Adventist World Portuguese - August 2019

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T E S T E M U N H O N O G O V E R N O /// H E R Ó I S D E G U E R R A /// H I S T Ó R I A O R A L /// E S T I L O S D E P A T E R N I D A D E

Exemplar avulso: R$ 2,96 | Assinatura: R$ 35,50

AGOSTO 2019

TERAPIA PARA A ANSIEDADE COMO A CIÊNCIA E A BÍBLIA PODEM AJUDAR A VENCER O EXCESSO DE PREOCUPAÇÃO


MENTES ANSIOSAS

COMO ENCONTRAR SERENIDADE NUM MUNDO CADA VEZ MAIS CARACTERIZADO PELA ANSIEDADE MARCOS DE BENEDICTO

Você já sentiu uma sensação ruim de medo, uma preocupação incomum sobre o futuro e o aumento das batidas do coração a ponto de achar que iria morrer? Esse mal tem nome: ansiedade. Presente na sociedade desde a aurora da civilização, a ansiedade acompanha o ser humano como parte de sua própria condição póspecado. Ela caracteriza nossa estrutura psíquica, já que a vida é precária e não podemos controlar nossas emoções, o ambiente e o futuro. Na busca por transcendência, descobrimos nossa limitação e finitude. Porém, nos últimos anos, com a aceleração do tempo, a desconexão do espaço, a mecanização das tarefas, a fragmentação da comunidade e a desvalorização da vida, o grau de ansiedade aumentou geometricamente. O próprio Cristo profetizou que, no fim, as nações experimentariam pânico por causa dos acontecimentos, e as pessoas, apreensivas, desmaiariam de terror (Lc 21:25-26). Portanto, se você tem sido vítima da ansiedade, não está sozinho. Há vários tipos de ansiedade que dominam as mentes religiosas e seculares, como a existencial, a inquietude que angustia os que não veem significado na vida, nem propósito na existência; posicional, o desassossego que agita os que buscam popularidade e prestígio a qualquer preço; funcional, o temor exagerado de não ser bom o suficiente para encarar as exigências do mercado; econômica, o pavor de não ter dinheiro para enfrentar as crises financeiras e as carências da

A VIVÊNCIA DO EVANGELHO, QUE INCLUI A LIBERTAÇÃO DO MEDO, É O FIM DA ANSIEDADE

vida; cognitiva, a incerteza que intranquiliza os que vivem atribulados pela dúvida; tecnológica, a ambição que impacienta os que trocam de aparelho todo ano e consultam as mídias sociais a cada momento; familiar, o receio que resulta das dificuldades de convivência com o cônjuge ou das preocupações com os filhos; soteriológica, a apreensão que paralisa os que não têm certeza da salvação; tanatológica, o medo que aterroriza os que não estão preparados para a morte e se desesperam diante da possibilidade de separar-se dos queridos; e escatológica, a tensão que domina os que pensam demais sobre o fim do mundo e veem sinais alarmantes em cada notícia de jornal. No sentido mais profundo, Deus tem a solução para todas essas ansiedades. A Bíblia não fala muito de ansiedade; o conceito de medo é muito mais frequente. Porém, o conselho bíblico é que não devemos andar ansiosos por nada e que lancemos toda a nossa ansiedade sobre Deus, pois Ele cuida de nós (Mt 6:25-34; Fp 4:6; 1Pe 5:7). Várias passagens bíblicas podem ser resumidas numa palavra: relaxe! Não no sentido de não ter responsabilidade nem fazer as coisas malfeitas, mas de confiar em Deus e descansar Nele. Muitos cristãos vivem assustados e estão aprisionados no círculo sem saída da ansiedade porque veem ameaças em cada esquina. Mas não precisamos temer. A religião deveria reduzir a ansiedade, e não aumentá-la. Em termos coletivos, a igreja já passou por momentos de ansiedade superlativa, em épocas de guerra, perseguição, fanatismo, mornidão e crise, e sobreviveu. Com a ajuda divina, nós também sobreviveremos. A vivência do evangelho, que inclui a libertação do medo, é o fim da ansiedade. Quem está em Cristo tem tranquilidade de espírito, pois Ele é nossa paz (Mt 11:28-30; Jo 14:27; 16:33; Ef 2:14; Fp 4:7). O amor, personificado por Deus (1Jo 4:8, 18), elimina o medo. Portanto, tranquilize-se! Substitua o medo pelo amor, a dúvida pela confiança e a ansiedade pela paz. ] MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista

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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

Foto: Adobe Stock

EDITORIAL


Ago. 2019

No 1348

Agosto 2019

Ano 114

www.revistaadventista.com.br

Pu­bli­ca­ção Men­sal – ISSN 1981-1462 Órgão Ge­ral da Igre­ja Ad­ven­tis­ta do Sé­ti­mo Dia no Bra­sil “Aqui está a pa­ciên­cia dos san­tos: Aqui es­tão os que guar­dam os man­da­men­tos de Deus e a fé de Je­sus.” Apocalipse 14:12

SUMÁRIO

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A era da ansiedade

O DNA da coragem

O mal do século tem prevenção e o exercício da fé tem parte nisso

Submissão ao reino de Deus significa assumir uma postura contracultural

Quando vale a pena pagar o preço

Editor: Bill Knott Editores associados: Lael Caesar, Gerald Klingbeil, Greg Scott

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Editores-assistentes: Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi (Silver Spirng, EUA); Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo-Jun Kim (Seul, Coreia do Sul)

Tradição oral

O impacto da cruz

O bê-a-bá da educação dos filhos

E­di­tor: Marcos De Benedicto E­di­to­res As­so­cia­dos: Márcio Tonetti e Wendel Lima Conselho Consultivo: Ted Wilson, Erton Köhler, Edward Heidinger Zevallos, Marlon Lopes, Alijofran Brandão, Domingos José de Souza, Gilmar Zahn, Leonino Santiago, Marlinton Lopes, Maurício Lima, Moisés Moacir da Silva e Stanley Arco Projeto Gráfico: Eduardo Olszewski Foto da Capa: Adobe Stock

Adventist World é uma publicação internacional produzida pela sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia e impressa mensalmente na África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Brasil, Coreia do Sul, Estados Unidos e México v. 15, no 8

Tradutora: Sonete Costa

A história transmitida de geração a geração ajuda a preservar a memória adventista na África

Arte e Design: Types & Symbols Gerente Financeiro: Kimberly Brown Gerente Internacional de Publicação: Pyung Duk Chun Gerente de Operações: Merle Poirier Conselheiros: Mark A. Finley, John M. Fowler, E. Edward Zinke

O instrumento da morte de Cristo é mais do que um elemento decorativo

Comissão Administrativa: Si Young Kim, Bill Knott, Pyung Duk Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Yutaka Inada, German Lust, Ray Wahlen, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson

CA­SA PU­BLI­C A­DO­R A BRA­SI­LEI­R A Edi­to­ra da Igreja Adventista do Sétimo Dia

Ro­do­via Es­ta­dual SP 127 – km 106 Cai­xa Pos­tal 34; CEP 18270-970 – Ta­tuí, SP Fone (15) 3205-8800 – Fax (15) 3205-8900

42 CELEBRAÇÃO

4 CANAL ABERTO

33 BOA PERGUNTA

43 INSTITUCIONAL

5 BÚSSOLA

34 NOVA GERAÇÃO

47 MEMÓRIA

35 PRIMEIROS PASSOS

48 EM FAMÍLIA

36 POLÍTICA

49 ESTANTE

24 VISÃO GLOBAL

37 SAÚDE

50 ENFIM

26 VIDA ADVENTISTA

39 RETRATOS

30 DOM DE PROFECIA

40 NACIONAL

Não generalize

Diretor Financeiro: Uilson Garcia

6 ENTREVISTA

Re­da­tor-Che­fe: Marcos De Benedicto

No alto escalão

Ge­ren­te de Produção: Reisner Martins

8 PAINEL

Ge­ren­te de Ven­das: João Vicente Pereyra Chefe de Arte: Marcelo de Souza

Datas, números, fatos, gente, internacional

Não se devolvem originais, mesmo não publicados. As versões bíblicas usadas são a Nova Almeida Atualizada e a Nova Versão Internacional, salvo outra indicação. E­xem­plar avul­so: R$ 2,96 | Assinatura: R$ 35,50 Nú­me­ros atra­sa­dos: Pre­ço da úl­ti­ma edi­ção.

Questão de atitude Por que nós, Senhor?

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora. Tiragem: 147.500

32 PERSPECTIVA

A opinião de quem lê

Diretor-Ge­ral: José Carlos de Lima

5478/40413

Os pais precisam equilibrar apoio e controle

2 EDITORIAL

Mentes ansiosas

SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CLIENTE LIGUE GRÁTIS: 0800 9790606 Segunda a quinta, das 8h às 20h Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h

Dois irmãos que testemunharam de Cristo em meio ao horror da guerra

Bom ânimo

Sem contraindicação O questionamento de Deus À sombra do Onipotente Colina perigosa

No centro do poder Corpo e mente

Passado e futuro

Tempo de agir

Dormiram no Senhor Sob o mesmo teto Por trás das câmeras Missionários digitais

Liberdade à mesa Linhagem adventista

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CANAL ABERTO DE VOLTA A 1919

Agradeço os excelentes artigos da revista de julho, especialmente a matéria de capa sobre a polarização de 1919. Infelizmente, em todos os anos de meu ministério pastoral tenho testemunhado como o inimigo procura dividir a igreja. ­Parece-me que em cada década têm surgido teorias que questionam nossas doutrinas, principalmente a crença no dom profético. Ellen White declarou que sua missão como profetisa da igreja era de ser uma pequena luz para iluminar a grande luz (Bíblia) e ajudar a preparar um povo para a volta de Jesus. Tomara que sejamos mais equilibrados em nossa liderança, em todos os níveis da denominação. Que os liberais e os fundamentalistas compreendam o que foi dito no editorial: “O equilíbrio não está nos extremos.” Léo Ranzolin / Estero, Flórida (EUA)

POLARIZAÇÃO NO ADVENTISMO

Lendo as matérias de capa das edições de junho e julho, lembrei-me da seguinte citação de Ellen White: “Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 443). Conhecer a história da Igreja Adventista nos dará confiança, pois veremos o cuidado de Deus por seu povo. A mensagem adventista chegou em nosso estado em 1911. Porém, em 1940 houve um fato significativo. Um grupo de adventistas foi cercado e agredido por 300 pessoas em Baixa Verde. Os saudosos pastores Jeronimo G. Garcia e Moyses S. Nigri testemunharam isso. Inclusive o pastor Nigri foi ferido no rosto. Contudo, mesmo diante dessa e de outras perseguições, o adventismo cresceu e continua crescendo. O sangue derramado pelo pastor Nigri em terras paraibanas regou as sementes da palavra de Deus que germinaram e deram frutos, de tal forma que atualmente somos mais de 17 mil membros no estado. Daniel Firino / Bayeux (PB)

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CONEXÃO ISLÃ

Leio regularmente os artigos de ­Marcos De Benedicto. São excelentes. Achei espetacular a matéria “­Conexão Islã” (julho). O conteúdo e as considerações são impecáveis. Como é gostoso ler um artigo desse nível, que nos traz conhecimento! A leitura nos faz viajar pelo mundo da sabedoria. Ao ler que houve 1,8 milhão de visitas em um mês ao site oficial de Ellen White, a maioria da Janela 10/40, dei glória a Deus pela Sua infinita sabedoria em trabalhar usando a internet. Haja poder em nosso Deus! A eternidade não bastará para compreendermos esse poder. Henrique Tavares / Benevides (PA)

O CÁLCULO DA PREVIDÊNCIA

Ótima iniciativa falar sobre um tema tão atual e importante na revista de julho. Faço apenas uma pequena observação em relação à simulação apresentada. É um exagero falar em 4,5% de juros reais ao ano nos níveis de taxa Selic que temos no Brasil. O número mais real para essa conta seria algo em torno de 2% em aplicações sem

risco, o que mudaria completamente o retorno projetado. Pelo fato de os juros reais descontarem a inflação, a conta ficaria assim: Selic (6,5% aa) menos IPCA (3,7%) igual 2,8% de juros reais. Projeções do mercado apontam para uma Selic até o fim do ano em torno de 5%, o que diminuiria ainda mais o rendimento. Espero ter contribuído. André Zanchetta / Campinas (SP)

Prezado André, agradecemos suas observações. De fato, os juros estão num patamar muito baixo, e isso dificulta a formação de reserva. Ao se falar em poupança previdenciária, estamos discutindo algo de longo prazo, o que implica pensar em diversificação dos investimentos entre renda fixa e variável, a fim de obter um retorno razoável. Não podemos pensar mais hoje somente em renda fixa, pois os dividendos nesse segmento nunca mais serão como no passado. O investimento mais conservador do mercado, o Tesouro Direto, no vencimento para 2035 está pagando hoje IPCA + 3,59%, o que não alcançaria a taxa usada como parâmetro no artigo. Mesmo investimentos em CDB de bancos menores, pagando hoje até 120% do CDI, com garantia do FGC, não atingiriam a taxa de 4,5%. Portanto, a simulação prevê um cenário em que o poupador terá que alocar seus recursos entre investimentos fixos e variáveis, talvez numa proporção de 80% e 20%. Por falta de espaço, não deu para explicar isso no artigo. Elias da Silva / Brasília (DF)

CORREÇÃO

Na nota sobre o falecimento do pastor Valdomiro dos Reis, na edição de julho (p. 39), informamos que ele deixou a esposa. Na verdade, ela faleceu alguns anos antes dele. Lamentamos o erro. Expresse sua opinião. Escreva para ra@cpb.com.br. ou envie sua carta para Revista Adventista, caixa postal 34, CEP 18270-970, Tatuí, SP.

Os comentários publicados não representam necessariamente o pensamento da revista e podem ser editados por questão de clareza ou espaço.

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BÚSSOLA

NÃO GENERALIZE

A TENDÊNCIA DE JULGAR O TODO PELA PARTE E QUERER QUE A REALIDADE DO MICRO DETERMINE O CONCEITO DO MACRO CAUSA GRANDE MAL À IGREJA ERTON KÖHLER

ntes de pregar, gosto de contar histórias sobre a igreja na América do Sul. Aproveito essas oportunidades para mostrar um pouco da beleza, diversidade e cultura de nossa região que muita gente nem imagina. A intenção é fortalecer o sentimento de que somos uma grande família, tratamos uns aos outros como irmãos, temos o mesmo Pai e buscamos a mesma pátria. Quando nos conhecemos melhor, aprofundamos o sentimento de unidade na diversidade. São tantas culturas, mas a mensagem, a missão e a esperança são as mesmas. Entender isso pode nos ajudar a não generalizar conceitos e opiniões. Generalizar é a tendência de julgar o todo pela parte, imaginando que a igreja global seja como a igreja local. É comum aparecerem generalizações sobre a perda de membros, o fervor missionário, a dedicação pastoral, o envolvimento dos jovens, a secularização, a dissidência, o reavivamento, princípios e estilo de vida, entre outros aspectos. Mas esquecemos que, assim como esses desafios existem em alguns lugares, eles não são a realidade de todos. A debilidade de uns é a fortaleza de outros.

Foto: Adobe Stock

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DIVULGAR CONCEITOS QUE ENFRAQUECEM A IGREJA NOS TORNA UM EXÉRCITO QUE, EM VEZ DE LUTAR CONTRA O INIMIGO, LUTA CONTRA SI MESMO A força da internet e das redes sociais tem aumentado muito o risco dessa generalização. Se alguém divulga um vídeo com imagens de um programa que feriu nossos princípios, a foto de uma postura pastoral inadequada ou um comentário desequilibrado e sem fundamento bíblico, imediatamente aparecem os generalizadores. Por uma imagem, julgam toda a igreja. Por uma frase, generalizam toda a teologia. Por uma falha, condenam todo o ministério. Isso causa grande dano à igreja.

Ellen White foi severa ao tratar os que agem dessa forma. Segundo ela, embora se mostrem muito piedosos, os que “fazem consistir sua religião em procurar algum defeito de caráter ou erro de fé naqueles com quem não concordam” “são a mão direita de Satanás” (O Grande Conflito, p. 519). Que triste situação! Por isso, o apóstolo Paulo recomendou: “Nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1Co 4:5). Precisamos lembrar que situações locais ou fatos específicos não representam a realidade geral. Cuidado ao generalizar, apavorar, alarmar, julgar ou condenar. Divulgar conceitos que nos desanimam e enfraquecem nos torna um exército que, em vez de lutar contra o inimigo, luta contra si mesmo. Precisamos reunir todas as energias “para elevar os olhos e não deixá-los pousar nas dificuldades” (Ellen White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 578). Somos uma família formada por pessoas falhas, limitadas e que fazem parte da igreja remanescente. Isso nos indica o tamanho do desafio e o conflito em que estamos envolvidos. Se gastarmos nosso tempo generalizando, abrindo feridas e multiplicando opiniões críticas, tornaremos a vitória final muito mais difícil. Porém, se enfrentarmos nossos desafios com prudência, equilíbrio, amor e humildade, com a Bíblia na mão e os joelhos no chão, seremos um exército mais forte. Nossos maiores esforços precisam ser colocados em “preservar a unidade” (Ef 4:3). Onde Cristo está, ali há amor, e não crítica generalizada. ] ERTON KÖHLER é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

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ENTREVISTA

WENDEL LIMA

Maurício Carlos da Silva Braga

Antes de a nomeação do advogado adventista Maurício Carlos da Silva Braga ser publicada no Diário Oficial da União em 8 de março como secretário de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, ele havia inicialmente recusado a indicação. Graduado em Direito pela USP (1978), com especialização em Propriedade Industrial e Intelectual e 40 anos de uma carreira bem-sucedida, mudar para Brasília, aos 62 anos, e entrar no setor público, não fazia parte dos seus planos. Ele só aceitou ser nomeado depois de conversar com a esposa, Virgínia, pedir a orientação de Deus e entender que poderia contribuir com o país. Nesta entrevista, ele fala de seus objetivos à frente dessa secretaria.

NO ALTO ESCALÃO

Além disso, coordeno as atividades gerais da secretaria, como registro e habilitação de associações de gestão coletiva de direitos autorais, combate à pirataria, difusão e regulação de toda a matéria sobre o assunto.

Por que o senhor foi escolhido para essa função? Por causa da minha experiência de 40 anos nesse segmento no setor privado e também porque, há alguns anos, participei como consultor na CPI da Pirataria. Inicialmente, recusei a indicação. No entanto, ao conversar com minha esposa, considerei dois fatores: meu conhecimento na área poderia ajudar no novo governo e aquele convite poderia ser um chamado de Deus. Por isso, nós oramos pedindo orientação. E Ele nos deu quatro indicações inequívocas. Quais são suas atribuições? Lidero uma equipe altamente especializada de 37 servidores federais concursados. Represento o país em encontros nacionais e internacionais que tratem de estudos e debates sobre direito autoral. 6

Que prioridades o senhor tem para essa secretaria? Temos quatro objetivos prioritários: (1) promover a educação sobre direito autoral, o que abrange conscientizar as novas gerações e combater a pirataria, incluindo planejamento estratégico, cursos de capacitação, concursos e uma campanha com o slogan “uso legal”; (2) unificar o sistema de registro de direitos autorais, a fim de concentrar o que hoje está espalhado em várias repartições; (3) propor a revisão da Lei de Direito Autoral, que é de 1998, principalmente no que diz respeito ao ambiente digital; e (4) fazer com que essa agenda funcione em sinergia com o projeto Estação Cidadania, pauta importante do Ministério da Cidadania. As violações das leis de direito autoral são comuns no Brasil, inclusive em relação a produtos religiosos, o que é um contrassenso ainda maior. Como o senhor enxerga esse comportamento? De um lado, existe um visível desconhecimento por parte da

população a respeito dos conceitos e limites do direito autoral. Muitas pessoas fazem download de conteúdos da internet achando que não estão cometendo crime. Nas universidades, os alunos são até orientados a “baixar” trechos ou mesmo livros completos, sob o pretexto de que essa ação tem fins educativos. Por outro lado, não há como negar que muita gente que assim procede viola conscientemente a lei e ignora o valor da obra e o esforço do seu autor. Para reverter isso, a revisão da nossa legislação precisa prever sanções mais graves, além de trabalharmos, na outra ponta, com capacitação e conscientização. Como o senhor concilia seus valores cristãos com as práticas nem sempre éticas do meio político? Quando colocamos Deus em primeiro lugar, nossas ações são direcionadas pelos princípios bíblicos. E você vai fazendo diferença onde está. Por exemplo, tive oportunidade de testemunhar sobre a guarda do sábado antes da minha posse, quando educadamente recusei atender uma demanda do gabinete após o pôr do sol de sexta. Felizmente, estou assessorado por gente muito boa. Procuro iniciar todos os dias de trabalho orando com o grupo. Alguns brincam que tenho “ligação direta” com Deus. Enfim, tudo isso é resultado do testemunho que se dá por meio das ações diárias. ] R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

Foto: Clara Angeleas

ADVOGADO ADVENTISTA NOMEADO PARA SECRETARIA DO GOVERNO FEDERAL EXPLICA AS PRIORIDADES DE SUA GESTÃO E COMO TEM TESTEMUNHADO DA FÉ


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PAINEL EVENTOS

A MENSAGEM EM SINAIS De 19 a 22 de junho foi realizado o 5o Evangelibras, um programa de evangelismo on-line na Língua Brasileira de Sinais. O tema deste ano foi o mesmo utilizado pela igreja na Semana Santa: Renascidos. Atualmente, a denominação disponibiliza seus principais materiais em Libras e o número de grupos cadastrados no site surdosadventistas.org.br já é de 164 em todo o Brasil.

