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TImor
A ilha de Timor localiza-se a norte da Austrália, no extremo do Sudeste Asiático. Atualmente, o território de Timor-Leste é constituído pela metade oriental da ilha, o enclave de Oecussi, a ilha de Ataúro e o ilhéu de Jaco. O clima possui características equatoriais, sem grandes amplitudes térmicas e com duas estações anuais determinadas pelo regime de monções. A ilha apresenta uma orografia variada, onde a crista montanhosa central, que se desenvolve longitudinalmente à ilha, perde expressão de poente para nascente, divide as realidades distintas da costa norte, mais acidentada e escarpada, e da costa sul, caracterizada pelos declives mais suaves.
A chegada de portugueses ao território remonta ao século XVI, mas só em 1633, com a fundação do primeiro convento dominicano, passou a existir uma presença permanente na ilha. Até então o território de Timor era partilhado entre cerca de 60 pequenos reinos reunidos em duas confederações: os Belos, que ocupavam a metade oriental; e os Baiquenos, que ocupavam a metade ocidental da ilha. Os contactos que a ilha tinha com o exterior eram essencialmente comerciais mas, à época, Timor começava a ser alvo de ataques de buguizes e macassares oriundos das vizinhas ilhas Celebes. A partir de meados do século XVII, com a colocação de alguns reinos timorenses sob proteção do rei de Portugal, os portugueses passaram a interferir na política interna da ilha. Em 1703, com a chegada do primeiro Governador ao território, consolidou‑se o protetorado português. Desde 1653 que os holandeses controlavam o forte de Cupão, a partir do qual procuravam estender a sua influência. Em meados do século XVIII, a metade ocidental da ilha estava sob controlo ou influência holandesa, o que orientou a mudança da capital portuguesa de Lifau para Díli, em 1769.
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No século XIX, face à pressão holandesa, foram enviadas tropas de Goa para reforçar a autoridade portuguesa e foram criados os primeiros postos militares no interior da ilha. Entretanto, devido à escassez da madeira de sândalo, que constituía a base da economia da ilha, foi introduzida a cultura do café como tentativa de revitalização da economia com um novo produto exportável. Timor e Solor são constituídos como Província autónoma em 1850, após a separação do Estado Português da Índia e do território de Macau, em 1844. Na viragem do século XIX para o século XX, o território de Timor deixa de configurar um protetorado e passa a ser uma colónia portuguesa. As alterações legislativas enfraqueceram o poder dos reinos timorenses e originaram a revolta de alguns reinos apoiados pelos holandeses, a guerra de Manufahi, que durou entre 1911 e 1913. Após o fracasso da revolta, as fronteiras do território português de Timor foram estabilizadas na Sentença Arbitral de 1915.
A distância a Lisboa e a menor importância de
Timor no contexto colonial português foram fatores que determinaram a colonização do território até à Segunda Guerra Mundial. A ocupação do território português por parte de tropas australianas e holandesas conferiu um pretexto para a invasão japonesa da ilha de Timor em 1942. A destruição causada pelas forças ocupantes e pelos posteriores bombardeamentos aliados deixaram Díli e o restante território em ruínas. Assim, com o final da guerra, quando o território regressa ao controlo português, iniciam‑se os esforços de reconstrução e reconsolidação da autoridade administrativa colonial. A concentração de esforços nas províncias africanas fez com que a Província de Timor ficasse remetida para um plano secundário. Ainda assim, na segunda metade da década de 1940, os serviços da Repartição Técnica das Obras Públicas de Timor procederam à execução de vários levantamentos topográficos e planos de urbanização para pequenos aglomerados de carácter rural. Em 1951, o Gabinete de Urbanização Colonial atendeu às necessidades da capital da província, ainda em ruínas, e elaborou o Plano Geral de Urbanização de Díli, concentrando-se os reduzidos recursos disponíveis nas décadas seguintes na construção de equipamentos essenciais para o controlo administrativo da província.
