Actualidade Economia Ibérica - nº 290

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opinião opinión

Por Célia Esteves*

O investimento na agricultura portuguesa tem

impacto positivo para o país

N

o final do primeiro trimestre de 2021, estavam aprovadas cerca de 316 mil candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural, a que correspondem 7.800 milhões de euros de investimento e quatro mil milhões de incentivos. Será que estes investimentos, e os do Programa Quadro anterior, contribuíram para uma melhor agricultura em Portugal? O Recenseamento Agrícola 2019 é uma operação estatística realizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Este inquérito permite caracterizar as evoluções ocorridas nas explorações agrícolas na última década, bem como dar a conhecer algumas particularidades e especificidades da agricultura nacional. Analisarei alguns dos temas deste retrato da agricultura portuguesa, à luz dos investimentos realizados. No que diz respeito às explorações agrícolas, verificou-se um aumento da sua dimensão média. Houve uma intensificação da empresarialização da agricultura, contribuindo para que as grandes unidades produtivas, embora representando apenas

6 ACT UALIDAD€

AGOSTO DE 2021

4,0% das explorações, tenham gerado 64,8% do VPPT (Valor de Produção Padrão Total). A especialização foi reforçada, principalmente em culturas permanentes de frutos de casca rija e frutos tropicais, que aumentaram 96,7% e 100,2%, respetivamente. A Superfície Agrícola Utilizada cresceu e a sua composição foi significativamente alterada. Houve um decréscimo relevante nas terras aráveis, compensado por expressivos aumentos das áreas das culturas e pastagens permanentes. Os prados temporários e culturas forrageiras aumentaram 12%, passando a ocupar praticamente dois terços da superfície de terras aráveis. Verificou-se um aumento significativo da superfície de leguminosas para grão, em parte devido à diversificação das culturas, prática cultural elegível no âmbito da componente greening . O aumento da superfície de hortícolas em 8,3% traduz a dinâmica do setor nesta década, com o crescimento da área de estufas a refletir precisamente esse esforço de investimento na produção hortícola. Também o setor das flores e plantas orna-

mentais registou uma expansão das áreas instaladas. Constatou-se a expansão e modernização dos olivais e pomares, em particular de frutos pequenos de baga, subtropicais e amendoais, ocupando a maior área dos últimos 30 anos. Verificou-se uma importância crescente da produção de frutos frescos e da produção de abacate e kiwi; assim como um crescimento exponencial do amendoal e dos frutos pequenos de baga. Mas o investimento na fruticultura não ficou circunscrito a estas culturas emergentes, tendo-se estendido aos citrinos e aos frutos frescos de climas temperados, cujas áreas aumentaram 14,1%, destacando-se os pomares de macieiras, pereiras e cerejeiras. A produção de frutos de casca rija foi outra forte aposta na última década, que levou praticamente à duplicação das áreas. Para além da instalação de modernos e intensivos amendoais, que muito contribuíram para a duplicação de área, face a 2009, verificaram-se também aumentos das superfícies de castanheiros e de nogueiras. Ainda assim, a área de olival e vinha


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