VISITA À CPB No dia 13 de junho, a Heidelberg, líder mundial em equipamentos gráficos, reuniu um grupo de clientes de várias partes do Brasil, numa visita à CPB, em Tatuí (SP), para ver o funcionamento das máquinas in loco. “O nível tecnológico da CPB é muito alto e pude vislumbrar ali o futuro”, disse Rodrigo Bogamil Quirino, diretor da Gráfica Progresso, em Campo Grande (MS). Matheus Ribeiro, gerente de projetos da Gráfica Santa Marta, de João Pessoa (PB), também elogiou a editora: “Fiquei encantado com a moderna estrutura, organização e limpeza do parque gráfico da CPB e agradeço a gentileza com que fomos recebidos.”

D ATA 22 DE AGOSTO será lembrado a partir deste ano como o Dia Interna-

cional em Memória das Vítimas de Atos de Violência Baseados em Religião ou Crença. A data foi estabelecida neste ano pela ONU em resposta ao aumento do extremismo religioso e intolerância ao redor do mundo.

HÁ 170 ANOS Foi em julho de 1849, verão no hemisfério norte, que foram impressos os mil exemplares da primeira edição de The Present Truth (A Verdade Presente), com oito páginas. O primeiro periódico adventista, e o mais longevo deles, mais do que a própria denominação (organizada em 1863), já teve vários nomes. Desde 1978, a revista oficial da igreja nos Estados Unidos é intitulada Adventist Review (adventistreview.org).

O L H A R D I G I TA L

Para quem pensa em publicar um livro pela CPB, os manuscritos agora devem ser enviados através do site autor.cpb.com.br. Para submeter os originais, basta efetuar o cadastro na página. Por meio do site é possível acompanhar o andamento do processo de análise do material. 8

DOCUMENTÁRIO SOBRE PATERNIDADE Lançado em fevereiro num evento mundial sobre evangelização digital, o documentário Fathers (Pais) estará disponível em português, no Dia dos Pais, na plataforma feliz7play.com. Com 45 minutos, a produção conta como homens de seis culturas distintas procuram educar seus filhos nos princípios cristãos.

Fotos: William de Moraes / DSA / divulgação

PORTAL DO AUTOR

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TV CHEGA MAIS LONGE

GENTE

BODAS DE OURO (50 ANOS) De Amaury e Cláudia da Silva, em cerimônia realizada na Igreja Central de Bauru (SP), pelo pastor Edemilson Cardoso, na presença ­ dos filhos e netos. Amaury foi colportor por 27 anos e ancião da igreja local por muito tempo.

BODAS DE AMETISTA (55 ANOS)

De Hélio Lehr e Denise Ferraz de Araújo Lehr, celebrada em maio, numa cerimônia familiar. O casal pastoral tem dois filhos, duas netas e uma bisneta. Todos os descendentes deles trabalham para a Igreja Adventista.

BODAS DE DIAMANTE (60 ANOS)

De Itamar e Ruth de Paiva, em julho. Ao longo de 52 anos de ministério, o casal tem trabalhado no território de cinco Divisões da Igreja Adventista e em quatro continentes. Itamar serviu como pastor distrital, líder de departamentos, presidente de sedes administrativas, além de ter sido professor e diretor de seminário teológico. Por sua vez, Ruth é educadora e lecionou em vários níveis de ensino, inclusive em programas de doutorado. Ela serve também como conselheira matrimonial.

Em parceria firmada com a Secretaria de Justiça de Rondônia, em julho, o sinal da rádio e TV Novo Tempo poderá ser sintonizado nos presídios do estado. A ideia é que o conteúdo oferecido pela emissora adventista ajude na ressocialização dos detentos. Do outro lado do Oceano Atlântico, no dia 29 de junho, foi inaugurada a sede da TV Novo T ­ empo em Portugal. Inicialmente com dez funcionários, a emissora vai retransmitir parte da programação brasileira e investir na produção de conteúdo local.

MAIS UMA CONDECORAÇÃO Barry C. Black, o 62o capelão do Senado dos Estados Unidos, recebeu a Medalha de Canterbury, entregue aos mais destacados defensores da liberdade religiosa de todo o mundo. O pastor adventista foi homenageado na cerimônia anual da organização Becket Fund, realizada em Nova York, em 23 de maio. Na função desde 2003, ele é conhecido por sua habilidade em assistir espiritualmente os legisladores, seus familiares e assessores, num contexto de pluralismo religioso.

Foto: Arquivo pessoal /Justus - DG /Becket Fund

90 ANOS O 90o aniversário do pastor Wilson Sarli foi celebrado por sua família, amigos e líderes adventistas no dia 14 de julho, em Hortolândia (SP). Sarli foi distrital, evangelista, líder de jovens, presidente de Associações e diretor-geral da CPB em dois períodos (1977-1984 e 1995-2000). Aposentado desde 2003, autor de seis livros, foi também pioneiro na criação do Clube de Desbravadores no Brasil. Fotos históricas sobre a trajetória dele, músicas para matar a saudade e a leitura de um texto escrito pelo próprio homenageado fizeram parte da programação. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

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INTERNACIONAL

VOLUNTÁRIOS COMPROMETIDOS

A corrupção é indiscutivelmente o maior obstáculo ao desenvolvimento econômico. Jonathan Duffy, presidente da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), ao falar em maio sobre os quatro “Cs” que geram a atual onda de migração, numa conferência interdenominacional em Genebra, na Suíça. Os outros três fatores apontados por ele são concentração de renda, conflitos e clima (mudança).

A cada ano, cerca de 3,5 mil pessoas são batizadas nas Ilhas do Pacífico Sul por influência do trabalho do Volunteers in Action (VIA). O ministério de apoio já existe há 20 anos.

246 mil dólares

foi o valor arrecadado pela federação de empreendedores adventistas da Europa, em abril, na França. A oferta ajudará 17 projetos missionários em todo o continente.

431 séries de pregação levaram, ao longo de quatro meses, mais de duas mil pessoas ao batismo em Madagascar, na África. O projeto missionário e social contou com a ajuda do empresário ucraniano Vasyl Stoyka.

A Nova Zelândia é um país muito secular, mas cremos que algumas pequenas coisas nas quais trabalhamos podem fazer a diferença.

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EVANGELISMO NA MONGÓLIA Mil jovens (90% simpatizantes da igreja) participaram de um evento evangelístico histórico em Ulan Bator, na Mongólia. Sessenta deles foram batizados no início de maio.

Jeremy Dixon, proprietário do Revive Café (revive.co.nz), restaurante vegetariano localizado em Auckland. Ele distribui exemplares da revista Sinais dos Tempos, ensina receitas culinárias na igreja local e vende o snack saudável mais conhecido no país: o Frooze Balls.

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Fotos: Adventist Record / ADRA / Divisão do Norte da Ásia e Pacífico

100 mil

folhetos religiosos foram entregues por 40 jovens em apenas um dia em Tóquio, no Japão. Desde 2011, dezenas de estudantes participam desse evangelismo por meio da literatura, que tem resultado em estudos bíblicos.


E D I TA I S Convocação da 3a Assembleia Geral Ordinária da União Noroeste Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 3a Assembleia Geral Ordinária da União Noroeste Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ no 11.200.726/000194, para ser realizada nos dias 28 e 29 de outubro de 2019, tendo início às 19h do dia 28, no hotel Intercity Manaus, situado na rua Professor Marciano Armound, no 544, bairro Adrianópolis, em Manaus (AM), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas Associações e Missões organizadas durante o quinquênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das Missões e instituições da União; (3) eleger, para um mandato de cinco anos, os secretários dos departamentos e serviços, os membros da Comissão Diretiva da União; (4) eleger os administradores das Missões para um mandato de dois anos e seis meses; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Manaus (AM), 19 de junho de 2019 Gilmar Zahn, presidente Waldony Fiuza, secretário executivo

Convocação da 2a Assembleia Ordinária da Missão Piauiense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 2a Assembleia Ordinária da Missão Piauiense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ no 01.104.932/0063-40, para ser realizada nos dias 23 e 24 de outubro de 2019, tendo início às 19h do dia 23, no Centro de Treinamento Padre Tony Batista, localizado na avenida Presidente Kennedy, no 7.384, no bairro Socopo, em Teresina (PI), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas durante o quadriênio anterior; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO e dos secretários dos departamentos e serviços; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Missão; (4) aprovar planos para a automanutenção da Missão, os quais devem ser específicos e detalhados para alcançar o status de Associação; e (5) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Teresina (PI), 8 de julho de 2019 Onildo Lopes de Oliveira, presidente Emerson Nunes de Freitas, secretário executivo

Convocação da 2a Assembleia Ordinária da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 2a Assembleia Ordinária da Associação Cearense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ no 01.104.932/0014-61, para ser realizada nos dias 21 e 22 de outubro de 2019, tendo início às 19h do dia 21, no hotel Recanto Wirapuru, localizado na avenida Alberto Craveiro, no 2222, no bairro Dias Macedo, em Fortaleza (CE), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO e dos secretários dos departamentos e serviços; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar

alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo votado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e da Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Fortaleza (CE), 2 de julho de 2019 Nelson José da Silva Filho, presidente Otavio Barreto, secretário executivo

Convocação 5a Assembleia Ordinária da Associação Pernambucana da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 5a Assembleia Ordinária da Associação Pernambucana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ no 01.104.932.000902, para ser realizada nos dias 28 e 29 de outubro de 2019, tendo início às 18h do dia 28, no Mar Hotel Conventions, localizado na rua Barão de Souza Leão, no 451, bairro Boa Viagem, em Recife (PE), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e direção dos Colégios Adventistas do Recife e do Arruda; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo sancionado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e da Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Recife (PE), 27 de junho de 2019 Otimar dos Santos Gonçalves, presidente Paulo Fernando Gomes Correia, secretário executivo

Convocação da 6a Assembleia Ordinária da Associação Bahia Sul da Igreja Adventista do Sétimo Dia Fica convocada a 6a Assembleia Ordinária da Associação Bahia Sul da Igreja Adventista do Sétimo Dia, inscrita no CNPJ no 17.261.509/0004-33, para ser realizada nos dias 20 e 21 de outubro de 2019, tendo início às 8h30 do dia 20, na Igreja Adventista Central de Itabuna, localizada na avenida Duque de Caxias, no 677, no centro, em Itabuna (BA), para tratar dos seguintes assuntos de sua competência: (1) receber as novas igrejas organizadas anteriormente à sua realização; (2) apreciar e aprovar os relatórios do presidente, do secretário executivo, do tesoureiro/CFO, dos secretários dos departamentos e serviços e dos administradores das instituições da Associação; (3) eleger, para um mandato de quatro anos, os administradores da Associação, os secretários dos departamentos e serviços e os membros da Comissão Diretiva da Associação; (4) aprovar alterações ou modificações no Ato Constitutivo e no Regulamento Interno, observadas as diretrizes fixadas no modelo sancionado pela Divisão; (5) elaborar planos para o melhor desenvolvimento da Obra, em harmonia com os regulamentos e as deliberações da União e da Divisão; e (6) deliberar e aprovar outros assuntos propostos pela Comissão Diretiva. Itabuna (BA), 22 de março de 2018 Murilo de Sousa Andrade, presidente Jucimar Noya Leite, secretário executivo

Colaboradores: Ana Hack, Bárbara Oliveira Luz, Christiane Theiss, Daniel Fukuda, ED Dornelles Comunicação, Gnat Myeryenkov, KimiRoux James, Márcio Basso Gomes, Márcio Tonetti, Maritza Brunt, Mauren Fernandes, Nak Hyung Kim e Wendel Lima

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CAPA

A ERA DA ANSIEDADE

CONHEÇA A TERAPIA DE CRISTO PARA O ESTADO EMOCIONAL QUE SE TORNOU O MAL DO SÉCULO MARCOS DE BENEDICTO 12

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Ilustração: Adobe Stock

Brasil, infelizmente, ostenta o título inglório de campeão mundial da ansiedade, quadro mental percebido e estudado há muito tempo, mas que ganhou status de doença específica a partir do século 19. Segundo a OMS, quase 10% da população do nosso país convivem com o mal, que afeta 18,6 milhões de pessoas. Mas o problema não é só nosso. No mundo, os distúrbios de ansiedade atingem 264 milhões de pessoas, segundo relatório de 2017 da OMS, que apresenta dados bastante conservadores. As mulheres e os caucasianos são as maiores vítimas. Se já houve uma época em que a vida transcorria em tranquilidade, esse tempo ficou no passado. Hoje vivemos na era da ansiedade – uma nova ansiedade mais difícil de resolver e que também atinge os cristãos. Agonia, coração acelerado, inquietação, irritabilidade, perda de concentração, insônia, tensão muscular e taquicardia, entre outras coisas, fazem parte dos sintomas das pessoas ansiosas. Quando acontece um ataque de pânico, que é uma crise de ansiedade intensificada, ocorrem, por exemplo, falta de ar, calafrios ou ondas de calor, dor ou desconforto torácico, instabilidade, suor frio, vertigem ou desmaio, náusea, tremores, tontura, sensação de irrealidade, despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo), pensamentos catastróficos, medo de perder o controle ou enlouquecer e medo de morrer. Neste mundo cheio de incertezas, ameaças e brutalidade, seria difícil não ter algum tipo de ansiedade. Vivendo em uma sociedade caótica, com aparelhos que bombardeiam nossa mente com más notícias, como não ficar ansioso? Isso é normal. Afinal, quem já não sentiu algum tipo de medo? O problema começa quando a ansiedade, criando um senso (in)tangível de vulnerabilidade, começa a controlar nossa vida em vez de ser controlada por nós. AS RAÍZES DO PROBLEMA Ansiedade é um estado psíquico desagradável desencadeado pelo medo imaginário do que pode ocorrer. Temor vago e desconfortável, é um sinal de alarme diante de uma situação percebida como perigosa. Medo, ansiedade e preocupação estão relacionados, mas não são sinônimos. “Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura”, diferencia o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) (Artmed, 2014, p. 189). “Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo.” Se o medo é associado com uma ameaça clara e imediata, a ansiedade é mais subjetiva e ocorre mesmo sem um perigo A PRESCRIÇÃO DE JESUS real. Já a preocupação é um tipo mais leve de ansiedade. Entre PARA A ANSIEDADE os médicos, o distúrbio da preocupação excessiva é conhecido ENVOLVE MUDANÇA NA como TAG (transtorno de ansieMANEIRA DE PENSAR A dade generalizada) e tem duração superior a seis meses. RESPEITO DE DEUS, DA A ansiedade é um processo cognitivo, isto é, ocorre dentro REALIDADE E DE NÓS da mente, como explicam Melisa Robichaud e Michel J. Dugas no MESMOS R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

livro The Generalized Anxiety Disorder Workbook (New Harbinger, 2015, p. 5-7). Segundo eles, as preocupações começam tipicamente com perguntas do tipo “e se...” e envolvem especulações sempre negativas em relação ao futuro. Por exemplo, você planeja levar o carro ao mecânico e fica imaginando situações hipotéticas e sofrendo por antecipação: “Talvez o freio esteja ruim. E se demorar para consertar? Isso vai me atrasar. Pior ainda, e se o motor estiver com problema? Pode ficar caro e não vou ter dinheiro para pagar. Posso tentar parcelar. Mas e se o mecânico não aceitar? Vou ter que ficar sem o carro por um período e isso vai prejudicar meu trabalho...” O mesmo tipo de raciocínio pode criar ansiedade no estudante que fica pensando a respeito do exame, no garoto que imagina como conquistar uma namorada, no desempregado que sai pa ra uma entrevista de trabalho ou no profissional que é chamado à sala do chefe. Segundo os doutores Robichaud e Dugas, professores de psicologia em universidades do Canadá, o ciclo de preocupação é desencadeado por situações novas, imprevisíveis e ambíguas. Quando enfrentamos coisas que nunca experimentamos, ou não sabemos o que pode acontecer, ou não está claro se ocorrerá algo positivo, negativo ou neutro, a ansiedade nos domina. Portanto, a ansiedade está ligada à incerteza. Quanto maior é o nível de incerteza, mais profundo é o grau de ansiedade. Há dois caminhos para a ansiedade no cérebro: (1) o córtex, que desperta pensamentos e imagens sobre os possíveis riscos de algo e dispara a ansiedade, e (2) a amígdala, que cria memórias emocionais diante de situações de risco, desencadeia a resposta de ansiedade em menos de um décimo de segundo e cria poderosos efeitos físicos no corpo. A amígdala (na verdade, são duas, localizadas no centro do cérebro, mas costumam ser referidas no singular) está envolvida em ambos os processos. Porém, a culpa da nossa ansiedade não é do cérebro, que apenas faz seu trabalho para manter as memórias dos perigos e tentar nos proteger. Assim, não duvide de sua mente, mas nem sempre acredite em seus exageros. Embora não esteja associada a um gene específico, a ansiedade tem raízes em nosso DNA. O fato de ela predominar em membros da mesma família mostra que é herdada. “Estudos com gêmeos revelam que 20% a 40% dos riscos de ansiedade são atribuíveis à variação genética na população”, afirmam Jordan W. Smoller, Felecia E. Cerrato e Sarah L. Weatherall em seu capítulo no livro Anxiety Disorders (Oxford University Press, 2015, p. 61). Ao mesmo tempo, o distúrbio pode ser intensificado ou reduzido pelas interações com 13


O SENTIDO DA PALAVRA A palavra “ansiedade” tem origem no latim anxietas, que está ligada a um estado de “angústia”, substantivo derivado do verbo angere (“apertar”, “estreitar”, “oprimir”). Há uma teoria de que a etimologia de “angústia” remonta ao vocábulo egípcio ankh, passando pelo grego angor. Por isso, o termo é parecido em algumas línguas modernas, como alemão (Angst), albanês (ankth), esloveno (anksioznot), holandês (angst) e sueco (ångest). O prefixo ang indica a opressão e o aperto que esse estado psicológico causa na pessoa. Assim, a angústia/ansiedade representa um estreitamento das perspectivas, uma diminuição dos horizontes, um constrangimento da vida. No Novo Testamento, a palavra “ansiedade” (merimna), junto com o verbo correspondente “ser ansioso” ou “preocupar-se” (merimnaō), pode ter um sentido negativo e outro positivo. Somadas, as duas palavras ocorrem 25 vezes. Por exemplo, é bom se preocupar (memeristai) com o cônjuge (1Co 7:33-34) e ter “cuidado” (merimnōsin) uns pelos outros (1Co 12:25), interesse (merimnēsei) pelos outros (Fp 2:20) e preocupação (merimna) pela igreja (2Co 11:28). Mas não é bom ter ansiedade nem preocupação excessiva. Portanto, há uma preocupação legítima e uma ansiedade ilegítima. De acordo com alguns lexicólogos, o substantivo merimna, que também pode ter o sentido de “distração”, é derivado do verbo merizo. Com 14 ocorrências no Novo Testamento, esse verbo significa “dividir”, no sentido de fraturar o ser da pessoa em partes e puxar em diferentes direções. Isso indica que os antigos já tinham a noção de que a ansiedade fragmenta nosso coração, desintegra nosso ser e atomiza nossa confiança.

