Revista Ribeira 7

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Patrimônio cultural

A canoa caiçara e o mestre canoeiro

Canoa havaiana

Um esporte que cresce em Ubatuba

De olho no futuro

Turismo em alta no litoral norte paulista

E mais

Velejadores, bikes de estrada, gastronomia, serviços...

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Olá! Chegamos ao nosso sétimo número em um momento em que todos olham para 2021, com a expectativa de superar o difícil ano em que convivemos com uma crise de saúde mundial, que a todos atingiu de diversas formas. Por estarmos agora com as esperanças depositadas no que cada um de nós tem pela frente, decidimos dedicar esta edição ao futuro. Começamos com boas notícias sobre a ampliação da infraestrutura de saneamento de Ubatuba, que terá grande impacto na qualidade de vida da população nos próximos anos. Contamos sobre uma jovem equipe local na matéria sobre canoa havaiana, e ainda o que esperar no futuro com o crescimento do turismo hiperlocal e do fluxo de pessoas que vêm testando a cidade como opção para sair dos grandes centros. E por sabermos que futuro e passado estão entrelaçados em nosso litoral, trazemos um pouquinho das nossas tradições na história da canoa caiçara e nas dicas de gastronomia local para degustar, quem sabe, em um belo passeio pelas ilhas de Ubatuba. Esses são apenas alguns assuntos desta recheada e deliciosa edição, que ainda conta as aventuras de Tio Spinelli e dos irmãos Lucas e Neto, todos navegadores que têm como porto do coração – assim como nós – a Ribeira. Aproveite a leitura!

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ÍNDICE

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EDITORIAL

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MEIO AMBIENTE

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Saneamento em foco

ESPORTE

Canoa havaiana

12 TURISMO E LAZER Home office em Ubatuba

16 CULTURA E HISTÓRIA Canoa caiçara

20 GASTRONOMIA Do Jundu para você

24 GENTE

Tio Spinelli Irmãos Katoosh

Revista Ribeira Uma publicação da Atmosfera

32 INFRAESTRUTURA

Editor Kailash C. Pinotti Edição de arte Paula Muniz Edição de texto Regina Araki Entrevistas Hedy Boscolo Colaboradores Allan Aragão, Bruno Furlan e Heloisa Sousa Impressão Resolução Gráfica

36 SERVIÇOS

Foto Carla Falleiros Foto de capa Allan Aragão

Dársena Voga Marine

Boa convivência no mar

40 CONSUMO

Ciclismo de estrada

42 GUIA 48 NOTA

São Paulo Boat Show

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SANEAMENTO EM FOCO Acordo entre os governos estadual e municipal garante ampliação da rede de saneamento básico em Ubatuba nos próximos anos

Atualmente, o município de Ubatuba conta com uma cobertura de 93% de distribuição de água tratada e 51% de coleta e tratamento de esgoto. Mas, daqui a alguns anos, a situação deverá estar bem diferente. Até 2028, esses índices devem chegar a 98% e 96%, respectivamente, colocando Ubatuba em um elevado patamar de saneamento básico, compatível com sua posição como uma cidade cercada pelo verde, na qual o meio ambiente é um dos maiores atrativos e também seu mais importante patrimônio. A ampliação dos serviços de água e esgoto é resultado de um acordo firmado em julho passado entre o governo estadual, por

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meio da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), e a Prefeitura de Ubatuba, que prevê um investimento total de R$ 687 milhões no decorrer de 30 anos. Os recursos serão usados em obras de curto, médio e longo prazos, mas as principais não devem demorar e o maior impulso se dará nos próximos seis anos. Só no sistema de esgotos deverão ser aplicados quase R$ 80 milhões em um prazo de dois anos. Com isso, a expectativa é que a capacidade da cidade tratar seu esgoto aumente muito até 2023. Em uma primeira etapa, serão contemplados os bairros da região central e já há obras em andamento, com o início da ampliação da principal

ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) da cidade. Milhares de pessoas serão beneficiadas com os investimentos, de norte a sul do município. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo no mês de julho, as novas ligações de tratamento de esgoto chegarão a cerca de 20 mil residências, enquanto o abastecimento de água tratada deverá atingir um número ainda maior de pessoas, favorecendo mais de 30 mil famílias. Segundo afirmou o diretorpresidente da Sabesp, Benedito Braga, além de beneficiar a qualidade de vida da população, a melhoria do saneamento vai trazer ganhos para o turismo. “Ubatuba


Meio ambiente | RIBEIRA

é um ícone do turismo no nosso país, e não só no nosso estado. Temos esse litoral maravilhoso que representa uma oportunidade de progresso enorme para São Paulo, principalmente na retomada do desenvolvimento após essa pandemia”, afirmou o executivo. Não há dúvida de que o turismo pode ser favorecido por melhorias na área de saneamento. Um estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, organização focada em saneamento básico e na proteção de recursos hídricos, relaciona diretamente os ganhos de renda do turismo no Brasil à universalização do saneamento. De acordo com o Instituto, essa universalização pode significar uma renda maior para os trabalhadores do setor, com a

valorização de redes hoteleiras, agências de turismo, restaurantes, quiosques, entre outros. E aos municípios que dependem do turismo, o amplo acesso ao saneamento pode gerar um retorno maior em impostos e melhor conservação ambiental. Mas os benefícios começam antes disso, para a própria população da cidade, que ganha em qualidade de vida e bem-estar. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada R$ 1 investido em saneamento básico são economizados R$ 4 em gastos com saúde pública. Assim, os investimentos que começam a ser feitos em Ubatuba devem trazer uma melhoria nas condições de saúde dos moradores do município, o que é requisito básico

para o avanço no desenvolvimento socioeconômico de toda a região. Com esse passo em saneamento básico dado em 2020, a cidade se prepara para continuar crescendo de forma sustentável, buscando cuidar tanto de suas comunidades quanto da natureza que faz parte da vida dos moradores e de todos que visitam e se encantam por Ubatuba.

Praia Grande, bairro de Ubatuba em crescimento. Foto: Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo R5


COMO OS ANTIGOS POLINÉSIOS Ubatuba já reúne muitos praticantes da canoa havaiana, tipo de embarcação milenar que se transformou em um esporte repleto de benefícios para o corpo e a mente A Polinésia é uma região que reúne mais de mil ilhas no Oceano Pacífico, entre a Austrália e os Estados Unidos, englobando o Taiti, o Havaí e a Ilha de Páscoa. Foi nessa região, há cerca de 3.000 anos, que surgiu a canoa havaiana ou polinésia, também chamada de outrigger canoe e ainda wa'a ou va'a, sua denominação tradicional. São muitos nomes para uma mesma embarcação, que se distingue por possuir um segundo casco menor ou flutuador, que a estabiliza sem reduzir sua velocidade. Esse tipo de canoa teve um importante papel para os diversos povos da região polinésia, sendo usada para muitos fins,

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principalmente transporte local e longas navegações. Também fazia parte de vários rituais e tradições, sendo considerada sagrada por esses povos. Ao longo dos séculos, a canoa havaiana continuou viva e se transformou em um esporte praticado em vários locais do mundo. Hoje, ela não é mais fabricada com madeira, como antigamente, e sim com fibra de vidro, na medida padrão de 14 m de comprimento por 50 cm de largura, para a modalidade principal do esporte, com seis remadores. Na canoa, cada um tem uma função específica, e todos devem remar em sintonia e com ritmo. A chegada do esporte no Brasil é relativamente recente

– aconteceu em 2000, por iniciativa de Fábio Paiva, atleta da canoagem oceânica que difundiu o va'a no país de forma pioneira. Atualmente, há praticantes e escolas em muitas cidades litorâneas, principalmente as paulistas e fluminenses. E ele vem atraindo um número cada vez maior de adeptos pelos muitos benefícios que proporciona.

Para o corpo e a mente Além de ser uma ótima atividade para a saúde, que trabalha o fortalecimento dos músculos e o condicionamento cardiovascular, a canoa havaiana exige atenção e integração entre os remadores, promovendo o respeito pelo trabalho em equipe, aprendizado essencial para inúmeras


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situações. E como se não bastassem esses pontos positivos, há outro muito importante: a grande interação que proporciona com a natureza, permitindo adentrar belos cenários naturais que muitas vezes só podem ser vistos e admirados a partir do mar. "Cada passeio é um deslumbre, seja pelo pôr do sol, pelas paisagens ou pelos animais que aparecem, como as tartarugas. Estamos explorando uma região tão rica naturalmente que o tempo todo a gente tem uma surpresa", conta Diogo Ribeiro, que começou a remar há três anos em Ubatuba, no Itaguá. Conquistado pelo esporte, ele criou, juntamente com Leonardo Passaglia, que já foi salva-vidas, uma equipe de canoa havaiana na Praia do Lázaro, em Ubatuba,

que na prática funciona como uma escola. Morando em um veleiro no Saco da Ribeira e com a certificação de Mestre-Amador, que habilita à navegação costeira, o arquiteto Diogo encara a Va'a Sul, sua equipe de canoa havaiana, como muito mais que um hobby. Apesar de demandar dedicação e esforço, ele se sente recompensado com a possibilidade de reunir pessoas para remar em conjunto e recomenda o esporte para todas as idades, a partir dos oito anos. "Temos uma faixa etária bastante ampla, com pessoas de mais de 60 anos e também crianças, filhos e filhas dos remadores mais velhos", conta ele. Esse ambiente familiar atraiu os moradores da região e já há a ideia de criar uma

turma infantil, após a interrupção causada pela pandemia: "Mesmo sendo um esporte ao ar livre, temos seis pessoas remando próximas, e algumas têm mais idade", explica Diogo sobre a pausa nas atividades, que podem ser retomadas ainda neste verão.

