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O fazer jornalismo - do analogico ao digital em meio seculo de vida

Por Alexandre Gonçalves

enho 54 anos, 33 de jornalismo.

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TNeste pouco mais de meio século de vida, vivi e vivo plenamente a maior transformação da humanidade em todos os tempos. Talvez ainda não tenhamos a dimensão, mas no futuro os dias de hoje e os acontecimentos recentes gerados pelo avanço da tecnologia serão estudados e classificados como uma ruptura no processo de civilização, como foram as transformações que criaram a Idade Média, Moderna, Contemporânea... Sei lá qual o termo que se dará, mas é fato que o planeta mudou como nunca, em especial, por conta da comunicação, em todas as suas esferas. Estamos conectados, a Globalização é aqui, na palma da mão. Mas sou do tempo que o aparelho de telefone era um artigo de luxo, com preço para poucos, cuja uma linha demorava quase um ano para ser instalada. De Porto Alegre conversava com a minha avó no Rio de Janeiro e sabia o final da novela com duas semanas de antecedência, pois as fitas vinham de avião para estados fora do eixo Rio-São Paulo. Na escola, fazia questão de contar para os colegas o que iria acontecer. Me sentia poderoso! Fui gestado no mês do Golpe Militar – sim, foi GOLPE – e nasci junto com a Rede Globo e a vi crescer e construir um império de comunicação, com as benesses de um Governo ilegítimo que precisava de respaldo popular. Foi assim que o Jornal Nacional uniu o Brasil continente através das redes de satélite disponibilizadas pelos militares. Neste contexto se deu minha construção como cidadão e minha vontade de ser jornalista. No final dos anos 1970, ganhei do meu avô a máquina de escrever elétrica dele, um momento inesquecível. Pouco usei a máquina, pois logo acabou o cartucho e não conseguir substituir, mas ela virou um símbolo do que queria fazer na vida. O jornalismo era feito através da televisão, do rádio – sempre ele! –, das revistas e dos jornais impressos. Para vocês terem uma ideia, uma mesma empresa jornalística tinha três jornais diários em Porto Alegre, o Correio do Povo, A Folha da Manhã e a Folha da Tarde. A minha formação no jornalismo começou em 1985, depois de dois anos e meio de uma fundamental base no curso de Ciências Sociais. Internet não existia. Na faculdade, tive um semestre da disciplina de Introdução a Telemática, aos sábados pela manhã, imagina o nível e o aproveitamento. Quando comecei o curso, sonhava escrever para um grande jornal, como a Folha de São Paulo, ou para uma revista, como a Veja – sim, já gostei muito da

jornalismo, quando descobri minha vocação, a área onde atuei durante pelo menos duas décadas, com experiências maravilhosas e outras nem tanto. Formado, segui minha vida de jovem empreendedor na área de gravações – casamentos, aniversários, formaturas, batizado, tudo no saudoso VHS -, mas cansei depois de dois anos, apesar do bom retorno financeiro que estava me dando. Eu sonhava em ser jornalista e era preciso correr atrás. Sacudi a poeira, larguei a empresa, peguei minha Brasília, meu gato Haroldo, meus discos long plays e a estrada para Florianópolis, em busca do meu sonho. No meu primeiro emprego como jornalista, na extinta RCE, trabalhei com aquele que me despertou o interesse pelo jornalismo político, Moacir Pereira, além de outras feras, como o Roberto Alves e Miguel Livramento. Naquele 1992, assim como eu, o hoje consagrado Joelson dos Santos, da RICTV Record, começava sua carreira. Ele apresentava, eu editava, escrevendo textos para ele ler em uma velha máquina Olivetti. Da capital parei em Blumenau, onde conheci o primeiro computador na então RBS TV. A telefonia celular dava seus primeiros passos e em 1996 fui dos primeiros na cidade a ter um aparelho, um “tijolão”, cedido pela Telesc – a empresa estatal de então. A Internet para nós mortais – jornalistas e comunidade em geral - surgiu na segunda metade da década de 1990,