o ambiente. Vários estudos mostram que perda ou separação dos pais, frieza ou superproteção deles e abuso sexual na infância aumentam o risco de ansiedade na idade adulta. Não importa a origem, a ansiedade mina a confiança no sistema filosófico adotado e no valor próprio, limitando nosso potencial. Trata-se de um poder paralisante. Num estudo publicado no The International Journal for the Psychology of Religion em 2017 (v. 27, p. 26-34), Joshua A. Wilt e outros revelam que a ansiedade aumenta o conflito com as dúvidas religiosas e diminui a confiança da pessoa em sua capacidade para enfrentar as ameaças. “Assim, o mundo visto pela lente da ansiedade é um lugar inseguro, imprevisível e incontrolável.” Porém, segundo o estudo, os conflitos com a dúvida não levam necessariamente à ansiedade, pois, embora criem uma sensação de desconforto, podem resultar em uma fé mais madura. Seja como for, é difícil crer que a cosmovisão não afete o nível de ansiedade. Afinal, a dúvida sobre a sabedoria, o poder e o amor de Deus cria uma miríade de problemas, o que desestabiliza a fé e aumenta o medo. COMO ROMPER O CICLO Há várias terapias para a ansiedade, como a exposição ao ambiente real que causa o medo e até a simulação em ambientes virtuais 3D. Em alguns casos, especialmente quando há crises de pânico, o tratamento pode requerer o uso de tranquilizantes, combinados com antidepressivos, e a pessoa deve procurar ajuda médica especializada. Além de aliviar os sintomas da ansiedade, os antidepressivos “regulam” a ação dos neurotransmissores ligados ao humor, como a serotonina. ­Exercício e sono também são fundamentais. Entretanto, esse não é o foco aqui. Estamos falando de ansiedade adquirida que se torna um hábito e precisa ser desaprendida. E o melhor 14

ponto de partida para desconstruir o mecanismo da ansiedade é o ensino do próprio Cristo. Em Mateus 6, Jesus fez sete proposições fundamentais para mudar nossa maneira de pensar e ajudar a quebrar esse ciclo doentio. Se na primeira parte de Mateus 6 Cristo diz que não devemos seguir a hipocrisia dos hiper-religiosos, na segunda metade Ele insiste que não adotemos o materialismo dos secularizados. O Mestre vai à raiz do pensamento e do sentimento. Mudando a maneira de encarar Deus e a vida, mudamos as ideias dentro de nossa cabeça e os sentimentos dentro do nosso peito. Vamos aos sete princípios: 1. Princípio da valorização. A vida é mais importante do que o alimento e o corpo vale mais do que a roupa (v. 25). A premissa é do maior para o menor: se Deus nos deu o que é mais importante, vai dar também o que é menos importante. O alimento e a roupa não são fins em si mesmos; o corpo e a vida são. 2. Princípio da providência. Deus está no controle da natureza. Se Ele cuida dos passarinhos, então cuidará ainda mais de nós, pois valemos mais que eles (v. 26). O objetivo dessa comparação não é minimizar o valor das aves, mas maximizar o valor do ser humano, destacando a provisão divina. Não se preocupe só em obter, pois Deus Se ocupa em dar. 3. Princípio da eficácia. O futuro não está em nossas mãos e, portanto, a ansiedade é inútil. Ela não traz nenhum benefício, pois não muda as circunstâncias (v. 27). A ansiedade não ajuda a acrescentar um simples centímetro à altura nem uma hora à vida. 4. Princípio da durabilidade. Se as flores, que desaparecem rápido, recebem de Deus sua beleza, quanto mais nós, que somos destinados à eternidade (v. 28-30). A ansiedade é uma espécie de horizonte limitado; por isso, é preciso ver a vida por uma perspectiva mais ampla. 5. Princípio da espiritualidade. A ansiedade é uma marca do “mundo”, que se preocupa muito com as coisas terrenas (v. 31). Já o crente confia que nosso Pai celestial conhece tudo a nosso respeito e sabe o que precisamos (v. 32). As pessoas mundanas e as religiosas têm valores e preocupações diferentes: enquanto as primeiras colocam o foco no que passa, as outras pensam no que é eterno. 6. Princípio da prioridade. Quando damos o primeiro lugar ao reino e à justiça de Deus, o Criador provê o que precisamos (v. 33). O reino de Deus, anunciado no passado na qualidade de promessa, existe no presente na for ma de graça e se manifestará no futuro no esplendor R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019


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da glória. Ele começa no coração e culmina no espaço de todo o globo. Se vivemos na esfera em que Deus domina, não precisamos buscar o controle de tudo nem andar ansiosos pelas coisas. 7. Princípio da “presentificação”. Viva no agora e um momento de cada vez. “Viver no agora é aprender a lidar com o vazio de incertezas do futuro”, define o doutor Belisário Marques em sua coluna na Vida e Saúde de agosto (p. 43). Cada dia tem sua própria carga, e não vale a pena sobrecarregar o presente com coisas que pertencem ao futuro (Mt 6:34). Por isso, é fundamental subdividir as tarefas e compartimentalizar os desafios. Coloque o foco no hoje. Você nem sabe se vai estar vivo amanhã. Se o ontem já passou e o futuro ainda não chegou, o único momento que realmente está sob nossa influência é o presente. A ansiedade não resolve o desafio de amanhã, mas cria um problema para hoje. Portanto, da perspectiva de Jesus, a ansiedade é inútil, prejudicial e um sinal de incredulidade. No fundo, ela cresce dentro de nós quando a alimentamos com as conspirações do mundo, dúvidas a respeito do nosso valor e desconfiança do poder divino. Quando Deus ocupa todo o coração, não sobra espaço para a ansiedade – o que não significa que eventualmente o cristão não possa ficar ansioso. MUDANÇA DE PENSAMENTO Em síntese, a prescrição de Jesus envolve mudança na maneira de pensar a respeito de Deus, da realidade e de nós mesmos. Curiosamente, mesmo sem apelar para os ensinos da Bíblia, muitos psicólogos usam a mesma estratégia. Reconhecendo que o padrão de pensamento “viciado” em preocupação é uma parte importante do ciclo da ansiedade, eles procuram alterar o modo de pensar para eliminar o problema. O tratamento mais comum é o modelo ABC (A + B = C), em que A representa um evento ou situação (em inglês, an event), B corresponde ao pensamento ou crença (belief) e C é a consequência (consequence), isto é, a emoção ou o comportamento. “Frequentemente, assumimos que as situações (A) determinam como nós sentimos (C). Contudo, de acordo com o modelo ABC, é a maneira de pensar sobre a situação (B) que influencia como sentimos e o que fazemos (C)”, explicam Gavin Andrews e os demais coautores do livro Treatment of Generalized Anxiety Disorder (Oxford University Press, 2016, p. 130). Ao mudar o pensamento, que realmente afeta nosso modo de sentir, mudamos a premissa do comportamento ansioso. Para tornar o assunto mais claro, os autores mencionam um exemplo. Suponha que você marque um encontro com um amigo às 15h numa lanchonete. O relógio indica 15h20 e seu amigo ainda não chegou. Como você age? Opção 1: raciocina que o amigo possa ter se envolvido num acidente e, ansioso, tenta telefonar para ele. Opção 2: acha que o amigo não chegou porque não se importa com você e, deprimido, você vai para casa. Opção 3: conclui que o amigo provavelmente esteja atrasado por causa do trabalho ou do trânsito e, tranquilo, pede um suco e começa a folhear uma revista. Assim, a maneira “enviesada” de pensar afeta o grau de ansiedade. É preciso questionar o pensamento, ver se a conclusão tem base factual, R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

evitar a mentalidade catastrofista, não personalizar os problemas (“é minha culpa”) e descartar a ideia de que o sentimento sempre corresponde à realidade (p. 132-134). Todos esses padrões de pensamento, entre outros, são prejudiciais. Em vez de cultivá-los, desafie-os e desenvolva padrões de pensamento mais realistas, úteis e produtivos. Em certas circunstâncias, há um risco real e o medo tem um motivo. Nesses casos, o melhor é evitar o perigo. Em muitas situações, porém, a ansiedade é totalmente infundada. Nesses casos, enfrentar o medo é a melhor estratégia. Com o tempo, a pessoa vai ficando “dessensibilizada” e a ansiedade diminui. Estudo com ratos também indica que é eficaz a habilidade de evitar ou controlar o “gatilho” que desencadeia a ameaça e a sensação de ansiedade. Obviamente, ler um artigo ou livro sobre ansiedade não cura a pessoa. No entanto, a continuada prática de princípios científicos e espirituais testados pode ajudar a resolver o problema. Assim como a ansiedade não surge num instante, o tratamento também exige tempo. Numa linda passagem sobre o cuidado divino, Ellen White enfatiza que devemos expor “continuamente” perante Deus nossos temores e tudo que nos causa ansiedade, pois nada que tira nossa paz é insignificante para Ele nem insolúvel e grande demais para Aquele que “sustém os mundos e rege o Universo” (Caminho a Cristo, p. 100). “Ao passo que a preocupação e a ansiedade não remediam um simples mal, podem produzir grande dano”, diz ela (O Lar Adventista, p. 431). Mas não temos que encarar sozinhos a vida, pois Deus está do nosso lado. Ele é a resposta definitiva para a ansiedade. ] MARCOS DE BENEDICTO, pastor, jornalista e doutor em Ministério, é redator-chefe da Casa Publicadora Brasileira

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ESPIRITUALIDADE

O DNA DA CORAGEM PERMANEÇA FIRME NOS PRINCÍPIOS DO REINO DE DEUS E ASSUMA UMA POSTURA CONTRACULTURAL GERALD KLINGBEIL

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Foto: Benjamin Davies

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odos sabemos reconhecer um momento importante, quando o tempo e o destino são decididos. Um homem escolhido por Deus para liderar Seu povo para entrar na terra prometida estava diante de uma circunstância dessas, quando o coração acelera proporcionalmente à intensidade do medo. Josué estava inquieto. Depois de atravessarem miraculosamente o rio Jordão e entrarem na esperada Canaã, os israelitas acamparam em Gilgal, três quilômetros a nordeste de Jericó. Depois de todos os homens daquela nova geração terem sido circuncidados, eles estavam quase prontos para conquistar o território que tinham diante de si. Pelo menos era o que pensavam. Josué deve ter se sentido menos seguro do que eles, pois estava fazendo um reconhecimento da área em torno de Jericó. Ele ainda não havia recebido do Senhor a ordem para marchar. Então, procurou descobrir os pontos fracos da cidade. Porém, não havia nenhum (Js 6:1-5). De repente, seu pior pesadelo se tornou realidade. Um homem empunhando uma espada se levanta à sua frente, pronto para atacá-lo. Não havia tempo para sacar sua própria espada. Josué, então, decide confrontar o estranho: “Você é por nós ou por nossos inimigos?” (Js 5:13, NVI). Essa é uma boa pergunta. Quando enfrentamos situações desafiadoras, precisamos saber quem está a nosso favor ou contra nós. É preciso observar criteriosamente, ouvir cuidadosamente e aguardar cautelosamente. “Nem uma coisa nem outra”, respondeu ele. “Venho na qualidade de comandante do exército do Senhor” (v. 14). Josué não precisava ouvir mais nada. Ele cai com o rosto em terra e adora. Ele reconhece que está diante de Deus.


DEUS PRECISA DE PESSOAS QUE DEMONSTREM CORAGEM SANTIFICADA NUMA ÉPOCA EM QUE SE OSCILA ENTRE A CONDUTA POLITICAMENTE CORRETA E OS DISCURSOS DE ÓDIO

POR NÓS OU CONTRA NÓS? Às vezes, é fácil distinguir quem é a nosso favor ou contra nós. Outras vezes, não. Os problemas e as sitações podem ser complexos, como zonas cinzentas da vida, nas quais é difícil reconhecer claramente a linha divisória entre o certo e o errado. São nessas circuntâncias que devemos nos encontrar com o Comandante e prestar atenção às Suas ordens. A primeira coisa que Josué teve que fazer naquele dia inesquecível foi tirar suas sandálias. O início da conversa não teve que ver com alguma conversa sobre sofisticadas estratégias militares. Nenhuma orientação específica sobre a batalha iminente. A ordem foi: “Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo” (v. 15). Aqui está algo que podemos aprender. Quando nos encontramos com nosso Criador, Salvador e Comandante, paramos tudo para adorá-Lo. Dessa maneira, é possível descansar Nele e aquietar o coração. É possível atentar para Sua Palavra, revelada nas Escrituras e comunicada por meio do Espírito Santo, a fim de entender os princípios de Sua vontade e discernir quando precisamos manter a coragem. POR QUE NÓS? “Por que nós, e por que agora?”, foi a pergunta relevante feita na Jerusalém do 6º século a.C. O mundo estava passando por uma mudança profunda e parecia que a cidade estava a caminho do desastre iminente. Daniel e seus três amigos haviam sido arrancados de sua família, casa e país. E todos aqueles adolescentes estavam a caminho da Babilônia. Eles haviam sido escolhidos para passar por um processo de reeducação e treinamento. O novo rei da Babilônia, Nabucodonosor II, queria formar sua própria elite intelectual, que o auxiliasse no governo do reino. Os rapazes hebreus deviam estar muito desajeitados quando entraram pelo monumental portão de Isthar. Babiblônia era enorme comparada a Jerusalém. Aparentemente, tudo ali era maior e melhor. Eles foram calorosamente recebidos na escola de ciências ligada à corte. Seriam bem tratados e alimentados à mesa do rei. Foi quando Daniel, Ananias, Misael e Azarias tiveram que tomar uma decisão. Deveriam comer do cardápio rico e abundante do rei, dedicado aos deuses pagãos e correr o risco de se contaminarem, ou deviam se destacar como rapazes excêntricos que colocaram sua vida em risco? (Dn 1:3-10). O que você decide quando está diante de situações com sérias consequências?

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Os quatro jovens hebreus começaram a orar, e abordaram seu supervisor com um pedido estranho: que os testasse por dez dias com uma dieta à base de vegetais (v. 12). Dez dias para esperar que Deus fizesse o improvável. E Ele fez, honrando a fidelidade dos garotos. Com isso, a fé daqueles jovens foi fortalecida e eles se prepararam para contextos em que a coragem seria ainda mais necessária. FINAL FELIZ Daniel 3 descreve um desses momentos. Nabucodonosor construiu uma estátua enorme, provavelmente inspirado na imagem que ele viu em seu sonho profético (Dn 2). A diferença é que a estátua erguida no campo de Dura era completamente coberta de ouro. Com isso, ele queria dizer que Babilônia nunca cairia, seu reino seria eterno. Essa postura era uma rebelião aberta ao futuro que Deus havia revelado para ele, bem como um desafio para Ananias, Misael e Azarias, que haviam sido promovidos à liderança na província. Eles e quase todos os líderes do império foram ordenados a se ajoelharem e adorarem a estátua quando ouvissem o som de uma grande orquestra. Com cerca de 28 metros de altura e 2,8 de largura, a provocação contra Deus podia ser vista de muito longe. A música soou e a multidão se prostrou, mas os três jovens foram na contramão, ficando em pé. A fúria tomou conta de Nabucodonosor (Dn 3:13). Ele se indignou com o fato de aqueles três escravos desafiarem um monarca poderoso. E foi realmente o que fizeram. Para eles, apenas Deus merecia ser adorado: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste (v. 16-18). 17


Hoje, podemos ler essas palavras já sabendo o fim da história. Sabemos que a fornalha não matou os três jovens hebreus. De algum modo, esperar um final feliz faz parte da nossa cultura. Porém, final feliz não é somente quando há livramento da fornalha ou uma questão de vida ou morte. Somos chamados a assumir uma postura de fidelidade, autenticidade, veracidade e compromisso inabalável em todas as situações. A coragem inspirada pelos princípios de Deus nos leva a permanecer em pé. A ATITUDE DE JESUS Nós associamos fidelidade, veracidade, poder e graça ao ministério de Cristo, mas será que Ele também demonstrou coragem? A oração de Jesus no Getsêmani oferece uma possível resposta a essa pergunta crucial (Mt 26:39). Em face à dor e à separação iminentes, Jesus voluntariamente submeteu Sua vontade aos planos do Pai. Isso requer coragem e confiança. Há outros momentos na vida de Cristo em que podemos ver Sua coragem em ação. Os princípios fundamentais do Seu reino incluem perdão, sofrimento e paciência – todos elementos que indicam a verdadeira coragem. Ele ensinou Seus seguidores a trilhar a “segunda milha” (Mt 5:41), a perdoar além da quantidade culturalmente aceita (Mt 18:21 e 22) e a amar seus inimigos (Mt 5:43-47). Segundo Ellen White, Ele tinha lágrimas na voz quando condenou a liderança judaica do Seu tempo (Mt 23:13-39). Embora nunca tenha vacilado diante da crítica implacável desses líderes, Seu coração ansiava pela transformação deles. Coragem piedosa faz isso. Jesus também demonstrou coragem quando Se envolveu com estrangeiros e com gente considerada menos importante. Mulheres e criancinhas se sentiam à vontade na Sua presença. Ele tocava (e curava) leprosos (Mt 8:1-4) e visitava os odiados publicanos 18

em suas casas (Lc 19:1-10). Ele exemplificava o cuidado especial de Deus pelos pobres, viúvas, órfãos e estrangeiros. Quando contou uma história que ilustrava o reino de Deus, foi um samaritano, e não um sacerdote ou levita, que encarnou os princípios do que Ele ensinava (Lc 10:30-37). Embora Jesus não procurasse um conflito ou incentivasse a controvérsia, Ele não tinha medo de colocar Seu “dedo na ferida”. Quando demonstrou oposição, fez isso com bondade e compaixão. Foi assim com o “jovem rico” (Mc 10:21). A má escolha daquele moço deve ter ferido Jesus, mas Ele continuou a amá-lo. Gostaria de saber o resto da história. Que escolhas será que o jovem rico fez depois da ressurreição de Cristo e do Pentecostes? PRECISAMOS DISSO Numa época em que se oscila entre a conduta politicamente correta e os discursos de ódio, Deus precisa de pessoas que demonstrem coragem em meio à perseguição, indiferença e irrelevância. Como Daniel e seus amigos, precisamos saber quando é o momento de assumir uma posição contracultural. De acordo com o relato sobre o encontro de Josué com o Comandante celestial, essa coragem nos levará a adorar e a avançar em obediência – mesmo que as coisas não façam muito sentido. A coragem dele crescia à medida que se relacionava com Deus. Houve também contratempos e desafios, momentos em que sua coragem estava tão fraca e gasta quanto as roupas esfarrapadas dos mentirosos gibeonitas (Js 9:4). Contudo, para Josué, não podia haver retrocesso. A não ser quando fosse necessário parar o relógio a fim de vencer uma batalha (Js 10:12-14). Nem sempre é fácil praticar a coragem santificada, porque o que dizemos e fazemos nem sempre será bem recebido ou elogiado. Porém, se seguirmos nosso destemido Comandante, podemos descansar sob a convicação de que estamos fazendo a vontade de Deus. ]

HERÓIS PARA TODOS NÓS BILL KNOTT

Contamos as histórias dos heróis da Bíblia com a melhor das intenções. Queremos lembrar uns aos outros, e especialmente as crianças, sobre a incomparável habilidade que Deus tem de mudar a história do mundo por meio do esforço e risco de uma pessoa dedicada. Moisés subiu até o topo do Sinai como uma figura solitária envolta pela nuvem da presença de Deus. Davi, finalmente livre do peso da armadura de Saul, desceu o Vale de Elá para enfrentar o gigante que nenhum dos seus compatriotas teve coragem de desafiar. Daniel, sem temer as ameaças de retaliação, orou três vezes ao dia onde seus inimigos podiam vê-lo, e depois passou a noite com leões famintos. Maria aceitou heroicamente seu chamado para ser mãe do Messias, mesmo que isso lhe causasse mais dor do que qualquer outra mãe suportaria. Contudo, percebam que as ações corajosas que hoje aplaudimos não eram apenas atos solitários e voltados para aqueles heróis. Cada um deles estava agindo para o bem de muitos, a começar pelo povo de Deus. Mesmo em sua fraqueza, Moisés se tornou um tipo de Cristo como grande Sumo Sacerdote (Hb 4:14). Davi foi o campeão de um exército inteiro. A vitória dele foi de todo o Israel. Daniel orou confessando os pecados de seu povo e se incluindo como um transgressor (Dn 9:20). Ele foi o representante do povo de Deus e não apenas o herói solitário na cova dos leões. Por sua vez, Maria, ao aceitar trazer o Salvador ao mundo, reconheceu que sua decisão abençoaria as gerações que vieram antes dela e as que surgiriam depois dela (Lc 1:46-55). A coragem para a qual Deus nos chama é fazer mais do que atos de bravura. É pensar, planejar e agir em favor do povo de Deus, enquanto esperamos nossa redenção final. Ao ler esta edição, ore para que você tenha mais consciência de que suas ações beneficiam o povo que aguarda o advento. Talvez você possa ser a pessoa de coragem de quem todos precisamos neste momento! ]

GERALD A. KLINGBEIL é editor associado da Adventist World

BILL KNOTT é editor da revista Adventist World R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019


HISTÓRIA

QUANDO VALE A PENA PAGAR O PREÇO OS IRMÃOS JOHN E GABRIELLE WEIDNER TIVERAM DESTINOS DIFERENTES, MAS UMA ATITUDE EM COMUM: TESTEMUNHAR DE CRISTO EM MEIO AO HORROR DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Foto: Adventist Review Ministries collection

WILONA KARIMABADI

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história a seguir tem duas partes. A primeira tem um final feliz, enquanto a outra não. No entanto, elas apresentam um denominador comum: é preciso ter coragem em situações difíceis, até mesmo diante daquelas com consequências terríveis como a morte. É para isso que Deus nos chama. E, se esse for seu caso, saiba que Ele não o deixará sozinho. UM HOMEM MARCADO John Henry Weidner nasceu em uma família holandesa adventista, na Bélgica, em 1912. Seu pai era pastor e professor de grego e hebraico no que é agora a Salève Adventist University, na fronteira entre a França e a Suíça, próximo a Genebra. Quando criança, Weidner passou grande parte do tempo escalando as montanhas ao redor do seminário, conhecendo minuciosamente aquele campus pitoresco. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

John Weidner recebendo a Medalha da Liberdade dos Estados Unidos, em 1946, na Holanda