Aprendizado na prática Diogo acredita que o melhor aprendizado para a canoa havaiana é no mar, remando, desde o primeiro contato com o esporte. "Na aula inicial, após uma explicação técnica na areia, o aluno já sai remando. Depois, dia a dia, vamos acrescentando ensinamentos", conta ele, destacando que os treinos são bem variados. A equipe faz um trajeto diferente a cada dia, alternando R7


rotinas de maior resistência a outras, que exigem mais força. Outra característica da equipe do Lázaro é o sistema de rodízio de posições entre os remadores. Como cada posição corresponde a uma função (veja quadro), alternar os remadores de lugar traz benefícios, na visão de Diogo: "É muito importante que as pessoas conheçam todas as posições, para que saibam o que faz cada remador e qual sua responsabilidade. Com a rotatividade, cada um acaba se saindo muito melhor em seu papel". Talvez esse aprendizado também tenha seus reflexos no comportamento das pessoas no dia a dia, até mesmo fora do esporte, uma vez que permite, na prática, se colocar na posição do outro e ver uma mesma situação

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com um olhar diferente, o que não deixa de ser um treino para desenvolver a empatia.

Um projeto para o futuro Outro expoente da canoa havaiana em Ubatuba é Lucas Miom, responsável pela Ubatuba Hoe, escola no Itaguá. Foi lá, inclusive, que Diogo se tornou um entusiasta do esporte, antes de criar sua própria equipe. Além de instrutor, Lucas é praticante de diversos esportes e um remador experiente, tendo participado da maior expedição de canoa havaiana do país, realizada em 2018, quando uma equipe de remadores saiu de Niterói (RJ) e chegou a Santos (SP) depois de percorrer 430 km em 10 dias. Em paralelo ao seu trabalho na

Ubatuba Hoe, ele mantém um projeto social para crianças e adolescentes da cidade. Tudo começou em 2017, sem muitas pretensões, quando ele começou a convidar alguns alunos do ensino municipal para ocupar as vagas que sobravam em suas aulas particulares. A atividade empolgou a garotada – uns foram chamando outros, até que Lucas, vendo o interesse crescente dos jovens, buscou apoio da Prefeitura e ganhou a atenção da Secretaria de Esportes. "Foi assim que começou oficialmente, em 2018, a Escolinha Municipal de Va'a", diz ele, orgulhoso. Quando as aulas foram interrompidas em março, por conta da pandemia, a escolinha contava com 46 alunos, entre 10 e 17 anos. Para


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participar, os jovens precisam estar matriculados em alguma instituição de ensino e se inscrever na Prefeitura, que atende a todos os interessados, priorizando os alunos da rede pública. Lucas diz que o esporte tem reflexos diretos na vida dos participantes. "Um dos benefícios que vejo com a prática da canoa havaiana é a melhora na socialização, uma vez que eles precisam trabalhar em equipe tanto dentro como fora da água. É preciso se harmonizar com os demais e praticar a aceitação." Ele também cobra dos alunos o aproveitamento escolar e vê ótimos resultados, nos treinos e no comportamento dos jovens em suas casas e escolas. Com o trabalho, Lucas devolve

à sociedade o que aprendeu, uma vez que ele também teve sua vida mudada por um projeto social ligado ao esporte quando era jovem. E, assim como aconteceu com ele, a canoagem vem abrindo oportunidades para os jovens participantes, que têm se destacado no cenário de competições nacionais. "Começamos a competir em 2018 e tivemos boas colocações, tanto na modalidade individual quanto em equipe. Já no primeiro ano de competições, nossa equipe sub 16 anos foi campeã invicta do circuito paulista e depois conquistou o campeonato brasileiro", comemora ele, que também destaca os talentos do time: "Individualmente, nossos atletas já foram campeões brasileiros, vice e terceiro lugar,

e esses mesmos alunos estão participando de competições com o time adulto. No ano passado, com alguns deles, ficamos em terceiro lugar na volta de Ilhabela, competição que dá a volta à ilha, em um trajeto com cerca de 90 km e mais de 8 horas de prova". Os atletas juniores estavam classificados para o campeonato mundial de velocidade, que aconteceria em agosto, no Havaí. Lucas lamenta o cancelamento devido à crise sanitária mundial, mas acredita que só a conquista da vaga pela equipe da escolinha já tenha sido algo de muito valor para os jovens: "Isso criou na cabeça deles uma vontade, uma determinação, que pode alavancálos e levá-los para onde eles quiserem". R9


Oportunidades não faltarão aos jovens. Os treinos ainda não foram retomados, devido à paralisação das atividades das escolinhas municipais, mas assim que for divulgado um novo calendário de competições, Lucas afirma que a equipe pretende sair em busca de novas vitórias, focando nas competições oficiais.

Em busca da natureza Seja para lazer, bem-estar ou competição, a canoa havaiana vem se tornando cada vez mais popular no país, entre pessoas de todas as idades e também níveis de condicionamento físico. O esporte é tão apaixonante que muitos não se importam de acordar cedo e se aventurar no mar ao nascer do sol para praticar

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a atividade, em um dos horários mais procurados pelos remadores. Ainda segundo Diogo, o interesse faz parte de um movimento mais amplo: "As atividades náuticas e aquáticas estão em voga, principalmente porque as pessoas têm buscado um contato maior com a natureza". Por isso, muitos consideram a canoa havaiana mais do que um esporte, encarando-a como uma maneira de estar em contato com a natureza, e também uma forma de educação ambiental, já que a partir desse contato os praticantes se tornam mais conscientes em relação à necessidade de preservação. E aí, se animou a dar suas remadas? Aproveite os clubes e escolas de Ubatuba e experimente essa atividade tão prazerosa

e também tão democrática, conforme Diogo gosta de ressaltar: "Quando estão dentro de uma canoa, todas as pessoas são iguais, sem distinção política, social ou racial". Páginas anteriores, fotos de Carla Falleiros: time Ubatuba Hoe Júnior 16, comemorando uma de suas vitórias em 2018, ano em que foram campeões invictos Espírito de união da equipe Ubatuba Hoe na sua estreia em 2017, quando conquistou o segundo lugar na etapa de Cabo Frio do Aloha Spirit Nesta página, fotos de Gabriel Ferreira: momento da travessia realizada em celebração aos quatro anos do clube Ubatuba Hoe Remadores com camiseta onde se lê IMU4 – uma referência ao termo polinésio imua, que significa avante


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Trabalho em equipe Nas canoas com seis remadores, cada um possui uma função • Remador 1: posicionado na parte dianteira da canoa, é responsável pelo ritmo das remadas e pode auxiliar no direcionamento da canoa. • Remador 2: primeiro responsável pela sincronia das remadas, também pode auxiliar no direcionamento. • Remador 3: conta e dita a frequência das remadas, liderando o time. • Remador 4: é o principal banco de propulsão; junto ao remador 3, forma o "motor" da canoa. • Remador 5: é o auxiliar principal na direção e equilíbrio. • Remador 6: direciona a canoa, usando o remo como um leme.

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DE OLHO NO FUTURO Com o aumento do turismo de natureza, a procura por viagens hiperlocais e novos residentes em home office, Ubatuba registra crescimento na sua população flutuante FOTO

ADOBE STOCK

Segundo o portal Trip Advisor, maior site de viagens do mundo, Ubatuba está entre os dez destinos turísticos mais procurados do Brasil. Não é para menos. Com mais de 100 praias e 20 ilhas, ela está localizada na Costa Verde, em um trecho do litoral paulista onde a Serra do Mar se debruça sobre o Atlântico, o que faz com que a cidade seja completamente cercada pela natureza. Existem três parques de preservação ambiental na região: o Parque Estadual da Serra do Mar, o Parque Nacional da Serra da Bocaina, ao norte, além do Parque Estadual Ilha Anchieta, que tem inclusive uma área subaquática preservada.