ainda de forma precária, via cabos. De lá para cá, numa velocidade espantosa, transformou a comunicação e o mundo, em especial a partir dos primeiros anos da década de 2010, com o surgimento dos smartphones. A partir daí tudo foi muito rápido, muito mesmo. A comunicação que tinha apenas uma via – emissor e receptor -, deixou de ser unilateral e passou ser múltipla. O acesso a informação e as possibilidades para o jornalismo se ampliaram geometricamente, mas deixaram marcas no que hoje chamamos de veículos “tradicionais”. O próprio papel do jornalismo e dos jornalistas passou a ser motivo questionamento e a formação profissional deixou de ser relevante para muitos, inclusive para o Supremo Tribunal Federal, que se posicionou contra a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. A Internet e as redes sociais viraram terra de ninguém, onde as Fake News, aproveitadores e despreparados prosperam em meio a profissionais e veículos de comunicação sérios e com credibilidade que tentam sobreviver nesta panaceia informacional. Saudosismo? Não, o meu pragmatismo não permite isso. Olhar no retrovisor serve como bagagem para enfrentar o modelo de comunicação dos tempos atuais e dos próximos. Afinal, já vivi meio século.

15 anos de protagonismo: a trajetória dos cursos que ajudaram a formar comunicadores no Vale do Itajaí

Por: Bruna Gabriela Ziekuhr, Eduarda Lúcia Loregian e Larissa Segatte

Conheça a história do colégio universitário que, através da motivação de jovens educadores, deu origem a uma das mais conceituadas instituições de ensino de Santa Catarina e que em 2019 completa 15 anos da criação de seus cursos de comunicação - jornalismo e publicidade e propaganda

Completar 15 anos é um marco inesquecível. Seja para uma pessoa, uma empresa ou uma instituição. Há comemorações, festas e despedidas de um longo caminho que fica para trás. São tropeços, lágrimas, mas também são boas risadas, lembranças e amizades que serão guardadas no coração para o resto da vida. Para uma debutante, fazer 15 anos e celebrar essa data como uma grande festa, se torna um marco inesquecível. São detalhes e planejamentos que, muitas vezes, unem ainda mais a família tornando o momento especial. Já para uma empresa, a celebração mostra o crescimento e o amadurecimento que ela precisou manter para chegar até o nível em que se encontra. É um caminho árduo, que resulta em benefícios para a sociedade em geral. E neste ano a UniSociesc completa 15 anos da criação dos seus cursos de comunicação - jornalismo e publicidade e propaganda. Uma instituição de ensino que preza pela educação e que vê nos seus estudantes a causa para se manter em pé, como afirma Anselmo Medeiros, um dos fundadores do antigo Instituto Blumenauense Superior (IBES). “Nós éramos um grupo encarnado em levar nossos alunos para o ensino superior e a nossa alegria era ver eles entrando na faculdade. Sempre vibramos pelo sucesso dos estudantes, e esse vínculo entre os professores e alunos foram passadas para o IBES através do colégio universitário. A nossa instituição tinha aquela coisa de ver nos estudantes a coisa mais importante”, recorda Anselmo com emoção.

