CEBOLAS EM REVISTA Edição No.1 página 34 página 25 CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA OS DESAFIOS NA PRODUÇÃO DE CEBOLAS página 04 PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE CEBOLAS PARA O BRASIL
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Jornalista Responsável Ana Maria Vieira Diniz MTb 5.915MG
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ÍNDICE
BEJO CEBOLAS EM REVISTA
03 PREFÁCIO 04 TRABALHANDO MUITO EM SOLUÇÕES PARA O BRASIL 08 A POSIÇÃO DA BEJO NO MUNDO DAS CEBOLAS 12 ARGENTINA, GRANDE FORNECEDOR DE CEBOLAS PARA O MERCADO BRASILEIRO 14 CEBOLAS DE DIAS CURTOS NOS ESTADOS UNIDOS E MELHORAMENTO PARA O BRASIL 18 GERENCIAMENTO DE HERBICIDAS NO BRASIL 20 NUTRIÇÃO DA CEBOLA NO BRASIL 25 OS DESAFIOS NA PRODUÇÃO DA CEBOLA 28 OS DESAFIOS NA PRODUÇÃO DE CEBOLA: FITOSSANIDADE 32 O MERCADO DE CEBOLAS BRASILEIRO 34 CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA 36 PRODUTORES COM A PALAVRA
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“ Assim é que a Bejo, sempre estudando a natureza, atua, trazendo cultivares seguras, es táveis e lucrativas para os mercados. ”
Estimado leitor,
Muito nos honra poder lhe contar um pouco daquilo que representam as cebolas para a Bejo e o que representa a Bejo para o mercado global de cebolas. Maior prazer ainda temos em contar com a sua atenção e tempo para conhecer um pouco desta história.
Há cerca de 30 anos começamos as atividades da Bejo em nosso País. Em 2022 comemoramos os 20 anos da Bejo Brasil. Desde o início das atividades no Brasil, tivemos as cebolas como um de nossos principais focos.
Sendo a cebola a principal cultura global da Bejo, não podíamos deixar de ter nela um de nossos principais objetivos. E aqui estamos, com uma coletânea de boas informações, oferecidas por muitos especialistas, sobre os mais diversos temas ligados à cebolicultura, compartilhando conhecimento sobre manejo, pesquisa, mercado, tendências e muito mais.
Agradecemos a todos aqueles que contribuíram para a realização deste projeto. E gostaríamos de estender nossa gratidão a todos aqueles que, nestes anos todos, nos ofereceram a oportunidade de apresentar as nossas soluções para este mercado.
Nossa equipe tem sido agraciada com a colaboração de muitos produtores e parceiros comerciais na condução de um extenso programa de desenvolvimento de genética no Brasil para o Brasil.
E não apenas no Brasil, como vocês verão ao longo destas páginas, colegas da Holanda, Argentina e Estados Unidos trabalham conosco no desenvolvimento de cultivares adaptadas para nossa realidade, nosso clima e para atender a demanda do nosso mercado. É assim que, sempre estudando a natureza, a Bejo atua, trazendo cultivares seguras, estáveis e lucrativas para os mercados.
Trazemos também nesta revista vários especialistas para informá-lo sobre a cultura da cebola. Temos artigos de fitossanidade, nutrição, gerenciamento de herbicidas, além de um panorama do mercado em nosso país.
E temos ainda mais novidades, que em um futuro não muito distante, serão acrescentadas em nosso portfólio para atender as necessidades de nosso mercado e tornar a Bejo a principal fornecedora de genética de cebola no Brasil. Chegamos e queremos convidá-lo para nos acompanhar nessa jornada.
Aprecie a leitura, conheça as soluções que já oferecemos e delicie-se com a oportunidade de aprendizado, de tanto conhecimento gentilmente compartilhado por gente relevante, grande conhecedora de cebolas.
Nossa equipe está a sua inteira disposição para contar mais sobre a cebola que marca, a cebola Bejo.
