O fazer jornalismo do analogico ao digital em meio seculo de vida Por Alexandre Gonçalves
enho 54 anos, 33 de jornalismo. Neste pouco mais de meio século de vida, vivi e vivo plenamente a maior transformação da humanidade em todos os tempos. Talvez ainda não tenhamos a dimensão, mas no futuro os dias de hoje e os acontecimentos recentes gerados pelo avanço da tecnologia serão estudados e classificados como uma ruptura no processo de civilização, como foram as transformações que criaram a Idade Média, Moderna, Contemporânea... Sei lá qual o termo que se dará, mas é fato que o planeta mudou como nunca, em especial, por conta da comunicação, em todas as suas esferas. Estamos conectados, a Globalização é aqui, na palma da mão. Mas sou do tempo que o aparelho de telefone era um artigo de luxo, com preço para poucos, cuja uma linha demorava quase um ano para ser instalada. De Porto Alegre conversava com a minha avó no Rio de Janeiro e sabia o final da novela com duas semanas de antecedência, pois as fitas vinham de avião para estados fora do eixo Rio-São Paulo. Na escola, fazia questão de contar para os colegas o que iria acontecer. Me sentia poderoso! Fui gestado no mês do Golpe Militar – sim, foi GOLPE – e nasci junto com a
T
Rede Globo e a vi crescer e construir um império de comunicação, com as benesses de um Governo ilegítimo que precisava de respaldo popular. Foi assim que o Jornal Nacional uniu o Brasil continente através das redes de satélite disponibilizadas pelos militares. Neste contexto se deu minha construção como cidadão e minha vontade de ser jornalista. No final dos anos 1970, ganhei do meu avô a máquina de escrever elétrica dele, um momento inesquecível. Pouco usei a máquina, pois logo acabou o cartucho e não conseguir substituir, mas ela virou um símbolo do que queria fazer na vida. O jornalismo era feito através da televisão, do rádio – sempre ele! –, das revistas e dos jornais impressos. Para vocês terem uma ideia, uma mesma empresa jornalística tinha três jornais diários em Porto Alegre, o Correio do Povo, A Folha da Manhã e a Folha da Tarde. A minha formação no jornalismo começou em 1985, depois de dois anos e meio de uma fundamental base no curso de Ciências Sociais. Internet não existia. Na faculdade, tive um semestre da disciplina de Introdução a Telemática, aos sábados pela manhã, imagina o nível e o aproveitamento. Quando comecei o curso, sonhava escrever para um grande jornal, como a Folha de São Paulo, ou para uma revista, como a Veja – sim, já gostei muito da