Prédio do IBES/Sociesc no bairro Jardim Blumenau/ Site Blumenau Vertical

TRAJETÓRIA Com brilho nos olhos, Anselmo Medeisiasmo. Posteriormente, o grupo deu ênfase ao ros, relembra como era a sua vida há 19 anos. processo de qualidade na educação e, por conta Sonhador, o professor, empresário e doutodisso, alguns cursos da faculdade são referência rando em educação, foi um dos fundadores na educação superior. do Instituto Blumenauense de Ensino SupeNo início a faculdade funcionava em um rior (IBES). Na época ele e seus sócios, Valdeprédio na rua XV de Novembro e depois passou a cir Mengarda, Amilton Leal, Adilvo Andreazza, funcionar na rua Getúlio Vargas. Leonardo Stuepp e o Edmundo Pozes da Silva, Em 2000 a faculdade veio para o endereeram professores e fundadores de um colégio ço atual, na rua Pandiá Calógeras, número 272, universitário com foco em vestibulares com no bairro Jardim Blumenau. Tudo era novo, havia cerca de mil alunos. Havia ali um sonho de inicarteiras, ar condicionado, salas equipadas com ciar um projeto que resulcabos de internet - algo taria na formação de diverNÃO QUEREMOS SER OS MAIORES, que outras instituições não sos profissionais na cidade QUEREMOS SER OS MELHORES tinham - e as paredes cheide Blumenau. Foi então ANSELMO MEDEIROS ravam a tinta nova. O soque o grupo de jovens edunho dos jovens educadores cadores decidiu encarar o desafio que concrese concretizou. Anselmo relembra da quarta-feitizaria este sonho: fundar uma faculdade que ra em que realizaram a primeira aula inaugural. levaria os estudantes ao ensino superior. Ela aconteceu no Teatro Carlos Gomes e estava O desafio exigiu esforço e coragem. repleta de interessados que tinham feito o vesHavia três salas de aula disponíveis na escotibular. Foi neste momento que o construtor do la e o grupo decidiu iniciar a faculdade nelas, atual prédio da faculdade telefonou para Anselno período noturno. Inicialmente a instituição mo. “Ele me ligou e disse que o Samae não havia oferecia os cursos de administração, Secretaligado a água no prédio, e no dia seguinte nós iríriado Executivo Bilíngue e Turismo. “Muitos amos para a nova sede. Diante disso, não consediziam que não conseguiríamos competir com guiríamos levar os alunos para lá. Tive que dizer as demais instituições, mas eu sempre disse: que todos teriam uma folga de dois dias”, relem‘Não queremos ser os maiores, queremos ser bra Anselmo. os melhores”, comenta Anselmo com entu

Foto de um dos primeiros vestibulares do antigo IBES Sociesc. Da esquerda para direita: Pietro Paladini (fundador da Informare), Claudionor Silveira (fundador do sistema Unimestre), Anselmo Medeiros (fundador do IBES/sistema Unimestre), Jerusa Schroeder (secretária acadêmica), Valdecir Mengarda (fundador do IBES/sistema Unimestre), Adilvo Andreazza (fundador do IBES/sistema Unimestre)

ONDE TUDO COMECOU: O PIONEIRISMO EM BLUMENAU

Fachada do IBES Sociesc (2004)

