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Juventude: o link da roça com o futuro

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Hortas urbanas

Hortas urbanas

Foto: Isabel Bevilacqua

Juventude: o link da roça

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Muitas são as peculiaridades vivenciadas em uma realidade tida com o futuro como rural. O vínculo ao território constitui um dos mais significativos O ano de 2010 trouxe algumas novidades surpreendentes, laços entre homem e terra, denotando a substancialidade do modo de vida rural. além dos velhos conhecidos como as tragédias naturais, aquecimento global, tráfico de drogas e violações dos direi- Lima e Souza tos humanos, os holofotes no Brasil, estavam voltados ao fim da “era Lula” e a eleição de Dilma Rousseff. Enquanto tudo isso vinha a tona, em um pedacinho do país

Escrito por chamado Jardinópolis, um jovem ‘do mato’ abria sua Isabel Bevilacqua atuação na indústria, a única da cidade. e Lucas Liston

Com 17 anos de idade, o trabalho dado a Joel, era lixar cadeiras, aquelas que certamente seu avô comprou dizendo que essas sim, iam durar por longos anos! O fato é, que o modo como a história foi escrita em 2010, influenciou nos seus próximos nove anos. Joel Pietro Biasi, 26 anos, é atualmente um jovem agricultor que atravessa a sucessão familiar na propriedade rural dos pais, além de eventualmente, trabalhar na fábrica de cadeiras da cidade. Entre os critérios estabelecidos com 17, estava melhorar a vida pobre, na intenção de tirar um dinheiro extra para começar a ter suas próprias coisas.

Não deu outra, o rapaz, criado no mato, era bom de serviço! Tanto é que um ano depois conseguiu comprar sua Honda Fan 125 na cor verde. Era seu orgulho ter conquistado a carteira de motorista e a “motinha”, com o suor do seu próprio trabalho na cidade. Em todo o tempo de existência

Joel morou no interior com os pais. Por 5 anos, saia de casa de segunda a sexta, e com sua moto ia trabalhar na cidade.

Foi quando a mãe Ilse começou a ter sérios problemas de saúde, que o rapaz teve que largar o serviço de fabricante, para ajudar nos afazeres dentro e fora de casa, ali aprendeu a lavar roupa, limpar o chão, organizar a casa, cozinhar, entre outras funções internas. Lá fora era outra história, roçar o potreiro, levar as vacas no pasto, tirar leite, plantar o milho e mais outras diversas atividades que quem morra no interior faz.

Um dos momentos mais difíceis da vida dele, foi quando os dois irmãos mais velhos saíram de casa para morar em Blumenau. Joel na época com apenas 7 anos, sofreu dificuldade, pois era muito apegado aos irmãos.

“Aí foi bixo feio” contava, “Via eles uma vez por ano, e ainda tinha anos que eles não vinham, por que não se tinha condição. Nós se falava por orelhão, então nós ia até na cidade, comprava aquele cartãozinho e ligava, era só assim pra matar a saudade”, disse Joel.

“Laço e laço!” dizia Joel, quando o assunto era momentos mais felizes na propriedade. Para ele não tem preço estar em cima do trator, “peleando”, além de passar momentos com a família e o filho. Assim, conta-nos do seu sonho “Meu sonho, bem dizer, está realizado, continuar vivendo bem com todos ao meu redor, manter a família sempre bem unida e com saúde”, diz o jovem com um sorriso no rosto e com toda a simplicidade do mundo.

A decisão de fazer parte dos jovens do campo estava concretizada, “Na verdade, eu sempre gostei de morar na roça, quando ia passear na cidade que ficava um dia, era bom, mas não como estar na liberdade da roça. Aqui eu tenho espaço, tem os bichos, posso pegá o trator a hora que eu quiser, e isso me deixa feliz. Quando precisam de mim na fábrica eu vou, mas aí vou meio dia só, pois tenho que lidar com as coisas aqui em casa também!”.

Ser um agricultor para Joel, é uma das coisas na qual não se mede as dificuldades, se mede as dimensões do significado da agricultura, pois é dali que sai o alimento para a nação inteira, “Todo mundo precisa do alimento e alguém tem que produzir”. Ele pensa que quanto mais jovens ficarem na agricultura, melhor será o futuro de todas as pessoas. Mas para isso, são necessários os incentivos.

Joel conheceu, e casou-se com Laiana, uma moça que morou no interior e na cidade, ela diz com toda a certeza, “Eu prefiro mil vezes o interior, é mais tranquilo, aqui estamos livre”. Juntos tiveram o Arthur, e o desejo deles é que o filho siga os caminhos do campo.

Fotos: Isabel Bevilacqua

Foi possível! Joel, na intenção de morar para sempre no interior, conseguiu apoio de um programa municipal chamado Jovem no Campo. Assim, conseguiu construir sua própria casa na propriedade, continuando perto dos pais.