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Com essa enorme riqueza natural, Ubatuba se consolida como um dos maiores polos turísticos de toda a região Sudeste após o período mais crítico da pandemia. Isso acontece em um momento em que se registra uma grande procura por destinos de natureza, seja para fugir de metrópoles, fazer passeios ao ar livre ou estar em contato com o meio ambiente natural, o que contribui para fortalecer a saúde física e mental, aumentando nosso bem-estar. A procura por destinos de natureza já vinha ganhando destaque em todo o mundo, mesmo antes da pandemia. No final do ano passado, a plataforma de hospedagem Airbnb já tinha incluído Ubatuba em sua lista dos 20 lugares do

mundo para visitar em 2020, em um ranking no qual o destaque foi o turismo ecológico consciente e que incluiu outros destinos que estão se popularizando justamente por este apelo, como Vanuatu, no Pacífico Sul, e a verde Eugene, no estado norteamericano do Oregon. Outra razão que explica o aumento do fluxo de visitantes em Ubatuba é sua proximidade de grandes centros populacionais. Com as restrições ao turismo internacional e a baixa procura por deslocamentos aéreos internos, as viagens de curta distância estão em alta. São os chamados destinos hiperlocais – aqueles com distância de até 300 km, ou seja, que podem ser visitados de carro –, que surgem


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como uma das tendências atuais e que devem continuar tendo grande procura ao longo de 2021. As obras viárias realizadas para facilitar o acesso ao Litoral Norte paulista, em especial a duplicação da Rodovia dos Tamoios, que já está cerca de 80% concluída, favorecem tal cenário. Com esse movimento local, o potencial da região fica evidenciado. Em uma entrevista ao portal de turismo M&E, Vinicius Lummertz, secretário de Turismo do estado de São Paulo, confirma isso. Mencionando um monitoramento do Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET) que avaliou a região formada pela Mantiqueira, as cidades do Vale e o litoral, ele afirma: “Ela atrai

tanto os moradores da Grande São Paulo, com população de 21,5 milhões de habitantes, quanto turistas que vêm de diversas cidades do interior”. Os dados confirmam o cenário positivo: as prefeituras das quatro cidades que compõem o Litoral Norte – São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba – vêm registrando um aumento considerável da população flutuante nos últimos meses, refletindo o que está acontecendo em todo o país. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), no feriado de 7 de setembro, por exemplo, os turistas optaram por fazer deslocamentos mais curtos e dentro das suas próprias regiões, sendo que, em alguns lugares, a

taxa de ocupação das vagas de hospedagem chegou a 90%. O aumento não se dá apenas em relação aos visitantes de fins de semana. Com as possibilidades de home office e da educação a distância que surgiram com a pandemia, cresceu o interesse por deixar os grandes centros e procurar cidades menores, mais seguras e agradáveis para residir neste período – ou, quem sabe, para sempre. A publicitária Manuela Mesquita, de 36 anos, é uma das muitas pessoas que passou parte da quarentena em Ubatuba. Ela veio de São Paulo com seu companheiro depois do início da pandemia para passar um mês, mas acabou ficando quase três. "Viemos para cá porque estávamos R 13


sentindo muita falta de ficar ao ar livre", conta ela. Morando em um apartamento em São Paulo, Manuela estava se ressentindo da falta de liberdade e das restrições causadas pelo isolamento social. Ela já frequentava Ubatuba nos feriados e finais de semana, mas se surpreendeu positivamente com a experiência de viver e trabalhar na cidade. "O principal benefício foi o contato com a natureza e com o mar, além da possibilidade de fazer esportes. Não sentimos falta de praticamente nada e percebemos que é possível morar na praia", conta ela, ressaltando ainda que o período foi muito produtivo em termos de trabalho. A produtividade do home office é, inclusive, um dos pontos já

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reconhecidos pelas empresas que pensam em adotá-lo de forma mais ampla daqui para frente. Segundo pesquisa realizada pelo grupo Ticket em outubro, 36% dos entrevistados disseram que suas empresas já sinalizam a adoção permanente do trabalho remoto, enquanto outros 33% dizem que deve ser adotado um modelo híbrido. Isso significa que a opção por escolher onde morar, independentemente de onde o empregador está instalado, é possível para um grande número de pessoas, que veem com bons olhos a opção. Tanto que a mesma pesquisa revelou que 28% dos entrevistados – incentivados pelo trabalho remoto parcial ou definitivo – consideram sair dos grandes centros para ter maior

qualidade de vida. E é justamente isso que é possível encontrar em Ubatuba: "Com certeza a qualidade de vida melhora muito, e para nós foi uma experiência ótima", diz Manuela, se referindo a viver na cidade. Mas ela faz uma ressalva importante, que não pode ser esquecida: "Precisamos ter cuidado para não estragar as praias. A grande maravilha de Ubatuba é a natureza, então devemos desfrutar dela com consciência para que nada seja deteriorado ou destruído". Praia Vermelha do Norte, um dos belos cenários naturais da cidade e, ao lado (foto de Tony Fleury), a movimentada Rua Guarani, na região central


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Foto: Tony Fleury

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UM SÍMBOLO DA HARMONIA COM A NATUREZA A canoa caiçara resiste como um patrimônio cultural das comunidades litorâneas FOTOS ALLAN ARAGÃO

Pintadas de branco, azul celeste, verde e tantas outras cores alegres, as canoas caiçaras podem ser encontradas em muitas praias do litoral norte paulista onde estão presentes comunidades tradicionais da região. Elas representam o ganha-pão de um grande número de famílias que ainda trabalham com a chamada pesca pequena ou artesanal, feita com linha, rede ou espinhel, que consiste em um sistema com vários anzóis. Mas as canoas caiçaras, construídas a partir de um único tronco de madeira, representam muito mais do que isso. São talvez o maior símbolo da cultura caiçara, formada ao longo de séculos de ocupação do litoral brasileiro, e que ainda resiste apesar da

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dificuldade em manter vivas as heranças do passado. Desde sua produção manual até seu uso na vida e na subsistência de famílias litorâneas, a canoa caiçara carrega consigo o poder de transmitir essa cultura de uma geração a outra, em uma época em que isso é cada vez mais desafiador e importante. O projeto “Com quantas memórias se faz uma canoa”, realizado pelo Instituto Costa Brasilis e seus parceiros, catalogou mais de 400 canoas em 36 praias e illhas de Ubatuba. Na época do estudo, publicado há alguns anos, o lugar com maior número de canoas, 38 no total, era a vila de Picinguaba, um reduto de pescadores no extremo norte do município, onde até

hoje a pesca artesanal é uma das principais fontes de renda, juntamente com o turismo. O estudo também identificou os construtores de canoas em Ubatuba, e listou 45 deles. Os mestres canoeiros, como são conhecidos esses artesãos, sabem trabalhar a madeira como poucos, e tirar dela a canoa perfeita, que combina funcionalidade, manutenção mínima e facilidade de manejo. E o mais incrível é a forma como fazem isso: eles não trabalham com projetos desenhados em papel, construindo as canoas exclusivamente a partir de modelos mentais, o que torna seu saber ainda mais precioso. Para o feitio da canoa, os mestres recorrem aos instrumentos mais


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simples da carpintaria, mas hoje também são usadas a motosserra e ferramentas elétricas para agilizar e baratear a produção. Porém, o símbolo do ofício de confeccionar canoas está em uma só ferramenta: o enxó. Um dos primeiros utensílios inventados pelo homem, o enxó tem várias funções na fabricação da canoa e é sempre adaptado de acordo com o estilo de cada canoeiro. Um desses artesãos que trabalha combinando ferramentas tradicionais às modernas é Renato Bueno, nascido em Santos e morador de Ubatuba desde os três anos de idade. Hoje, com 44 anos, reside no Perequê-Mirim e vive de construir canoas e de outros trabalhos de carpintaria.