Em 2004, após sua fundação, a faculdade deu um importante salto para a educação na cidade de Blumenau. O IBES tornou-se pioneiro na cidade com um curso superior de Jornalismo. A profissão já era consolidada na cidade, porém a maioria dos profissionais que atuavam na área não tinham formação e acabavam deslocando-se para outras cidades atrás de conhecimento. “Foi então que percebemos a possibilidade de abrir o mercado de comunicação na cidade”, explica Anselmo. Anselmo conta que este era um sonho particular dos sócios e para ele especialmente, pois tinha uma proximidade com a área desde os anos 1990 quando apresentou por quase nove anos o programa “Educação em Debate”, na TV Galega, de Blumenau (SC). Além de ter sido radialista aos domingos na época da faculdade de Filosofia, que cursou na cidade de Brusque (SC). “Não sou formado em comunicação, estive na área de metido mesmo. Aprendi o que sei aos trancos e barrancos e acabei me apaixonando pela área”, confessa. Na época havia no IBES um projeto integrado de três cursos de comunicação que eram Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Jornalismo. Porém, o curso de Relações Públicas acabou não vingando, permanecendo apenas os outros dois cursos. “Relações públicas não emplacou pois os jornalistas ocupavam a área - sempre houve esta disputa de mercado. Eu, particularmente, tinha o sonho de sermos pioneiros em jornalismo na cidade, por já ter proximidade com o âmbito da profissão”. Anselmo que complementa que os cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo sempre andaram juntos. “Eles tinham uma grade integrada e sempre deram certo, até os dias de hoje”, conta. Anselmo lembra ainda da estrutura inicial dos cursos de comunicação. “Na época, a faculdade era menor. Nós tínhamos uma convivência muito próxima com os alunos e essa era uma das características da nossa faculdade. Eles se sentiam em casa, era um clima muito bom.” Com o tempo, a estrutura dos cursos foi evoluindo, os laboratórios não eram como são atualmente e a grade dos cursos também passou por diversas modificações. Carlos Fernandes Caniceiro, responsável pelo projeto dos cursos de comunicação do antigo IBES, lembra que a ideia surgiu em um momento de expansão das faculdades na área, e da importância disso para Blumenau. “No final dos anos 90, quando fiz mestrado em comunicação, havia apenas 18 graduações na área em todo país. E pós-graduação, mestrado e doutorado em comunicação só tinha na USP, em São Paulo.” De acordo com ele foi no ano 2000 que iniciou-se uma expansão para 600 cursos na área

de comunicação no país. Por acaso, enquanto ele fazia um projeto em Joaçaba (SC) foi chamado para ajudar em Blumenau, no então IBES. Acabou que com o projeto e a criação da formação, a área foi profissionalizada e o mercado ampliado no município. “Afinal, o curso gera uma demanda, profissionaliza o mercado e cria vagas, o que foi evidente em Blumenau”, explica Carlos. Daniela Jaques, representante comercial há 12 anos, e estudante da primeira turma que se formou em Publicidade e Propaganda conta como foi na época. “Começamos em duas turmas de 50 pessoas, logo no terceiro semestre alguns trocaram de curso, de universidade ou acabaram desistindo, viramos uma única turma de 60 alunos, no final 13 se formaram. Tivemos uma relação maravilhosa com os professores e a parte educacional da faculdade foi ótima”, comenta.

Foto da primeira turma de publicidade e propaganda em 2008/Divulgação Aluno da primeira turma de Jornalismo do IBES, hoje coordenador regional da NSC TV em Blumenau, Everton Siemann lembra do início da sua graduação. “Começamos com 40 alunos de Jornalismo e formamos em 17 pessoas, a maioria já atuava da área da comunicação”, comenta. Everton lembra com carinho do primeiro dia de aula. “Eu tinha 21 anos e o primeiro dia de aula foi algo marcante para mim. Desde pequeno sempre quis ser jornalista e pude presenciao o falecido Fernando Arteche entrar na sala e dar aula para a minha turma”, ressalta. Fernando Arteche Hamilton foi professor na instituição e âncora do Jornal de Almoço em Blumenau por 15 anos, na antiga RBS. O aluno da primeira turma lembra ainda dos desafios e dificuldades encontrados na época. “No início sofremos bastante com os equipamentos, eu lembro que as primeiras máquinas fotográficas que tivemos contato foram as máquinas de filme.” Neste primeiro momento as turmas aprenderam a revelar filmes e posteriormente - nos últimos dois meses de curso - chegaram as máquinas digitais na faculdade. Sendo pioneira no jornalismo em Blumenau, a faculdade seguiu a história da comunicação na cidade e foi responsável pela formação da maioria dos profissionais do município. Anselmo lembra dos desafios da estruturação inicial do curso. “Diante da realidade da falta de graduação na cidade, tivemos dificuldade para encontrar os primeiros professores. Por isso, acabamos formando alguns dos nossos tutores.” Os sócios resolveram o problema inicial contratando profissionais que tinham titulações em outras áreas como letras, por exemplo, que passaram a dar aula de redação jornalística. Além disso,