Grato, Paulo Christians Diretor
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PREFÁCIO
TRABALHANDO MUITO EM SOLUÇÕES PARA O BRASIL
TIMO PETTER É GERENTE DE PESQUISA NA BEJO ZADEN PARA AS CULTURAS DE ALLIUM, BETERRABAS, SALSÃO E SALSA-RAIZ, GERENCIANDO DUAS EQUIPES DE MELHORISTAS, UMA PARA O GÊNERO ALLIUM E OUTRA PARA AS DEMAIS CULTURAS. ELE COMEÇOU NA BEJO EM 1998, COMO MELHORISTA DE CEBOLAS. JÁ EM 2002, INICIOU SUAS VISITAS AO BRASIL, TENDO UM CONTATO MUITO PRÓXIMO COM O NOSSO MERCADO DESDE ENTÃO.
Petter se lembra de sua primeira visita ao Brasil, em 2001, a Ituporanga (SC). “Aquela foi a primeira região escolhida pela Bejo devido à grande área plantada, mas também devido à longa história com cebolas para armazenagem, na Europa e na América do Norte. Não demorou muito para descobrirmos quantas outras oportunidades este enorme país oferecia”, conta.
No Brasil Central, muitas novas operações se iniciavam, com plantios em larga escala, em solos novos, com importante modernização. A Bejo detectou a oportunidade para iniciar um programa de melhoramento com variedades precoces de dias curtos.
Petter se lembra das primeiras visitas a São Gotardo (MG), e em seguida a Irecê (BA).
Bejo e De Groot en Slot
Observando qualquer embalagem de sementes de cebolas da Bejo, o produtor vê um segundo logo, da empresa De Groot en Slot, uma parceria de mais de 50 anos em Allium. As empresas são originárias de vilarejos vizinhos no Norte da Holanda e sempre foram dedicadas ao melhoramento genético e comercialização de sementes de cebolas.
Há um programa de melhoramento conjunto e ambas as empresas têm forte presença em todos os importantes mercados de cebolas ao redor do mundo.
Bejo, um importante ator global Timo Petter comenta que não apenas em cebolas, mas também em outras culturas, como brássicas, cenouras e beterrabas, a Bejo desempenha papel principal, devido à sua longa história, à sua ambição de ser líder de mercado, aos recursos investidos em pesquisa, produção e processamento de sementes e ao foco de longo prazo em culturas específicas. “Tudo isso, combinado, faz da Bejo um parceiro confiável para produtores e outros elos da cadeia produtiva. Temos paciência, damos tempo à construção de relações duradouras, com soluções e genética confiáveis”, completa.
Ainda no tema de recursos e ambição, Petter
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fala com muito orgulho a respeito de Sequon, a grande cooperação pública/privada, que a Bejo e De Groot en Slot firmaram com a Universidade de Waggeningen, na Holanda, para o primeiro sequenciamento genético do genoma de cebolas, quatro vezes maior do que o genoma humano. Esse sequenciamento agora permite à Bejo/ DGS trabalharem com melhor eficácia no desenvolvimento de características complexas, multigenes. Resistência ao Fusarium é só um bom exemplo das oportunidades que esse programa oferece - investimentos únicos, feitos por parceiros comprometidos, para soluções únicas, destinados a produtores ao redor do globo.
O que torna as variedades de cebolas da Bejo tão especiais?
A longa história da Bejo e a extensa tradição da Holanda como um importante país exportador de cebolas oferecem credibilidade. “De forma geral, nossas cultivares se destacam por sua armazenabilidade, qualidade de pele e firmeza. Mas, o fato de sermos um ator global, presente em todos os mercados importantes de cebolas, nos faz adaptar e apresentar novas soluções. Isso se faz com muitos ensaios, em todas as regiões”, aponta Petter.
No Brasil, citado por ele como exemplo, onde
a cultura da cebola evoluiu muito nos últimos 20 - 30 anos, nunca foi fácil produzir cebolas: “as cebolas frequentemente são cultivadas sob condições muito adversas e circunstâncias variáveis, como temperaturas altas, muitas vezes com chuvas em excesso, solos com dificuldade de preparo, com questões sérias de ervas daninhas. Esses produtores se transformaram em profissionais do agronegócio em novas regiões, usando os mais modernos sistemas de cultivo”, relembra.
A Bejo esteve ali, trabalhando junto a esses empreendedores, tornando o Brasil quase autossuficiente em cebolas de qualidade, diferentemente de algumas décadas atrás, quando o País dependia de importações, como as da Argentina, por exemplo.