Na época, mal sabia ele que estava adquirindo um conhecimento que seria muito importante para o trabalho que faria anos mais tarde. Após completar parte dos estudos ali, Weidner estudou Administração e Direito em Genebra e em Paris. Ele acabou entrando para a indústria têxtil, sendo bemsucedido na capital francesa e no interior do país. Em junho de 1940, a população de Paris estava fugindo da cidade devido à aproximação do exército alemão. A União Franco-Belga da Igreja Adventista tinha sua sede na capital francesa, onde Gabrielle, a irmã mais nova de Weidner, trabalhava como secretária do presidente. Contudo, surgiu a necessidade de mudar a sede da União para o sul da França, e Wedner ajudou na 19


transferência. Naquela época, ele trabalhava próximo a Lyon, e foi ali que se envolveu numa organização secreta de resistência, chamada Dutch-Paris. Essa organização era formada por mais de 300 “agentes” que dirigiam uma linha clandestina de fuga da Holanda, passando pela Bélgica e França, até a Suíça. Eles usaram duas rotas: por Collonges-sous-Salève, na fronteira franco-suíça, e fugindo por Andorra até a Espanha, passando por um caminho perigoso entre os Montes Pirineus. Essa organização secreta acabou ajudando 800 judeus, 100 aviadores aliados que haviam sido feridos e muitos outros a escapar da morte certa. “Quando a guerra começou, eu pensei como um ser humano, me perguntando: como ajudar as pessoas? Concluí que eu podia ajudar. Se um judeu conseguisse chegar à Espanha ou à Suíça, estaria salvo. Esses países eram neutros. A grande dúvida era como chegar à Suíça saindo da Holanda. Os soldados de Hitler, da Gestapo, estavam em todos os lugares. As fronteiras estavam fechadas. E a fronteira entre a França e a Suíça era fortemente guardada, porque os nazistas sabiam que os judeus estavam tentando passar por ali. Mas eu conhecia desde meu tempo de infância a fronteira em Collonges-­sousSalève”, relatou Weidner. Esse trecho foi resgistrado pela cientista política norte-americana Kristen Renwick Monroe num livro em que ela conta a história de cinco pessoas comuns que assumiram uma postura moral corajosa para salvar judeus do nazismo (The Hand of Compassion: Portraits of Moral Choice During the Holocaust, p. 102 e 103). Obviamente, a tarefa de John Wedner era extremamente perigosa, e não demorou muito para que ele chamasse a atenção dos nazistas, chegando ao topo da lista dos mais procurados pela Gestapo. John foi preso e torturado em três ocasiões distintas. Talvez em uma delas ele tenha sido interrogado por Nikolaus “Klaus” Barbie, conhecido como o “açougueiro” de Lyon. De modo impressionante, John sobreviveu a esses interrogatórios e à traição de uma colega de operação da Dutch-Paris, que entregou informações de 150 membros da organização, após ser torturada. Vários deles foram enviados para campos de concentração e nunca mais foram vistos. Depois do fim da guerra, ele trabalhou por um período para o governo holandês, ajudando a identificar colaboradores do regime nazista no país. Entretanto, na década de 1950, John decidiu recomeçar a vida nos Estados Unidos, onde conheceu a esposa, Naomi, uma fiel adventista. 20

Ele iniciou uma nova carreira profissional, abrindo uma rede bem-sucedida de lojas de alimentos saudáveis no sul da Califórnia, que ficou conhecida como Weidner Natura Foods. Ele foi ativo em sua comunidade e igreja local. Os esforços de Weidner no tempo da guerra não passaram despercebidos, embora ele preferisse o silêncio sobre sua vida na Europa. Por causa de sua coragem, ele recebeu diversas condecorações dos governos dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França, Bélgica, Holanda e Israel. Em 1993, quando o Museu em Memória do Holocausto foi inaugurado em Washington, capital norte-americana, ele foi uma das sete pessoas escolhidas para acender as velas dedicadas aos que resgataram judeus. Certa vez, conforme registraram Carol Rittner e Sondra Myers, Weidner disse: “Durante a vida inteira, todos nós temos que fazer escolhas: pensar apenas em si mesmo e conseguir o que puder para si ou pensar nos outros, servir e ser útil para os necessitados. Creio ser muito importante desenvolver nosso cérebro e conhecimento. Contudo, é mais importante desenvolver nosso coração para que esteja sempre sensível ao sofrimento dos outros. Quanto a mim, sou apenas uma pessoa comum, apenas alguém que quer ajudar seu próximo. Esse é o anseio de Deus para mim: pensar nos outros, ser altruísta. Não sou ninguém excepcional. Se tenho um herói, ele é Deus, que me ajudou a cumprir minha missão, a fazer o que eu tenho que fazer” (The Courage to Care, p. 65). John faleceu em 1994, no sul da Califórnia (EUA).

JOHN E GABRIELLE FORAM CRIADOS PARA SEGUIR O EXEMPLO DE JESUS, E ISSO INFLUENCIOU A CONTRIBUIÇÃO QUE DERAM PARA O MUNDO

FIEL ATÉ O FIM Quando aquela agente entregou os nomes de 150 colaboradores da Dutch-Paris, uma daquelas pessoas tinha grande importância para John: sua irmã Gabrielle. Lembrada por aqueles que a conheceram como uma pessoa gentil, com R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019


Fotos: Adventist Review Ministries collection

lindos olhos e uma natureza doce, Gabrielle viveu e trabalhou em Paris durante a maior parte do tempo em que seu irmão estava enviando pessoas clandestinamente para a Suíça. Não se sabe por que ela entrou nessa organização de resistência ao nazismo; talvez tenha sido a proximidade com o irmão mais velho. O fato é que ela nunca o traiu. No último sábado de fevereiro de 1944, a Gestapo prendeu Gabrielle no culto numa igreja adventista em Paris. Ela foi levada de volta para seu apartamento, no mesmo prédio que abrigava a sede da União e da Associação locais. Permitiram que ela reunisse rapidamente alguns itens pessoais antes de ser levada para a prisão Fresnes, na periferia da capital francesa. Ela permaneceu ali até agosto de 1944, a despeito de todo esforço realizado para libertá-la. Em meados de agosto, os aliados estavam a apenas 60 km de Paris, mas, antes que libertassem a cidade, Gabrielle foi enviada para os campos de morte. Ela desembarcou em Ravensbrück, no norte da Alemanha, em 21 de agosto, quatro dias antes de os aliados chegarem a Paris. De lá, Gabrielle e outros presos políticos foram transferidos para Torgau, um subcampo de Buchenwald, onde havia trabalho forçado. Em Torgau, as mulheres eram usadas na fabricação de bombas e granadas. A saúde de Gabrielle, que nunca foi das melhores, deteriorou rapidamente. Em outubro de 1944, ela foi enviada de volta para Ravensbrück e, na sequência, para o subcampo de Königsberg. Os registros disponibilizados pelo Museu do Holocausto, nos Estados Unidos, confirmam que ela chegou a Königsberg em 29 de outubro. Esse era um campo destinado a um único propósito: o extermínio. As condições ali eram deploráveis. As mulheres dormiam em bancos de madeira, tendo como cobertor sacos cheios de papel. Quase não havia comida e elas enfrentavam o frio vestidas em farrapos. As prisioneiras que ficavam muito doentes eram enviadas para uma enfermaria, e foi ali que Gabrielle passou o restante dos seus dias. Madeleine Billot era amiga de John ­Weidner. Ela também foi deportada para Ravensbrück, onde acabou conhecendo Gabrielle. Billot sobreviveu, e após a guerra pôde contar a John o testemunho de sua irmã no campo. “Gabrielle sempre deu um maravilhoso testemunho de sua fé em Deus. Ela estava na enfermaria de Königsberg e, mesmo ali, estava sempre animando as outras”, registrou Herbert Ford no livro Flee the Captor (Heview and Herald, 1996), páginas 352 e 353. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

John, ao centro, perto da árvore plantada em sua homenagem na Avenida dos Justos entre as Nações, no museu Yad Vashem, em Jerusalém

A liber tação era iminente em fevereiro de 1945. Porém, as mulheres que podiam se movimentar foram conduzidas pela SS numa marcha para a morte. As que estavam muito fracas, como Gabrielle, foram deixadas para morrer. Nos momentos finais da guerra, como fizeram em muitos campos de concetração, a SS incendiou os quartéis e as enfermarias. Milagrosamente, Gabrielle foi retirada das chamas no último momento. O campo foi libertado em 5 de fevereiro de 1945. Contudo, era muito tarde. Alguns registros declaram que a morte de Gabrielle aconteceu em 15 de fevereiro; outros, no dia 6 de fevereiro (Gedenkbuch für die Opfer des Konzentrationslagers ­Ravensbrück 1939-1945 [Metropol, 2005], p. 655). A verdadeira causa da morte de Gabrielle nunca foi registrada. Após a guerra, John tentou encontrar o local do descanso final de sua irmã, mas nunca achou. Só o Senhor sabe onde Gabrielle ­Weidner aguarda a ressurreição. As histórias dos irmãos W ­ eidner tiveram desfechos dramaticamente diferentes. Ambos foram criados para seguir o exemplo de Jesus e isso claramente influenciou a contribuição que deram para o mundo e como se portaram diante de situações terríveis. A biografia deles ainda serve de inspiração para nós. A lição que

John Henry Weidner em seu uniforme militar

Gabrielle Weidner, irmã de John, que não teve o mesmo destino dele

fica é que podemos agir com coragem e caminhar de mãos dadas com nosso Salvador, sabendo que Aquele que nos chama nunca nos esquece. ] WILONA KARIMABADI é editora assistente da revista Adventist World

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CULTURA

AS HISTÓRIAS TRANSMITIDAS DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO TÊM AJUDADO A PRESERVAR A MEMÓRIA ADVENTISTA NA ÁFRICA MICHAEL SOKUPA

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interesse pela história da Igreja Adventista do Sétimo Dia na África está crescendo no continente. A razão é que um dos traços das culturas tradicionais africanas tem sido contemplado como fonte histórica: o relato oral. Aliás, a contribuição da história oral para o adventismo foi um dos tópicos examinados numa conferência de historiadores adventistas em janeiro de 2018. O QUE É HISTÓRIA ORAL? Segundo a Oral History Association (Associação de História Oral), entidade estabelecida em 1966 e sediada no Tennessee (EUA), é o “campo 22

de estudo e o método de reunir, preservar e interpretar as vozes e memórias de pessoas, comunidades e participantes de eventos passados” (oralhistory.org). Apesar de ser questionada, a abordagem da história oral tem sido utilizada por muitos pesquisadores do adventismo na África. Nas comunidades africanas que têm a tradição oral como estilo de vida, a história é passada de uma geração para outra por meio de contos e poesias. Nos eventos familiares, é concedido tempo para que o historiador da família ou a pessoa mais idosa, muitas vezes a matriarca, reconte a história da família. Os poetas, por sua vez, espontaneamente começam a cantar uma música que também reconta a história do grupo e que serve de recurso para a preservação da tradição. Fui testemunha de uma situação em que a matriarca corrigiu algumas vezes o contador de histórias que havia sido designado para resgatar o relato do início da igreja em certa R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: Henry Stober

TRADIÇÃO ORAL


comunidade. A matriarca se levantou e acrescentou fatos, a fim de garantir que a transmissão da história fosse precisa. Essa avaliação constante da precisão é construída dentro do próprio sistema de tradição oral. O VALOR DA ABORDAGEM A mim incomodava, por exemplo, que os pesquisadores da história da igreja não soubessem precisar onde ficava o Hospital Adventista da Cidade do Cabo. Foi por isso que comecei a pesquisar nos arquivos nacionais, mas só consegui informações fragmentadas e insuficientes para definir o local. A única evidência que havia sobrado era uma estrada com o nome do hospital, em Kenilworth, África do Sul. Certa manhã, Eric Webster, teólogo adventista aposentado, foi até meu escritório no Centro do Patrimônio Histórico e de Pesquisa Ellen G. White, no Helderberg College, na Cidade do Cabo. Webster me convidou para encontrar um homem que tinha a informação sobre a localização inicial do hospital. Arrumei meus gravadores e o material necessário para registrar a história. Porém, a única condição que o entrevistado estabeleceu era que seu depoimento não deveria ser gravado. Coloquei meu equipamento de lado e ouvi o homem contar sua história. Donald Jeffes tinha vindo da Austrália com seus pais para a África do Sul. Ele conhecia bem a área. Caminhei com Jeffes para bem distante da estrada que recebia o nome do hospital. Ele nos mostrou as casas que eram usadas pelos médicos residentes e pelas enfermeiras. Passamos pelas ruas e ele nos chamou a atenção para um padrão que não havíamos atentado: todas elas receberam nomes n ­ orte-americanos, evidência da presença do hospital naquela comunidade. Após visitar a localização inicial do hospital, voltamos à casa de Donald Jeffes, e ele permitiu que eu gravasse seu depoimento. Essa gravação está guardada no Centro do Patrimônio Histórico do Helderberg College. Essa experiência ilustra o valor da história oral, não apenas para as comunidades tradicionais, mas para complementar os registros históricos e fornecer contexto para eles. Em outra ocasião, trabalhei com John Enang, então coordenador do departamento do Espírito de Profecia, e Félix Adetunji, diretor do Centro de Pesquisa Ellen G. White da Universidade Babcock, a fim de tentar identificar uma lista de locais históricos no território da Divisão

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Centro-Oeste Africana. Visitamos a Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Senegal e muitos outros países daquela região. Durante nossa visita ao norte da Nigéria, nos encontramos com pioneiros adventistas que preservavam artefatos e histórias não encontradas em nenhum livro. A Divisão CentroOeste Africana está comprometida em preservar sua história. Por exemplo, a Universidade Adventista da África, situada em Nairóbi, no Quênia, fundou um museu que serve como depositário da memória do adventismo em todo o continente.

A HISTÓRIA ORAL ACRESCENTA VALOR A OUTRAS FONTES HISTÓRICAS. É UMA ABORDAGEM IMPORTANTE PARA ENSINAR AS NOVAS GERAÇÕES SOBRE AS RAÍZES DE NOSSA FÉ

A HISTÓRIA SINGULAR DA ÁFRICA A África tem uma história a contar e, para tanto, as comunidades locais precisam ser ouvidas. As sedes africanas da Igreja Adventista estão atentando para isso, pois a geração atual de jovens adventistas não mais vive no tempo em que se contavam histórias ao redor da fogueira, na sala da família ou em cerimônias. Essas ocasiões ofereciam para as crianças a oportunidade de compreender como Deus havia dirigido sua família e a igreja. Agora, porém, são os museus, locais históricos e centros de pesquisa que preservam essa memória da providência de Deus para com Sua igreja. Há muitos anos, o Patrimônio Histórico Ellen G. White tem feito esse trabalho em parceria com o Ministério da Herança Adventista (adventistheritage.org). Foram recriados muitos dos locais históricos para que os visitantes possam experimentar, de modo tangível, o início da história dos adventistas. Esse trabalho precisa ser fortalecido ao redor do mundo. Cada Divisão da Igreja Adventista deve ter um centro que preserve a história do adventismo em seu território. Atualmente, 25 centros desses funcionam como depositários da memória denominacional. O fato é que, se não tivermos pessoas que contem suas histórias, perderemos as informações por trás de suas experiências e o valor que podem agregar à nossa história a partir de suas perspectivas. A história oral acrescenta valor a outras fontes históricas e é um método importante para ensinar as novas gerações sobre as raízes de nossa fé. ] MICHAEL SOKUPA, doutor em Teologia, natural da África do Sul, é diretor associado do Patrimônio Literário de Ellen G. White, em Silver Spring (EUA)

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VISÃO GLOBAL

ma das promessas mais animadoras na Bí blia é a seguinte: “Seja forte e corajoso! Não se apavore nem se desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar” (Js 1:9, NVI). Essa foi uma das três promessas dadas por Deus a Josué (v. 5-7), logo depois que o filho de Num assumiu a liderança do povo de Israel após a morte de Moisés. Quatro décadas antes, Josué havia demonstrado coragem inabalável diante de forte pressão e risco de perder a vida. Ele e Calebe faziam parte do grupo de 12 líderes que haviam sido comissionados para espiar Canaã (Nm 13:2). Depois de 40 dias de expedição de reconhecimento, os espiões retornaram com frutos exuberantes, mas com uma história não muito animadora para contar (v. 27 e 28). Assim, enquanto descreviam os perigos da terra que haviam almejado, os espias começaram a contagiar o povo com medo e desânimo. Apenas dois deles, Josué e Calebe, demonstraram fé nas promessas de Deus, convocando os israelitas para que tomassem a terra de Canaã (v. 30). Exagerados, os dez líderes rebeldes insistiram que os cananeus eram mais fortes do que os israelitas (v. 31) e que a Terra Prometida, na verdade, era um lugar que devorava seus moradores (v. 32). Abalados por um frenesi de temor, o povo queria escolher alguém para liderá-los de volta ao Egito. Percebendo que a situação era grave, Josué e Calebe apelaram. Eles rasgaram as vestes em sinal de indignação, garantiram que a terra era excelente e que os inimigos é que seriam devorados, pois o Senhor seria com Israel (Nm 14:7-9). Em vez de crer em Deus, o povo pegou pedras para matar aqueles dois corajosos que falaram a verdade. A vida deles só foi poupada devido a uma intervenção direta do Senhor.

Questão de atitude PERMANEÇA FIRME DIANTE DAS PROVAÇÕES, AINDA QUE CAIAM OS CÉUS TED WILSON 24

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: Ricardo Gomez Angel

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A coragem demonstrada por Josué e Calebe não era uma valentia presunçosa nem uma insistência em qualquer missão imprudente. Ao contrário, eles acreditavam na Palavra de Deus e defendiam a obediência aos Seus mandamentos. E assim tem sido com os fiéis ao longo da história. MAIS EXEMPLOS Outro exemplo é o de Davi enfrentando Golias. A situação parecia impossível – um guerreiro gigante, experiente e completamente equipado contra um jovem pastor de ovelhas, com uma funda e pedras... Mas Davi acreditava em algo que Saul e seus soldados não acreditavam: a batalha não dependia deles, porque ninguém poderia vencer o Deus vivo (1Sm 17:26). Pela fé adquirida em experiências anteriores, esse jovem corajoso declarou ousadamente que iria contra o gigante em nome do Senhor dos Exércitos (v. 45-47). Mais de quatro séculos depois, quatro hebreus cativos na Babilônia também se levantaram corajosamente por algo que poderia ser considerado uma “coisa pequena”. Apesar da pressão do grupo, eles decidiram não comer nem beber o que Deus não aprovava, e a fidelidade deles foi recompensada. Pelo fato de terem sido fiéis no pouco (Lc 16:10), Deus permitiu mais tarde que eles fossem fiéis no muito. Em outra oportunidade, na empoeirada planície de Dura, Sadraque, Mesaque e AbedeNego permaneceram em pé quando todos os outros se prostraram diante do ídolo de ouro. Intimando os jovens a comparecer diante dele, Nabucodonosor ameaçou jogá-los imediatamente na fornalha ardente. E ainda os desafiou: “E que deus poderá livrá-los das minhas mãos?” (Dn 3:15). Destemidamente, aqueles israelitas responderam que, ainda que Deus não os livrasse do fogo, eles não se curvariam diante da estátua de ouro (v. 17 e 18). No desfecho da história, Nabucodonosor testemunhou que havia sido da vontade de Deus preservar aqueles Seus jovens servos (v. 28). Anos mais tarde, foi a vez de Daniel tomar outra importante decisão: deixar de orar ou ser devorado por leões. Ele escolheu continuar adorando a Deus regularmente, três vezes ao dia, com as janelas abertas para o lado de Jerusalém (Dn 6:10). O rei Dario não podia salvar Daniel dos leões, mas Deus podia, como testemunhado por Daniel na manhã seguinte (v. 22). Ele havia sido preservado porque tinha confiado no Senhor. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

A CORAGEM

NOS TEMPOS DE CRISTO E DEPOIS DELE No Novo Testamento, a jovem Maria recebeu a notícia chocante de que seria mãe do Messias, embora fosse virgem. Mesmo reconhecendo que esse chamado singular seria motivo de vergonha para ela, Maria aceitou humilde e corajosamente a vontade do Senhor (Lc 1:38). O próprio Jesus demonstrou coragem quando orou assim no Getsêmani: “Pai, se queres, afasta de Mim este cálice; contudo, não seja feita a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22:42, NVI). Por sua vez, Estêvão, grande pregador, foi apedrejado até a morte. Segundo a tradição, todos os apóstolos, menos João, morreram como mártires. As autoridades romanas tentaram matar o “discípulo amado” jogando-o num caldeirão de óleo fervente. Quando isso não funcionou, o exilaram na ilha de Patmos (Ap 1:9). Saulo, o perseguidor, se tornou Paulo, que em “fraqueza, temor e grande tremor” (1Co 2:3) pregou corajosamente o Cristo crucificado (v. 2), até que a espada de Nero lhe tirou a vida. Desde aquele tempo, milhões têm corajosamente seguido a Cristo, muitas vezes sofrendo escárnio, isolamento, violência física e, às vezes, até a morte. Podemos ou não passar por perseguição, mas Deus nos nos chama a ter coragem nas “pequenas” e nas “grandes” coisas, hoje e sempre. Coragem para falar a verdade quando outros silenciam. Coragem para andar na contramão da multidão. Coragem para seguir a Palavra de Deus, mesmo sendo rotulados de tolos. Como escreveu Ellen White, precisamos de firmeza para não sermos comprados nem vendidos, para que sejamos verdadeiros e honestos no “íntimo de nossa alma”, para não temermos “chamar o pecado pelo nome”, para preservarmos a consciência “tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo”, e para permanecermos “firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” (Educação, p. 57). ]

DEMONSTRADA POR JOSUÉ E CALEBE NÃO ERA VALENTIA

PRESUNÇOSA. ELES ACREDITAVAM NA

PALAVRA DE DEUS E DEFENDIAM A OBEDIÊNCIA AOS SEUS

MANDAMENTOS

TED WILSON é presidente mundial da Igreja Adventista. Você pode acompanhar o líder por meio das redes sociais: Twitter (@pastortedwilson) e Facebook (fb.com.br/ pastortedwilson)

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VIDA ADVENTISTA

A HISTÓRIA DE UMA GAROTINHA QUE NASCEU COM DEFEITO CONGÊNITO NA COLUNA VERTEBRAL NOS LEVA A REFLETIR SOBRE OS LIMITES DO SOFRIMENTO SHARON ENNIS

V

ocê já recebeu a pior notícia que poderia receber, daquelas que mudam sua vida para sempre? Nós recebemos. Somos pais de quatro filhos: três meninos e uma menina. Em 2007, nossa filha Gabrielle nasceu com a parte inferior da coluna vertebral não desenvolvida totalmente. Esse é um defeito congênito chamado espinha bífida, que para nós até então era desconhecido. Quando ela nasceu, a lesão na altura do osso sacro, em suas costas, estava aberta. Eu estava olhando para algo que mudaria nossa vida para sempre. Essa má-formação resulta em vários graus de danos permanentes no cordão espinhal e no sistema nervoso. Uma semana após seu nascimento, Gabrielle também desenvolveu hidrocefalia, que é quando há um ­acúmulo anormal do fluido cerebrospinal nas cavidades desse órgão. Essa anomalia do tubo neural acontece nas primeiras quatro semanas de gestação, antes de a maioria das mulheres saber que está grávida.