Foto da primeira turma de jornalismo em 2008/Divulgação

tiveram os primeiros professores já formados fissionais da época e Anselmo fala disso com jornalistas, como o falecido Fernando Arteche orgulho. “Como sou um consumidor de notíHamilton que foi o primeiro mestre da instituicias, hoje fico mudando as estações do rádio ção. Hoje, Arteche tem seu nome homenageae ouvindo os meninos que se formaram com a do na denominação do estúdio dos cursos de gente, que são profissionais de altíssima qualicomunicação da faculdade, pois foi o primeiro dade, comprometidos com a boa comunicação. coordenador do curso de jornalismo. “Após a Isso me dá um orgulho muito grande.” contratação de professores formados em ouAnselmo lembra que desde o início e tras faculdades, abrimos imediatamente uma até os tempos atuais, com uma grade integrapós-graduação na área para criar a nossa próda, os cursos de comunicação formaram alunos pria equipe”, explica Anselmo. ativos através da multidisciplinaridade. “Algo Como estratégia, o curso tinha parceria com diversos veículos de comunicação, O MUNDO É COMUNICAÇÃO, TUDO É COMUNICAÇÃO. ANSELMO MEDEIROS que lembro bem é que as turmas de comunicação sempre foram conhecidas por serem as turmas que onde eram fornecidas bolsas de estudos para falavam bastante. E nós entendemos isso como que os funcionários pudessem ingressar nos uma força indispensável para a faculdade. Eles cursos de jornalismo e publicidade e propagansão muito críticos. Além disso, os estudantes da. Esta realidade auxiliou a formação dos prode comunicação participavam ativamente das atividades da faculdade, e criavam comissões importantes para a instituição”, enfatiza. Um dos focos dos cursos de comunicação, logo após a fundação, foi o incentivo ao empreendedorismo nos alunos. Com uma visão de futuro, em 2006 o curso já incentivava os acadêmicos a empreenderem, pois naquele momento o mercado da comunicação já sofria mudanças. Por conta disso, atualmente existem muitas iniciativas empreendedoras na cidade que estão ganhando espaço no Everton Siemann segurando uma câmera no antigo IBES SOCIESC mercado. Assim, muito cedo a faculdaAcervo pessoal

de percebeu que o empreendedorismo se torfaculdade - passando a chamar-se UniSociesc. naria uma ferramenta importante de trabalho Após lembrar toda a sua trajetória com a fapara os estudantes e até de sobrevivência para culdade, Anselmo finaliza. “Me sinto honraos profissionais da área do, tenho um orgulho que buscam um meio O NOSSO MAIOR ORGULHO COMO muito grande de ter de trabalho. GESTORES ESTÁ NO FATO DE QUE A participado deste proAlém disso, com CIDADE ACABOU FORMANDO SEUS cesso histórico e de ter tantas mudanças e noPRÓPRIOS JORNALISTAS ATRAVÉS DO começado o curso de vidades, existe uma IBES Jornalismo na cidade. grande possibilidade para os agentes da coO nosso maior orgulho como gestores está no municação. “Hoje, pelo menos 50% dos alunos fato de que a cidade acabou formando seus próformados não atuam na área, e as competênprios jornalistas através do IBES”, finaliza. cias desses profissionais ampliaram-se de maneira significativa” ressalta Anselmo. E é para esta realidade que a faculdade vêm formando, capacitando e preparando profissionais desde muito cedo. Pela importância da comunicação, Anselmo lembra que a preocupação com o ensino sempre teve destaque. “A comunicação é uma área muito sedutora e fantástica, além da sua importância para o país. Aliás, um povo sem informação não é um povo cidadão. Não conseguimos construir a cidadania sem uma imprensa livre e sem uma boa formação. O mundo é comunicação, tudo é comunicação.” Em 2007 o grupo de educadores vendeu a faculdade que passou a integrar o grupo Sociesc. “Em sete anos criamos a faculdade, aprovamos 16 cursos superiores no Ministério da Educação (MEC) e a entregamos com 1.700 alunos”, ressalta Anselmo. Em 2017 a instituição foi vendida novamente, desta vez para o grupo nima - atual gestor da Manchete do Jornal de Santa Catarina (2007)