Visão macro sobre o atual cenário do campo

Os debates que vêm se estabelecendo sobre o tema do espaço rural ganham novos desdobramentos a cada instante. É o caso dos últimos dez anos, a história foi se escrevendo e permeando a agricultura familiar no Brasil, que perdeu 2,2 milhões de trabalhadores, uma queda de 16,5% em comparação com o ano de 2006. Os números revelados pelo Censo Agropecuário 2017 do IBGE, apontam, ainda, que o número de estabelecimentos agrícolas familiares caiu em 9,5%.

Jovens agropecuários também estão inseridos nas pesquisas, logo, a preocupação em relação ao futuro do campo. Os de idade entre 25 a 35 anos, são 9,48% dos moradores de áreas rurais, bem abaixo dos 13,56% do censo anterior realizado em 2006. Pois bem, Joel cita que todo mundo precisa do alimento e alguém tem que produzir. O fato é que todos precisamos do produtor também.

Entre os fatores apontados pelo Mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais, Fabiano Rambo, a diminuição de jovens no êxodo rural pode ser explicada pela falta de oportunidade para o jovem ter uma independência financeira e perspectivas de valorização na tomada de decisão da propriedade rural. Segundo Fabiano, estes são fatores importantes e que desmerecem o jovem, fazendo-o sair do campo, buscando oportunidades no meio urbano.

Em relação ao Oeste Catarinense, onde está localizado o município de Jardinópolis, ocorre muito a desistência do campo. Arlene Renk, especialista em problemas regionais e ambientais,

conta que exceto nas cidades com mais de 10 mil habitantes, há um esvaziamento do campo, e a saída dos jovens é maior entre o público feminino.

Por algumas propriedades da região, é possível encontrar apenas o casal de pais, cujos filhos já saíram de casa, e não querem permanecer na agricultura. Conforme Arlene, este fenômeno é conhecido como a falta de sucessores. “Isto significa que, com a morte de um dos proprietários, essa propriedade estará inviabilizada”, indica a especialista.

Já os jovens que permanecem no campo, voltam-se à profissionalização do agro, procurando adquirir maquinário e incentivos para facilitar o trabalho. “Hoje, boa parte encontra-se inserida na atividade leiteira. Agora, com um aumento em escala, maior número de vacas, com tecnologias para ordenha, com salas de ordenha, com resfriadores, entregando o leite a grandes laticínios”, diz Arlene, ressaltando que a permanência dos que ficam, se deve a vantagem de receber renda mensalmente. “Por essa razão permanecem no meio rural”, evidencia.

Em meio ao desafio de reter jovens em um campo cada vez mais envelhecido, o papel da família no processo de sucessão é determinante na decisão dos filhos, deles deixarem o meio rural ou darem continuidade aos negócios da família. Para Fabiano, um processo de sucessão não é simples, porque envolve mudança de cultura, mas não deve ser de valores. “O filho na certa tentará tomar decisões diferentes do pai, por exemplo. Já o pai relutará o ‘não’ em todos os casos, com uma inovação de processos. Essa concertação é conflituosa se não houver entendimento entre as partes e talvez até uma mediação”, explica.

Ainda, Fabiano argumenta que o desafio não é trocar o velho pelo novo. É trazer a experiência de quem sabe e já fez, com o vigor de quem está chegando.

Pilar de uma valia

O pai de Ivonir nascia, enquanto na década de 70, o Brasil vivenciava uma acentuação do êxodo rural. No oeste de Santa Catarina não era diferente, as cidades se industrializavam e havia apoio governamental para tanto. A partir do fortalecimento de programas de incentivo, principalmente, para agricultura familiar, aconteceu uma mudança na perspectiva de valorizar o trabalhador na atividade agrícola e agropecuária.

Antoninho Bevilacqua, 49 anos, residente no mesmo município que Joel. Aprendeu a valorizar a agricultura familiar desde muito cedo, e com o passar dos anos, percebeu que com o produto vindo da terra era possível um dia, ter um bom retorno. Passou este legado aos três filhos, na qual apenas um optou pela atividade. Hoje, Ivonir, 26 anos, atualmente é Técnico em Agronegócio, Torneiro Mecânico e sucessor na família Bevilacqua.

O jovem conta que não gostava de ter que estudar na escola regular, tanto é que se formou na 8ª

série e optou por estudar o que gostava. “Entrei para a Casa Familiar Rural de Quilombo com 15 anos de idade. Lá o estudo era totalmente diferente, por justamente focar na agricultura. Por uma semana estudávamos na teoria e na prática o tema proposto, e quando retornava para casa o dever, em duas semanas, era conseguir aplicar na propriedade”, explica.

