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a Paisagem da naTureza como essência
Camilla Magalhães Pereira Luiz Fernando da Conceição Gomes Cardoso
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Resumo
O presente artigo tem como objetivo fazer uma reflexão de como a paisagem da natureza pode ser considerada uma das formas essenciais da Educação Ambiental crítica. Realizou-se uma breve pesquisa bibliográfica, reunindo um conjunto de revisões que abordam diversas formas de interação da Educação Ambiental com a natureza, incluindo também um relato pessoal com o objetivo de estabelecer um olhar sob diversos ângulos. Em dois casos citados neste artigo, é possível visualizar a importância da natureza e especificamente sua paisagem como essência para disseminação da Educação Ambiental, tal que, sua influência instruída através de ferramentas ou técnicas de ensino, se mostra diante dos resultados obtidos, ser eficaz, mesmo em metodologias parcialmente distintas. Além disso, este trabalho tem como resultado um relato que retrata a influência da Educação Ambiental crítica como transformadora para a formação acadêmica, pessoal e profissional. Diante do crescimento econômico acelerado e consequentemente a demanda por recursos naturais, torna-se essencial que a prática da Educação Ambiental crítica seja disseminada, apoiado num pensamento contextualizado, que possa impregnar o desenvolvimento de uma visão crítica, de ações e transformações.
Introdução
A natureza em todas as suas formas nos dá a sensação de paz e bemestar. Seu mecanismo atua em perfeito equilíbrio com o meio ao seu redor. É possível utilizar todos os nossos sentidos quando entramos em contato com ela: através da visão onde enxergamos como é bela a sua paisagem, com todas as suas cores; com o olfato onde sentimos o ar puro e o perfume das flores; o tato ao tocar sua terra, suas árvores, suas águas; audição ao ouvir o canto dos pássaros, o bater das asas de um inseto, o barulho do rio ao correr pelas pedras. Desde o aparecimento das primeiras civilizações, observa-se uma interação entre homem-natureza. Relação essa que se tornou intensa, porém nem sempre equilibrada. No começo as civilizações utilizavam seus recursos para moradia e alimentação basicamente. Com o passar do tempo seu uso cresceu e se deu principalmente para o desenvolvimento da sociedade. E assim, essa interação possibilitou ao homem maior capacidade nos avanços tecnológicos, na construção, na agricultura, pecuária. Com a sociedade cada vez mais desenvolvida (modernização, urbanização e industrialização), houveram transformações no espaço geográfico. Essas transformações foram aumentando de forma a causar impactos na natureza, acarretando problemas ambientais (poluição, aquecimento global, efeito estufa). Problemas que se tornaram de grande escala e que se impõe na sociedade atual. E a relação que existia entre homem-natureza se tornou fragmentada, pois a sociedade ditou-se ser “mais evoluída”. Segundo Bomfim et al. (2015, p. 39) “a nossa sociedade é moderna porque já ‘superamos’ a natureza, já a dominamos para atender aos nossos interesses, principalmente econômicos”. Como consequência dessa visão da sociedade e o uso desenfreado dos recursos da natureza deu-se a crise ambiental, que devido a sua amplitude, as questões acerca dela se tornaram não só ambiental, mas política, social, econômica e cultural, ou seja, estamos vivendo em meio a uma crise generalizada, no qual todos nós somos responsáveis. Ainda de acordo com Bomfim (2015), é nessa forma de pensar, de agir que a crise se tornou socioambiental, civilizatória e de paradigmas, por causa de como está organizada a sociedade e de que forma ela se comporta perante a natureza. Foi esse pensamento marcado pelo humanismo, pelo mecanicismo e pelo realismo que fragmentou a relação entre homem-natureza, nossa sociedade
moderna que está em crise, com visões fragmentadas. As questões ambientais já não eram mais antagônicas. A crise ambiental é resultado da forma como é estabelecida a relação da sociedade entre si e da relação entre sociedade-natureza, onde há a predominância humana de forma desigual sobre o meio ambiente, agindo contra os princípios das demais formas vida (REIGOTA, 2002). Ao atingir dimensões, a crise ambiental generalizada cai sobre o mundo inteiro trazendo mobilização tanto regional como internacional. Diante desse panorama a Educação Ambiental surge numa tentativa de superação dessa crise, fazendo parte do modelo de Desenvolvimento Sustentável, que visa crescimento econômico associado à preservação do meio ambiente.