A HISTÓRIA DOS PROJETOS POR TRÁS DA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA COMUNICAÇÃO

Durante a trajetória na faculdade, os alunos de comunicação da UniSociesc passam por diversos desafios e projetos que agregam o portfólio e a formação de profissionais mais competentes e preparados para enfrentar os obstáculos que o mercado de trabalho impõe. Na instituição, os trabalhos interdisciplinares ganham destaque. Visto que a faculdade é uma das únicas de Blumenau que trabalha com esse tipo de metodologia, ou seja, faz a junção de várias disciplinas para fazer um projeto em conjunto. Entre estes projetos está o Festival Interdisciplinar de Comunicação, mais conhecido como ICOM. O evento acontece todos os anos e deriva das semanas acadêmicas tradicionais de todos os cursos, que na instituição era conhecido como Festival de Comunicação e Artes (FECA), desenvolvido para ser a semana acadêmica dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Samir Dalfovo, atual coordenador dos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda na UniSociesc, explica que o festival nasceu de uma reunião com todos os professores. “Na época, em 2007, o Fernando Arteche Hamilton ainda era o coordenador de jornalismo e a Ana

Cláudia Knoll Zoschke era coordenadora de publicidade e propaganda, e eu era professor dos dois cursos. Debatemos sobre o FECA, que era o festival dos cursos até o momento, e abordamos o fato de ele estar com uma baixa adesão por parte dos alunos”, conta o coordenador. Samir lembra que a conversa chegou ao nome de SIECOM, que seria um congresso de iniciação científica, mas, a proposta não progrediu, já que os alunos necessitavam escolher e saber o que eles querem fazer no seu festival. “FECA, SIECOM e FICO, que, posteriormente virou o ICOM e se tornou esse evento que vem crescendo ano a ano fazendo a integração com o mercado”, explica Samir emocionado. A professora e uma das idealizadoras do evento, Gisele Baumgarten Rosumek também conta que, os coordenadores dos cursos na época, decidiram que os alunos deveriam organizar e executar o festival para criar autonomia e mais conhecimento aos futuros profissionais da área. Portanto, a turma de 2007 planejou e em 2008 foi realizado o primeiro ICOM na instituição. “O evento sempre primou pela ampliação da compreensão dos acadêmicos sobre o mercado de comunicação, bem como a ampliação da compreensão da comunidade em geral sobre o papel e a forma de atuação do profissional na sociedade”, explica a professora. O festival, que utiliza a metodologia interdisciplinar na construção de um exercício prático de aplicação de conteúdos desenvolvidos em sala de aula, tem o objetivo de proporcionar um momento de geração de conhecimento e socialização. “Nós sempre pensamos que o evento teria que ser aberto a todos, permitisse ser gratuito para que todos pudessem participar, e trazendo novos aprendizados para os alunos e demais participantes”, lembra Samir. Em 2019 o projeto é coordenado pela professora Cynthia Hansen, contando com uma reformulação pensada a partir dos novos desafios e competências que o mercado impõe aos futuros profissionais da comunicação. Abordando aspectos de uma transformação no meio da comunicação em âmbito geral, adequando e moldando as novas vertentes necessárias para se adaptar ao mercado de trabalho. Outro projeto que faz sucesso entre os futuros profissionais é o .Mov – Mostra nima de Curta Metragem. O projeto foi originalmente idealizado pela professora Marta Brod e executado em conjunto com as turmas de comunicação social do 7º semestre em 2017 sob o nome de .Mov - que é a extensão de um vídeo quando é salvo em um computador. “Quando eu retornei do mestrado, eu acabei lecionando uma disciplina de Produção de TV. Na época, para finalizar a disciplina, a gente precisava aplicar um projeto e foi assim que o .Mov nasceu”, declara a professora. Marta também comenta que desde o início o projeto tem como objetivo dar autonomia para os alunos na criação e produção do evento. “A ideia é que eles coloquem em prática tudo o que foi aprendido ao longo do semestre na disciplina de produção audiovisual”, explica. Inicialmente, o projeto era destinado somente aos alunos da UniSociesc Blumenau, mas, em 2018, foi aberta as inscrições para todas as instituições do grupo Ânima Educação, além das instituições de ensino superior do Vale do Itajaí, e passou a adotar o nome de .Mov. Entre os inúmero projetos da instituição, a Maratona Criativa também se destaca por sua irreverência e a apresentação de situações reais