Mestre Renato, como ele é conhecido, conta que começou a aprender o ofício de pequeno, observando o tio, que fazia e consertava canoas. "Desde os sete anos de idade comecei a pegar gosto por ferramentas e a acompanhar a construção de canoas. Depois, mais tarde, fui aprender com o Baéco, de Ubatumirim, talvez o maior construtor de canoas do país inteiro, que me ensinou a bater a linha de carvão". A expressão "bater a linha de carvão" a que ele se refere corresponde a marcar as medidas da canoa na madeira bruta, o que é feito riscando a tora com carvão. Uma vez aprendido o ofício, começou a diversificar sua produção: "Fui inventando

outras canoas e comecei a usar a motossera para adiantar o trabalho, e uma canoa, que antes eu tirava em 10 dias, passei a tirar em apenas um". Mestre Renato estima já ter produzido centenas delas, e não apenas para a pesca. Segundo ele, também há grande procura de canoas para serem usadas como elementos de decoração. As canoas caiçaras são feitas de diversas madeiras, entre elas o guapuruvu, o cedro e o ingá, entre outras. E aí está o aspecto da atividade que talvez mais tenha mudado ao longo dos anos: as madeiras são as mesmas de sempre, mas árvores não são mais derrubadas para a construção das canoas. Os canoeiros trabalham agora R 17


apenas com madeira autorizada pela Defesa Civil, como árvores secas ou caídas na mata, sempre respeitando a Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, conhecida como “Lei da Mata Atlântica”, que restringe o corte de árvores e foi criada para proteger esse bioma tão delicado. Os mestres canoeiros tiveram que se adaptar à lei e hoje reconhecem sua importância. A produção foi adequada e todos continuam trabalhando, mesmo quando têm que lidar com a escassez da matéria-prima: "Acabo usando o que tiver", conta Mestre Renato. "Nem sempre a gente acha uma madeira de cinco metros. Às vezes você só tem madeiras menores para trabalhar, então o jeito é fazer

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canoas menores. No final, tudo vira arte", conclui. O próprio professor dele, o Mestre Baéco, declarou em uma pesquisa para o Iphan sobre a canoa caiçara que, depois da lei, passou a trabalhar com madeiras defeituosas, o que demanda mais tempo e habilidade do mestre canoeiro. A restrição ao corte das árvores da Mata Atlântica é mais um capítulo na longa história da canoa caiçara, mas essa forma sustentável de selecionar e trabalhar com a madeira não deixa de estar em sintonia com o antigo espírito caiçara de viver em harmonia e equilíbrio com o ambiente natural. Já faz tempo que a madeira deixou de ser um problema para o Mestre Renato, mas hoje ele

tem uma grande preocupação: transmitir seu ofício à próxima geração. "Vou a eventos em vários lugares ensinando o que sei, já estive em diversas cidades e participei de documentários", conta. Apesar de não encontrar o interesse do tamanho que gostaria, ele não se cansa e continua disposto a percorrer comunidades caiçaras de todo o litoral norte paulista apresentando a canoa caiçara e contando como ela é construída. No que depender de mestres como ele, este é um símbolo que continuará sempre vivo em nossa rica cultura brasileira.

Mestre Renato na sua carpintaria localizada na praia da Enseada


Cultura e Histรณria | RIBEIRA

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PARA DEGUSTAR AO SABOR DO MAR Maria Cleonice Estáquio, chef do Jundu, dá dicas de boa gastronomia para saborear no mar FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Experiente, inventiva e profundamente ligada aos ingredientes e sabores locais, Maria Cleonice Eustáquio comanda a cozinha do Jundu, que em poucos anos conquistou uma sólida reputação desde que nasceu em um quiosque na praia do Prumirim, que fica na região norte de Ubatuba. Hoje, além do bar de praia, está à frente também do Jundu Restaurante, no Itaguá. Com uma trajetória marcada por cerca de uma década trabalhando com o renomado chef Alex Atala nos restaurantes Dalva e Dito e D.O.M., além de uma passagem pelo Cosme, de Nova York, Maria lidera o Jundu com seu irmão e sócio, Gilberto Eustáquio.

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Em sua cozinha entra o melhor de Ubatuba, na forma de alimentos provenientes de produtores e pescadores locais, em um esforço para fomentar a comunidade caiçara. E a qualidade desses ingredientes, como a mandioca que vem do Sertão do Ubatumirim e os peixes fresquíssimos pescados na região, retribuem com sabores únicos, que se destacam em uma cozinha caiçara com toques contemporâneos e sofisticados. A estrutura do restaurante também recebe encomendas de quem deseja desfrutar dos pratos da chef em um passeio de barco. "Atendemos algumas pessoas, faço lagosta na brasa, petiscos, casquinha de lagosta, de camarão, camarão empanado com molho agridoce, coisas assim. Levamos

até o cais e entregamos nas louças, que depois são devolvidas", conta Maria. Ela sabe quais pratos agradam mais a navegadores e velejadores, e compartilhou com a revista Ribeira dicas para aqueles que querem aproveitar uma boa gastronomia com o mar como cenário. Confira! Peixes e frutos do mar não podem faltar Nada combina melhor com um passeio de barco. Maria lista alguns pratos: "Aconselho um ceviche, moqueca ou caldeirada". Sobre os peixes, cita três: "Robalo, budião, namorado fresco". E para quem quer impressionar sem ter muito trabalho, dá duas sugestões: macarrão com lulas ou camarões grelhados.


Gastronomia | RIBEIRA

Pratos mais sofisticados também com espírito marítimo Para uma refeição especial a bordo, as dicas de Maria também vêm do mar: "Pode ser uma casquinha de lagosta com purê de batata gratinado, ou um ceviche de camarão, ou ainda vieiras com redução de champanhe, manteiga e limão siciliano. Algo mais voltado a frutos do mar, com o acompanhamento de palmito ou de vegetais, por exemplo". Pensou em algo mais simples? Veja opções "Você pode levar coisas prontas, como sanduíches ou uma boa pasta de beringela assada. Massa também é algo bem fácil para um barco e tem boa durabilidade", diz Maria, mencionando uma questão

importante a ser considerada em passeios mais longos. Valorize o que é local "Minha dica é usar produtos frescos e da região", enfatiza a chef, que vem se destacando cada vez mais justamente por seu trabalho com ingredientes locais. Ubatuba tem produtos de qualidade cultivados no município e arredores, e valorizálos contribui para fortalecer o emprego e a renda de pequenos negócios locais. Não esqueça a sobremesa Maria tem suas preferências: "Gosto de trabalhar com frutas frescas, cheesecake, sorvetes e mousses", diz ela, que tem em seu menu de sobremesa um

surpreendente cheesecake de gengibre com calda de cambuci (foto), fruta de árvore nativa da Mata Atlântica. Essas dicas valem para quem pretende cozinhar a bordo, levar opções prontas ou optar pelo delivery de um restaurante em seu passeio de barco. O importante é fazer um planejamento prévio, para aproveitar ao máximo os bons momentos e degustar um prato fresco e leve em um dos muitos lugares especiais do nosso litoral, que tem tantas opções em praias, enseadas e ilhas. Escolha sua rota, ancore em um belo cenário natural e bom apetite! Maria em seu restaurante e uma de suas sobremesas com sabores locais R 21


DO JUNDU PARA VOCÊ A chef Maria compartilha aqui uma de suas receitas com nossos leitores. Aproveite, você pode prepará-la e degustála onde quiser, embarcado ou em solo firme. Da Maria Ingredientes 150 g de camarões médios 150 g de polvo 1 palmito fresco 1 cenoura grande 1 abobrinha italiana 2 aspargos 30 g de folhas de manjericão 30 g de castanha do Brasil 10 g de parmesão ralado fino 1/2 cebola picada 40 ml de cachaça 65 g de mel 80 ml de shoyo Limão Alho picado Azeite e sal Para o pesto No liquidificador, bata o manjericão, as castanhas, meio dente de alho e um fio de azeite. Acrescente o sal e o parmesão e reserve. Para o molho de cachaça Junte o mel, o shoyo e a cachaça. Leve ao fogo baixo e reduza até 1/3 do volume inicial. Reserve.

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Para o polvo Tempere com sal e limão. Numa panela a vapor, cozinhe o polvo por 30 minutos. Corte uma parte dos tentáculos e reserve. Para o camarão Tempere os camarões com alho, sal e limão. Esquente bem uma frigideira, regue com um fio de azeite e salteie os camarões. Para os legumes Separadamente, pique os aspargos em rodelas e corte o palmito e a cenoura com uma mandolina, em fios, e reserve tudo. Parta a abobrinha ao meio e, em uma frigideira bem quente, doure a parte interna. Corte em pedaços pequenos e reserve. Esquente a frigideira e doure a cebola e o alho picado em um fio de azeite. Refogue os legumes e acerte o sal. Desligue o fogo, adicione uma colher do pesto e misture. Montagem No prato, faça uma cama com os legumes, coloque os frutos do mar e os pincele com o molho. Finalize com raspas de limão.