Objetivos de
melhoramento
genético no Brasil
As primeiras cultivares que a Bejo desenvolveu para o Brasil ofereciam precocidade. Isso não estava disponível no mercado e a empresa viu ali uma oportunidade, com a Maragogi, Itaparica e Trancoso. Hoje, também são selecionadas cultivares de outros ciclos.
Petter ressalta que os sistemas radiculares fortes são muito importantes no Brasil, não só
“O fato de sermos um ator global, presente em todos os mercados importantes de cebolas, nos faz adaptar e apre sentar novas soluções”
Timo Petter
Timo Petter
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Roy Kreizenbeck
para tolerar as difíceis condições climáticas, mas também para enfrentar as doenças de solo, como Fusarium e raiz rosada.
“Como empresa de genética, é muito importante encontrar a combinação ideal entre raízes vigorosas e um ciclo aceitável para a cultivar, para evitar que criemos somente variedades tardias. Em seguida, com um sistema radicular forte, o objetivo é ter folhas vigorosas, para garantir alta produtividade. Não devemos nos esquecer de um dos maiores desejos do cebolicultor brasileiro: cultivares adaptadas à colheita mecanizada, para economizar mão de obra”, destaca o especialista.
A experiência da Bejo com cebolas para estocagem oferece muitas possibilidades para o desenvolvimento de híbridos que não somente ofereçam mais firmeza, mas múltiplas camadas de pele, de forma que se a cebola perder uma ou duas peles durante a colheita, haja outras que protejam o bulbo durante a estocagem e transporte.
E há ainda as cebolas roxas da Bejo, que oferecem muitas oportunidades, além da Red Sensation, já largamente produzida, uma cultivar redonda e precoce, compatível com a maioria das cultivares amarelas do mercado.
“A Bejo está desenvolvendo diferentes híbridos, alguns muito flexíveis, para semeio do Norte ao Sul do País. E quando o mercado se interessar por cebolas brancas ou rosadas, a Bejo tem opções também. Estão sempre em nossos ensaios, para o futuro. Nossa liderança global, juntamente com a forte presença a campo, garantem ao mercado brasileiro enormes oportunidades”, completa o Petter.
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Nunca paramos de estudar a natureza CEBOLA ALVARA
CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA
Cultivar de formato arredondado, coloração intensa, boa firmeza, maturação precoce, alta produtividade e com folhas vigorosas de boa cerosidade, o que lhe confere grande versatilidade quanto à época de plantio.
Ciclo (dias): 130 a 150 (Triângulo Mineiro) e 110 a 120 (Nordeste) Época de Semeio: dezembro a janeiro e maio a junho
IR: Pt
A POSIÇÃO DA BEJO NO MUNDO DAS CEBOLAS
LEON BOUDENS É MELHORISTA NO DEPARTAMENTO DE ALLIUM DA BEJO ZADEN, NA HOLANDA, ONDE INICIOU SEUS TRABALHOS HÁ 14 ANOS, E VEM TRABALHANDO COMO MELHORISTA NOS ÚLTIMOS OITO ANOS. MAS, A SUA CONEXÃO COM O BRASIL JÁ DURA MAIS DO QUE ESSE TEMPO. AS FLORES O TROUXERAM INICIALMENTE AO BRASIL, QUANDO ERA UM MELHORISTA DE LÍRIOS, ANTES DE SE JUNTAR À BEJO.
Cebolas são a principal cultura da Bejo, seguidas de repolhos e cenouras. A nível global, cebolas são uma das principais culturas olerícolas. “Há muitas oportunidades para expandirmos ainda mais a nossa presença nesse mundo da cebolicultura - para mencionar só dois segmentos, destaco as cebolas de dias curtos e as cultivares que atravessam o inverno”, diz Boudens.
Origem
A história da Bejo no segmento de cebolas se iniciou na Holanda, onde há mais de 50 anos ela comercializa híbridos de dias extralongos, do tipo Rijnsburger, líderes de mercado. Na Holanda se planta cerca de 30.000 hectares de cebolas por ano, das quais cerca de 90% são exportadas. A Bejo é líder de mercado em sementes de cebolas, tanto convencional quanto orgânico. Essa forte presença num mercado tão importante permitiu o crescimento em outros segmentos.
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Leon Boudens
A Bejo tem um foco muito grande em sementes orgânicas e oferece as primeiras cultivares com resistência a míldio usadas não somente por produtores orgânicos, mas também por convencionais que, assim, aplicam menos fungicidas em suas cebolas.