Surgimento da Educação Ambiental
A Educação Ambiental no Brasil como tema de debate, tem seu início em meados da década de 70 e 80, tendo ênfase em eventos internacionais, como: a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, que visa a Educação Ambiental como forma de combate à crise ambiental; Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária-Chosica/ Peru (1976), que visa a Educação Ambiental como uma ação educativa mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes afim de transformar a relação que o homem estabelece entre si e com a natureza; a Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977) que visa a educação como um processo para o entendimento das relações entre os seres humanos, cultura e meio ambiente conduzidas através da ética. Em meados da década de 80 produziram-se trabalhos e artigos sobre o assunto, dando mais ênfase a esse tema. Então a Educação Ambiental veio se intensificando cada vez mais, em alguns setores até mais do que em outros e de forma bem homogênea como, a mídia, através de ações governamentais e não-governamentais, movimentos sociais, ONGs, nas escolas e instituições científicas e empresas. Para Souza e Salvi (2012) ela é citada como modelo técnico-pedagógico, através da capacitação de educadores, sendo considerado um campo de pesquisa, conhecimento e práticas, relacionando ambiente-educação. A Educação Ambiental é caracterizada por ser um campo onde a relação entre os campos educativo e ambiental estão interligados; necessita de outras formas de conhecimento e diversas disciplinas para se tornar um
campo plural e interdisciplinar; e tem construído sua própria importância na prática (NIETO-CARAVEO, 2011). A Constituição Federal dita em seus artigos 1º e 2º: Art. 1º - Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2º - A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Em 1999 é instituída a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei 9795, em que fala em seu artigo 1º sobre o conceito de Educação Ambiental: Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Diante de toda essa trajetória, apresentam-se inúmeros projetos, diferentes pensamentos e concepções acerca da Educação Ambiental, bem como diferentes abordagens. Ela é incorporada ao campo educativo, onde a preocupação ambiental é o foco principal. Com isso a Educação Ambiental segue duas grandes vertentes: a Conservadora e a Crítica.
O discurso sobre Educação Ambiental não é homogêneo, ele nasce como um campo plural onde recebe contribuição de diversas disciplinas, áreas de conhecimento, movimentos sociais, pedagógicos e políticos, ou seja, é baseada na interdisciplinaridade. A EA-Conservadora sofreu uma forte influência e fundamentação das ciências naturais, onde se utilizou conceitos e teorias de uma visão naturalista, esperando-se mudanças comportamentais. Com isso, as questões ambientais se tornaram fragmentadas, pois os especialistas dessas áreas acabavam por sua vez enfatizando apenas ao que lhes eram conhecidos, olhando apenas
os aspectos naturais e ecológicos dos problemas ambientais, deixando de lado a exploração de outros aspectos políticos-sociais abrangentes que têm grande influência também na compreensão desses problemas (LIMA, 2009). Na maioria das vezes, essa vertente limita-se apenas a ações formais pré-moldadas, pontuais. Tornam-se um conjunto de medidas estereotipadas, expressas em discurso idealista do nosso próprio sistema, projetos e práticas educativas pré-fabricadas, exemplo, coleta seletiva do lixo, a plantação de mudas, reciclagem etc, porém, falta a reflexão da prática desses modelos, fogem da verdadeira realidade da dimensão das questões socioambientais (DIAS; BOMFIM, 2007). Nas escolas, projetos sociais, muitas vezes trabalham de maneira tradicional, com conteúdo pré-estabelecido para o ganho de conhecimento na área biológica ou geográfica, separadamente e apenas dentro de sala. Isso dificulta a ação da interdisciplinaridade porque há um fragmento de saberes. Os docentes, principais autores, por sua vez, ficam a mercê apenas do conteúdo formal que foi proposto. Essas informações não são continuadas. Entende-se que na EA conservadora existe a ação, mas não há a reflexão de sua prática. Analisando a outra vertente, a Educação Ambiental Crítica, como o próprio nome diz, é caracterizada por ter um olhar mais crítico sobre a totalidade das questões ambientais, englobando todas as ciências como um todo (naturais, humanas e sociais) a fim de se buscar uma visão ambiental mais crítica olhando não só seus aspectos ambientais, mas também envolvendo seus aspectos políticos, culturais e sociais. Essa vertente propõe o incentivo para transformar a visão da sociedade, tornar o cidadão em um cidadão crítico, que faça reflexões, que participe sobre a realidade, sobre seu mundo. Ela critica a razão moderna rejeitando o antropocentrismo, a exploração e a fragmentação da natureza feita pelos seres humanos. Com isso podemos dizer que ela é uma vertente mais complexa, mas não impossível de se realizar, ela apenas, segundo Lima (2009), tem a tarefa educativa de transformar, informar e principalmente sensibilizar a sociedade com os conhecimentos corretos. Guimarães (2007) define a Educação Ambiental crítica como “aquela que aponta para as transformações da sociedade em direção a novos paradigmas de justiça social e qualidade ambiental”. Ainda de acordo com Guimarães, essa educação ainda é recente, mas deve ser potencializada.