Gastronomia | RIBEIRA

Da Maria, prato delicioso para um belo dia de praia

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A GRANDE VIRADA Desde que mudou para Ubatuba, Tio Spinelli concluiu a construção do seu próprio barco e não parou mais de velejar. Agora, com 70 anos, planeja sua próxima viagem à África FOTOS ARQUIVO

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Um homem de muitas histórias. Assim é José Spinelli Neto, ou Tio Spinelli, como é conhecido esse engenheiro mecânico que, aos 50 anos de idade, resolveu largar sua rotina de trabalho em São Paulo para viver em Ubatuba e se dedicar à construção de seu barco. Isso aconteceu em 2000 e àquela altura ele já tinha gasto cinco anos na construção de seu veleiro. Sua esposa topou a mudança e embarcou com ele no sonho de morar no litoral e viver a vida navegando. Enquanto ele estava na capital paulista, só trabalhava no barco nos finais de semana. "Depois de mudar para Ubatuba, comecei a me dedicar integralmente ao barco,

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tinha tempo, mas aí não tinha dinheiro", diverte-se ele. A saída foi dar aulas de mergulho, uma de suas paixões, para complementar a renda e conseguir levar adiante a empreitada. Foi assim, com muita teimosia e persistência, que ele conseguiu realizar seu sonho. Seis anos depois da mudança para Ubatuba ficou pronto o Soneca, o veleiro de 33 pés que Tio Spinelli construiu do zero com suas próprias mãos – e também com a ajuda de outros profissionais qualificados, coisa que ele faz questão de ressaltar. O barco é inteiramente em mogno, recoberto de fibra, e ganhou esse nome porque Spinelli, que já que tinha feito o curso de rádio operador na Marinha, queria um

nome curto e de fácil pronúncia. Chegou a Soneca como uma homenagem à esposa, que na época da escolha do nome dormiu 29 horas em uma viagem que durou 36. Quando Soneca ficou pronto, veio mais um sacrifício, a venda do carro do casal para custear o mastro do veleiro – o que valeu a Spinelli a descoberta de que em Ubatuba é possível fazer tudo de bicicleta, inclusive ganhar condicionamento físico. Durante os 11 anos que passou construindo seu veleiro, o maior sonho foi sempre vê-lo na água. Mas quando o Soneca estava na reta final, Spinelli passou um período apreensivo: "Será que ele vai aguentar? Como vai se comportar no mau tempo? Será


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que vai boiar?" Ele boiou, mas o começo não foi exatamente fácil. Assim que o barco ficou pronto, havia muito a fazer, pois a ideia era usá-lo para charters e aulas de mergulho, mas foi preciso enfrentar alguns problemas e ganhar familiaridade para conduzi-lo com confiança. Com os anos, veio muito mais que familiaridade, vieram milhares de milhas velejadas e muitas experiências. Tanto que em 2013 ele decidiu compartilhar seus aprendizados e começou a trabalhar com a atividade que mantém até hoje, as aulas de vela. "Criei uma metodologia própria para formar velejadores oceânicos", conta Spinelli, que sempre gostou de dar aulas. Atualmente, a Escola de Vela

Oceânica do Tio Spinelli recebe os alunos aos finais de semana para participar do curso formado por três módulos, que inclui a navegação de aproximadamente 350 milhas. Ao final, no módulo chamado de Blue Water, os alunos fazem o trajeto de Ubatuba a Cabo Frio, no Rio de Janeiro, ou a Joinville, em Santa Catarina, destino decidido em função do vento e demais condições metereológicas. Com a escola e a paixão por velejar, Tio Spinelli já fez incontáveis viagens com o Soneca desde que o barco ficou pronto, há 14 anos. Mas o porto seguro sempre foi Ubatuba: "Em termos de vento, a região é instável e não seria a ideal para velejar, mas ela tem um charme todo especial".

Os ventos não são realmente sua preocupação, pois ele gosta das mais diversas condições e também de aproveitar a natureza local: "Ubatuba tem a vantagem de ter uma costa bem recortada, com um grande número de praias e abrigos para você parar quando está navegando. São muitos lugares especiais para passar um final de semana, por exemplo". Spinelli também tem uma relação especial com a Ribeira e com as pessoas que moram e trabalham na região. "Temos ótimos profissionais, pessoas confiáveis, com quem é possível cultivar bons relacionamentos. Tenho muito carinho pela Ribeira", conta ele. Foi a partir do Saco da Ribeira que Tio Spinelli partiu para suas três grandes viagens: Argentina, R 25


em 2017, e África do Sul, em 2018 e novamente no ano seguinte. Foi na primeira delas que ele comprovou a importância do planejamento em trajetos mais longos. A viagem ao país vizinho, programada para durar 35 dias no total, ida e volta, acabou demandando 65, por vários motivos. As experiências seguintes foram muito melhores. Cada uma das viagens ao continente africano teve a duração de pouco mais de um mês na ida e cerca do mesmo tempo na volta, totalizando, nas duas, quase 150 dias no mar. Spinelli conta que um dos pontos altos das viagens à África foi contar com amigos na tripulação, sempre formada por duas pessoas. Houve muitos momentos memoráveis e experiências

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no mar, além de cenários deslumbrantes. Entre eles, ele destaca a ilha de Santa Helena, uma das mais remotas do planeta, em pleno Atlântico, a quase meio caminho entre a América do Sul e a costa oeste da África. O lugar é conhecido por ter sido o refúgio de Napoleão, que lá passou os últimos anos de sua vida. Santa Helena é um dos lugares em que ele planeja atracar novamente. Apesar de septuagenário, Spinelli transborda disposição e não pensa em parar. Tanto que a data da próxima viagem já está marcada: em outubro do ano que vem ele pretende zarpar para sua terceira travessia do Atlântico, mais uma vez rumo à África. Enquanto planeja a próxima aventura, mantém sua rotina

em Ubatuba, desejando que mais pessoas possam viver o sonho que tantos têm de velejar. "Aqui na Ribeira, muita gente faz charter. Você pode alugar um veleiro e passear por um dia ou um final de semana inteiro, pernoitando a bordo." Quem aproveitar a dica talvez entenda na prática porque Tio Spinelli diz que mudar para Ubatuba foi a grande e mais importante virada de sua vida. Em Hout Bay, na bela região da Cidade do Cabo, com Vagner e Vitor, companheiros na sua segunda viagem à África do Sul Ao lado: Spinelli e seu sextante, instrumento utilizado em navegações, e o veleiro Soneca, sempre pronto para novas aventuras


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NO MEIO DO AZUL Os irmãos Neto e Lucas, de Ubatuba, viveram a quarentena ancorados no Taiti e aguardam o momento de retomar o sonho de navegar pelo planeta no veleiro Katoosh FOTOS ARQUIVO

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A dupla já foi destaque aqui na revista Ribeira, na edição de janeiro de 202o, com sua empreitada para tentar se tornar a tripulação brasileira mais jovem a dar a volta ao mundo em um veleiro. Naquele momento, Celso Pereira Neto, de 28 anos, e seu irmão Lucas Pereira, de 25 anos, estavam no país apenas para renovar seus vistos e pretendiam voltar em breve à Polinésia, onde haviam interropido sua viagem e deixado seu barco. De lá para cá, muita coisa aconteceu. Logo antes do início da pandemia, Neto e Lucas retornaram ao Katoosh, o veleiro de 44 pés construído por seus pais, e onde eles viveram até os seis

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anos de idade. Enquanto se preparavam para retomar a viagem, foram surpreendidos pela necessidade de cumprir a quarentena em pleno Taiti, onde estavam ancorados. Passaram então 35 dias embarcados na baía de Vairao, isolados e com uma série de restrições. "De certa forma foi tranquilo, porque já estamos acostumados com a nossa rotina a bordo, então era como se estivéssemos em uma travessia, ficávamos no barco e procurávamos descer em terra o menos possível", diz Lucas. Ele conta que o local era muito bonito e que eles se ocuparam bastante, aproveitaram para ler e fazer exercícios e mantiveram sua rotina de manutenções no barco. Os dois já voltaram a navegar, mas

continuam na Polinésia, por onde ainda devem permanecer nos próximos meses. Aproveitando a temporada dos ciclones e as muitas fronteiras ainda fechadas, eles estão velejando pela bela região, conhecida pelo mar azul e transparente. Já visitaram mais de dez ilhas e, no momento desta entrevista à Ribeira, estavam ancorados em uma ilha chamada Raiatea, se preparando para partir para Bora Bora. Lucas e Neto estão se valendo da pausa nas longas travessias para pensar nos planos futuros e em novos projetos, como ampliar sua loja on-line e seu canal de YouTube. Eles acreditam que só conseguirão retomar a viagem em março ou abril do ano que vem: "É quando a gente espera que as


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Quer acompanhar essa aventura? Os irmãos Neto e Lucas usam as redes sociais praticamente como um diário de bordo, compartilhando com seus seguidores a rotina e imagens dos belos lugares por onde estão navegando. A partir do perfil no Instagram deles, é possível acompanhálos e também ir para as demais redes da dupla. Acesse www.instagram.com/ veleiro.katoosh/ ou vá direto com o QR Code.

