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Novidades Nacionais
UM DOS GRANDES NOMES DA MÚSICA GOSPEL NO PAÍS, AUTOR DE CANÇÕES DE SUCESSO, ELVIS TAVARES COMEMORA OS 30 ANOS DO LANÇAMENTO DA SUA PRIMEIRA OBRA E OS 15 DA CRIAÇÃO DA SUA EDITORA, A EFRATA MUSIC
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Há exatos 30 anos, o cantor, compositor e empresário Elvis Tavares lançou uma música cujo título, com pegada metalinguística, resume bem sua própria trajetória. Com “Não Há Barreiras”, gravada por Álvaro Tito, ele se lançou artisticamente e iniciou uma carreira de sucessos, alguns gravados por estrelas do gospel como Aline Barros e Cristina Mel. Quinze anos atrás, lançou o selo Efrata Music, que se tornou um dos mais respeitados do mercado evangélico. Histórico associado da UBC, o carioca Tavares, que apresenta o programa de flashbacks “Onde os Fracos Têm Vez”, com bastante repercussão na rádio Sara Brasil FM de Florianópolis, onde vive, esteve alguns anos fora da associação, mas acaba de se refiliar.
Por que decidiu voltar para a UBC?
Sempre tive a UBC como uma sociedade muito bem estruturada. Estive fora por contingências várias, mas, como diz aquela canção do Erasmo (que é da UBC), “eu voltei porque aqui é o meu lugar!” (risos).
A criação da Efrata, há 15 anos, sedimentou uma relação bem mais antiga com o gospel, certo?
Criamos a Efrata Music em 2001, motivados pela ideia fixa de levar ao autor de gospel a certeza de que os direitos deles são os mesmos direitos conferidos por lei ao autor de MPB (isonomia constitucional). Quanto a mim, que sou autor de gospel music, tenho minha história com gênese nos anos oitenta, quando tive a primeira obra gravada em disco.
O que o atraiu para o mundo gospel?
A primeira atração, de fato, foi fazer parte de uma igreja muito antes mesmo de a música fluir nos poros. Depois veio a clara percepção de que o gospel, quando aportou por aqui - no limiar da chegada de missionários protestantes -, tinha deixado uma herança de canções estrangeiras, ou seja, cantava-se um punhado de versões sem nenhuma identificação rítmica com raízes brasileiras. Creio que a década de 1970 foi o start mutacional da música gospel no Brasil. O pontapé foi dado lá atrás para que hoje a música gospel (ou evangélica) cantada na língua portuguesa chegasse até a premiação com o Grammy.
Como avalia o mercado de música religiosa hoje no Brasil?
O mercado fonográfico da música religiosa no país deu um salto estupendo, e ouso atribuir isso à inserção de algumas canções evangélicas em trilhas sonoras de novelas, bem como à gravação de gospel evangélico por intérpretes de linha católica, uns até com mais de três milhões de discos vendidos.
O seu programa de rádio é local? Pode ser ouvido por pessoas de outras partes do país?
Primeiro quero confessar que sempre quis fazer rádio, mas no Rio a coisa não vingou. Estou morando há dois anos em Floripa, e fui presenteado com a possibilidade de apresentar o programa “Onde os Fracos Têm Vez”, aos sábados, às 8h, na Sara Brasil FM. A proposta é trazer aos ouvintes aquelas músicas que acalentaram gerações e hoje, infelizmente, pouco são executadas no 'dial'. Os ouvintes em outros rincões podem ouvir graças à internet. O programa tem transmissão simultânea pelo site da rádio (http://www.radios.com.br/ aovivo/Radio-Sara-Brasil-89.1-FM/14538). Para se ter uma ideia, até mensagens do Qatar eu já recebi.
RAPPER JAPÃO LANÇA DVD PARA CELEBRAR SEUS 26 ANOS DE CARREIRA
O rapper Japão, líder do Viela 17, celebra seus 26 anos de carreira com o lançamento de um DVD comemorativo, “Japão (Viela 17) – 26 anos de rap nacional”, em que repassa uma trajetória marcada pela denúncia coerente das desigualdades do país e da dura rotina das comunidades mais pobres. No dia 3 de setembro, a comemoração será num show no maior festival de arte e música urbana da América Latina, o Yo! Music, na área externa do estádio Mané Garrincha, na capital federal, onde ele vive e trabalha. “Fazer música em Brasília ainda é muito complicado! Nos anos 1980, o rock explodiu no grande centro e nas garagens da classe média alta brasiliense. Com contatos e parcerias, eles se destacaram, e Brasília foi eleita capital do rock. Já no final da década de 1980 e no início dos anos 1990, o rap veio com tudo, mas sem as condições financeiras favoráveis, pois o sistema analógico era caríssimo para nós. Tocamos de forma guerreira e conseguimos espaços, mas com pouca atenção da cultura local”, descreve o artista, que prepara uma turnê para 2017 e se orgulha de continuar na ativa apesar das adversidades: “Vendemos realidade e pagamos um preço caro por isso.”