A EA crítica vai além das ações clássicas, não deixando de fazê-las, mas abrangendo o depois, para ações-reflexões mais críticas, para a tomada da teoria-prática, a práxis. Autores como Bomfim (2008), Freire (1996), Dias e Bomfim (2007) entendem a práxis como a teoria do fazer, reflexão-ação e açãoreflexão, visando o pensar certo, envolvendo a prática, a dinâmica, a interação entre pensar e fazer, a interação com o meio, ir além das salas de aula. Outra característica da EA crítica é a formação de educadores. Para alguns autores, para que os educadores construam uma visão crítica da Educação Ambiental e possam passar em todos seus espaços de ensino a fim de se ter uma verdadeira mudança de pensamento é necessário que os mesmos sejam “educados”, ou seja, que o profissional de educação se torne não só educador, mas educador-pesquisador. Para Bomfim (2013), quando o educadorpesquisador vai além dos livros didáticos, atentando para a realidade e sua problemática ele consegue abordar de forma mais crítica o conteúdo oferecido. Deve reavaliar seus objetos de pesquisa dentro e fora da instituição de ensino, em um movimento indo e vindo da realidade para a escola e vice-versa. Diante dessa comparação entre as duas grandes vertentes, temos resumidamente, de um lado a Educação Conservadora, considerada hegemônica que se apoia em uma visão mecanicista da ciência que leva a mudanças comportamentais e individualistas, desenvolvida em lógicas que são pontuais e parciais, que não atende as reais transformações necessárias à sociedade. De outro a Educação Ambiental crítica, emancipatória, popular, transformadora, contra hegemônica que pretende fazer a relação teoriaprática, questionando o comportamentalismo reducionista e dualista da relação homem-natureza. Ela visa a participação social e da cidadania; a formação de um cidadão com um olhar mais crítico, que possa interagir e discutir, através dos conhecimentos, do entendimento da raiz dos problemas, E é nesse sentido, no seguimento da Educação Ambiental crítica que este artigo se faz presente, buscando a sensibilização do ser humano, e instigando o seu olhar mais crítico através da ação-reflexão. O presente artigo tem como principal objetivo fazer uma reflexão de como a interação com natureza pode ser considerada uma das formas de disseminação para a construção de uma Educação Ambiental crítica. Através da revisão de trabalhos já realizados no campo teórico-prático e relato pessoal de experiências dos próprios pesquisadores participantes que diante de ações-reflexões transformaram e tornaram a visão e o pensamento crítico.
Metodologia
Realizou-se uma breve pesquisa bibliográfica, reunindo um conjunto de revisões acerca dos instrumentos utilizados para abordar de diversas formas a interação com a natureza. Esta pesquisa foi elaborada a partir de materiais já publicados e estudos realizados, como artigos e livros, e também de relato pessoal com o objetivo de estabelecer um olhar sob diversos ângulos e a influência da natureza na Educação Ambiental, em diferentes abordagens, no campo teórico-prático a fim de compreender melhor a relação homemnatureza e em como essa abordagem pode modificar a visão e o pensamento. Quanto às consultas aos materiais publicados foram levantadas informações relevantes dentro de cada obra, destacando seus objetivos, metodologias e resultados alcançados para com a disseminação da Educação Ambiental. No que se refere ao relato pessoal, um dos próprios autores deste artigo se comprometeu em relatar seu envolvimento com a Educação Ambiental e suas respectivas experiências pessoais e profissionais, as quais lhe trouxeram para o estudo do meio ambiente e influenciaram suas reflexões e ações no meio acadêmico, profissional e pessoal.
