, FACHADAS E PERSPECTIVAS
QUADRO DE ÁREAS
ESCALA:
TERRENO
1.894,86 m²
TÉRREO
1.212,00 m²
1º PAVIMENTO
919,00 m²
ÁREA CONSTRUÍDA
2.131,00 m²
TAXA DE OCUPAÇÃO
63,96 %
PRANCHA:
INDICADA
03/03