INTERNACIONAL No dia 12 de janeiro, a comunidade do Hospital Adventista do Haiti relembrou o papel que a instituição teve no contexto imediato do terremoto e depois da tragédia
DOS ESCOMBROS À RECONSTRUÇÃO
Uma década depois de um dos piores terremotos da história do Haiti, saiba qual é a realidade da igreja hoje no país caribenho LIBNA STEVENS
Foto: Libna Stevens
J
á transcorreram dez anos desde que o Haiti foi abalado por um dos piores terremotos de sua história. Mais de 300 mil pessoas, incluindo 500 adventistas, perderam a vida nessa catástrofe.
Waitland François havia se casado poucos dias antes do fatídico 12 de janeiro de 2010. Sete familiares da esposa que tinham vindo dos Estados Unidos para prestigiar a cerimônia perderam a vida no terremoto. A alegria deu lugar ao luto. Algum tempo depois, François emigrou para as Filipinas, onde hoje ele cursa o doutorado no Instituto Internacional Adventista de Estudos Avançados (AIIAS, na sigla em inglês). Em sua tese, François está desenvolvendo uma “teologia do serviço”, pois sua intenção é retornar ao país de origem e servir aos conterrâneos. Desde 2010, individual e corporativamente a igreja tem buscado oferecer ajuda à população. De acordo com Fritz Bissereth, diretor da ADRA no Haiti, mais de
quatro mil toneladas de comida foram distribuídas após o desastre. A agência humanitária da igreja também construiu mais de 600 abrigos para famílias do bairro Carrefour, em Porto Príncipe, além de buscar outros meios de atender as necessidades básicas de dezenas de comunidades e ajudá-las a reconstruir a vida. Ao mesmo tempo, a igreja conseguiu, aos poucos, se reerguer. Na véspera do décimo aniversário do trágico terremoto, membros da denominação no país se reuniram para um culto de ação de graças em um templo com capacidade para quinhentas pessoas que será inaugurado em breve na capital. Figaro Greger, que liderou o trabalho de angariar fundos para a construção do edifício, conta que
R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2020
durante cinco anos o grupo se reuniu embaixo de uma tenda. No entanto, aquele pequeno grupo de 50 fiéis, que, no contexto imediato do abalo sísmico, chegou a dormir ao relento, se transformou em uma congregação de aproximadamente 350 pessoas. Conforme ressalta o pastor Pierre Caporal, líder da igreja no país, muitas igrejas no Haiti ainda têm reformas adicionais a ser feitas, mas todas estão lotadas. Na última década, o adventismo no terceiro maior país do Caribe em território e número de habitantes contabilizou mais de 91 mil novos membros e o plantio de 110 novas congregações. Hoje o Haiti tem 481 mil adventistas, que congregam em 1.126 igrejas e grupos. Além disso, a denominação dispõe de uma universidade, uma emissora de rádio, dezenas de escolas primárias e secundárias e um hospital. As autoridades locais reconhecem que a instituição médica, uma das principais administradas pela igreja no país, teve um papel muito importante tanto no contexto imediato da tragédia quanto no processo de reconstrução do país, conforme destacou Harry Jean, representante da prefeitura da capital, em outra programação especial realizada pelo Hospital Adventista do Haiti (HAH) no dia 12 de janeiro. Presente no evento, Scott Nelson, professor da Universidade de Loma Linda que atuou no socorro às vítimas e hoje trabalha como chefe de cirurgia do HAH, ressaltou que a tragédia levou a instituição médica a melhorar a qualidade do atendimento. “Passamos a oferecer serviços nunca antes possíveis no Haiti. Alguns desses serviços são raros mesmo nos centros mais avançados da América do Norte”, ele destacou. ] LIBNA STEVENS é diretora-assistente do departamento de Comunicação da Divisão Interamericana
39