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PREPARAÇÃO PARA A CIRURGIA “Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu Te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção” (Sl 139:13 e 14, NVI). Gabrielle precisava passar imediatamente por uma cirurgia, a fim de reduzir o risco de infecção e proteger a medula espinhal de maiores danos. Os nervos da sua coluna vertebral poderiam ser lesados na cirurgia, provocando sequelas. Por sua vez, para tratar a hidrocefalia, deveria ser inserido um desvio permanente em seu cérebro para drenar o líquido. Era de partir o coração ver nossa bebê tão pequenina e indefesa sofrendo duas cirurgias na primeira semana de vida, e ainda ouvir dos médicos sobre as muitas deficiências com as quais ela teria de conviver. Tudo aquilo era um pesadelo do qual eu tentava acordar. Os nervos danificados afetaram várias partes do corpo de Gabrielle. Ela tem problemas com o tônus de sua bexiga, o que provoca incontinência urinária e requer um cateter de uso intermitente. Gabrielle já passou também por várias cirurgias para corrigir seus pés curvados. Naqueles primeiros dias comecei a deixar o medo tomar conta de mim, imaginando o tipo de futuro que minha filha teria. Um pedaço de mim realmente queria manter a esperança de que minha menininha ficaria bem, mas muitos pensamentos negativos insistiam em me dominar. Por que era tão d ­ ifícil manter a esperança? R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: cortesia da autora

Por que nós, Senhor?

Durante minha gravidez inteira, todos os exames estavam normais, e só descobrimos a doença de nossa filha no momento em que ela nasceu. Você pode imaginar o choque que sofremos naquele dia. Gabrielle nasceu com o modo mais severo de espinha bífida, chamada mielomeningocele.


Todos enfrentaremos desafios que, a princípio, parecerão intransponíveis. Enquanto esperamos a solução, a fé poderá ser a única coisa à qual teremos para nos agarrar. O segredo para avançarmos, mesmo nos momentos difíceis, é deixar que nossa visão seja guiada não pelo que podemos ver, mas pelo que podemos imaginar. Isso é fé. Eu não tinha outra escolha a não ser confiar no plano maravilhoso de Deus para nossa família.

ERA DE PARTIR O CORAÇÃO VER NOSSA BEBÊ TÃO PEQUENINA E INDEFESA SOFRENDO DUAS CIRURGIAS NA PRIMEIRA SEMANA DE VIDA. TUDO AQUILO ERA UM PESADELO DO QUAL EU TENTAVA ACORDAR

Gabrielle com duas semanas de vida (foto da abertura) e depois na formatura na escola

AJUSTE À REALIDADE “Gritei como um andorinhão, como um tordo; gemi como uma pomba chorosa. Olhando para os céus, enfraqueceram-se os meus olhos. Estou aflito, ó Senhor, vem em meu auxílio!” (Is 38:14, NVI). Quando recebemos permissão para levar a Gabrielle para casa e começamos a cuidar dela, fiquei paralisada pelo temor e as dúvidas. Eu continuava perguntando para Deus: “Por que eu?” Eram muitas as questões que me enlouqueciam. Minha vida se tornou uma montanha-russa emocional, com ciclos intermináveis de altos e baixos. Eu alternava entre crises de falta de ar e choro convulsivo e momentos em que brincava com os pezinhos da Gabrielle, tentando fazê-la sorrir para mim. Eu estava quebrada por dentro e precisava da restauração do Senhor. UM LEMBRENTE DIVINO E GENTIL “O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido” (Sl 34:18, NVI). Certo dia, após ter orado muito, algo como uma lâmpada se acendeu em minha mente. Fui gentilmente lembrada de que Deus não tinha terminado Sua obra na Gabrielle. Tive que perguntar a mim mesma: “Não é Deus Aquele que, no início, formou a Terra e por Sua palavra deu vida a tudo e todos?” Sim, Ele é o mesmo Deus que formou a Gabrielle no meu ventre, nos abençoando com uma preciosa menina. Eu precisava parar de reclamar e sentir pena de mim, e começar a fazer uma nova pergunta: “Por que não eu, Senhor?”

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

CONFIANDO NO AMOR DE DEUS “Vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2Co 5:7, NVI). Hoje Gabrielle está com 12 anos. Ela ama esportes, nadar e viajar. Ao longo do caminho, muitos milagres tornaram nossa filha uma pessoa admirável e forte. Gabrielle nunca disse a si mesma que não conseguiria fazer algo, porque sabe que Deus tem um cuidado especial por ela. Descobri que, para cada uma das deficiências que ela tem, o Senhor a abençoou com habilidades que compensam seus desafios. No início, cometi o erro de permitir que pensamentos negativos limitassem minha visão quanto ao futuro da minha filha. Porém, agradeço a Deus por não ter desistido de mim. Por meio da vida da Gabrielle, o Senhor me mostrou tudo o que eu precisava saber. Cada ano da vida da nossa filha foi marcado por aprendizado de toda a família. A vida dela realmente é um milagre! Certamente, Deus ainda não terminou Sua obra na vida da Gabrielle. Ele nunca nos esquece e, no fim, as piores coisas acabam contribuindo para nosso bem. Como família, depositamos total confiança em Deus. Não sabemos o que o futuro reserva para Gabrielle, mas acreditamos que o futuro dela está nas mãos de Deus, porque Ele tem planos para todos nós (Jr 29:11). ] SHARON ENNIS é jornalista, autora e empreendedora em Toronto, no Canadá

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MINHA HISTÓRIA

O impacto da cruz

O QUE ERA APENAS O PEDIDO DOS JOVENS DA MINHA IGREJA SE TORNOU UMA OPORTUNIDADE DE TESTEMUNHO PARA UM MARCENEIRO

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a igreja nova, queremos uma cruz na capela dos jovens. Precisa ser bem grande e que dê a impressão de estar ali desde que Jesus foi crucificado nela.” Todos os jovens riram depois do pedido que fizeram para mim, mas depois entendi que estavam falando realmente sério. Eles queriam, de fato, que eu, o pastor associado da igreja, que havia recém-chegado à comunidade, encontrasse uma cruz para a parede da capela. Fiquei horrorizado. Eu não tinha a mínima ideia de onde encontrar uma “rude cruz”, e também sabia que a comissão da igreja e a de construção não iam ver com bons olhos essa ideia. Aquele era um grupo de jovens que sempre queria fazer algo que estava no limite da sensibilidade dos mais idosos. E colocar uma cruz na capela dos jovens certamente seria visto como algo de mau gosto pelos membros mais tradicionais. Tentei convencê-los a mudar de plano, mas descobri que realmente eles tinham o coração nisso e já estavam até pesquisando detalhes sobre a cruz, como o tipo de madeira, altura e como deveria ser cortada. Ajudei-os na pesquisa, sugerindo até o tipo de mandeira que poderia ser usado pelo marceneiro. VOTO FAVORÁVEL Falei sobre a cruz com Ken, o pastor titular da igreja. Ele ouviu atentamente, riu e fez boas perguntas. Então disse: “A comissão nunca vai concordar com isso. Vários dos nossos membros mais influentes vieram para o adventismo a 28

partir de denominações que utilizavam muito a cruz, como se ela fosse até mais importante do que Cristo. Não creio que eles vão aprovar uma cruz pendurada na parede da capela dos jovens.” Voltei para dar a má notícia para a juventude da igreja: “Nada de cruz.” Só que eles estavam prontos para me receber, citando detalhes de como os romanos e judeus viam a cruz, e acrescentando o que os discípulos, Maria e próprio Jesus teriam sentido diante da cruz. Eu estava hesitando, até que eles puxaram uma citação de Ellen White: “Caso queiramos afinal ser salvos, todos nós devemos aprender, junto à cruz, a lição de penitência e de fé” (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 374). Naquela noite, tivemos um intenso culto jovem de oração. Então, perguntei à comissão de construção da igreja se considerariam o pedido deles. A comissão concordou, e os jovens (e o pastor deles) começaram uma semana de oração e jejum. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: PhotoShoppin

DICK DUERKSEN


Na reunião seguinte de líderes, apresentei os jovens e me sentei para ouvi-los. Os garotos foram claros, mas estavam muito emocionados para defender sua opinião. Os membros da comissão ouviram educadamente e fizeram algumas perguntas. Então, o senhor mais idoso e conservador da igreja se levantou. “Se nossos filhos querem colocar a cruz de Cristo à frente e no centro da vida deles, não posso sentir nada mais do que orgulho. Vocês já têm meu voto favorável.” Deixamos a reunião com a permissão para fazer o impossível. No caminho para a porta, um dos garotos me disse: “Está bem, pastor, agora depende de o senhor encontrar a cruz. Uma cruz de verdade, feita de madeira e com quatro metros de altura por dois de largura. Uma cruz que pareça ter 2 mil anos e centenas de cristão pregados nela.” EM BUSCA DE UM MARCENEIRO Como eu só conhecia um marceneiro que estivesse à altura da tarefa, joguei nossa caminhonete velha na pista estreita da Highway 60 e entrei fundo no deserto. Depois de 100 km rodados na estrada, algo me dizia que Ralph devia estar em casa. Ele era um indígena que vivia com a esposa e os dois filhos num trailer bem usado. As árvores cresciam como ervas daninhas gigantes ao redor da sua casa e, embaixo do seu pobre abrigo, Ralph esculpiu e pintou estátuas de madeira. Se você tivesse uma loja que vendesse cigarros, charutos e outros produtos de tabaco, certamente Ralph esculpiria um cowboy, índio, policial, rinoceronte, elefante e outros seres grotescos, em tamanho real, para ficar em pé, em frente ao seu comércio. Sorrindo, ele garantiria para você que isso atrairia mais clientes. Dois índios de madeira, com a tinta ainda fresca, e um cowboy estavam embaixo das árvores, esperando por compradores. Ralph ficou ao lado deles, como se esperasse que eu os compraria. Ele nos serviu algo para beber e conversou sobre o clima. Ralph perguntou como estava indo meu trabalho. “­Pastor! Nunca encontrei um pastor de verdade!” Ele cuspiu as palavras como tâmaras amargas. “O que você quer, jovem pastor?” Falei com Ralph sobre a cruz, o que para ele era uma ideia completamente nova. Tirei uma pasta pequena da caminhonete e espalhei meus papéis em cima de um banco. Eu tinha copiado alguns textos sobre a cruxificação dos evangelhos e acrescentei o capítulo sobre o Calvário do livro O Desejado de Todas as Nações, de Ellen White. Ralph estava quieto. “Uma cruz de verdade, feita de madeira. Quatro metros de altura por dois de largura. Uma cruz que pareça ter dois mil anos e centenas de cristãos pregados nela. Você pode fazer uma para os garotos, Ralph?” Ele disse que nunca tinha recebido uma encomenda daquela. “Vou tentar. Não prometo nada”, completou. Seis semanas mais tarde, uma voz rouca deixou uma mensagem na secretária eletrônica da igreja. “Diga ao seu pastor para vir buscar a cruz dele. Ela está bloqueando a entrada da minha casa.” R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

O OBJETIVO ERA CONSEGUIR UMA CRUZ DE MADEIRA COM QUATRO METROS DE ALTURA E DOIS DE LARGURA E QUE PARECESSE TER 2 MIL ANOS DE USO

Para a viagem, emprestei um caminhão e chamei dois jovens. Era verdade: a entrada da casa do Ralph estava bloqueada pela cruz. “Andei 400 km montanha a dentro para encontrar a árvore perfeita”, disse ele. “Derrubei a árvore. ­Trouxe-a até aqui. Cortei-a com uma talhadeira afiada, como um entalhador romano teria feito. Nada de serra. Queimei. Bati nela com uma chave inglesa. Queimei outra vez. Cobri com óleo. Queimei de novo. Não acredito que alguém faria isso para outro homem. Tira isso daqui!” Nós quatro quase não conseguimos carregar a cruz para o caminhão emprestado. Após pagar Ralph, o entalhador da cruz, subimos no caminhão e nos preparamos para começar a viagem de volta. Então, Ralph levantou a mão para eu parar. “Quase me esqueci”, mentiu ele. “Fiz isso para colocar na parede, ao lado da cruz. Encontrei as palavras em um dos papéis que você me deu. Aliás, posso ficar com aqueles papéis, pastor? Não acredito que algum homem faria tudo aquilo por mim.” Ralph empurrou uma placa de madeira pela janela do motorista. Nela, entalhada na mesma madeira e pintada para sobressair, estava a mensagem mais incisiva de Cristo: “Siga-Me” (Mc 8:34). ] DICK DUERKSEN é pastor e mora em Portland, Oregon (EUA)

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DOM DE PROFECIA

Bom ânimo ELLEN G. WHITE

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ão há razão para desânimo. A boa semente foi semeada. Deus está vigiando, fazendo brotar e produzir abundantes colheitas. Lembrem-se de que, no começo, muitos empreendimentos para salvar pessoas foram levados avante em meio a várias dificuldades. Fui instruída a dizer-lhes: Avancem cuidadosamente, fazendo sempre o que o Senhor manda. Avancem corajosamente, seguros de que o Senhor estará sempre com aqueles que O amam e O servem. Ele agirá em favor do povo que guarda Sua aliança. Purificará todos que se submetem a Ele, fazendo deles um louvor para o mundo. Nada neste mundo é tão precioso para Deus como Sua igreja. Ele atuará com extraordinário poder por meio das pessoas humildes e fervorosas. Cristo lhes está dizendo hoje: “Estou com vocês, cooperando com seus fiéis e confiantes esforços, e dandolhes vitórias preciosas. Fortalecerei e santificarei vocês para Meu serviço. Darei a vocês êxito no esforço para despertar as pessoas que estão mortas em transgressões e pecados.” A fé inabalável e o amor altruísta irão superar as dificuldades que podem se colocar no caminho do dever para comprometer uma batalha agressiva. Os que foram inspirados por essa fé irão avançar no trabalho de salvar pessoas, correndo e não se cansando, andando e não desfalecendo [...]

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: Lauren Lulu Taylor

QUEM SERVE A DEUS PRECISA AVANÇAR NA DIREÇÃO APONTADA PELO SENHOR, AINDA QUE ESTEJA CANSADO E CONFUSO


DEUS É NOSSA FORÇA Lembrem-se de que a oração é a fonte de sua força. Um servo de Deus não pode alcançar êxito enquanto se apressa em suas orações e sai em disparada para tratar de alguma coisa que teme que possa vir a ser negligenciada ou esquecida. Ele dedica a Deus uns poucos momentos apressados; não toma mais tempo para pensar, orar e esperar no Senhor pela renovação da disposição física e espiritual. Logo fica cansado. Não sente a influência restauradora e inspiradora do Espírito de Deus. Não é vivificado por vida nova. O corpo exausto e a mente cansada não são refrigerados pelo contato pessoal com Cristo. “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor” (Sl 27:14). “Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso em silêncio” (Lm 3:26). Há aqueles que trabalham todo o dia e até tarde da noite para fazer o que julgam que precisa ser feito. Porém, o Senhor olha piedosamente para os que levam encargos pesados e exaustivos, dizendo-lhes: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (Mt 11:28). Os obreiros de Deus enfrentam tumulto, desconforto e exaustão. Às vezes, indecisos e perturbados, quase entram em desespero. Quando essa insanidade nervosa chega, devem se lembrar do convite de Cristo: “Vinde repousar um pouco” (Mc 6:31). O Senhor “faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor” (Is 40:29).

SURGIRÃO DIFICULDADES PARA PROVAR SUA FÉ E PACIÊNCIA. ENFRENTEM TUDO ISSO COM CORAGEM. OBSERVEM O LADO BOM DESSAS CIRCUNSTÂNCIAS

PERMANEÇA FIRME Surgirão dificuldades para provar sua fé e paciência. Enfrentem tudo isso com coragem. Observem o lado bom dessas circunstâncias. Se a obra está em dificuldade, assegure-se de que não é por sua culpa, e então prossiga, regozijando-se no Senhor. O Céu é um lugar de alegria. Ressoa com o louvor Àquele que fez tão maravilhoso sacrifício pela redenção da humanidade. A igreja na Terra não deve ser também um lugar feliz? Não devem os cristãos proclamar, pelo mundo inteiro, o prazer de servir a Cristo? Os que tiverem que se unir com o coro de anjos lá no Céu, em suas antífonas de louvor, devem aprender aqui, na Terra, o cântico celestial, cuja nota tônica é ação de graças. Não permita jamais que sua coragem falhe. Jamais fale de incredulidade porque a situação parece conspirar contra você. Ao trabalhar para o Mestre, você sentirá pressão por causa da falta de recursos, mas o Senhor ouvirá e responderá suas orações por auxílio. Seja sua linguagem: “Porque o Senhor Deus Me ajudou, pelo que Me não senti envergonhado; por isso, fiz o Meu rosto como um seixo e sei que não serei envergonhado” (Is 50:7). TRABALHE PELA FÉ Se você cometer algum erro, transforme sua derrota em triunfo. As lições que Deus envia, quando bem aprendidas, R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

trarão auxílio em tempo oportuno. Coloque em Deus sua confiança. Ore muito e creia. Confiando, esperando, crendo, apegando-se à mão do Poder Infinito, você será mais do que vencedor. Os verdadeiros obreiros avançam e trabalham pela fé. Algumas vezes eles desanimam ao observar o pequeno progresso da obra, nos momentos em que a batalha entre as forças do bem e do mal se torna mais difícil. Contudo, se não derem espaço para o fracasso e o desânimo, eles verão as nuvens se desfazerem e a promessa de livramento sendo cumprida. Através da névoa com que Satanás os cercou, contemplarão o resplendor dos brilhantes raios do Sol da Justiça. Trabalhe com fé e deixe com Deus os resultados. Ore com fé e o mistério de Sua providência dará a resposta. Por vezes, parecerá que você não vai vencer. No entanto, trabalhe e creia, pondo fé, esperança e ânimo nos seus esforços. Depois de haver feito o possível, espere pelo Senhor, declarando Sua fidelidade e Ele cumprirá a palavra Dele. Espere, não com impaciente ansiedade, mas com fé inquebrantável e confiança inabalável. “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas? [...] Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou a angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo ou espada? [...] Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio Daquele que nos amou” (Rm 8:31-37). Este texto foi adaptado do livro Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 242-245. ] ELLEN G. WHITE (1827-1915), escritora norte-americana, exerceu o ministério profético por 70 anos