235 MANEIRAS DE AMAR JACKSON DO PANDEIRO
Jackson do Pandeiro tem a maior parte de sua vasta obra recuperada e relançada. Num trabalho minucioso de pesquisa, levantamento de autorizações junto a inúmeros compositores e seus descendentes e digitalização, o pesquisador musical Rodrigo Fauor e as produtoras Alice Soares e Maysa Chebabi, da Universal, levaram dez anos até reunir os 235 fonogramas que compõem a caixa de nove álbuns “Jackson do Pandeiro – O Rei do Ritmo”. Cocos, sambas, rojões (designação criada por Jackson), xaxados e xotes compõem um passeio sem igual pelo legado do excelente compositor e ainda melhor intérprete – performático, irreverente, inventor, que atrasava ou adiantava andamentos e tocava seu instrumento como quem cantava. Todas as canções da caixa têm suas letras impressas em encartes, e o acabamento e o cuidado com o material são notáveis.
GRUPO CRIA LANÇA RAP SOBRE TRAGÉDIA EM MARIANA
O desastre ambiental de Mariana (MG) virou um contundente rap lançado pelo grupo CRIA (Cultura Rimática Informação e Arte), de Belo Horizonte. “Quanto vale a vida?/Só marcas deixadas pela ausência de valor moral/ Só marcou o sofrimento no vale-tudo infernal/ Me diga quem vai carregar esse fardo?”, diz um trecho da música. “A ideia é difundir mais responsabilidade e seriedade nas questões socioambientais. A falta de um planejamento adequado é sempre sublimada pelo poder econômico financeiro”, explica Márcio Morandi, cocompositor da música com o parceiro Marcos Castanheira. Fundado em 2011, o grupo tem diversos singles lançados, com letras sobre os problemas cotidianos do país, sempre com poesia e muito ritmo. O novo single pode ser ouvido em soundcloud.com/marciomorandi/vale-vale-nada.
NA TOADA DE NÉLIO TORRES
Músico, intérprete e mestre toadeiro, Nélio Torres lança o projeto “História Cantada e Contada - Boi Graúna e Cavalo Marinho”, um terno passeio pelas tradições folclóricas nordestinas e capixabas, que promete agradar a adultos e crianças. O espetáculo mistura música, dança e representação teatral, à moda dos autos de raízes medievais trazidos pelos portugueses, e já tem viajado pelo país. Premiado diversas vezes por seu trabalho de pesquisa e manutenção da cultura popular nordestina, Nélio Torres, que também se prepara para lançar seu sétimo álbum autoral, é um dos herdeiros da tradição do Cavalo Marinho da Paraíba, um folguedo executado anualmente na cidade de Bayeux, e propõe em “História Cantada e Contada” um diálogo com o Boi Graúna, um bumba meu boi sudestino do município de Serra, no Espírito Santo, estado onde está radicado. No site neliotorres.com.br você pode conferir a agenda de apresentações.
NEUMA MORAIS: 40 ANOS DE MÚSICA
Compositora de mais de 500 canções – dezenas delas gravadas em três CDs autorais –, Neuma Morais completa 40 anos de carreira. Foi em 1976 que a cantora Diana, então esposa de Odair José, registrou pela primeira vez num disco uma criação de Neuma, a canção “Tesouro Escondido”. “Eu tinha só 16 anos, meu pai foi quem assinou o contrato com a Philips/Phonogram”, ela lembra. “Meu parceiro nessa música foi o querido amigo Sobreira Batelli, com quem até hoje trabalho.” De lá para cá, Tim Maia, Bebeto, Maria Creuza, Roberto Carlos, Chitãozinho & Xororó, Fabio Jr. e até Xuxa gravaram canções de Neuma, que se lançou como cantora no final dos anos 1980, na trilha da novela “Ana Raio e Zé Trovão”, da extinta TV Manchete. Ali, emplacou duas músicas sertanejas, uma delas o hit “Vaqueiro”, parceria com seu pai, Neon Morais. “Meu pai foi um dos meus grandes parceiros, um inspirador. Aos 7 anos compus minha primeira canção, e, no ano seguinte, ele me deu um violão. Isso foi determinante”, lembra Neuma.
A OBRA DE CANDEIA AGORA ESTÁ NA UBC
Os herdeiros do grande Candeia, fundador e um dos sambistas mais ilustres da Portela, filiaram seu legado à UBC. Com cerca de 130 canções editadas e gravadas, Candeia compôs ainda diversas outras que permanecem inéditas, segundo um de seus filhos, Jairo Teixeira, conta à Revista UBC. “Temos interesse em encontrar parceiros para ver essas obras finalmente lançadas. Mas com calma e cuidado, não podemos entregar para alguém que macule a obra do meu pai ou não faça de acordo com o que ele fazia”, diz. Candeia morreu precocemente, aos 43 anos, mas teve uma produção rica e variada. “Mesmo assim, não vínhamos recebendo retorno em direitos autorais condizente com esse legado. Temos certeza de que na UBC, que tem uma gestão profissional, vai ser diferente. A experiência que temos tido na associação nesses três ou quatro meses é excelente. E o cast de compositores fala por si. A relação da UBC com os autores é muito boa.”