O veleiro Katoosh na chegada a Moorea, ilha da Polinésia Francesa, no Pacífico Sul

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fronteiras dos países começarão a ser abertas e as condições estarão mais seguras", torce Lucas. Enquanto isso não acontece, os irmãos do Katoosh seguem aproveitando as ilhas por onde estão circulando. "Este período em que, de certa forma, estamos presos aqui na Polinésia, tem sido muito especial. Pegamos a época das baleias e nadamos com os golfinhos. Com a pandemia, fomos obrigados a parar e com isso nos conectamos mais com a natureza e pudemos conhecer melhor esse lugar e sua cultura." Lucas acredita que, como aconteceu com os dois, as restrições causadas pela crise sanitária mundial também tiveram um lado positivo para muita gente: "Tudo isso fez com que muitas pessoas fizessem uma

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pausa em suas vidas, para refletir e se reencontrar consigo mesmas". Quando retomarem a viagem, devem partir rumo a Tonga, depois Nova Caledônia e, daí, para o Sudoeste Asiático. Mas os dois não sabem mais quanto tempo vão precisar para concluir a planejada volta ao mundo. Quando iniciaram a viagem a partir de Ubatuba, no início de 2018, tinham a perspectiva de completar a aventura em três anos. Agora que já percorreram cerca de 26 mil quilômetros e conheceram 21 países, eles projetam mais dois ou três anos de viagem, mas sabem que isso vai depender da evolução da pandemia ao redor do mundo. Lucas não reclama. Diz que ele e seu irmão estão vivendo uma

história única desde que decidiram juntar dinheiro, reformar o veleiro da família e sair mundo afora. "Nosso sonho já estamos vivendo." Ele diz isso por tudo o que já passaram e também pela expectativa das experiências que ainda os esperam ao longo da viagem. Mas além de ansiar por todos os destinos incríveis que vão conhecer, Lucas também pensa na volta para sua cidade do coração: "Ubatuba é o melhor lugar do mundo, em beleza, custo de vida e muito mais. Devemos valorizála". Palavras de peso, vindas de quem está viajando por alguns dos lugares mais incríveis do planeta. Na foto ao lado a dupla curtindo um momento de relaxamento durante a parada no Taiti


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No barco da família, em dois momentos: nesta foto, quando pequenos, com a mãe, e, ao lado, atracados no atol polinésio Tikehau, um paraíso do mergulho

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ABRIGO, CONFORTO E SUSTENTABILIDADE Dársena Voga Marine reúne qualidades que a tornam uma opção diferenciada no litoral paulista FOTOS

GABRIEL LUIZ E MÁRCIO GUEDES

No Saco da Ribeira, um dos atracadouros naturais mais charmosos do litoral paulista, a Dársena Voga Marine se destaca por oferecer um ótimo abrigo a embarcações, além do conforto proporcionado por uma estrutura de píeres com fingers de atracação, que permitem o embarque e desembarque tanto pela popa quanto pela lateral dos barcos. Com tecnologia francesa e confeccionados em madeira e alumínio, esses píeres estão sendo finalizados e deverão estar concluídos no início de 2021. Todo o cuidado com o conforto e a segurança de quem usa a marina também se estende ao meio ambiente. Tanto que ela foi recertificada para o período

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2020/2021 com a Bandeira Azul, selo ambiental internacional concedido a partir de uma série de critérios com foco em gestão e educação ambiental, qualidade da água, segurança e serviços, turismo sustentável e responsabilidade social. A Dársena já tinha recebido o selo anteriormente e o manteve por sua gestão responsável e atenta. A gerente administrativa da marina, Melina Serantes, enfatiza o trabalho contínuo desenvolvido pelo empreendimento. "Realizamos treinamentos ao longo do ano inteiro e fazemos reuniões constantes com os colaboradores para conscientizar sobre os cuidados com o meio ambiente. Além disso, temos coleta seletiva, uma estação de tratamento de

esgoto e até sensores de luz para economizar energia. Todas essas ações são importantes para manter a certificação da Bandeira Azul", conta ela. Melina ressalta que a manutenção do selo verde é uma conquista de todos os colaboradores, e esse trabalho de equipe faz a diferença no dia a dia da marina. Com o foco na responsabilidade ambiental, a Dársena vem atuando em sintonia com o setor náutico e se prepara para atender de forma diferenciada e completa embarcações de maior porte, com serviços, facilidades e, em breve, também um ponto de abastecimento de combustível.


Infraestrutura | RIBEIRA

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EM PROL DA BOA CONVIVÊNCIA Banhistas e pilotos de embarcações precisam seguir regras para garantir a segurança de todos nas praias, principalmente na alta temporada FOTO

ADOBE STOCK

O mercado náutico vem evoluindo de forma notável por todo o país, mesmo no momento em que diversos setores vivem retração. Em 2020, deve registar um crescimento de 20%, segundo dados divulgados em outubro pela Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos, a Acobar. Ubatuba acompanha a tendência, e nas praias mais movimentadas é possível observar com regularidade lanchas e jet skis circulando pelo mar, principalmente durante a alta temporada e feriados, quando também aumenta o número de pessoas aproveitando as praias. Essa combinação torna

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fundamental a atenção às regras de convivência entre os banhistas e as embarcações para que sejam evitados acidentes que podem até mesmo ter consequências graves. Desde 2012 a Marinha exige que todos os pilotos de embarcações realizem um curso prático de quatro horas para fornecer a certificação de arrais amador, necessária, por exemplo, para quem vai dirigir uma lancha de passeio. Além do curso, pilotos de lanchas e jet skis devem adotar as medidas de segurança obrigatórias definidas pela Marinha Brasileira, principalmente em relação à distância da praia ao navegar e à velocidade de atracamento. As principais são não transitar a menos de 200 metros da

praia e atracar apenas de forma perpendicular à orla, sempre respeitando a velocidade máxima de 3 nós na aproximação, o que corresponde a 5,5 km/h. Um elemento que pode aumentar muito a segurança em embarques e desembarques realizados em praias é a raia demarcada com boias, que sinaliza o caminho de entrada das embarcações. Quando houver a demarcação, o acesso à praia precisa ser obrigatoriamente feito por esse caminho. Se não houver, devem ser usados os cantos das praias, no lugar com menor número de pessoas, também segundo a Marinha. Em Ubatuba, praias como a do Flamengo, a Vermelha e a Ilha Anchieta, entre outras, já dispõem de raias demarcadas.


Serviços | RIBEIRA

Renato Machtans, capitão de embarcações há 13 anos, que trabalha na área náutica desde 1990 em Ubatuba, afirma que as raias são mais seguras tanto para os banhistas quanto para os passageiros dos barcos. "Também é uma segurança para os proprietários dos barcos", diz ele, uma vez que é mais difícil ocorrer um acidente que danifique a embarcação quando a praia dispõe de raias demarcadas. Mesmo com as raias, é preciso que banhistas e pilotos de embarcações ou jet skis tenham sempre cuidado. Em praias concorridas, quem está no mar nadando ou se divertindo precisa ficar atento aos barcos e evitar áreas de embarque e desembarque, assim como a

proximidade com embarcações paradas, pois um vento ou onda podem deslocá-las e causar um acidente. Outra dica de Renato é para quem vai fazer um esporte náutico: "Sempre use colete de segurança, de preferência o mais chamativo possível, para ser visto de longe". Outros grupos que devem redobrar os cuidados são os nadadores e os mergulhadores, em especial quando estão nas áreas costeiras, onde circulam as embarcações. Algumas praias de Ubatuba se destacam pela movimentação náutica e também pela grande presença de banhistas, portanto são locais em que é preciso ainda mais atenção. Segundo Renato, são elas: Praia Grande, Tenório,

Toninhas, Lázaro, Maranduba e Perequê-Açu. Acima de tudo, é fundamental a educação e o bom senso. Nos períodos mais movimentados, sejam pessoas em busca de entretenimento no mar ou quem oferece passeios e o aluguel de equipamentos aquáticos, todos podem e devem contribuir para um ambiente seguro, livre de riscos, onde o respeito às regras proporcione ainda mais paz e tranquilidade para curtir tudo que as praias, o mar e a navegação oferecem de melhor.

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Foto: Alexandre Rodrigues

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No mar, sempre bem preparado Se você já tem uma embarcação, não se esqueça de verificar uma série de itens antes de sair para o mar. Veja nossa checklist e navegue sempre com segurança e tudo que precisa para ficar tranquilo e aproveitar seu passeio.