As primeiras cultivares resistentes a míldio foram introduzidas no segmento de cebolas de dias extralongos há mais de 20 anos e agora a Bejo introduziu os primeiros híbridos com essa resistência em regiões de dias longos, com climas amenos e híbridos adaptados à produção de bulbilhos.
Influência do comprimento de dia Leon Boudens explica que quando uma cebola começa a crescer, primeiramente ela desenvolve suas folhas, e em dado momento, precisa transferir a força das folhas para as raízes. “Cebolas de dias curtos começam a formar bulbos com 11 - 12 horas de luz por dia. Tipos de dias extralongos, como na Holanda, só iniciam essa transferência após o dia alcançar 15 horas de luz, o que significa que
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as variedades devem ser adequadas ao local de plantio. Se um produtor brasileiro plantar uma variedade feita para a Holanda, ela seguirá em sua fase vegetativa até o fim da cultura, sem formar um bulbo”, esclarece.
Pelo mundo afora
A região de dias extralongos inclui parte da Europa Ocidental, Reino Unido e países escandinavos, onde os dias podem alcançar 16 horas de luz. Cebolas de dias longos estão presentes na França e Alemanha, na Europa, mas também numa importante região do Norte dos Estados Unidos. Nessa zona, as cebolas começam a bulbificar com 13 - 14 horas de luz.
“A região de dias intermediários é formada por parte dos Estados Unidos, com o Oregon, por exemplo, boa parte da China e países europeus, como Espanha e Itália, grande parte do Leste Europeu, e ainda no hemisfério Sul, com parte da Argentina nessa zona. Essa região do globo concentra atualmente a maior fatia das vendas de sementes de cebolas da Bejo.
Da Argentina, por exemplo, cultivares de dias intermediários, boas para armazenagem, são frequentemente exportadas para o Brasil”, informa o especialista.
A região de dias curtos ocupa a maior parte do globo, começando no Sul dos Estados Unidos, cobrindo a América Central, quase toda a América do Sul, incluindo o Brasil, além do continente Africano e parte da Ásia.
Como escolher a cultivar certa Além de conhecer as demandas do mercado, Leon Boudens deixa claro que o produtor deve se assegurar de que a cultivar tenha sido amplamente testada na sua região e na janela de semeio em que pretende plantar. “Aspectos de sua região, como latitude, altitude, solo e clima terão um enorme impacto nos resultados da cultura. E, evidentemente, o manejo para cultivares diferentes deve ser ajustado de acordo com suas necessidades”, ressalta.
A Bejo conduz muitos ensaios com a sua genética em todas as importantes regiões produtoras, para poder bem recomendar o uso da cultivar ideal, na janela certa. Boudens segue com dois exemplos práticos: “Se um produtor no Brasil Central plantar Hacienda, um híbrido recomendado para o Nordeste do Brasil, ele terá uma variedade muito tardia. Como segundo exemplo, se um produtor na Bahia decidir plantar
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Itaparica sob condições de calor muito intenso, a cultivar poderá sofrer com essas temperaturas. Provavelmente ela se adaptará melhor às épocas de clima mais ameno naquela região”, recomenda.
A presença das cebolas Bejo no Brasil Leon Boudens se refere ao programa para o Brasil como ainda muito jovem, somando atualmente 20 anos. “Introduzimos nossos primeiros híbridos, mas há muito mais a ser explorado, com certeza. Um ponto muito interessante é que aparentemente essas cultivares se adaptam a outras regiões, como países na África e Ásia. No Brasil, basicamente trabalhamos com dois grupos de cebolas de dias curtos. Para o Nordeste, cultivares com um sistema radicular muito vigoroso, folhas brilhantes, bulbos ligeiramente menos firmes e de coloração um pouco menos intensa. Para o Brasil Central, os bulbos são extremamente globulares, têm uma casca mais escura, as folhas têm mais cerosidade, o ciclo é mais curto, tendem a ser mais firmes e ter um pós-colheita ligeiramente mais alongado”, define.
Cultivares indicadas para o Nordeste do Brasil também costumam produzir bem no Sul dos Estados Unidos, com solos similares e demandas parecidas de mercado. Os híbridos desenvolvidos para o Brasil Central são apreciados na África do Sul e também na Austrália.