O estudo na Casa Familiar Rural fez despertar em Ivonir o fascínio pelo modo de vida no campo. E esse interesse pelo aprendizado diferente, partiu do irmão mais velho, Ivan, que já havia estudado na casa familiar e conseguido aplicar muitas coisas na propriedade. Tendo em vista o acompanhamento das coisas que o irmão mais velho conseguiu transformar no espaço familiar, Ivonir optou pela especialização em Técnico Agrícola.

Ainda durante os estudos, o jovem viu na propriedade um dilema, pois a família que sempre havia trabalhado com gado de leite e lavoura e tinha alguns dos equipamentos que auxiliavam bastante

no processo de produção, como ordenhadeira, trator, ceifa, plantadeira, entre outros equipamentos, tinham que se sujeitar a mecânica, quase que mensalmente, para arrumar os equipamentos.

Apenas Técnico agrícola não era mais o suficiente! “Eu já me interessava muito pela área de mecânica com implementos agrícolas, então logo após finalizar o curso na casa familiar, comecei um curso técnico de torneiro mecânico em Chapecó.

Ivonir descobriu o amor por duas profissões, entre elas a mecânica a grícola.

Foto: Isabel Bevilacqua

Queria colocar uma mecânica em casa mesmo para arrumar as máquinas, além de fazer serviços para vizinhos e não precisar gastar com trabalho terceirizado. Mas a prioridade, eram as máquinas”, contou Ivonir.

No decorrer da experiência como torneiro, em estágios e trabalhos técnicos da profissionalização, ele optou por abrir uma mecânica na cidade de Jardinópolis. Ivonir e sua esposa Kelly, mantém a mecânica há 8 anos, na intenção de obter mais retorno financeiro.

O jovem mudou-se para a cidade e junto com Kelly construiu uma família. Mas diariamente é rendido pelas façanhas do interior, e a vontade de estar trabalhando com o pai Antoninho e a mãe Genilei, na lavoura.

A família se desfez da atividade leiteira, porque exigia de muito trabalho. Hoje se mantem somente com o sustento do cultivo de grãos, na qual Ivonir, ajuda do plantio à colheita, além de arrumar o maquinário que estraga na propriedade sem cobrar nada. Para ele, muitos jovens saem do interior, pela falta da oportunidade de um estudo, e pela atividade não obter o lucro esperado.

“Todas as atividades ligadas ao campo merecem um estudo melhor para você conseguir aumentar a produção com melhor qualidade. Muitos saem do campo, porque vê que a atividade não está obtendo lucro para se manter, o preço dos insumos aumentam a cada dia, então no interior tudo é investimento elevado, ainda mais se não se tem auxílio”, diz Ivonir.

Cita o que fez o irmão Ivan e a irmã Isabel, saírem de casa, foi a necessidade de fazer o que gosta, pois para ele, cada um tem que seguir o caminho que acha melhor. “O meu caminho é este, gosto de ser agricultor, e gosto de ser mecânico nas horas vagas. Eles tem o caminho deles, e se um dia voltarem para casa, nós agradecemos muito, pois assim, além de ter a família unida teremos mais mão de obra”, destacou.

“Para o meu filho Luiz, espero o mesmo que meus pais me ensinaram até hoje. Que ele estude, seja uma pessoa boa e siga com os princípios e valores pelos caminhos certos da vida” finalizou o jovem, dizendo que sempre o ajudará em tudo, como seu pai fez.

É necessário uma formação para trabalhar no campo?

O especialista Fabiano, nos apresenta que a qualificação no campo é fundamental, e que não basta conhecer apenas parte dos processos, para tomar uma decisão mais assertiva. Pois para ele, fazer agricultura familiar é também dominar aspectos de gestão e de conhecimentos específicos inerentes aos setores agrícola e agropecuário.

“Agricultura familiar não é sinônimo de pouca tecnificação ou despreparo. Muito pelo contrário, é um modelo de produção e reprodução social dentro de um ambiente de concorrência, integrando cadeias produtivas longas e curtas, onde estar qualificado é pressuposto básico para exercer a atividade”, diz o especialista.

Como disse a pesquisadora Arlene, o jovem rural tem muitas oportunidades de aperfeiçoar-se e de empoderar-se. Hoje as informações chegam até ele a qualquer momento, pois o acesso à internet está à disposição e é uma ferramenta que facilita uma tomada de decisão, o que não ocorria há algumas décadas.

Como vimos no capítulo anterior, para o jovem Ivonir, é tendo conhecimento que você consegue transformar as coisas ao seu redor. Por tanto, além do conhecimento que parte de dentro da propriedade, devemos considerar que hoje há muitas oportunidades. São universidades, faculdades, Casas Familiares Rurais, Sistema S, cooperativas, entre outras tantos centros que contribuem importantemente para capacitar com diversos tipos de conhecimento os produtores rurais.