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PERSPECTIVA

SEM CONTRAINDICAÇÃO

O RISO É UMA PRESCRIÇÃO INFALÍVEL. CONHEÇA SEUS INÚMEROS BENEFÍCIOS LEE S. BERK

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A DURAÇÃO DA RISADA NÃO É TÃO IMPORTANTE QUANTO O MOTIVO POR TRÁS DELA perguntar se havia algum benefício psicológico conhecido no riso. Respondi que sim, pois descobrimos que, quando a pessoa ri, o sistema hormonal dela produz o bom estresse (eustresse) e d ­ iminui o mau estresse (distresse). De fato, cada processo emocional tem uma consequência biológica, seja ela positiva ou negativa. Apesar de os profissionais de saúde estarem divididos em suas áreas de especialização, o ponto é que o ser humano precisa ser olhado como um todo. Por exemplo, o riso causa a liberação de endorfinas (analgésico natural), serotonina (antidepressivo natural) e dos bons neuropeptídios (comunicadores químicos). Ele também reduz o cortisol, que, por sua vez, diminui o estresse, abaixa a pressão arterial, aumenta a ingestão de oxigênio, melhora o

sistema imunológico e minimiza o risco de doenças cardíacas e derrame cerebral. O riso também ativa a produção de neuroquímicos importantes, como a dopamina, que produz benefícios calmantes e diminui a ansiedade, porque produz o prazer da recompensa. Ele aumenta a frequência da onda gama no cérebro, sincronizando os neurônios e ajudando a melhorar nossa memória e o processamento de informações. Nesse sentido, o riso tem efeitos similares aos ­exercícios moderados. A duração da risada não é tão importante quanto o motivo por trás dela. O riso divertido, ao contrário do sorriso nervoso ou constrangido, gera o bom colesterol (HDL) e uma cascata de alterações fisiológicas benéficas que promovem a felicidade. Aliás, a felicidade é a melhor resposta do sistema imunológico. Ria quantas vezes e quanto for necessário, até sentir-se bem. Deus deseja que experimentemos o dom da alegria que cura. ] LEE S. BERK é diretor associado para pesquisas da Escola de Profissões Relacionadas à Saúde da Universidade de Loma Linda (EUA)

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: Ben White

Q

uando comecei minha carreira profissional, costumava enfatizar a importância dos fatores físicos da saúde. Porém, à medida que amadureci na profissão percebi que as questões ligadas ao estilo de vida é que pesavam mais para nosso bem-estar, como dieta equilibrada, inteligência emocional e desenvolvimento da espiritualidade. Minha ideia de estudar o riso também foi inspirada na Bíblia. Provérbios 17:22 nos diz que “o coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos”. Isso se aplica perfeitamente à ciência médica integrativa da psiconeuroimunologia. Assim como as pessoas com depressão têm maior propensão a fragilizar seu sistema imunológico, minha pesquisa mostrou que as pessoas que praticam o riso divertido e espontâneo podem gerar um efeito biológico positivo em seu organismo. Os efeitos do riso começaram a ser estudados na década de 1960, quando Norman Cousins foi diagnosticado com uma doença autoimune. Ele era editor da Review Saturday e vivia com níveis enormes de estresse e angústia. Ele mesmo levantou a hipótese de que precisaria produzir o bom estresse para tentar reverter seu prognóstico. E ele estava certo. Encontrei Cousins pela primeira vez em 1989, quando foi à Universidade Loma Linda (EUA) para me


BOA PERGUNTA

O QUESTIONAMENTO DE DEUS

POR QUE, NO FIM DO LIVRO DE JÓ, O SENHOR FAZ TANTAS PERGUNTAS? ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ

compreensão tradicional é de que Deus estava mostrando a Jó que Ele, e não Jó, é o Senhor do Universo. O problema dessa resposta é que Jó nunca pretendeu competir com Deus pela soberania cósmica. Permita-me apresentar algumas possíveis explicações. 1. Perguntas e o prólogo. A fim de obter melhor compreensão dos dois discursos feitos por Deus (Jó 38–39; 40–41), devemos nos lembrar de que Satanás acusou o Senhor de não governar o cosmos com justiça e amor. Argumentou ainda que, como Provedor, Deus comprava o serviço dos seres humanos que Lhe obedeciam por egoísmo (Jó 1, 2). No Seu primeiro discurso, Deus discutiu a criação em geral, falando pouco sobre a humanidade. Ele Se apresentou como Criador de todas as coisas: da terra (38:4), do mar (v. 8-11) e de todos os fenômenos naturais (v. 12). Ele estabeleceu limites para a criação inanimada, de modo que ela funcionasse de maneira ordenada (v. 4-8, 10, 11, 25) e determinou o comportamento animal (Jó 39:1, 2, 17). Ele criou também as leis que governam o espaço sideral (Jó 38:31-33). Deus estabeleceu a criação não sobre o caos, mas sobre a ordem, e continua preservando e sustentando tudo, mesmo num contexto de pecado e morte (cf. 38:17, 39-41; 39:27-30). 2. Deus é amoroso e justo. Por que Ele Se importa tanto com o mundo natural? O texto de Jó sugere que Deus faz isso porque Sua natureza é cuidar. Certamente, Jó não podia fazer a mesma coisa, pois não estava presente no início da criação (Jó 38:4) nem tinha poder para manter o mundo natural (38:34-38; 39:9, 10, 19). Somente o Criador, que é sábio e amoroso, pode cuidar do cosmos e, ao contrário da acusação

Foto: Adobe Stock

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de Satanás (1:9), Ele não faz isso para obter benefício pessoal. Bondade e cuidado fazem parte da lógica do Seu governo. Ele cuida do deserto, onde não vive ninguém (Jó 38:26). Quando os corvos suplicam por alimento, Ele provê (38:41). Para Jó, a implicação teológica era que, mesmo em meio às suas provações, Deus ainda Se importava com ele tanto quanto Se preocupava com o mundo natural. A dor e o sofrimento não poderiam separá-los. Por outro lado, Jó demonstrou que amava a Deus incondicionalmente. 3. A vitória final de Deus sobre Satanás. Deus desmascara o diabo por meio de uma abundância de perguntas retóricas, mostrando que Ele Se importa genuinamente com Sua criação. Deus não tem motivos escusos nem ocultos, apenas puro amor. É por isso que os amigos de Jó são acusados de distorcer o caráter de Deus quando argumentam que Ele é praticamente indiferente ao sofrimento humano, que só Se importa com aqueles que Lhe obedecem e que Se ira contra os que se opõem a Ele. É verdade que, às vezes, durante o conflito cósmico entre o bem e o mal, Deus usa a força da natureza para vencer os ímpios (Jó 38:22, 23), mas a Bíblia afirma que um dia a luz revelará quem são os inimigos de Deus (v. 13) e a derrota final deles será declarada (v. 15). Essas ideias são desenvolvidas mais amplamente no segundo discurso de Deus (Jó 40, 41), no qual Ele descreve Seu controle sobre Beemote e Sua vitória sobre o Leviatã, que simbolizam o mal que invadiu Sua criação. ] ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ, pastor, professor e teólogo aposentado, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica

A RESPOSTA TRADICIONAL É DE QUE DEUS ESTAVA MOSTRANDO A JÓ QUE ELE, E NÃO JÓ, É O SENHOR DO UNIVERSO. PORÉM, ISSO PARECE ESTAR ERRADO, POIS JÓ NUNCA TENTOU COMPETIR COM DEUS PELA SOBERANIA CÓSMICA

R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

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NOVA GERAÇÃO

ESCOLHA UM LUGAR PARA SE ENCONTRAR PESSOALMENTE COM DEUS E ALEGRAR-SE AO DESCANSAR SOB SUA SOMBRA

À SOMBRA DO ONIPOTENTE DEUS RESPONDEU UMA ORAÇÃO QUE FIZ DEBAIXO DE UM EUCALIPTO, DANDO-ME A OPORTUNIDADE DE SERVIR NO MINISTÉRIO EDITORIAL DA IGREJA CAROLINA RAMOS

traduziu a Enciclopédia Ellen G. White para o espanhol. Fiquei fascinada com as histórias dos assistentes literários e funcionários que, apesar de terem passado despercebidos, tornaram possível a publicação de livros que transformaram milhares de pessoas. Tive ainda a oportunidade de me encontrar com algumas pessoas cujos nomes li muitas vezes na ficha técnica dos materiais: homens e mulheres que se consagram todas as manhãs para o serviço de Deus. Gente que trabalha na criação de conteúdos ou na impressão deles para que seguremos nas mãos o produto final. Ver de perto esse processo me ajudou a entender melhor a importância de trabalharmos como corpo de Cristo. Certa tarde, durante meu estágio, estava observando uma árvore pela janela do meu escritório. De repente, me lembrei daquela minha oração, anos antes, sentada à sombra de um eucalipto. Agradeci a Deus por responder de maneira tão inesperada minha prece. Reconheci a presença Dele guiando minha vida. Como escreveu o salmista, experimentei o que é encontrar abrigo no Altíssimo e descansar à sombra do Todo-poderoso (Sl 91:1, NVI). Por isso, sugiro que você escolha um lugar para se encontrar pessoalmente com Deus e alegrar-se ao descansar sob Sua sombra. Abra seu coração e compartilhe com o Senhor seus desejos mais íntimos, e desfrute de Suas respostas e bênçãos. Adore-O, mesmo enfrentando provações. Ore pela grande família de Cristo e continue lendo e compartilhando mensagens inspiradoras. Todos desempenhamos uma função importante na missão que Deus nos confiou. Foi isso que a oração feita à sombra daquela árvore me ensinou. ] CAROLINA RAMOS é estudante de tradução, ensino de inglês e educação musical na Universidade Adventista del Plata, na Argentina

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R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Agosto 2019

Foto: arquivo pessoal

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empre gostei de árvores. Lá li muitos livros e fiz inúmeras orações à sombra delas. Certo sábado, decidi passar a tarde numa área atrás da minha igreja. Ali é um lugar muito bonito e tranquilo, onde sempre encontrei conforto e paz, mesmo nos momentos mais difíceis. Peguei minha Bíblia, alguns livros e uma pilha de revistas Adventist World, e me assentei sob um eucalipto. Eu tinha um caderno com uma lista de pedidos de oração de várias partes do mundo e lembro-me de ter pensado: “Obrigada, Senhor, por permitir que eu leia tantos livros e revistas que foram publicados para enriquecer minha vida. Estou ansiosa para me encontrar no Céu com essas pessoas pelas quais orei e dizer-lhes que aquilo que publicaram me fez sentir mais perto de Ti e parte de uma família global. Por favor, ajuda-me a sempre levar Tua Palavra aonde quer que eu for e a nunca me esquecer da importância de compartilhar a Palavra escrita com os outros. Ajuda-me a fazer mais.” O que eu não imaginava é que, poucos anos mais tarde, Deus me daria a chance de ser parte do ministério editorial da igreja, trabalhando como colportora e depois como estagiária na Asociación Casa Editora Sudamericana. Foi dessa editora adventista na Argentina que vieram muitos dos livros que abençoaram minha vida. Passei minhas últimas férias de verão num escritório silencioso, lendo o material produzido por pessoas que dedicaram a vida a Deus. Tive o privilégio de fazer parte da equipe que


PRIMEIROS PASSOS

COLINA PERIGOSA VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO QUANDO ENFRENTA ALGUMA COISA ASSUSTADORA BONITA SHIELDS

ós tínhamos a melhor “fortaleza” do mundo. Olhando à distância, parecia uma árvore comum, exceto pelas folhas que chegavam até o chão. Porém, quando entrávamos no meio das folhas, ali estava o forte pronto. Os galhos da árvore iam até o topo, como degraus. Qualquer garoto conseguia subir aquela “escada”, até bater a cabeça no alto. A vida na fortaleza era boa, mas nada se comparava à “colina assassina”. Só os mais corajosos se aventuravam a conquistar aquela “montanha”. As crianças andavam de bicicleta no sopé dessa colina perigosa. Outros rolavam por lá até sua base. E havia aqueles que saltavam dela. Meu irmão Bruce era um deles. Ousado, certo dia ele saltou da “colina assassina”. Um grupo de crianças ficou ao redor para assistir ao salto. Bruce correu e pulou no ar. Mas, ao aterrissar, seu grito de Tarzan se transformou em choro de dor. Uma ambulância levou meu irmão para o hospital. Sua perna estava quebrada. Então, seu novo desafio seria caminhar com muletas e a perna engessada. Bruce não tinha conquistado a “colina assassina”, mas sido derrotado por ela. Todos nós enfrentamos “colinas assassinas”. A sua pode ser a morte de um familiar ou amigo; coisas que deseja que aconteçam, mas não acontecem; pais que brigam; ou alguma doença. Ela pode ser a dificuldade para fazer a tarefa da escola ou irmãos e colegas que provocam você. Seja qual for sua “colina”, você tenta conquistá-la,

Ilustração: Xuan Le

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como meu irmão quando saltou no ar, mas quase sempre parece que a “colina” vai nos quebrar, como quebrou a perna dele. Às vezes, a “colina” parece ser muito alta para nós. A Bíblia diz: “Todos os vales serão levantados, todos os montes e colinas serão aplanados; os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas serão niveladas” (Is 40:4, NVI). Nos tempos antigos, quando um rei viajava pelo seu reino, seus soldados iam à frente da sua carruagem nivelando as colinas e tapando os buracos do caminho para que o rei viajasse confortavelmente. Seria bom ter alguém para ir à nossa frente impedindo que as coisas ruins acontecessem. Embora não seja esse o caso, nós temos Alguém que permanece do nosso lado. Jesus nos ajuda a conquistar nossas “colinas assassinas”. Embora não possamos ver, por meio do Seu poder e força Ele está deixando o relevo mais baixo, diminuindo as curvas das estradas e tapando os buracos. Quando viajamos com Deus e encontramos nossas “colinas assassinas”, podemos confiar crendo que Ele está conosco. Mesmo quando nos desanimarmos ou nos machucarmos, poderemos ficar bem. Ele nos ajudará a ver que, por maior e mais difícil que a “colina assassina” pareça, ela é muito pequena comparada à grandeza de Deus. Este artigo foi publicado originalmente na revista KidsView (kidsview.com) de fevereiro de 2016. ] BONITA SHIELDS é líder do departamento de Mordomia Cristã da sede norte-americana da Igreja Adventista

“Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem apavorados por causa deles, pois o Senhor, o seu Deus, vai com vocês; nunca os deixará, nunca os abandonará” (Dt 31:6, NVI)

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POLÍTICA James Marabe, de 48 anos, foi aluno da educação adventista e é ancião da Igreja de Korobosea. Ele foi eleito primeiroministro em maio

NO CENTRO DO PODER

Com a eleição de James Marabe para primeiro-ministro, adventistas lideram os três poderes de PapuaNova Guiné JARROD STACKELROTH

ames Marape, de 48 anos, um adventista do sétimo dia, foi eleito o oitavo primeiro-ministro de Papua-Nova Guiné, em Port Moresby, capital do país, em 30 de maio. Sua nomeação ocorreu após várias semanas de tumulto político que abalaram o governo local e pressionaram o então primeiro-ministro, Peter O’Neill, a deixar o cargo. O’Neill renunciou em abril, após sete anos na função. Ele foi criticado por causa de um projeto multibilionário que promete dobrar o volume de exportações de gás do país, mas que, segundo líderes das comunidades tradicionais, excluiria povos nativos dos dividendos do negócio. De acordo com a TV Al Jazeera, Marape, que era ministro da Fazenda do governo O’Neill, deixou o cargo também em abril por questionar o acordo com a multinacional francesa Total nesse projeto. A agência de notícias britânica BBC informou que a maioria esmagadora dos parlamentares votou em Marape: 101 favoráveis e apenas oito contrários. James Marape foi eleito anteriormente para o Parlamento, a fim de representar a comunidade de Tari-Pori, na província de Hela. Ele é ancião da Igreja Adventista de Korobosea, e estudou na Escola Adventista de Kabiufa, na província de Highlands. A página oficial do Parlamento de Papua-Nova Guiné informa que ele tem uma graduação em Artes e uma pós-graduação em Ciências Ambientais pela Universidade de Papua-Nova Guiné. Marape já trabalhou também como secretário de Obras e Transportes e ministro da Educação. 36

De acordo com o jornal inglês The Guardian, em seu discurso após a eleição, Marape disse que trabalhará para reverter a crise econômica do país, que, segundo ele, está sangrando. O novo primeiroministro parece ter dado um recado também para as empresas internacionais: “Vamos procurar maximizar o ganho dos recursos naturais dados por Deus a este país. Este governo terá tudo que ver com colocar a nação no lugar certo e recuperar nossa economia. [...] Não precisamos de estrangeiros para levar vantagem na restauração de nossas florestas.” Em postagem no Facebook após a eleição, Marape escreveu que considerava um privilégio a oportunidade de servir como chefe de uma nação formada por tantas etnias. Ele acrescentou que não prometia ser a resposta para todos os desafios do país, mas que faria seu melhor. “Sem Deus, eu não teria chegado tão longe; portanto, o mínimo que posso fazer é dar meu melhor pelos filhos Dele em Papua-Nova Guiné”, completou. O que ele prometeu, segundo

a TV Al Jazeera , é trabalhar para que Papua-Nova Guiné se torne “a nação cristã negra mais rica da Terra em dez anos” e colocar o “interesse nacional acima do interesse pessoal e corporativo”. O pastor Glenn Townend, presidente da Divisão do Sul do Pacífico da Igreja Adventista, parabenizou Marape e prometeu orar por ele. “Oramos para que ele continue a receber a direção de Deus na liderança desse expressivo país. Seus princípios e herança adventista irão mantê-lo com boa reputação”, destacou o líder da igreja. Com 8 milhões de habitantes e independente da Austrália desde 1975, Papua-Nova Guiné é o país com maior número de adventistas no Sul do Pacífico: 310 mil membros (2017). É também a única nação do mundo em que os líderes dos três poderes são adventistas: James Marape (executivo), Job Pomat (legislativo) e Gibbs Salika (judiciário). ] JARROD STACKELROTH é editor da revista Adventist Record (com informações adicionais de Wendel Lima)

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Foto: Adventist Record

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SAÚDE Daniel Giang: o sono é um presente de Deus e fomos feitos para “desperdiçar” um terço da vida dormindo

CORPO E MENTE

Conferência reúne 800 acadêmicos e profissionais de 90 países para discutir um tema que precisa ser mais enfatizado pela igreja: a saúde mental MARCOS PASEGGI E SANDRA BLACKMER

erca de 800 líderes da igreja, acadêmicos e profissionais de saúde encararam o verão quente e seco do sul da Califórnia (EUA) para participar da 3ª Conferência Global de Saúde e Estilo de Vida. O evento foi realizado nos dias 9 a 13 de julho, com representantes de 90 países, na Universidade de Loma Linda.