Incorporando firmeza nas cebolas Segundo Boudens, há um grande desafio no Sul dos Estados Unidos, que faria a felicidade de muitos produtores também aqui no Brasil: o desenvolvimento de híbridos adaptados à colheita mecânica. Isso requer um maior teor de matéria seca nos bulbos, para torná-los mais firmes. O especialista acredita que cerca de 60 - 70% das cebolas de dias curtos no Sul dos Estados Unidos terão que ser colhidas na máquina num futuro próximo. Para escolher a mecanização da colheita, o produtor necessitará de
equipamentos adaptados à genética e ao seu cultivo, porque nem todos os mercados aceitam cebolas com algum nível de dano provocado pela máquina. Portanto, Boudens destaca a importância de ajustar o manejo, escolher a genética adequada e conhecer as exigências do mercado atendido.
A Bejo tem o teor de matéria seca como um de seus objetivos no melhoramento genético e tem feito extensos ensaios com esses novos híbridos.
Brasil como potencial exportador de cebolas
Leon Boudens comenta que, para que o Brasil se torne um futuro exportador, há diversos desafios a serem superados. “Além de identificar a genética adequada para cada mercado, é preciso reduzir os custos de produção. Isso pede altas produtividades a custos baixos, para se ter competitividade. Redução de custos certamente incluirá mais mecanização e redução nas pulverizações. Esse último ponto demandará novas cultivares mais resistentes, o que é um dos nossos principais objetivos no melhoramento”, completa o melhorista.
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ARGENTINA GRANDE FORNECEDOR DE CEBOLAS PARA O MERCADO BRASILEIRO
FERNANDO TEJEDA É MELHORISTA DE CEBOLAS DA BEJO PARA A AMÉRICA DO SUL DESDE 2012, CASADO COM MARIANA E PAI DE DOIS FILHOS. EM CONJUNTO COM COLEGAS DA HOLANDA E DOS ESTADOS UNIDOS, TRABALHA COM O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS CULTIVARES DE CEBOLAS PARA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, PARAGUAI, PERU E URUGUAI. AQUI ELE NOS CONTA UM POUCO DE SEU TRABALHO E COMO É O MERCADO DE CEBOLAS ARGENTINO.
Segundo Fernando, no mercado de cebolas da Argentina, a Bejo comercializa cebolas de dias curtos e de dias intermediários, que oferecem ao produtor a possibilidade de ter safras de alta produtividade e excelente qualidade em diferentes regiões do país. A Bejo Argentina é líder no segmento de cebolas para armazenagem, de cebola roxa e cebola doce. A área de produção de cebolas na Argentina foi de cerca de 20 mil ha na safra 2018-19, e 23 mil ha na safra 2020-21, resultando em 700 mil toneladas. A principal área de produção está nas províncias de Buenos Aires e Rio Negro, que representam aproximadamente 65% da produção nacional, seguida das províncias de Santiago del Estero, Salta e Córdoba, com 20% da produção e as províncias de Mendoza e San Juan com outros 15%, de acordo com o Informe de Cebolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina de 2021.
Ainda segundo esta mesma publicação, o principal destino das exportações de cebolas da Argentina é o Brasil, para onde vão 84% do total, seguido do Paraguai, com 14%. Só em 2020, a Argentina exportou para o Brasil 155.356 toneladas de cebolas, e as poucas importações (12.714 toneladas) vieram também do Brasil, de acordo com dados do INTEC.
A Bejo Argentina também vende cebolas de dias intermediários, como: Stingray, Barracuda, Red Angel, Redwing e Bridewhite, que têm excelente capacidade de armazenamento e os produtores as destinam ao mercado local e/ou exportação em diferentes meses do ano.
Desenvolvimento para o Brasil Para o mercado brasileiro, Fernando Tejeda trabalha no melhoramento genético de cebolas para o centro do país. São cebolas de dias curtos, de formato redondo, com boa formação de casca e cor. Essas cebolas, que são comercializadas no Brasil, também podem ser cultivadas nas áreas produtivas do norte da Argentina. Dentre elas podemos citar Itaparica, Trancoso e Red Sensation.
Importação e Exportação de bulbos Para esta safra 2021-22, há uma boa qualidade de cebola de dias intermediários disponíveis para exportação e a realização de embarques dependerá exclusivamente da demanda do Brasil.