Confira o que não pode faltar • Habilitação do piloto • Título de inscrição da embarcação • Previsão do tempo • Plano de navegação (informe a Marinha) • Carta náutica da região • Combustível suficiente (ida + volta + 1/3) • Óleo do motor • Hélice • Bateria e luzes de navegação • Bússola, GPS e rádio VHF • Âncoras e cabos • Bomba de porão • Fechamento dos bujões • Material de salvatagem • Extintores de incêndio • Caixa de ferramentas • Água potável • Alimentos leves • Roupa de tempo • Protetor solar

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AS RAINHAS DA ESTRADA O ciclismo de estrada cresce no Brasil e no mundo e um seleto grupo de fabricantes cria verdadeiras máquinas de pedalar, que se destacam pela sofisticação e tecnologia FOTO

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Em muitas rodovias pelo Brasil, assim como acontece em tantos outros países, é cada vez mais comum observar os ciclistas de estrada, em grupos grandes ou pequenos e também sozinhos, pedalando de forma ritmada e veloz. O esporte tem se tornado cada vez mais popular e uma de suas peculiaridades é o uso de bicicletas de alta performance. No ciclismo de estrada, as bicicletas precisam ser leves, resistentes e confortáveis. Chamadas de speed bikes, são feitas com quadro de carbono e outros materiais que se destacam pela leveza. Seu design também é fundamental, com o guidão propositalmente baixo, para permitir ao ciclista economia

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de energia, além de uma aerodinâmica mais favorável. Dentro da categoria de estrada, as bikes oferecem muitas opções, que variam em características e preços. E, no meio de uma incrível variedade, existem modelos top de linha, verdadeiras Ferraris que dominam o universo dessa modalidade de ciclismo. Elas não são para iniciantes, muito ao contrário disso – são instrumentos de precisão com tecnologias e sistemas avançados, que vale a pena conhecer. Confira uma seleção dessas preciosidades, que são o objeto do desejo de um seleto grupo de ciclistas que leva o esporte realmente a sério.

Roubaix, da Specialized O nome é uma referência à Paris-Roubaix, conhecida prova de ciclismo da Europa que tem 257 km, dos quais 52 são exclusivamente de paralelepípedos. Esta bike possui a segunda geração do sistema Future Shock, que absorve impactos por meio de um amortecedor hidráulico e pode ser controlado em tempo real por um ajustador de fácil acesso. Domane, da Trek A Domane é uma linha tradicional da Trek que tinha um visual um pouco cilíndrico. Ela foi renovada, ficou mais bonita e aerodinâmica, a ponto de ser eleita Bicicleta do Ano pela Bicycling Magazine. Um detalhe interessante é


Consumo | RIBEIRA

o compartimento integrado ao quadro que pode guardar pequenos objetos ou alimentos, e cuja abertura fica escondida atrás da garrafinha. SuperSix EVO, da Cannondale Esta é um bike clássica que também foi reformulada e ficou mais aerodinâmica. Sua estrutura, denominada All-New Ballistec Carbon, possui alto nível de rigidez, mantendo uma leveza surpreendente. Seu design foi feito para reduzir ao máximo o arrasto e um sistema de ajuste permite que o ciclista se posicione de forma mais confortável. Dogma F12, da Pinarello A Dogma F12 é a evolução do modelo Dogma, que venceu o

Tour de France 2019. É uma das poucas bikes que ainda usa freios no aro, resistindo à mudança para freios a disco. O quadro e o garfo foram renovados recentemente, o que melhorou ainda mais sua dinâmica e resultou em um visual mais harmonioso e equilibrado. CFR Ultimate, da Canyon Com freios a disco e peso em torno de surpreendentes 6 kg, esta bike é feita com carbono japonês e engenharia alemã, sendo a mais leve de sua categoria. Usa titânio em vez de aço no canote do selim, enquanto os eixos das rodas são feitos de uma liga mais leve do que as utilizadas em modelos padrão de estrada. Todas essas bikes são fabricadas no exterior e custam na casa de

milhares de reais por oferecerem o estado da arte em ciclismo de estrada. Por mais interessante que seja conhecê-las, o esporte pode ser praticado com muitos outros modelos de speed bikes, que atendem a todos os níveis de praticantes da modalidade. O mais importante, para quem gosta de pedalar na estrada, é escolher um modelo adequado às suas necessidades e praticar o esporte com todos os equipamentos e cuidados de segurança. Mas se o ciclismo se tornar uma paixão realmente séria, a coisa pode então mudar de figura. Nesse caso, é quase certo dizer que, em termos de bike, o céu é o limite.

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ALIMENTAÇÃO BAR E RESTAURANTE Bar do Peres Praia do Lázaro Tel.: (12) 3842-0644 Bella Italia Av. Andrelino Miguel, 317 - Lázaro Cel.: (12) 99121-7281 Comida Caseira da Lucinha Rua Sete Fontes, 30 - Ribeira Tel.: (12) 3842-2803 Hisachi Sushi Rua Flamenguinho, 55 Tel.: (12) 3842-1561 Nós Gastronomia Av. Plínio França, 335 - Ribeira Tel.: (12) 99710-8512 Peixe com Banana 2 Av. Marginal Lamberte, 980 - Ribeira Tel.: (12) 3832-6873 Restaurante Hamakami Rua Flamenguinho, 90 Tel.: (12) 3842-3720

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Taberna Sicilliana Av. Andrelino Miguel, 2, Lázaro Tel.: (12) 99772-2271

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PADARIA Padaria e Lanchonete Litoral Rod. Dr. Manoel Hipólito, 126 - Lázaro Tel.: (12) 3842-3165 PIZZARIA Mussarelas Pizzaria Av. Antônio Miguel, 569 - Lázaro Tel.: (12) 3842-2311 Pizzaria Miguelito R. Marginal, 2 Lazaro Tel.: (12) 3842-1606 Pizzaria Nonna Rua Sununga, 383 - Lázaro Tel.: (12) 3842-4448

QUIOSQUE Cantinho da Vovó Rua Euclides do Prado, 109 - Lázaro Chapéu de Sol Rua Jaboticabeira,25 - Lázaro Pica Pau 1 Rua Jaboticabeira, 33 - Lázaro Rose’s Bar Rua Jaboticabeira, 27 - Lázaro

HOSPEDAGEM CHALÉ Albatroz Rua Tapiá, 156 - Lázaro felippo.fremda@uol.com.br Tel.: (12) 3842-2853 FLAT Sununga R. João Glorioso da Cruz, 1076 - Lázaro sunungaflats@sunungaflats.com.br Tel.: (12) 99714-8879 HOTEL Saveiros Rua Lucian Strass, 65 - Lázaro reservas@hotelsaveiros Tel.: (12) 3842-0888 HOSTEL Tribo Rua Amoreira, 71 - Lázaro tribohostel@gmail.com Tel.: (12) 3842-0585 POUSADA Ana Doce Rua Três de Dezembro - Lázaro anadoce@terra.com.br Tel.: (12) 3842-0102 Capim Melado 2 travessa da Rua Tapiá, 09 - Lázaro contato@pousadacapimmelado.com.br Tel.: (12) 3842-2835


Canoeiro Rua 9 de Julho, 253 perescanoeiro@hotmail.com Tel.: (12) 3842-0092 Cor do Sol Rua Jaboticabeira, 337 - Lázaro pousada@pousadaacordosol.com.br Tel.: (12) 3833-2320 Flores do Lázaro Rua Jabuticabeira, 324 - Lázaro reserva@pousadachaledasflores.com.br Tel.: (12) 3842-0427 Marencanto Rod. Mario Covas, km 63, nº 596 marencantopousada@uol.com.br Tel.: (12) 3842-1746 Naan Rua Andrelino Miguel, 85 - Lázaro contato@pousadanaan.com.br Tel.: (12) 3842-1995 Recanto Manacás Rua Andrelino Miguel, 28 - Lázaro Tel.: (12) 3842-0761 Recanto Vizinho do Mar Rua Jaboticabeira, 70 - Lázaro recantovizinhodomar@hotmail.com Tel.: (12) 3842-3742 Solar das Águas Cantantes R. João Glorioso da Silva, 951 - Lázaro aguascantantes@uol.com.br Tel.: (12) 3842-0288/ 3842-0178 Vivenda do Flamboyant Rua João Glorioso da Cruz, 1122 pflamboyant1@uol.com.br Tel.: (12) 3842-0836

SAÚDE Drograria Novo Lázaro Av. Marginal, 1014- Lázaro Tel.: (12) 98 294-0339 Posto de Saúde Saco da Ribeira Rua Plínio França S/N Tel.: (12) 3842-3535

SERVIÇOS IMOBILIÁRIA Anglo Imóveis Av. Andrelino Miguel, 398 - Lázaro Tel.: (12) 3842-1107 Atmosfera Av. Plínio França, 234 - Ribeira vendas@atmosfera.com Tel.: (12) 3842-2921 / 99673-2134 RIBEIRA HELIPONTO Rua Andorinha, 55 - Ribeira atendimento@vogamarine.com.br Tel.: (12) 3842-2000 MARINA Centro Náutico Kauai Rodovia Mario Covas, km 62 cnkauai@uol.com.br Tel.: (12) 3842-3670 Centro Náutico Timoneiro Av Beira Mar, 65 - Ribeira timoneiroclub@timoneiroclub.com.br Tel.: (12) 3842-1122 Dársena Voga Marine Av. Plínio França, 330 - Ribeira atendimento@vogamarine.com.br Tel.: (12) 3842-2000 Marina Costa Norte Av Ribeirão, 210 - Ribeira financeiro@marinacostanorte.com.br Tel.: (12) 3842-1235 / 3842-3046