Foto: Adventist News Network

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S e g u ndo o m é d ic o Pe t e r ­ andless, líder do Ministério de L Saúde na sede mundial da igreja e coordenador do encontro, a conferência teve duplo objetivo: renovar o foco nos aspectos essenciais da mensagem adventista sobre estilo de vida saudável e enfatizar dimensões do bem-estar humano que foram negligenciadas nas últimas décadas, como a saúde mental. Nessa direção, o psiquiatra norueguês Torben Bergland, eleito no ano passado para integrar a equipe do Ministério de Saúde da igreja, tem trabalhado num programa on-line de conscientização sobre saúde emocional chamado Mindwell. A conferência destacou a conexão entre mente, corpo, espírito, emoções e os relacionamentos,

e como o estilo de vida influencia todos esses elementos. “O exercício influencia a proliferação de novos neurônios e melhora o aprendizado e a memória”, disse David Williams, professor da Universidade Harvard, na plenária de abertura. Ele justificou a declaração afirmando que a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro e previne a atrofia do hipocampo. Ao falar sobre indicadores de saúde pública, Williams destacou o aumento de 71% nos casos de mal de Alzheimer (2000 a 2013) e disse que, além dos remédios, o tratamento para essa doença degenerativa deve incluir exercício físico e dieta saudável. Para David Williams, essa não deveria ser uma informação nova

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para os adventistas, pois há muito tempo Ellen White recomendou que se praticasse exercício físico regularmente, mesmo durante o inverno. “Os adventistas deveriam ser as pessoas com a melhor condição física do mundo”, ponderou. Outra plenária que gerou reflexão foi a de Daniel Giang, um dos responsáveis pela pós-graduação em Educação Médica na Universidade de Loma Linda. Ele disse que o sono é um presente de Deus e que fomos criados para “desperdiçar” um terço da nossa vida descansando. “A privação do sono pode ter resultados nocivos em longo prazo, o que inclui dificuldade de aprendizado, desatenção e falta de discernimento, além de esgotamento, depressão, ansiedade, menos resiliência e falta de bemestar”, explicou o preletor, que recomendou o sono em ambientes quietos, escuros e confortáveis. Para alguns participantes, a conferência sobre saúde se estendeu em um dia. Eles ficaram para um encontro do Ministério de Necessidades Especiais, realizado no domingo, dia 14 de julho. O propósito foi pensar em como atender e incluir na missão da igreja pessoas que tenham limitações de visão, audição, cognitivas, entre outras. “Somos um ministério que trata de possibilidades, não de deficiências”, ressaltou o pastor Larry R. Evans, líder dessa área. Ele fez um resgate histórico das práticas sociais e legislativas que tratavam com crueldade os que eram diferentes. Segundo a OMS, 550 milhões de pessoas ao redor do mundo têm alguma deficiência. Ao falar sobre dignidade e respeito para com todos os seres humanos, Evans ressaltou: “O valor de uma pessoa não deve ter como base o que ela fez nem o que é capaz de fazer, mas o que Deus fez, está fazendo e poderia fazer por ela se tivesse uma oportunidade.” ] MARCOS PASEGGI e SANDRA BLACKMER são editores associados da Adventist Review

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RETRATOS

Convidados participam de uma recepção antes das palestras e do jantar promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em Washington, no fim de maio. O evento para a promoção da liberdade religiosa atraiu defensores da causa e líderes do governo dos Estados Unidos e de outras partes do mundo. Foto: Adventist News Network

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NACIONAL Casarão na rua do Cedro, 124. Em junho, prefeitura de Brusque (SC) tombou o imóvel que tem valor histórico para o adventismo no Brasil

LINHAGEM ADVENTISTA MICHELSON BORGES

rio Itajaí-Mirim durante mais oito dias. Ao todo, foram 16 semanas de muitas dificuldades e privações, desde que deixaram a Alemanha até chegar à Colônia de Brusque. No sorteio dos lotes, os Pöpper e os Bruns acabaram sendo vizinhos, em Lajeado, cerca de três horas a pé da sede da Colônia. Por sua vez, os Hort morariam em Cedro Grande (para onde os Pöpper se mudaram mais tarde, em busca de terras mais produtivas, sendo seguidos depois pelos Bruns).

einrich Pöpper tinha apenas nove anos de idade quando sua família imigrou da Alemanha para o Brasil, em 6 de abril de 1869. Tempos depois, ele contou detalhadamente como foi essa aventura. O relato foi publicado pela Sociedade de Amigos de Brusque (Notícias de Vicente Só, nº 4, dezembro de 1987, p. 700-780). Com 36 anos, Friedrich Andreas Pöpper, pai de Heinrich, era apenas um ano mais velho que Heinrich Christian Georg David Hort. Eles eram naturais, respectivamente, das cidades de Helmstedt e Hötensleben, distantes 16 quilômetros uma da outra, e haviam se conhecido poucas semanas antes da viagem. Com a situação difícil na Alemanha, ambos decidiram mudar-se para o Brasil em busca de melhores condições de vida. As duas famílias fizeram amizade também com os Bruns. Três meses depois de zarparem do porto de Hamburgo, os tripulantes e passageiros puderam avistar ao raiar do dia a terra firme ao longe. A primeira parada foi na Colônia Santa Leopoldina, no Espírito Santo, mas os Hort, os Bruns e os Pöpper desembarcariam em Itajaí (SC), no dia seguinte. Dali seguiram para Brusque a bordo de canoas, avançando pelo

O CASARÃO DE HORT A Colônia de Brusque é importante para caracterizar a comunidade camponesa do Vale do Itajaí-Mirim, no fim do século 19. Basicamente era um aglomerado com aparência semiurbana, inserido na área colonial. Fisicamente não se assemelhava nem um pouco às aldeias camponesas alemãs da época, mas, a exemplo delas, tinha um forte laço de coesão social. Nas colônias, as vendas eram por excelência os lugares em que os moradores realizavam suas atividades sociais e econômicas. Esses estabelecimentos comerciais ocupavam posição de destaque, não tanto pelo volume do comércio, mas pelo fato de serem pontos de reunião para os vizinhos, o local das conversas e de entrega de correspondência. Assim que tomou posse de seu terreno, David Hort procurou estabelecer seu comércio e construiu entre 1875 e 1880 um amplo casarão colonial de dois pavimentos, cerca de oito quilômetros do atual centro de Brusque. O local era estratégico, pois ficava próximo do ponto de parada dos barcos no rio Itajaí-Mirim. A família morava no andar de cima e embaixo ficava a venda. Foi nessa venda que, no fim do ano 1880, o primeiro pacote de literatura adventista foi aberto no Brasil. As dez revistas Stimme der Wahrheit (Voz da Verdade) foram despachadas da editora da igreja nos Estados Unidos para Carlos Dreefke. Depois disso, muitos outros impressos e livros foram enviados ao Brasil, fazendo com que várias famílias se interessassem pela mensagem adventista (veja o documentário Homens de Fé na plataforma feliz7play.com).

Pesquisador realiza trabalho missionário inédito com descendentes de família pioneira da igreja no Brasil

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Foto: Associação Catarinense

David Hort, o dono do armazém que recebeu as primeiras revistas adventistas que chegaram ao Brasil, na década de 1880


Adolfo Hort e sua família. Filho mais novo de David, ele testemunhou a abertura do pacote de revistas no comércio do pai

A esposa de David, Anna Dorothee, e o filho mais novo, Adolfo, tornaram-se adventistas anos depois, e o casarão Hort acabou sendo vendido sucessivamente para outras famílias. Assim, um dos principais marcos do adventismo no Brasil, ainda de pé em Brusque, não pertence à Igreja Adventista nem a adventistas. No dia 4 de junho deste ano, a prefeitura de Brusque publicou no Diário Oficial do município o decreto de tombamento do casarão, localizado na Rua do Cedro, 124. Isso faz com que os proprietários atuais não possam alterar a estrutura sem prévia autorização da prefeitura. Esse foi o grande e primeiro passo para a preservação desse importante patrimônio histórico relacionado ao adventismo. O NOVO PIONEIRO A história do adventismo no Brasil é outro patrimônio que precisa ser preservado e divulgado. Quem tem feito um grande trabalho nesse sentido é o pedagogo e administrador joinvilense Emir Schmitt, de 63 anos. Bisneto do pioneiro Adolfo Hort, Emir tem realizado um ministério específico em favor dos descendentes dessa família pioneira. Ele explica que a ideia de organizar a árvore genealógica dos Hort nasceu em 1995, por ocasião das comemorações do centenário da Igreja Adventista no Brasil (cuja primeira congregação foi organizada na cidade catarinense de Gaspar Alto, pelo pastor Frank Westphal). “Na década de 1990, eu exercia cargos administrativos, como funcionário da igreja, e fui homenageado várias vezes por ser descendente da família Hort. Mas eu me sentia mais preocupado com os demais descendentes do que feliz por ser homenageado como pertencente à família de pioneiros”, revela. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

Emir Schmitt, interpretando seu bisavô, David Hort, no documentário Homens de Fé (2017). Ele já conseguiu levantar informações de 3.035 membros da família Hort

Movido por esse sentimento, Emir se valeu dos recursos oferecidos pela internet e se entregou a uma pesquisa que já dura mais de duas décadas, graças à qual conseguiu levantar informações de 3.035 descendentes. “Esse resgate da história se transformou em um impressionante ministério, pois pude ver a partir desse trabalho uma série de interações, restauração de relacionamentos, comemorações, vitórias, conversões e reconversões à mensagem adventista”, comemora. Uma percepção clara a partir desse trabalho deixa evidente a importância de preservar e contar a história dos pioneiros. A maioria dos descendentes de David Hort que mantiveram o legado histórico está firme na fé e alguns até são servidores e/ou líderes da igreja; vários são pastores e professores. Os descendentes de Hort que pouco preservaram a história da família estão, em sua maioria, distantes dos princípios defendidos pela igreja. E os que ignoraram completamente sua herança espiritual vivem totalmente distantes dos princípios adventistas. “O lado bom desse trabalho é ver que muitos dos descendentes que não conservaram a memória histórica, quando ficam sabendo desse rico legado, mostram-se surpresos e decidem retornar às origens”, diz Emir. A história de Hanelore Blume, trineta de David Hort que vive em Itaiópolis (SC), é um exemplo das idas e vindas entre os descendentes dos pioneiros. Batizada na adolescência, teve seus altos e baixos espirituais, casou-se com um homem que não é adventista e chegou a ter seu nome removido do rol de membros. Posteriormente foi rebatizada e encontrou no “programa das madrugadas com Deus” (Seminário de Enriquecimento Espiritual) a força para se firmar na fé. Suas duas filhas foram criadas nos princípios adventistas. A mais velha se prepara para o batismo e a mais nova, que foi batizada na adolescência, hoje está afastada. Por sua vez, os netos de Hanelore também receberam influência espiritual da avó e chegaram a ser batizados; porém, no período da faculdade, deixaram a igreja. O trabalho de Emir e de outros que procuram valorizar a história adventista no Brasil está em harmonia com o conselho de Ellen White em Conselhos aos Idosos (p. 25): o resgate da memória desses pioneiros servirá de aprendizado e inspiração para que as gerações atuais façam a missão avançar para além de novas fronteiras. ] MICHELSON BORGES é pastor, jornalista, editor e autor do livro A Chegada do Adventismo ao Brasil, cuja edição atualizada será lançada em breve

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CELEBRAÇÃO

PASSADO E FUTURO

Pará”, relata o pastor Leonidas Guedes, secretário e­ xecutivo da União Sudeste Brasileira. Ele é o autor da obra Olhando Para Trás, Nos Movemos Para Frente, livro comemorativo do centenário lançado em junho. Ao longo do século 20, como fruto direto dos esforços dos Igreja celebra centenário da União Sudeste pioneiros, mais pessoas conheceram a mensagem adventista Brasileira, recordando sua trajetória e e novas congregações e escritórios administrativos foram planejando seus próximos passos estabelecidos. Hoje, a Useb é bem menor em extensão geoFERNANDA BEATRIZ gráfica (Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo), mas muito maior em número de membros (217 mil). A comemoração do centenário procurou envolver as 2,5 mil á cem anos, havia apenas 916 igrejas do território, desafiando cada congregação a estudar a Bíblia com pelo menos cem pessoas em 2019. O clímax da adventistas num território que abrangia as regiões Sudeste celebração foi a realização de um concílio ministerial com (exceto São Paulo), Cent ro520 pastores, em Guarapari (ES), nos dias 16 a 19 de junho. Oeste, Nordeste e Norte do ­Brasil, “Por vezes, entramos numa zona de conforto e nos esquetotalizando 16 estados. A Igreja Adventista cemos de que nossos antepassados fizeram muito sem ter quase nada”, disse o pastor Judson Lino, que lidera a Igreja nessa área era administrada pela então recéminaugurada União Missão Norte, com sede no Central de Guarapari, ao comentar uma apresentação sobre Rio de Janeiro. a história da União realizada no evento. Um dos grandes desafios da época era o atenDe acordo com o pastor Mauricio Lima, líder dos adventisdimento pastoral. Deslocando-se de trem, no tas fluminenses, mineiros e capixabas, o território da União Sudeste Brasileira apresenta desafios diferentes da época dos lombo de animais ou até mesmo a pé, os pastores levavam de seis a oito meses para retornar pioneiros, mas eles existem. Ele menciona a evangelização a uma igreja e realizar ritos como o batismo de metrópoles como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, nas e a Santa Ceia. quais a presença adventista não é tão representativa, além do plantio de igrejas em centenas de cidades não alcança“Para se ter uma ideia, o pastor Frederick das no interior dos três estados. Dos 1.022 municípios da Spies viajou por 15 dias de navio, saindo do Rio de Janeiro para atender sua igreja em Belém, no União, 457 (45%) ainda não têm presença adventista. “Ao olharmos para a história dos pioneiros, vemos que eles avançaram com Concílio pastoral reuniu 520 líderes da região. O desafio estabelecido para garra e perseverança tremendas. E nós as congregações é estudar a Bíblia com pelo menos cem pessoas neste ano alcançamos tudo isso hoje graças à determinação que eles tiveram. As dificuldades de hoje e do passado são diferentes, mas o que precisamos é a determinação que eles tiveram”, compara. Com olhos no avanço da pregação e no futuro do adventismo na região, em dezembro começará a funcionar um nova sede administrativa em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A Missão Mineira Oeste terá 11 mil membros, 51 igrejas e 92 grupos. ]

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FERNANDA BEATRIZ é jornalista e assessora de comunicação da União Sudeste Brasileira da Igreja Adventista

Use um leitor de QRCode e assista a um documentário sobre a história da União Sudeste Brasileira

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Foto: Thayrine Braun

PARA SABER MAIS


INSTITUCIONAL

TEMPO DE AGIR

A IGREJA NÃO PODE IGNORAR O ABUSO SEXUAL E PRECISA TESTEMUNHAR DO AMOR DE DEUS AOS QUE SOFREM DIVERSOS TIPOS DE VIOLÊNCIA MARLI PEYERL

Foto: Adobe Stock

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v iolência domést ica cresce de maneira assustadora a cada ano, embora seja difícil ter uma estimativa real dos casos que acontecem, pois muitas ocorrências sequer são registradas. As vítimas não denunciam porque temem por sua integridade física e/ou porque não querem comprometer a própria família. No entanto, milhares de crianças e adolescentes são vítimas de abuso sexual, o que lamentavelmente tem favorecido o surgimento de doenças físicas e emocionais, tanto na juventude quanto na idade adulta. De acordo com dados do relatório global “Uma Situaçao Habitual: Violência na Vida de Crianças e Adolescentes”, divulgado pelo Unicef em novembro de 2017, 300 milhões de crianças (2 a 4 anos) sofrem disciplina violenta dos seus cuidadores e cerca de 15 milhões de garotas (15 a 19 anos) já foram vítimas de sexo forçado. Os vá r ios t ipos de v iolência, incluindo a sexual, ocorrem com pessoas de ambos os sexos, em todas as classes socioeconômicas e grupos religiosos. Os casos de abuso sexual podem se configurar um incesto, quando há algum grau próximo de parentesco entre abusador e vítima, e também ocorrer com pessoas de fora do círculo familiar. Porém, seja qual for a situação, o impacto negativo é imenso e pode afetar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da vítima. Por isso, crianças e adolescentes precisam ser ensinados a identificar possíveis agressores, porque geralmente R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

CRIANÇAS E ADOLESCENTES PRECISAM SER ENSINADOS A IDENTIFICAR POSSÍVEIS AGRESSORES, QUE PODEM ESTAR NAS ESCOLAS, IGREJAS E, ACIMA DE TUDO, NO CONVÍVIO FAMILIAR eles são pessoas do convívio da família da vítima. Até mesmo espaços como instituições de ensino e ambientes religiosos exigem a atenção dos pais. Embora seja um tema complexo, não podemos ignorá-lo. Ao contrário, precisamos ter uma compreensão correta do problema e criar ações educativas e preventivas que garantam a segurança de crianças e adolescentes. Afinal, é na infância que começamos a interagir com as pessoas e o mundo ao nosso redor, e as experiências vivenciadas nessa fase tendem a moldar nossos relacionamentos para o resto da vida. Não por acaso, Ellen White escreveu que os pais são professores dos filhos: “Seu tom de voz, seu comportamento, seu espírito

são imitados pelos seus pequenos. Os filhos imitam os pais; deve-se, portanto, tomar muito cuidado para lhes dar modelos corretos” (Orientação da Criança, p. 215). A igreja também pode ajudar nesse processo de maneira prática, atuando internamente por meio dos Ministérios da Família, da Criança e do Adolescente, Desbravadores, Aventureiros e outros; e em espaços externos, como em escolas, universidades e centros comunitários. Em ambas as esferas devemos contar com a ajuda de profissionais qualificados, como psicólogos, psiquiatras, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, agentes de saúde, professores e pastores. Acima de tudo, precisamos da sabedoria e do poder protetor do Espírito Santo. Ele pode sarar as feridas e proporcionar novidade de vida. E pode também usar o corpo de Cristo, que somos nós, Sua igreja, para testemunhar aos sofredores que há cura e esperança. ] MARLI PEYERL é educadora, coordenadora da campanha Quebrando o Silêncio e líder do Ministério da Mulher na sede sulamericana da Igreja Adventista

Para saber mais quebrandoosilencio.org

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PATERNIDADE

EXISTEM VÁRIOS ESTILOS DE PATERNIDADE, MAS AQUELE QUE EQUILIBRA APOIO E CONTROLE TEM SE MOSTRADO MAIS EFICAZ DONNA J. HABENICHT

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mbora os pais não tenham nenhuma garantia de que os filhos terão um relacionamento significativo com Deus na fase adulta, o melhor que eles podem fazer enquanto os filhos são pequenos é refletir sobre o estilo de criação que têm adotado. Centenas de estudos, desde a década de 1950, têm analisado a relação entre o comportamento dos pais e a formação dos filhos. Os resultados mais positivos têm sido associados a um modelo de educação cujos princípios já apareciam na Bíblia e nos escritos de Ellen White. Nas Escrituras, por exemplo, Deus é retratado como um Pai que equilibra justiça e misericórdia (ver Gn 18:19; Sl 103; Pv 3:11 e 12; 13:1 e 24; 15:1 e 5; 19:18; 22:6 e 15; 29:15 e 17; Is 49:13; 54:13; 66:12 e 13; Lc 15:11-32; Ef 6:1-4; Cl 3:20 e 21 e Hb 12:5-11). Por sua vez, Ellen White descreveu também estilos de criação de filhos, usando nomes diferentes dos de hoje, mas identificando o mesmo comportamento apontado como o mais adequado por estudos contemporâneos (ver O Lar Adventista, p. 439; Orientação da Criança, p. 223290; Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 155; Educação, p. 283, 287-297; A Ciência do Bom Viver, p. 384, 391 e 392; O Maior Discurso de Cristo, p. 130-134; O Desejado de Todas as Nações, p. 511517; Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 390-405; v. 3, p. 131-135, 531, 532; v. 4, p. 362-363). R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

Foto: Adobe Stock

O bê-a-bá da educação dos filhos E


APOIO E CONTROLE Em linhas gerais, toda essa discussão se refere a dois aspectos principais da relação entre pais e filhos: apoio e controle. O apoio tem que ver com a sensibilidade dos pais em relação às necessidades da criança; e o controle diz respeito a quanto poder exercem sobre ela. A maneira de os pais apoiarem e disciplinarem os filhos afeta a atmosfera do lar, o tom emocional das relações e tudo o mais que acontece dentro de casa. Os pais apoiadores são receptivos às necessidades da criança. Demonstram muito amor e ternura para com ela. Abraçam, fazem carinho e expressam amor na linguagem que os filhos conseguem entender. Percebem quando o filho teve um dia difícil e necessita de uma dose extra de amor. Esses pais comem, brincam, trabalham e oram com os filhos todos os dias. Em um lar com apoio, pais e filhos dialogam bastante. Eles sabem como o outro se sente e todos compreendem quais são os valores da família. Os pais respeitam e escutam o ponto de vista do filho e demonstram paciência para com os erros e inconsistências típicos da infância. A independência e a individualidade são incentivadas. Os pais apoiadores são representantes do amor de Deus para seus filhos. Por outro lado, os pais que não demonstram apoio costumam estar concentrados nos próprios interesses e pouco preocupados com as necessidades da criança. Em lares liderados dessa maneira, os filhos quase não têm permissão para expressar opinião, porque os pais têm medo de perder o controle ou não separam tempo para ouvi-los. Esses pais costumam não demonstrar muita simpatia e podem ser frios e rudes com as crianças. Pouco se envolvem com os filhos e veem na independência e na individualidade das crianças um tabu. Por sua vez, o controle tem que ver com quem tem as rédeas da família: pais ou filhos? Nesse sentido, o estilo de educação pode variar entre exigente, orientador ou permissivo. Em resumo, o nível de apoio e controle num lar determina o clima emocional da família, que pode ser de aconchego e cuidado ou de frieza e hostilidade; de alegria e felicidade ou de repressão e tristeza. Tudo isso terá papel significativo no fato de os filhos depois aceitarem ou rejeitarem os valores e a religião dos pais. R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

MODELOS DE PATERNIDADE MUITO APOIO Autoritativocomunicativo Responsivo, apoiador, orientador, exigente

Permissivo-indulgente Responsivo, apoiador, tolerante, complacente

MUITO CONTROLE

POUCO CONTROLE

Autoritário Não apoia, exigente, controlador

Indiferente-negligente Desinteressado, não disciplinador

POUCO APOIO

QUEM ESTÁ NO CONTROLE? Os pais exigentes definem limites para o comportamento dos filhos e os explicam com clareza, respondendo coerentemente a possíveis questionamentos deles. Eles ensinam os filhos a raciocinar e tomar decisões apropriadas para a idade. Por isso, apesar de serem firmes, são razoáveis e não esperam perfeição dos filhos. Esses pais entendem que o domínio próprio é uma espada de dois gumes. Eles reconhecem que também precisam de autocontrole e, caso não tenham condições de lidar com certa situação, deixarão para resolvê-la com calma depois, enquanto oram por sabedoria. O fato é que nessa família quem está no controle são os pais. Em contrapartida, pais condescendentes e complacentes acham que os filhos não precisam de limites nem de orientação. A frase “as crianças precisam se expressar” é uma das preferidas dos que se portam assim. Esse tipo de lar costuma ter poucas regras, poucos horários e hábitos predefinidos, como quando e onde as crianças devem comer e dormir. Quando tentam estabelecer limites, esses pais o fazem de modo imprevisível e inconsistente,

o que acaba não ensinando os filhos a fazer escolhas e planejamento. Nesse tipo de lar, os filhos é que estão no controle. ESTILOS COMUNICATIVO E AUTORITÁRIO A intersecção entre as dimensões de apoio e controle identificam quatro quadrantes que definem os quatro estilos de criação de filhos: autoritativo-comunicativo, autoritário, permissivo-indulgente e indiferente-negligente (veja o diagrama “Modelos de paternidade”). Cada estilo é definido pela qualidade e quantidade de apoio e controle na relação entre pais e filhos. Comecemos com o mais adequado. Os pais autoritativos-comunicativos buscam seguir o modelo divino para educar os filhos: amor e graça incondicionais, orientações claras para valores morais e conduta e ação disciplinar quando necessária. Estudos científicos que apontam nessa direção podem ser encontrados, por exemplo, no capítulo escrito por Holly ­Catherton Allen e outros pesquisadores no livro Understanding Children’s Spirituality (Wipf and Stock, 2012). 45