Há ocasiões em que os embarques de cebola do Brasil para a Argentina ocorrem em setembro/ outubro, quando a produção local no norte da Argentina não é suficiente para abastecer o mercado.
Fernando Tejeda
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Nunca paramos de estudar a natureza
ITAPARICA
CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA TRANCOSO
A Itaparica é uma cultivar 100% brasileira, desenvolvida aqui para atender as necessidades do nosso mercado. É uma cultivar extremamente precoce e produtiva. Planta com alto número de folhas muito vigorosas e bulbos de formato globular com ótima qualidade de casca e cor.
u Época de Semeio: março e abril u
Cultivar de dias curtos, a cebola Trancoso tem excelente qualidade de bulbos, de formato bem redondo e casca firme de coloração dourada. Planta muito vigorosa e com bom sistema radicular. Uma cultivar com elevado potencial produtivo e excelente classificação comercial.
u Época de Semeio: março e abril
u IR: Foc / Pt
IR: Foc
CEBOLAS DE DIAS CURTOS NOS ESTADOS UNIDOS E MELHORAMENTO PARA O BRASIL
JORGE JIMENEZ É CALIFORNIANO DE NASCIMENTO E DESENVOLVEU TODA SUA CARREIRA NO AGRONEGÓCIO. ELE TRABALHA COM MELHORAMENTO DE CEBOLAS DESDE 2009 E SE JUNTOU À EQUIPE DA BEJO NOS ESTADOS UNIDOS EM 2015, TRABALHANDO COM O DESENVOLVIMENTO DE NOVAS CULTIVARES DE CEBOLAS PARA DIFERENTES MERCADOS, COM FOCO NAS VARIEDADES DE DIAS CURTOS PARA OS ESTADOS UNIDOS, BRASIL, AUSTRÁLIA E ÁFRICA DO SUL. TAMBÉM TRABALHA COM O DESENVOLVIMENTO DE CEBOLINHAS E ECHALOTES NA CALIFÓRNIA.
A Bejo tem uma equipe de desenvolvimento, com dois melhoristas dedicados às cebolas de dias curtos nos Estados Unidos. Com campos implantados em diversos locais, como Texas, Georgia e o Vale Imperial, na Califórnia, eles se revezam em viagens para acompanhar o desenvolvimento e avaliar a performance dos materiais. Mas, a Bejo nos Estados Unidos também conta com equipes que desenvolvem cebolas de dias longos.
O mercado de cebolas de dias curtos nos Estados Unidos é menor, se comparado a outros mercados mundiais de dias curtos, como por exemplo, o brasileiro. Porém, Jorge ressalta que a Bejo está trabalhando para trazer variedades muito robustas e versáteis.
Novidades chegando
As próximas cultivares na fila de desenvolvimento são muito promissoras e trarão impacto ao mercado americano nos próximos anos. Segundo
Jorge, os métodos de melhoramento da Bejo, no tocante à filosofia de trabalho e prática, são os melhores que ele já teve contato em toda sua carreira e assegura que o produto final disponibilizado ao mercado traz muito valor agregado aos produtores e consumidores. Para o mercado de dias longos no Pacífico Norte, a Bejo é líder absoluta de mercado, justamente devido a esses mesmos princípios. “Entregamos cebolas de boa qualidade, produtivas e estáveis ao mercado”, completa Jorge.
Atualmente, o mercado americano está aquecido, e os preços da cebola estão muito bons. Com isso, os produtores estão colhendo o mais cedo possível para aproveitar os bons preços. Até agora a temporada está sendo muito boa no país.
Os Estados Unidos importaram US$ 700 milhões em cebola em 2020, contra 250 milhões de exportação. Jorge acredita que os números para 2022 devem ficar estáveis, porém, dependerá das condições climáticas que podem influenciar a produção. Em 2021, por exemplo, o verão intenso no Noroeste, na costa do Pacífico, causou prejuízos à produção e acarretou em mais importações e menos exportações.
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Diferenças do mercado americano e brasileiro
Enquanto a maior parte das cultivares ainda plantadas nos Estados Unidos são do tipo grano, mais achatadas, no geral o mercado americano está cada vez mais voltado para o formato redondo de cebolas, assim como a demanda do mercado brasileiro.