Resultados e Discussão
O artigo de Borges et al. aborda a fotografia da natureza como instrumento na Educação Ambiental tendo como objetivo driblar a falta de recursos nesse sentido, e como forma de um processo de aprendizado nas escolas do Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) provocar novas percepções e novos olhares, testando, implementando uma metodologia em prol de sua eficacia. Nesse artigo a fotografia se mostra uma excelente opção, pois sensibiliza através da beleza dos seus componentes provocando curiosidade e ensinando através de informações (BORGES et al., 2010). Também foi abordado no artigo de Gomes et al. (1996) a fotografia com o objetivo de utilizar as imagens para divulgação do conhecimento se mostrando como uma das principais ferramentas no processo de ensino e aprendizado. Nesses dois casos pressupostos é possível visualizar a importância da natureza e especificamente sua paisagem como essência para disseminação da Educação Ambiental, tal que, sua influência instruída através de ferramentas 138
ou técnicas de ensino, se mostra diante dos resultados obtidos, ser eficaz, mesmo em metodologias parcialmente distintas. O artigo de Falcão e Roquette (2007), trata a importância das representações sociais da natureza que influenciam na Educação Ambiental. Nesse artigo também foram abordadas pesquisas em diferentes escolas de Ensino Fundamental. Os dados mostram que a maior parte dos entrevistados ainda vê a natureza de uma forma separada, distante do homem. Outro aspecto visto foi que existe influência da educação na forma como se constrói a percepção de natureza. Com esses resultados os autores destacam a importância de discutir e reavaliar o compromisso com o meio ambiente e em relação às representações da natureza. O artigo de Lima e Oliveira (2011), teve como objetivo reconstruir alguns conceitos que englobam a relação entre meio ambiente, natureza e Educação Ambiental, através da participação de professores de diversas áreas de formação em escolas da rede pública, incluído também, seus respectivos alunos em uma oficina de discussão criada para a troca de conhecimento. A pesquisa revelou um olhar mais crítico tanto dos professores quanto dos alunos que participaram e se envolveram com a atividade oferecida. Dessa forma os autores consideraram que esta proposta de rever tais conceitos pode ser considerada o primeiro passo para o desenvolvimento de ações em prol de uma Educação Ambiental transformadora, dando espaço para a interdisciplinaridade. Como um dos resultados deste trabalho, temos o relato:
Tudo começou muito cedo ainda na minha infância, vindo de um bairro pobre e humilde no município de Nova Iguaçu, no qual meus pais tinham um sítio não muito grande e nem luxuoso, eu já obtinha relação harmônica com a natureza sempre plantando, irrigando, cultivando plantas e observando a natureza e suas belíssimas paisagens. O tempo foi passando e logo no meu ensino médico, especificamente em um Centro Integrado de Educação Pública (CIEP), tive um convite para participar de um programa do governo federal (Parlamento Jovem Brasileiro) que tinha por objetivo possibilitar aos alunos de ensino médio de escolas públicas e particulares a vivência do processo democrático, mediante a participação em uma jornada parlamentar na Câmara dos Deputados. No entanto, para participação do mesmo, existia um processo seletivo que contava com aprovação de um projeto de Lei em Brasília. Assim, com ajuda de professores obtive um projeto aprovado em prol do meio ambiente, mesmo sem muito conhecer esta área. Daí em diante, eu decidi abraçar as
causas ambientai e, logo em seguida que cheguei de Brasília, com intuito de conhecer melhor esta área e saber como poderia melhorar a qualidade do ambiente em que estou inserido, participei de um processo seletivo para ocurso técnico em meio ambiente do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR), onde fui aprovado e publiquei meu primeiro trabalho de Educação Ambiental (Resumo), o qual teve como Título “A percepção do estudante do CTUR a respeito do meio ambiente.” Apresentei-o no II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, em Santa Catarina. Logo em seguida realizei um trabalho de campo, especificamente um roteiro educativo com alunos do ensino médio, no qual visava despertar aos estudantes a importância da arborização urbana, o envolvimento, a responsabilidade com o meio ambiente e as nossas relações com o meio. Desde então me apaixonei pela questão ambiental, mesmo diante de grandes dificuldades busquei formações na área as quais estou até os dias atuais. Portando diante de tudo que vivi me sinto fruto da Educação Ambiental, e mesmo com poucas experiências acredito que a Educação Ambiental foi transformadora em minha vida, vai muito além de uma educação em si, é algo sensacional. Desde o início do meu envolvimento com os estudos ambientais disciplinares e extras disciplinares, sempre tive contato com a natureza e suas paisagens, elas me despertam para inúmeras reflexões e sensações que me sensibilizam para com o meio. Eu sou, tu és, todos nós somos meio ambiente, ou seja, somos parte do meio, compomos o meio ambiente e dele precisamos para sobreviver, para evoluir, para produzir, para existir.
