BOA FÉ
CARACTERÍSTICAS DA RELIGIÃO QUE VEM DE DEUS E LEVA A ELE MARCOS DE BENEDICTO
As religiões já foram comparadas a uma grande montanha escalada por alpinistas que tentam chegar ao topo subindo por diferentes lados e também a inúmeras cadeias de montanhas com muitos picos e diferentes relevos. Enquanto a primeira analogia ressalta as semelhanças, a segunda destaca as diferenças. Sem dúvida, a última comparação é mais apropriada. Embora na superfície as religiões pareçam iguais, elas são muito diversas em seus ensinos, objetivos, códigos, métodos, rituais e resultados. Os fenômenos religiosos, parte do próprio tecido da sociedade, não podem ser nivelados. Algumas manifestações religiosas são negativas e “tóxicas”, como enfatiza a matéria de capa. Porém, a religião de Cristo é maravilhosa! Afetando todos os aspectos da vida, ela causa impacto positivo sobre o corpo e a mente. Ajuda a ser feliz e a criar felicidade. Promove o sentimento de solidariedade, valoriza o próximo e cuida dos fragilizados. Intelectualmente honesta, ela busca a verdade e lança luz sobre a realidade. Faz o bem por ser o certo e não na tentativa de ganhar favores divinos. Sem desconsiderar a aparência exterior, seu objetivo é a transformação interior. Acima de tudo, conecta a Deus. Verdadeira, fiel à gramática celestial, a religião saudável promove o
INFELIZMENTE, É POSSÍVEL TRANSFORMAR A RELIGIÃO NUMA SUBSTÂNCIA TÓXICA, TANTO NO NÍVEL INTELECTUAL QUANTO NO ÂMBITO PRÁTICO
amor, e não o ódio; a aceitação, e não o julgamento; a autenticidade, e não a hipocrisia; a autonomia, e não a coerção; a elucidação, e não o obscurecimento; a coerência, e não a incongruência; a graça, e não o legalismo; a liberdade, e não a intolerância; a flexibilidade, e não o absolutismo; o equilíbrio, e não o radicalismo; a inclusão, e não o exclusivismo; a humildade, e não a arrogância; a igualdade, e não a superioridade; a justiça, e não a injustiça; a integridade, e não a desonestidade; a generosidade, e não o egoísmo; a ética, e não a sordidez; a pureza, e não a imoralidade; a santidade, e não a impiedade; a dependência de Deus, e não a justificação própria. Ellen White mencionou algumas vezes a “religião de Cristo” como o padrão de uma espiritualidade positiva. “A religião de Cristo representa muito mais do que o perdão do pecado. Significa remover nossos pecados e preencher o vácuo com o Espírito Santo. Significa divina iluminação, regozijo em Deus” (Olhando Para o Alto, p. 32). “Uma religião amarga, censuradora, não encontra exemplo na religião de Cristo” (p. 114). “Olhando a Jesus, a imagem de Cristo é gravada sobre a pessoa e refletida no espírito, em palavras, em verdadeiro serviço pelos nossos semelhantes. A alegria de Cristo está em nosso coração, e nossa alegria é completa. Isto é religião verdadeira” (p. 262). Infelizmente, é possível transformar a religião em algo totalmente diferente, uma “substância” venenosa e tóxica – no nível intelectual e no âmbito prático. O apóstolo Paulo alertou que algumas pessoas estavam querendo “perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1:7). No original, o verbo “perverter” (metastrepho), que aparece apenas três vezes no Novo Testamento, tem o sentido de “corromper”, “mudar”, “distorcer”. Em Atos 2:20, o mesmo verbo é usado para indicar que o sol se transformaria em trevas. E no texto de Tiago 4:9 para falar do riso que se converte em pranto. Assim, não vamos transmutar a religião em outra coisa. Felizmente, Cristo é o modelo de como viver a fé não tóxica. Referência em tudo, é Ele quem define o padrão da verdadeira religião. ] MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista
2
R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2020
Foto: Adobe Stock
EDITORIAL