Adventist World Portuguese - August 2019

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NACIONAL Casarão na rua do Cedro, 124. Em junho, prefeitura de Brusque (SC) tombou o imóvel que tem valor histórico para o adventismo no Brasil

LINHAGEM ADVENTISTA MICHELSON BORGES

rio Itajaí-Mirim durante mais oito dias. Ao todo, foram 16 semanas de muitas dificuldades e privações, desde que deixaram a Alemanha até chegar à Colônia de Brusque. No sorteio dos lotes, os Pöpper e os Bruns acabaram sendo vizinhos, em Lajeado, cerca de três horas a pé da sede da Colônia. Por sua vez, os Hort morariam em Cedro Grande (para onde os Pöpper se mudaram mais tarde, em busca de terras mais produtivas, sendo seguidos depois pelos Bruns).

einrich Pöpper tinha apenas nove anos de idade quando sua família imigrou da Alemanha para o Brasil, em 6 de abril de 1869. Tempos depois, ele contou detalhadamente como foi essa aventura. O relato foi publicado pela Sociedade de Amigos de Brusque (Notícias de Vicente Só, nº 4, dezembro de 1987, p. 700-780). Com 36 anos, Friedrich Andreas Pöpper, pai de Heinrich, era apenas um ano mais velho que Heinrich Christian Georg David Hort. Eles eram naturais, respectivamente, das cidades de Helmstedt e Hötensleben, distantes 16 quilômetros uma da outra, e haviam se conhecido poucas semanas antes da viagem. Com a situação difícil na Alemanha, ambos decidiram mudar-se para o Brasil em busca de melhores condições de vida. As duas famílias fizeram amizade também com os Bruns. Três meses depois de zarparem do porto de Hamburgo, os tripulantes e passageiros puderam avistar ao raiar do dia a terra firme ao longe. A primeira parada foi na Colônia Santa Leopoldina, no Espírito Santo, mas os Hort, os Bruns e os Pöpper desembarcariam em Itajaí (SC), no dia seguinte. Dali seguiram para Brusque a bordo de canoas, avançando pelo

O CASARÃO DE HORT A Colônia de Brusque é importante para caracterizar a comunidade camponesa do Vale do Itajaí-Mirim, no fim do século 19. Basicamente era um aglomerado com aparência semiurbana, inserido na área colonial. Fisicamente não se assemelhava nem um pouco às aldeias camponesas alemãs da época, mas, a exemplo delas, tinha um forte laço de coesão social. Nas colônias, as vendas eram por excelência os lugares em que os moradores realizavam suas atividades sociais e econômicas. Esses estabelecimentos comerciais ocupavam posição de destaque, não tanto pelo volume do comércio, mas pelo fato de serem pontos de reunião para os vizinhos, o local das conversas e de entrega de correspondência. Assim que tomou posse de seu terreno, David Hort procurou estabelecer seu comércio e construiu entre 1875 e 1880 um amplo casarão colonial de dois pavimentos, cerca de oito quilômetros do atual centro de Brusque. O local era estratégico, pois ficava próximo do ponto de parada dos barcos no rio Itajaí-Mirim. A família morava no andar de cima e embaixo ficava a venda. Foi nessa venda que, no fim do ano 1880, o primeiro pacote de literatura adventista foi aberto no Brasil. As dez revistas Stimme der Wahrheit (Voz da Verdade) foram despachadas da editora da igreja nos Estados Unidos para Carlos Dreefke. Depois disso, muitos outros impressos e livros foram enviados ao Brasil, fazendo com que várias famílias se interessassem pela mensagem adventista (veja o documentário Homens de Fé na plataforma feliz7play.com).

Pesquisador realiza trabalho missionário inédito com descendentes de família pioneira da igreja no Brasil

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R e v i s t a A d ve n t i s t a // Agosto 2019

Foto: Associação Catarinense

David Hort, o dono do armazém que recebeu as primeiras revistas adventistas que chegaram ao Brasil, na década de 1880


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