ESTILOS PERMISSIVO E NEGLIGENTE Os pais permissivos-indulgentes têm um relacionamento afetuoso com os filhos e demonstram muito interesse por suas atividades, mas são mais amigos dos filhos do que pais deles. Por falta de orientação e pelo fato de poderem fazer o que quiserem, essa nova geração tende a se tornar impulsiva e egocêntrica. São fracos no autocontrole, têm dificuldade em enfrentar problemas e a visão que nutrem de Deus é de Alguém que desvia o olhar quando os seres humanos erram. Para eles, o pecado não é o principal problema do Universo. Por sua vez, os pais indiferentes-negligentes fazem poucas tentativas de orientar os filhos; praticamente os ignoram. Não estão comprometidos com a educação deles. Podem ser fisicamente abusivos e não cuidar das necessidades básicas 46

O ESTILO DE PATERNIDADE ADOTADO DETERMINA O CLIMA EMOCIONAL DO LAR E, EM GRANDE MEDIDA, SE OS FILHOS VÃO ACEITAR OU REJEITAR A RELIGIÃO DA FAMÍLIA das crianças. Outros pais que adotam esse estilo até se responsabilizam pela manutenção financeira da família, mas não se envolvem emocionalmente com os filhos. Famílias ocupadas, nas quais pai e mãe trabalham em tempo integral, podem cair facilmente nesse estilo. Com frequência, os filhos recebem liberdade excessiva e autonomia prematura. Uma pesquisa publicada por G. M. Fosco, E. A. Stormshack, T. J. Dishion e C. E. Winter no Journal of C ­ linical Child & Adolescent Psychology (2012, p. 202-213) mostra que os pais que permanecem conectados aos filhos durante a adolescência reduzem os índices de uso de drogas, comportamento sexual de risco e delinquência. Os filhos de pais indiferentesnegligentes têm maior propensão de aceitar os valores negativos da sociedade, porque seu desenvolvimento moral e espiritual é fraco. Eles têm problemas emocionais profundos ligados à negligência que sofreram. O Deus deles é o Soberano do Universo, que não Se importa com o que acontece na Terra. O MELHOR CAMINHO Em suma, qual seria o segredo para criar filhos com sucesso? Demonstrar o máximo de amor com o equilíbrio entre independência e controle. A criação de filhos com base no diálogo e na autoridade é o modelo que mais se assemelha ao estilo de paternidade de Deus.

O modo de expressar apoio e controle varia conforme cada cultura, mas a combinação equilibrada entre esses dois elementos tem se mostrado o melhor caminho em várias etnias, conforme o capítulo de Larzelere, Morris e Harrist no livro Understanding Children’s Spirituality. O estilo de educação adotado pelos pais tende a influenciar os filhos ao longo de toda a vida deles. A lembrança dos pais como figuras de autoridade é associada a um ajuste positivo até mesmo nos adultos de meia-idade e mais velhos, segundo argumentam Carol A. Sigelman e Elizabeth A. Rider no livro Life-Span Human Development (Wadsworth Cengage Learning, 2009, p. 491). Via de regra, os pais educam seus filhos conforme foram criados. A boa notícia é que, com a ajuda de Deus e se necessário, é possível mudar o estilo de criação dos filhos. Muitas famílias bem ajustadas são prova disso. Usar uma abordagem com base no diálogo e na autoridade é um esforço que vale a pena. Afinal, é o futuro de nossos filhos e netos que está em jogo. Este texto é uma adaptação de um artigo publicado originalmente na revista Ministry de novembro de 2014. ] DONNA HABENICHT é doutora em educação e professora emérita do departamento de Psicologia Clínica e Educacional na Universidade Andrews (EUA)

R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

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Esses pais costumam ter um relacionamento carinhoso com os filhos. São firmes, pacientes, amáveis e sensatos. Ensinam os filhos a raciocinar e tomar decisões. Nesses lares, tanto os direitos dos filhos quanto os dos pais são respeitados. Pais autoritativos-comunicativos estão envolvidos na vida dos filhos. Sabem por onde e com quem eles andam. Filhos criados desse modo tendem a ter um vínculo mais forte com os pais. O desenvolvimento moral deles é consistente e a autoestima é saudável. São confiantes, alegres e cooperadores. Apresentam bom rendimento escolar, são responsáveis e independentes, e muitos deles se tornam líderes. Costumam seguir a religião dos pais e o Deus com quem aprenderam a se relacionar. É a mistura perfeita de misericórdia e justiça. Já os pais autoritários são identificados por seu alto nível de exigência e controle e pela pouca capacidade de diálogo. Tendem a usar a força e a punição física. Raramente explicam o motivo das ordens e regras, e tampouco permitem que os filhos tomem decisões. Infelizmente, o estilo autoritário é bem comum entre famílias religiosas conservadoras, que justificam sua postura com base numa visão distorcida a respeito de Deus. Os filhos de pais autoritários costumam reagir de duas maneiras: rebelam-se contra os valores dos pais e saem de casa o mais cedo possível ou se transformam em indivíduos indecisos, incapazes de lidar com decisões morais difíceis. T ­ ornam-se “presas” fáceis de influências externas ou podem tentar ser “perfeitos”, na esperança de conquistar o favor de um Deus que imaginam ser apenas justo, mas não misericordioso.


MEMÓRIA

Alvy Carbonar, aos 86 anos, em Curitiba (PR), de morte natural. Por 77 anos viveu a fé adventista, servindo em vários ministérios na igreja. Em Bauru (SP), conseguiu a doação de um terreno para a construção de um templo e mais recentemente atuava como corista e diácono na Igreja Central de Curitiba (PR). Deixa a esposa, dois filhos, três netos e uma bisneta. Anami Azevedo Oliveira, aos 67 anos, em Belo Horizonte (MG), vítima de câncer. Ao lado do esposo, o falecido pastor José Augusto Oliveira, dedicou-se ao ministério pastoral e educacional na Bahia e em Minas Gerais. Destacou-se como pregadora, educadora, conselheira e amiga. Foi um exemplo de confiança em Deus e de bom humor, mesmo nos momentos mais agudos de sua enfermidade. Sepultada em Feira de Santana (BA), deixa três filhos e nove netos. Antônio Souza da Silva, aos 95 anos, em Manaus (AM). Foi um fiel adventista por mais de 60 anos. Sua vida foi caracterizada pela contínua leitura da Bíblia, hospitalidade e o compromisso pessoal com a pregação do evangelho. Ajudou na construção de várias igrejas e acompanhava assiduamente a Revista Adventista e a TV Novo Tempo. Membro da Igreja

Sede de Novo Remanso (AM), em suas últimas semanas de vida no hospital testemunhou para vários profissionais de saúde e pacientes. Deixa a esposa, Antônia, 13 filhos, 27 netos e 11 bisnetos. Aurora Almeida, aos 104 anos, em União da Vitória (PR). Nascida em lar adventista, teve 14 filhos, sendo que praticamente todos eles, e vários de seus netos, servem como anciãos de igrejas no Paraná. Manteve-se lúcida até os últimos dias de vida. Darcy Neves Mendes, aos 84 anos, em Maringá (PR). Fiel adventista por muitos anos, era membro da Igreja do Horto Florestal. Vários de seus filhos e familiares eram membros da igreja. Edgar Ernesto Bergold, aos 86 anos, vítima de problemas cardíacos. Gaúcho de Taquara, foi pastor distrital no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e São Paulo. Serviu também como secretário, tesoureiro e líder do departamento de Educação, Mordomia Cristã e Escola Sabatina em algumas Associações. Mesmo depois de aposentado, continuou ajudando informalmente a igreja, em Engenheiro Coelho (SP). Foi um pai muito amoroso e dedicado. Deixa a esposa, Edna. Esmeralda Ananias de Oliveira, aos 73 anos, vítima de câncer

de intestino. Era membro da Igreja do Salgado, em Caruaru (PE), onde servia como diaconisa. Viúva, deixa uma filha e um neto. Luciana de Souza Lobato, aos 93 anos, em Conchal (SP). Batizada havia 65 anos, era membro da Igreja de Jardim Planalto. Viúva, deixa três filhos, 18 netos, 33 bisnetos e três trinetos. Luiz Cietto, aos 86 anos, em Engenheiro Coelho (SP), vítima de tumor maligno de boca. Paulista da cidade de Pederneiras, era livre-docente e doutor em enfermagem pela UFRJ, pósdoutor em Direito Sanitário pela USP e Universidade de Bologna (Itália); e pós-doutor pela Universidade Columbia, de Nova York (EUA), em Administração de Enfermagem. Pela USP, graduou-se em Direito; porém, depois de trabalhar como professor-titular de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes (SP), Cietto fez carreira na Unicamp, onde fundou a Faculdade de Enfermagem. Além disso, ali ele coordenou o curso de Enfermagem e presidiu a comissão de Legislação e Normas do Conselho de Administração do Hospital das Clínicas da Unicamp, entre outras funções. Sua história é uma inspiração e virou roteiro do documentário Opostos (2017),

filme exibido em dezenas de países. Aquele que um dia morou na rua encontrou na educação a chance para mudar de vida. No Unasp, campus Engenheiro Coelho, foi coordenador do curso de Direito e membro da igreja local. Deixa a esposa, Olga, duas filhas e um enteado, e três netos. Milton Gurd Kuntze, aos 91 anos, em Tubarão (SC), vítima de infecção generalizada. Por quase 50 anos serviu na rede educacional adventista nos três estados do Sul do Brasil, incluindo internatos como IACS e IAP. Ele foi o fundador da Escola Adventista de Tubarão, em 1974, e do Colégio Adventista de Florianópolis – Unidade Estreito, em 1990. Catarinense de Orleans, recebeu o título de Cidadão Tubaronense pelos serviços prestados à cidade na área de assistência social. Milton também foi professor universitário na Unisul e dirigiu uma escola estadual e o Conselho Municipal de Saúde de Tubarão. Viúvo, deixa três filhos, dois netos e cinco bisnetos. Roberto Rocco, aos 83 anos, em Ribeirão Preto (SP), vítima de choque séptico e pneumonia. Batizado havia 36 anos, foi um dos fundadores da Igreja do Jardim Centenário, onde serviu como professor da Escola Sabatina por muitos anos. Tinha o hábito de registrar à mão a mensagem dos cultos de sábado. Deixa três filhos, netos e bisnetos.

“ B E M - AV E N T U R A D O S O S M O R T O S Q U E , D E S D E A G O R A , M O R R E M N O S E N H O R ” R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

(APOCALIPSE 14:13)

47


EM FAMÍLIA

SOB O MESMO TETO

AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DE RELAÇÕES AFETIVAS DESAFIAM O CONCEITO TRADICIONAL DE FAMÍLIA

as que bagunça é essa? O mundo está de cabeça virada! Talvez você já tenha ouvido ou falado isso. Às vezes, confesso, penso assim também. E tenho boas razões para me questionar. Depois de um dia inteiro de atendimentos ouvindo sobre virgindade sendo leiloada, solidão no casamento, ­divórcio litigioso, filhos que abandonam os pais, depressão pós-parto, agressão física entre cônjuges e negligência emocional de crianças, eu realmente me pergunto se há esperança para a instituição família. Como projeto original, família é uma perfeição, mas, na prática, dá bastante trabalho. Antigamente somente um tipo de família era aceito e ninguém pensava muito em qualquer forma de variação. A “família margarina”, como conhecida nos comerciais de TV, tinha um pai, uma mãe, um filho e uma filha – u ­ nidos, felizes, bem alimentados e bonitos. O ponto é que nem nas propagandas esse ideal de família está aparecendo mais. A razão é simples: ela não existe. As famílias reais, por mais estruturadas que sejam, vivenciam diversos e complexos problemas. E nem sempre encontram a melhor saída. Sentem-se impotentes diante da avalanche de desafios que a vida lhes impõe. É importante falar sobre isso, porque muita gente se sente frustrada achando que só na sua casa as coisas não dão certo. Outra coisa que machuca as pessoas é acreditar que, se não tiverem uma família tradicional, não são uma família. Isso também não é verdade. O que acontece é que a sociedade muda constantemente e, sendo a família uma das instituições mais importantes do tecido social, ela também sofre transformações com o tempo.

M

FAMÍLIA PODE SER DEFINIDA COMO UM GRUPO DE ANCESTRALIDADE COMUM OU QUE VIVE SOB O MESMO TETO

48

Do ponto de vista formal, família pode ser definida como um grupo de pessoas com ancestralidade comum ou um grupo de pessoas que vive sob o mesmo teto. Porém, quando se fala de família, é comum pensar na estrutura que surge a partir do casamento entre um homem e uma mulher, com os filhos gerados dessa união. Contudo, desde a Constituição Federal de 1988, outras formas de família passaram a ser reconhecidas. Por exemplo: monoparental (qualquer um dos pais e seus filhos), anaparental (apenas os irmãos), unipessoal (pessoa só), mosaico (casal num novo relacionamento com filhos de relacionamentos anteriores) e eudemonista (organizada pelo afeto, uma parentalidade socioafetiva). Não importa o tipo, o fato é que existe família para todos. Porém, a maioria dos cristãos, com base na interpretação da bíblia, entende que há um ideal de família e que esse modelo permanece inalterado apesar das mudanças pelas quais o mundo passa. ] TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

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TALITA CASTELÃO


ESTANTE

POR TRÁS DAS CÂMERAS LIVRO REFLETE SOBRE A ORIGEM DO CINEMA E O IMPACTO DE HOLLYWOOD NA CONVICÇÃO MORAL E RELIGIOSA DE BILHÕES DE PESSOAS ANDRÉ VASCONCELOS

L

uz, câmera, ação! Essas palavras representam o encanto que Hollywood promete a seus espectadores por meio de três elementos básicos: brilho, imagens e movimento. Mas como esse encanto começou? Como a indústria do cinema norte-americano passou a ser uma potência mundial? Como os filmes se tornaram um dos produtos midiáticos mais consumidos ao redor do globo? Para responder a essas e outras questões, o pastor Fernando Beier, autor dos livros Experimente um Recomeço, Crise Espiritual e do devocional Mais Cedo com Deus, publicados pela CPB, discorre sobre a evolução e o poderio do cinema nos Estados Unidos. Ao fazê-lo, também reflete sobre o impacto da ideologia de Hollywood na vida dos cristãos. Assim, o livro O Encanto de Hollywood (CPB, 2019, 144 p.), que tem como base a dissertação de mestrado do autor, mostra que os filmes e seriados são parte de

O AUTOR AVALIA O UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO A PARTIR DO CONCEITO BÍBLICO DO GRANDE CONFLITO ENTRE O BEM E O MAL R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

uma indústria de entretenimento que tem ajudado a moldar os valores morais e éticos da cultura contemporânea. Na obra, Beier avalia o assunto a partir da cosmovisão adventista, utilizando o conceito bíblico do grande conflito entre o bem e o mal como abordagem interpretativa. O livro está dividido em 12 capítulos e dois apêndices. Alguns dos temas discutidos são: a ideologia por trás das câmeras, o processo de preparação dos roteiros, as adaptações da indústria fílmica, o surgimento das séries de televisão e os cuidados que os cristãos devem ter ao assistir a um filme. A maior contribuição da obra, porém, se encontra no fato de o autor trazer para o centro da discussão o que realmente é o mais importante: o conteúdo. Dessa forma, ele revela que o problema é muito mais amplo do que apenas entrar ou não numa sala de cinema. Isso lhe permite concluir que “não há nada de errado em um cristão gostar de assistir a filmes, assim como não há problema algum em gostar de ouvir músicas. Se existe algum erro a ser apontado é este: assistir a todo e qualquer filme sem nenhuma preocupação e critério” (p. 123). Em resumo, o livro oferece respostas para diversas questões polêmicas a respeito do cinema, bem como sugestões práticas que ajudarão o leitor a escolher o que deve preencher e inspirar sua vida. Chegou a hora de ir além de dicussões superficiais. Afinal, numa sociedade iludida pelos encantos do

TRECHO

“Há limites para tudo na vida, e o mesmo vale para o consumo de filmes. O cristão não deve achar que, por causa de sua profissão de fé religiosa, ele está imune ao perigo. […] Satanás faz uso abundante da cultura fílmica para impressionar a mente das pessoas com ideologias espúrias e pseudoverdades. O objetivo final é confundir o ser humano e solapar os princípios bíblicos” (p. 123). mal, é necessário ser criterioso e imitar a decisão do salmista: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos” (Sl 101:3). ] ANDRÉ VASCONCELOS é pastor, pós-graduado em Teologia Bíblica pelo Unasp e editor associado de livros na CPB

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ENFIM

A TECNOLOGIA REDESENHOU O MAPA-MÚNDI. OS LIMITES GEOGRÁFICOS ENTRE AS NAÇÕES DESAPARECERAM E OS OCEANOS JÁ NÃO DIVIDEM OS CONTINENTES

AS POSSIBILIDADES OFERECIDAS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS PODEM AJUDAR CRISTÃOS ATÉ AQUI ACOMODADOS A SE TORNAREM TESTEMUNHAS COMPROMETIDAS CARLOS MAGALHÃES

A

tecnologia digital redesenhou o mapa-múndi. Os limites geográficos entre as nações desapareceram e os oceanos já não dividem os continentes. Hoje, os cidadãos globais estão conectados, independentemente de sua classe social, gênero, religião ou idioma. Essa nova realidade criou oportunidades nunca antes imaginadas para a pregação do evangelho. Passaporte e vistos não mais são necessários e as barreiras da chamada Janela 10/40 apresentam agora algumas fissuras, pelas quais é possível passar usando apenas o celular. Estima-se que a internet já conecte 57% da população mundial e que 42% utilizem mídias sociais, segundo o site internetworldstats.com. Nessas plataformas, o idioma deixou de ser um empecilho, pois centenas de sites e apps traduzem de tudo, gratuitamente. 50

Para exemplificar como estamos diante de novas oportunidades de missão no contexto digital, algum tempo atrás iniciei uma experiência com um aplicativo para celular que tem a finalidade de reunir pessoas, de várias partes do mundo, que desejam aprender outro idioma. Funciona assim: você escolhe o idioma que quer praticar, localiza pessoas fluentes nessa língua e, em contrapartida, também se oferece para auxiliar quem deseja aprender seu idioma materno. O resultado da experiência tem sido o surgimento de algumas amizades interessantes. Uma delas com um mulçumano que tem conversado comigo em inglês a respeito das diferenças e similaridades entre islamismo e cristianismo. Também conheci alguém da China que trabalha na produção de uma grande rede de comunicação em Pequim. Nosso interesse em comum é por filmes e tenho compartilhado o que a Igreja Adventista tem feito na área audiovisual. Vale lembrar que a missão no contexto digital não exclui a forma tradicional, apenas abre novas possibilidades. Através desses novos recursos, podemos testemunhar por meio de áudio e vídeo, para quem está perto ou longe, para brasileiros e estrangeiros. É possível também personalizar as mensagens de

CARLOS MAGALHÃES, publicitário e mestre em Administração pela FGV, é gerente de estratégias digitais da sede sul-americana da Igreja Adventista

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MISSIONÁRIOS DIGITAIS

acordo com o interesse e a necessidade de cada pessoa. Tudo isso com um simples clique ou toque. Porém, o maior poder da missão digital, assim como ocorre na missão presencial, está no relacionamento. Recentemente conheci a história de um adventista do México que começou a enviar despretensiosamente mensagens bíblicas em áudio para seus amigos via WhatsApp. O que ele não imaginava é que esse conteúdo seria largamente distribuído também em países da América Central, a ponto de ser ouvido pelo líder de uma guerrilha que depois ligou para ele pedindo uma visita. Cerca de 50 mil pessoas recebem diariamente essas mensagens e esse adventista tem sido convidado para pregar presencialmente em gabinetes de governos. Entre o missionário digital e o tradicional existem diferenças e semelhanças, mas ambos são chamados a praticar o que Ellen White chamou de o “método de Cristo” (A Ciência do Bom Viver, p. 143). O missionário digital é um missionário real. Seja compartilhando e-books, realizando uma visita presencial ou aconselhando por meio de um bate-papo virtual, toda palavra que ele profere ou digita pode ser um “cheiro de vida para vida” para alguém (2Co 2:16). ]


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