Políticas Públicas e incentivos

A reportagem conversou com Clovis Dorigon, que é pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), e especialista nos temas: mercados de produtos alimentares de qualidade diferenciada, agroindústria familiar rural, desenvolvimento rural, desenvolvimento regional e sucessão hereditária.

A entidade que Clóvis trabalha é pública e está vinculada ao Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca. Ir mais afundo e entender como atua uma das entidades que diz ser proporcionadora de apoio ao jovem no campo, é fundamental para ampliar a visão sobre alguns dos incentivos e políticas públicas, para o jovem no campo.

A Epagri está organizada em nove programas, sendo eles: Aquicultura e Pesca, Fruticultura, Gestão e Mercados, Grãos, Olericultura, Pecuária, Gestão e Desenvolvimento Institucional, Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental e Capital Humano e Social. No escopo do programa Capital Humano e Social há uma linha específica de trabalho com “Gênero e Geração”, a qual está vinculado o trabalho com os jovens rurais e marítimos.

Devido à alta migração dos jovens do meio rural para o meio urbano e o crescente número de propriedades rurais sem sucessores, a Epagri, desde 2012, atua no estado com capacitações específicas para jovens entre 18 a 29 anos de idade.

De 2012 a 2016 estas capacitações receberam apoio financeiro do programa SC Rural para atender demandas específicas dos jovens que compõem espaço rural e marinho. E a partir de 2017

para a continuidade desta ação, a empresa vem buscando parcerias e/ou com recursos próprios.

Conforme Clóvis, existe um curso que é realizado em todos os centros de treinamento da Epagri no estado, com a proposta de trabalho em forma de alternância, para ele, se entende como uma das experiências mais exitosas de educação no campo. Este curso aborda quatro especificidades: Eixo Humano, Eixo Gerencial, Eixo tecnológico e Eixo ambiental.

Desde 2012 a Epagri capacitou mais de 2 mil jovens em todo o estado de Santa Catarina. Na região Oeste, 191 jovens rurais já se formaram através da Epagri, sendo de municípios próximos e que fazem parte da Unidade de Gestão Técnica da Epagri do Oeste.

Além do curso, existe um projeto que visa desenvolver o protagonismo do jovem para melhorar alguma atividade existente na propriedade, ou mes

Foto: Aliança pela Infância

mo para iniciar uma nova. “Durante a capacitação os jovens, e acompanhamento dos extensionistas municipais da Epagri, elaboram o Plano de Desenvolvimento da propriedade (PDP), e um projeto de vida”, indica.

“As ações com os jovens não se limitam somente aos cursos nos Centros de treinamento. Nos municípios de origem, estes jovens são incluídos em outras atividades que os técnicos municipais realizam, conforme planejamento, bem como ao acesso a outras políticas públicas disponíveis a agricultura familiar”, salienta Clóvis.

Ainda para o especialista, com as ações de extensão rural é possível oportunizar aos agricultores, na qualidade de vida no campo, agregando valor aos produtos que são produzidos nas propriedades e contribuindo para que os jovens permaneçam nesse espaço, seguindo a profissão de seus pais.

O futuro do campo

Empiricamente em nossa mesorregião catarinense se percebe um movimento de retorno de jovens ao meio rural. O caso de Joel e Ivonir, não são tão raros, ou seja, homens e mulheres que buscaram oportunidade nas cidades, fora da casa dos pais, hoje retornam para dar sequência a uma atividade agrícola e agropecuária iniciada, muitas vezes, pelos avós.

Esse movimento, está caracterizado de certa forma às mudanças na perspectiva de qualidade de vida destas populações. Felizmente, na microrregião, campo não é sinônimo de pobreza e subsistência, não generalizando. Vendo a tecnificação cada vez mais constante, até mesmo pela necessidade da falta de mão de obra, traz outros anseios para os jovens no meio rural, como momentos de descanso, conforto e bem-estar.

A permanência do jovem no campo é um tema de fundamental importância no contexto atual e dentro da perspectiva econômica, de inserção da agricultura familiar. Há um movimento bastante intenso dentro da academia e do setor cooperativo, em especial, para tentar elucidar a questão dos fatores que influenciam a permanência do jovem no campo.

O jovem que for incentivado à sucessão, gruda-se a sua raiz. Este, buscará por qualificações e, ousaria dizer, muito bem relacionado aos sistemas econômicos atuais, terá acesso a fazer investimentos dentro da sua atividade escolhida.

“Não podem fazer ideia da vida que eles levam ali. Uma vida rural simples e dura. Que levantam cedo porque têm muito que fazer e deitam cedo porque têm muito pouco que pensar.” Oscar Wilde

Foto: Isabel Bevilacqua

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