Ubatuba Iate Clube Av. Plínio França, 378 - Ribeira secretaria@ubatubaiateclube.com.br Tel.: (12) 3842 8080 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Farol das Tintas Rua Sete Fontes, 18 - Ribeira Tel.: (12) 3842-1238 N Graça Materiais de Construção Av. Marginal, 126 - Lázaro Tel.: (12) 3842-1192 PEÇAS E SERVIÇOS NÁUTICOS Píer Comércio de Peças e Serviços R. Flamenguinho, 71 - Ribeira Tel.: (12) 3842-1510 Singra Boats Rua Flamenguinho, 75 - Ribeira singraloja14@hotmail.com Tel.: (12) 3842 2712 Telesmar Av. Plínio França, 196, Ribeira Tel.: (12) 3842-3664 OFICINAS Loccobra locação de máquinas Av. Marginal, 1046 - Lázaro Tel.: (12) 3842-3281 Oficina do Luiz - Inox em Ubatuba Av. Plínio França, 291 - Ribeira Tel.: (12) 3842-1636

Marina Píer Saco da Ribeira Av. Plínio França, s/n - Ribeira Tel.: (12) 3842-1231 Porto Marina Av. Plínio França, 463 - Ribeira Tel.: (12) 3842-1017 / 3842-2504 Sea Club R. João Glorioso da Cruz, 1141 Cel.: (12) 99746-1809

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Vidraçaria Lázaro Av. Marginal, 553 - Lázaro Tel.: (12) 3842-4559 POSTO DE GASOLINA Auto Posto Saco da Ribeira Rod. Mario Covas, km 63 - Ribeira Posto Sete Estrelas Rua Marginal, 323 - Ribeira MERCADO Mercadinho Pier Av. Plínio França - Ribeira Tel.: (12) 3842-4344 Mini Mercado Ubatuba Iate Clube Av. Plínio França, 378 - Ribeira Nael Conveniênca Av. Antônio Miguel, 811 lj 1 - Lázaro Tel.: (12) 3842-1236 Porto Ribeira Rua Tapia, 399 - Ribeira Tel.: (12) 3842-2666 Supermercado Paulista Rod. Dr. Manoel Hipólito do Rêgo, Km 64 - Lázaro. Tel.: (12) 3834-1202

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TURISMO

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Ubatuba Adventure Rua Jaboticabeira, 734 - Lázaro Tel.: (12) 3842-1707 / 99637-0545 Lanchas Ubatuba Rua Sununga, 93 - Ribeira Tel.: (12) 3842-0984 Mikonos R. Flamenguinho, 17 - Ribeira Tel.: (12) 3842-0329

Wind Charter contato@windcharter.com.br Tel.: (24) 2404-0020 Paola Turismo Náutico Praia do Lázaro Tel.: (12) 99734-2413 Hidronave Av. Plínio França, 208 Tel.: (12) 3833-5753 / 99755-1850

VESTUÁRIO Magia Surf Shop Av. Marginal, 1030 - Lázaro Tel.: (12) 3842-4494 Polly Lycra - Biquínis Rua Jaboticabeira, 574 - Lázaro Tel (12) 3842-0886

DIVERSOS Andersat - Antenas Parabólicas Av. Marginal, 1028 - Lázaro Tel.: (12) 3842-2541 Cia dos Bichos - Casa de Ração Av. Antônia Miguel, 79 - Lázaro Tel.: (12) 3842-4200 Costa Norte Dive - Salvatagem Av. Ribeirão, 210 - Ribeira Tel.: (12) 3842-1235 / 3842-3046 Ordany Junior - Artigos de Praia Av. Marginal, 982 - Lázaro Tel.: (12) 3842-1299 Primo Disk Entulho Av. Marginal, 582 - Lázaro Tel.: (12) 3842-3070


ASSOCIAÇÕES

CLUBE DE REGATAS

Guias de Turismo, Monitores e Condutores de Ubatuba. Luta a favor do desenvolvimento do Turismo Sustentável na região. Faz parte do Conselho Municipal de Turismo, Conselho do Parque Estadual Ilha Anchieta e Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba. Promove cursos e palestras de atendimento ao turista, combate a incêndio em cobertura vegetal, entre outros. Apoia moradores de comunidades carentes.

Clube de Regatas do Saco da Ribeira. Fundado em 1998, promove atividades de esporte, lazer, cultura e educação ambiental. Congrega 50 meninos, registrados na Liga Ubatubense. Promove campeonatos de futebol e regatas. Conta com a colaboração de marinas e prestadores de serviço. Busca apoio para construir sede em terreno doado pela Prefeitura. Quer implantar o Projeto Barco Escola nas escolas da rede pública. Almeja aumentar a empregabilidade de jovens da comunidade local, com cursos de capacitação.

Presidente: Jaqueline Dutra Tel.: (12) 99605-2602

Presidente: Alexandre Peres Tel.: (12) 99747-3523

ASSOCIAÇÃO COAQUIRA

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Um novo destino, um novo layout. O lugar mais seguro para o seu barco A única marina da região construída em formato de dársena apresenta novo layout para seus flutuantes, agora com píeres em madeira e alumínio, dispondo de fingers de atracação que garantem segurança, conforto e praticidade. Selo Bandeira Azul 2019/2020.

PÍER COM FINGERS DE ATRACAÇÃO

darsenavogamarine Av. Plínio França, 335, Saco da Ribeira, Ubatuba SP Tel.: (12) 3842 2000 - atendimento@vogamarine.com.br Heliponto - SNPP - 23o30’33”S / 45o37’33”W

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UM SHOW PARA OS APAIXONADOS PELO MUNDO NÁUTICO Confira os destaques do São Paulo Boat Show FOTOS ASSESSORIA

DE MARKETING

Ele fez jus ao nome e foi um verdadeiro espetáculo. O São Paulo Boat Show, a maior feira náutica da América Latina, se destacou por acontecer ao ar livre, seguindo todos os protocolos de saúde, em plena Raia Olímpica da USP, na capital paulista. Realizado entre os dias 19 e 24 de novembro de 2020, também teve uma versão virtual, permitindo ao público acompanhar tudo que aconteceu durante o evento em tempo real. Já quem esteve presencialmente no Boat Show foi brindado com uma experiência surpreendente. O local não poderia ser mais interessante, pois ofereceu aos visitantes uma estrutura com estandes conectados a

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embarcações na água, permitindo passear por flutuantes para conhecer as novidades do mundo náutico apresentadas pelos expositores. Além de conferir os lançamentos do setor, o público pôde aproveitar diversas atrações, como aulas de vela, desfile de barcos clássicos, a presença do velejador Amyr Klink, remo inclusivo, competição de barcos solares, apresentações esportivas e muito mais. Segundo Thalita Vicentini, diretora do Boat Show, o evento ofereceu uma diversidade de opções tanto à comunidade náutica quanto a um público novo, o que contribuiu para um balanço muito positivo: "Nossos expositores colheram excelentes resultados, com novos leads e novos clientes".

Ela vê o cenário atual com muito otimismo: "O mercado pós-Boat Show vive um excelente momento". Participaram do evento a Dársena Voga Marine e a Atmosfera Incorporadora, com um estande que esteve repleto durante todos os dias da feira. Aproveitando o aquecimento do mercado náutico, a Atmosfera apresentou seus empreendimentos a visitantes de todo o Brasil, com foco especial na Ribeira. Muitos ficaram surpresos com a excelente estrutura oferecida pela Voga Marine e não faltaram agendamentos para futuras visitas. Com os ótimos resultados do Boat Show, o verão promete ser ainda mais agitado na Ribeira.


Notas | RIBEIRA

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Um lugar privilegiado pela natureza, ideal para curtir a vida e perfeito para fazer bons negócios

No coração da nova centralidade de Ubatuba está nascendo o Ribeira Mall, o primeiro da região, que reunirá lojas, serviços de conveniência e deliciosas opções gastronômicas. Sua localização especial, no ponto central da Ribeira, e seu moderno conceito waterfront oferecem total integração com a natureza e a encantadora paisagem ao redor. 50 R


vendas@atmosfera.com | Tel (12) 3833-9898 OBRAS AVANÇADAS. Previsão de entrega: julho de 2021

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Atmosfera Incorporações e Construções Ltda. R. Liberdade, 211, Centro - Ubatuba (SP) - CEP 11.680-000 - Tel.: (12) 3833-9898 - CRECI 163465. O empreendimento só será comercializado após o Registro de Incorporação no Cartório de Imóveis competente, nos termos da Lei n. 4.591-64. Projeto em aprovação sujeito a alteração. A imagem contida neste anúncio é meramente ilustrativa, podendo sofrer alterações. A vegetação e o paisagismo retratados são meramente ilustrativos e apresentam porte adulto de referência. Na entrega do empreendimento, essa vegetação poderá apresentar diferenças de tamanho e porte.


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