Apesar de alguns estudos parcelares efetuados ao longo da década de 1960, só em 1972 foi elaborada a Fase de Plano Diretor do Plano de Urbanização de Díli. O desenvolvimento do Plano de Urbanização ficou definitivamente comprometido em 1974, com a saída da administração portuguesa e a posterior ocupação de Timor-Leste pela Indonésia (nomeadamente com a devastação dos principais núcleos urbanos, pelo exército ocupante indonésio, com incêndios e destruição como vingança pelo referendo que perderam e que levou à sua saída em outubro de 1999). O fomento da agricultura como setor económico estratégico não contribuiu para a urbanização do território timorense que, remetido para uma situação secundária em relação às restantes províncias, beneficiou de menor atenção e investimento, o que se refletiu na menor produção e eficácia dos instrumentos de gestão e ordenamento do território.
PLANO GERAL DE
urbANIZAção dE dÍlI
LOCALIzAçãO: dÍlI | DATAS E FASES: 1951, ElAborAção E AprovAção AUTOR: joão ANTóNIo AguIAr [ArQuITETo]
ENTIDADE: Gabinete de Urbanização l Ministério do Ultramar FONTE: Arquivo Histórico Ultramarino | Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD)
Plano Geral de Urbanização de Díli. Planta de Urbanização.
O Plano Geral de Urbanização de Díli, datado de 1951, foi elaborado pelo Gabinete de Urbanização do Ultramar sob a coordenação do Arquiteto João António de Aguiar, que dirigia aquele serviço. À data dos estudos para o plano a cidade apresentava ainda sinais da ocupação japonesa ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, sendo, segundo João Aguiar, uma cidade em ruínas, pelo que se optou por formular um instrumento orientador da reconstrução da capital de Timor.
Plano Geral de Urbanização de Díli. Planta de Trabalho.
O desenho urbano proposto para a cidade de Díli foi um exercício de conciliação entre o urbanismo formal, herdado dos urbanistas franceses, e a cidade jardim, importada das teorias anglosaxónicas do princípio do século XX. Submetido para parecer à administração a 22 de outubro de 1951, o plano foi aprovado no dia seguinte pelo Ministro do Ultramar, Sarmento Rodrigues. A celeridade deste processo ilustra a urgência na reconstrução da capital da província.
PLANO DE
urbANIZAção dE dÍlI
loCAlIZAção: dÍlI | DATAS E FASES: 1972, FAsE dE plANo dIrETor AUTOR: FErNANdo sCHIAppA dE CAmpos [ArQuITETo]
ENTIDADE: Direcção de Serviços de Urbanismo e Habitação da Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar (DSUH/DGOP-MU, 1958-1974) FONTE: Arquivo Histórico Ultramarino | Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD)
O objetivo de contribuir para a elaboração de um instrumento urbanístico motivou a realização, pelos Serviços de Obras Públicas de Timor, de Estudos de Pormenor para diferentes
Plano de Urbanização de Díli. Relevo e Distâncias.
áreas de Díli entre 1968 e 1969. Na verdade, a primeira fase deste Plano de Urbanização, datada de 1972, apresentava-se com as características de um Plano Diretor porque, por um lado, os vários estudos elaborados não se encontravam articulados e, por outro, pela necessidade de enquadrar futuros desenvolvimentos.
O Plano de Urbanização de Díli foi lançado para que se dispusesse de um instrumento de ordenamento e gestão do território que articulasse os diferentes documentos desenvolvidos e promovesse o desenvolvimento da capital de Timor.
O estudo sobre a importância do conhecimen-
Urbanização de Díli e Arredores. Plano Diretor. Esquema Viário.
to do habitat tradicional, realizado por Fernando Schiappa de Campos, constituiu uma base de planeamento fundamental que se refletiu na coordenação e elaboração do Plano de Urbanização de Díli.
Urbanização de Díli e Arredores. Plano Diretor. Zonas Habitacionais.
Urbanização de Díli e Arredores. Plano Diretor. Zonamento.
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