Diante do relato mencionado acima, pode-se detectar uma influência direta ou indireta da natureza, suas paisagens e a Educação Ambiental como essência para a formação pessoal e profissional do relator. Seguindo o tema deste artigo, que ressalta a importância da natureza ou suas respectivas paisagens para a disseminação da Educação Ambiental, é de suma relevância o relato pessoal que um dos autores dispôs a fazer. Tal contribuição fortalece e defende o objetivo deste artigo, dando ênfase ao resultado da Educação Ambiental crítica, da qual estar em todo espaço, seja formal ou informal. Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 2016) em seu Art. 225, Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendêlo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Considerando todos os impactos ambientais provocados por ações antrópicas, a Educação Ambiental é uma grande e excelente alternativa para melhorar as situações existentes, pois segundo Medina e Santos (2011), a Educação Ambiental é composta por critérios socioambientais, ecológicos, éticos e estéticos, como finalidade didática da educação, no qual pretende construir novas formas de pensar, incluindo a compreensão da complexidade e das emergências e inter-relações entre os sistemas que compõem a realidade. O caso do relator, mesmo breve e resumido é possível considerar como resultado da educação crítica, pois visa transformação da sociedade em direções a novos quadros de justiça, equidade social e qualidade do meio ambiente (GUIMARÃES, 2007). Sendo assim, diante deste cenário de eficiência da Educação Ambiental não conservadora e sim transformadora como visto no trabalho do Falcão e Roquette (2007), de Lima e Oliveira (2011), entre outros. Temos também, que ressaltar a abrangência e consequências significativas da Educação Ambiental crítica além dos trabalhos nas escolas, ou em meios acadêmicos, partindo para sua influência em âmbito empresarial sem deixar de considerar a natureza e sua paisagem como essência para pensamentos críticos frente às degradações ambientais. Nesta linha de raciocínio Rocha e Anjos (2014) defendem que mesmo diante do crescimento socioeconômico e sua respectiva lógica de mercado, questões ambientais e sociais devem ser tratadas com atenção e prioridades, pois é possível explorar sem comprometer a vida do homem, pelo contrário, são questões totalmente viáveis que asseguram a exploração e preservam a existência do ambiente para as presentes e futuras gerações.
Conclusão
A interação com a natureza ou suas paisagens tem papel fundamental para o despertar de reflexões na construção de uma Educação Ambiental crítica eficaz, tal consideração pode ser deslumbrada pelos resultados dos trabalhos aqui levantados como na obra de Borges et al. (2010) e também por Gomes et al. (1996) em seu trabalho. Ambos utilizam da fotografia da natureza em prol do ensino e aprendizado. A natureza assim, como métodos de ensino se faz como uma ótima essência para disseminar a Educação Ambiental, levando em conta seu
benefício elevado e custo rentável praticamente nulo, o que agrega valor a este novo olhar de ensinar, no qual visa instigar a criatividade, a transformação em prol de um meio ambiente ecologicamente correto e essencial a sadia qualidade de vida. Dentre o que foi levantado e discutido nos trabalhos, é interessante que além da natureza, a paisagem da natureza, a fotografia servir como alternativa para métodos de ensino, ela também serve para repensar conceitos entre Educação Ambiental, relação entre meio ambiente e natureza (LIMA; OLIVEIRA, 2011). Uma proposta interessante a ser pensada e se possível executada, seria a junção relativa dos trabalhos levantados, ou seja, englobar no trabalho de Lima e Oliveira que se refere ao levantamento, reflexão e reformulação de conceitos de natureza, relação entre o meio ambiente, o contato com a natureza, paisagens e fotografias. Pois acredita que assim, teremos resultados favoráveis em relação ao processo de conscientização e ao aprendizado, com sedimentação do conteúdo. Além de autores que discutem e testam esta relação educação, natureza e meio ambiente, temos resultados de ações transformadoras que nem sempre são objetivadas, como um exemplo do relato pessoal. Um envolvimento voluntário, que pode ou não ter sido fruto de um avanço da conscientização ambiental, mas sim da essência que a natureza e sua relação proporcionam ao indivíduo, com forte influência da Educação Ambiental crítica como combustível principal para reflexões acadêmicas, atuações profissionais e relações entre o meio ambiente. É possível observar, diante dos trabalhos levantados, a mudança de olhares e pensamentos principalmente ao se trabalhar com crianças, de uma forma mais rápida e eficaz. Essa mudança pode ser dada pela maior curiosidade que elas possuem, a vontade de aprender e a criatividade que é instigada, então é chamada atenção e se observa uma melhor compreensão. Dessa forma, esse tipo de abordagem se torna essencial para que desde pequenas essas crianças possam agir e pensar de uma forma mais crítica para a conscientização ambiental. Diante do crescimento econômico acelerado e consequentemente a demanda por recursos naturais, torna-se essencial que a prática da Educação Ambiental crítica seja disseminada a todo vapor, apoiado num pensamento otimista, possa impregnar em todo desenvolvimento, todo progresso, não apenas uma visão conservadora e sim uma visão crítica, de ações e transformações.
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