do mercado de trabalho. “A ideia surgiu em 2011, que, após uma conversa com vários professores, nós lembramos que o Colégio Universitário - de onde o antigo IBES surgiu - fazia uma gincana da madrugada com os alunos. Depois todos foram dando ideias até chegarmos no nome”, conta Gisele Baumgarten Rosumek. A professora lembra que nas primeiras edições a maratona envolvia somente o curso de publicidade e a partir de 2015 é que foi integrado, também, os acadêmicos de jornalismo. “A Maratona Criativa é um evento que acontece durante o período noturno, nas dependências da UniSociesc. Os alunos se reúnem e discutem sobre a proposta que será apresentada para um cliente real, indicado pela instituição”, explica. A proposta é que os alunos possam pôr em prática o que estão aprendendo em sala de aula, a partir de uma situação real de mercado. “O desafio é criar uma campanha, literalmente, da noite para o dia”, ressalta. As equipes têm doze horas para elaborar uma campanha de comunicação para o cliente indicado. Ao final do período, o projeto

Primeira edição da Maratona Criativa/Divulgação é apresentado a um corpo de jurados definidos pela organização do evento para avaliação, que rende premiação simbólica para a equipe vencedora. Um projeto que chamou a atenção em 2018, foi a exposição fotográfica “A Voz Delas”, promovida pelo cursos de jornalismo e publicidade e propaganda da instituição. O projeto foi idealizado pelas professoras Denise Sapelli, Marta Brod, Alessandra Meinicke, Gisele Baumgarten Rosumek, Ana Cláudia Knoll Zoschke e Eumar Francisco da Silva, que orientaram os alunos numa exposição física e virtual reunindo, ao total, cerca de 80 mulheres que fizeram parte da história do jornalismo no Vale do Itajaí. O projeto teve como objetivo evidenciar a importância da mulher no meio jornalístico. “Os professores e acadêmicos fizeram um resgate histórico de mulheres que fizeram história no jornalismo e continuam exercendo essa profissão. Através de uma exposição fotográfica, unindo os alunos de jornalismo e da publicidade conseguimos contar as histórias dessas mulheres que tanto fizeram pela comunicação”, finaliza Marta.

