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QUEDA NA DISTRIBUIÇÃO, UM CENÁRIO DE MÉDIO E LONGO PRAZOS
Entenda por que a redução dramática na arrecadação com shows, sonorização de estabelecimentos comerciais e até TV aberta terá um impacto sobre os valores entregues aos associados que se estenderá por vários meses
do_Rio
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A natureza do sistema de gestão coletiva de direitos autorais musicais, dividido em segmentos de arrecadação — TV, rádio, festas, shows, usuários gerais (como lojas e academias) e vários outros — faz com que a distribuição não seja imediata, ficando condicionada ao recebimento e ao processamento, pelo Ecad, dos pagamentos feitos pelos usuários das músicas tocadas. Portanto, o impacto de um determinado cenário pode se estender por muitos meses.
É exatamente isso que deve se dar neste momento de paralisia do mercado musical decorrente da epidemia de Covid-19. Estimativas do Ecad e das associações são de quedas significativas no montante que chegará aos titulares daqui, pelo menos, até o fim do ano — e, muito provavelmente, além.
No segmento shows, diretamente influenciado pela suspensão de eventos que envolvam concentração de pessoas, o tombo é acentuado. Desde o início do ano, esse segmento, que tem distribuição mensal, vem caindo mês a mês (-34,39% em janeiro; -24,32% em fevereiro; -2,87% em março, e assim sucessivamente). A partir da distribuição de julho, as reduções são dramáticas: -90,71% naquele mês (só R$ 763,8 mil entregues aos titulares, contra os R$ 8,225 milhões orçados); -96,15% em agosto; previsão de -96,78% em outubro. Em números absolutos, o mês mais fraco para a distribuição de shows deverá ser setembro, com não mais do que R$ 223,77 mil entregues, contra uma previsão de R$ 7,06 milhões.
Além dos shows paralisados, outros segmentos, como sonorização de lojas e estabelecimentos comerciais em geral e casas de festas e diversão, por exemplo, também refletiram o confinamento e o fechamento do comércio. Sonorização ambiental em outubro, por exemplo, terá uma redução de 65,61% nos valores distribuídos: cerca de R$ 1,7 milhão entregues, em vez dos cerca de R$ 5 milhões orçados.
Mas outros segmentos menos óbvios também contribuem para um cenário quase inteiramente negativo. É o caso da TV aberta. Alegadamente impactadas pela queda de faturamento, com a escassez de anunciantes, quatro redes nacionais de televisão — SBT, Record, Band e CNT — pararam de pagar os valores previstos em contrato pela utilização de canções em sua programação.
SEGMENTO SHOWS É O MAIS AFETADO: ATÉ 96,78% DE REDUÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO PREVISTA PARA OUTUBRO.
81,42 %
é a queda prevista no segmento música ao vivo (bares) em novembro: R$ 1,8 milhão distribuído, em vez dos R$ 9,73 milhões esperados
53,06 %
é a queda no segmento rádio prevista para outubro: R$ 17,1 milhões distribuídos, contra os R$ 36,6 milhões previstos
10,91 %
é a queda prevista para TV por assinatura em novembro: R$ 25,7 milhões distribuídos, ante R$ 28,8 milhões orçados
R$ 52,6 MILHÕES
é o tamanho do rombo esperado para este ano na distribuição de todos os segmentos
A inadimplência dessas redes de TV deve afetar em cheio a distribuição de outubro, por exemplo, mês em que o Ecad está prevendo uma queda de 26,37% nos valores de TV aberta, para R$ 28,7 milhões, contra os R$ 39 milhões antes previstos.
Cabe lembrar que em outubro serão distribuídos os valores arrecadados em abril a junho. Portanto, novos tombos no segmento, cuja distribuição é trimestral, estão previstos para janeiro e, caso a inadimplência se mantenha, 2021 adentro.
Tido como um alívio parcial para esse cenário, o streaming não se aproxima minimamente de reverter os efeitos negativos da queda generalizada de arrecadação. Apesar de até estar tendo aumentos ligeiros — em agosto, por exemplo, as três rubricas de distribuição de streaming usadas pelo Ecad, somadas, renderam R$ 16,2 milhões, 2,88% mais que os R$ 15,745 orçados —, o streaming de música e audiovisual é simplesmente incapaz de tapar os rombos dos outros segmentos.
Espalhados por estas páginas, confira outros destaques do relatório do Ecad que estimou as perdas até o fim do ano com base nos dados preliminares de arrecadação registrados até o momento.
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