Foto da abertura da exposição fotográfica A Voz Delas/ Acervo pessoal

Foto realizada no ano de 2019 na UniSociesc com professores da instituição/ Divulgação A proximidade e interdisciplinaridade petências que querem formar no aluno”, ressaldos cursos de jornalismo e publicidade, mosta Samir. tra que as formas de se comunicar e de se relaO mercado está cada vez mais cionar também mudaram, não só na profissão, exigente e com isso a instituição vê que mas também no ambiente acadêmico. Tudo é preciso adaptar-se a essas mudanças. acontece num piscar de olhos e é preciso que Eumar Francisco da Silva, que leciona na o profissional da comuniinstituição há 10 anos, cação esteja atento a esNÃO VAMOS QUERER QUE conta que antigamensas mudanças. Pensando TODO MUNDO SEJA UM ALBERT te a metodologia era nisso, a UniSociesc sempre EINSTEIN DA ÁREA DE CIÊNCIAS, muito voltada para a preocupada em inovar e MAS NÃO É SÓ DE EINSTEIN QUE leitura, decorar, famelhor preparar o profisVIVE A CIÊNCIA. zer provas e prestar sional para o mercado de EUMAR FRANCISCO SILVA exames, mas que atutrabalho, busca incorporar almente se tem um diferentes metodologias aplicadas em sala. diálogo. “O estudante tem maior abertura Além dos projetos interdisciplinares, a atenção para se expor e mostrar o que sabe. Os novos vem sendo direcionada para aulas, inserindo métodos buscam explorar o potencial de atividades práticas com dinâmicas atuais, cada um e é esse o objetivo.” Eumar expliaproximando com a realidade dos alunos. ca ainda que cada pessoa possui uma baAlém disso os cursos de jorgagem cultural e absorve a informação de nalismo e publicidade também maneiras diferentes. Enquanto uma pessoa adotaram uma nova grade, com disciplinas aprende mais ouvindo, outra adquiri mais que pensem nas competências e habilidades informações observado ou até mesmo sozinho e dos alunos. “A adaptação das grades é um propraticando. Esses novos métodos adotados pela cesso contínuo. Nos cursos de comunicação UniSociesc visam agregar e modelar ainda mais temos um grupo de professores chamado Núo desenvolvimento de cada estudante. “Não cleo do Centro Estruturante (NDE) que pensa vamos querer que todo mundo seja um Albert estrategicamente no curso, na grade, nas comEinstein da área de Ciências, mas não é só de

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Albert Einstein que vive a Ciência”, brinca Eumar. Além das mudanças no mercado que transformaram a metodologia dentro da instituição, houve sempre a preocupação em manter os estudantes atualizados proporcionando uma melhor experiência para quando chegarem na área de trabalho. Os professores estão sempre atentos em avisar sobre oportunidades na área, dando dicas sobre cursos onlines e gratuitos, projetos de extensão e palestras organizadas pela própria instituição. Anna Carolina Clasen Anesi de Novaes Dutra Coirolo, que atualmente faz parte da equipe que compõe a UniSociesc, conta que se formou em Publicidade e Propaganda há um ano e diz que a faculdade auxiliou neste processo. “Na hora do ‘vamos ver’ não tem ninguém para pedir ajuda. Mas, a faculdade sempre te capacita para passar por cima desses dilemas. Lembro muito de usar o que aprendi nas aulas e pensar, ‘o que determinado professor faria na minha situação?’ e isso me ajuda a resolver certas situações”, desabafa. Hoje o profissional de comunicação precisa estar inteirado em todos os processos. Essa realidade nem sempre foi assim, a publicidade e propaganda e o jornalismo andavam separados. O profissional que se formava em jornalismo não tinha o conhecimento por completo do que o profissional em publicidade praticava. Atualmente, se tem a necessidade de que as duas vertentes andem juntas. Uma área complementa a outra e as duas unidas formam uma comunicação eficaz para atingir os objetivos e o público final. No decorrer desses 15 anos de comunicação a instituição sempre buscou adaptar-se ao mercado trazendo novos projetos, metodologias, agregando ainda mais as aulas desenvolvidas em sala. Embora essas mudanças transformem os meios nos quais estamos inseridos, uma base sólida e construída por amor de profissionais que tem paixão pela educação jamais perderá sua essência. Dentro da faculdade não vivem apenas estudantes que buscam se qualificar e obter um certificado. Existem colaboradores, pais, mães, professores que olham para a UniSociesc como se fosse a sua segunda casa. São pessoas que buscam transformar o mundo através da educação e se sentem na obrigação de cuidar de um lar onde passam os principais - e melhores - anos de sua vida.

Foto realizada no ano de 2019 na UniSociesc com alunos, egressos e professores da instituição/ Divulgação

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