“Observamos que as cultivares que têm apresentado bom resultado no Texas, por exemplo, tendem a ficar no formato desejado no Brasil”, diz Jimenez. “Com isso em mente, teremos alguns novos materiais que devem potencialmente achar seu lugar diretamente no nordeste brasileiro e também servir indiretamente para o restante do Brasil, trazendo cultivares de maior qualidade de raiz para todo o País”.
Em sentido contrário, Maragogi foi uma cultivar desenvolvida para o Brasil que está ganhando muita popularidade no Sudeste dos Estados Unidos, em particular na Georgia, já que é percebida pelo mercado como uma cebola produtiva, doce e redonda. “Teremos que testar alguns de nossos materiais experimentais e ver como eles performam em ensaios também no Nordeste”, completa Jorge.
Desenvolvimento para o Brasil
Jorge tem um importante papel no desenvolvimento de cultivares para o Brasil. Até agora, o fornecimento do germoplasma tende a focar materiais precoces. Dessa forma, o trabalho se voltou para o desenvolvimento de um germoplasma para cebolas de ciclo mais longo, no segmento de dias curtos. A localização da estação de melhoramento na Califórnia traz a oportunidade de desenvolver e selecionar linhas de maturação mais longas, que podem ser usadas para o desenvolvimento dos híbridos para o Brasil.
O banco de germoplasma de materiais dos Estados Unidos, em combinação com o germoplasma desenvolvido para o Brasil, podem trazer algumas características que serão úteis no Brasil. “É aí que estão concentrados os esforços do melhoramento para o Brasil agora”, diz Jorge, acreditando que, dado o tamanho do mercado de cebolas no Brasil e a linha que está sendo desenvolvida para o País, existe muita oportunidade de crescimento no futuro para a Bejo.
Ainda de acordo com Jorge, “uma forma de garantir que estamos presentes nas oportunidades que surgem no Brasil é garantir que tenhamos uma boa conexão entre nosso departamento de vendas e o mercado local. Acredito que o futuro é brilhante para o mercado brasileiro e também para as oportunidades da Bejo nesse mercado”, conclui.
“Acredito que o futuro é brilhante para o merca do brasileiro e também de oportunidades para a Bejo nesse mercado”
Jorge Jimenez
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CEBOLAS
FATOS INTERESSANTES...
DE ONDE VEM?
A cebola é uma das hortaliças mais antigas que foram utilizadas pelas primeiras civilizações modernas. Ela foi cultivada no antigo Egito, onde se acreditava que sua estrutura interna esférica era um símbolo da vida eterna (por isso ela era parte importante das cerimônias fúnebres).
NUTRICIONAL
Uma cebola de tamanho médio tem 30 calorias.
RECORDE
A maior cebola já cultivada pesava cerca de 5kg.
NO MUNDO
A cebola é, atualmente, a 6ª hortaliça mais popular do mundo, julgando apenas pela sua produção.
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TIPOS DE CEBOLA
A cebola amarela é o tipo de cebola mais popular, com impressionantes 75% da produção mundial de cebola.
NA ANTIGUIDADE
Atletas e soldados em civilizações antigas usavam a cebola como fonte de energia. Eles (soldados ou atletas gregos e gladiadores romanos, respectivamente) acreditavam que comer ou esfregar na pele poderia lhes dar mais força e velocidade de movimento.
PRODUÇÃO
Mais de 9.000.000 de acres de terra fértil são usados atualmente para a produção de cebola, e apenas 8% da produção global é destinada ao comércio. Em 2012, a produção mundial de cebola atingiu 74 milhões de toneladas, sendo China, Índia, Estados Unidos e Egito os maiores produtores.
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Fonte: Onion Facts - Interesting Information about Onions (vegetablefacts.net)
GERENCIAMENTO DE HERBICIDAS NO BRASIL
APESAR DE A CEBOLA SER MUITO SENSÍVEL AOS HERBICIDAS, O USO DESSES PRODUTOS É IMPRESCINDÍVEL PARA UM BOM MANEJO DE PLANTAS DANINHAS. O MÉTODO DE CONTROLE QUÍMICO É BASTANTE UTILIZADO NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DE CEBOLA COMO FERRAMENTA DO MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS
O ioxynil era o princípio ativo mais utilizado nas principais regiões produtoras de cebola, porém, no ano de 2020 a molécula foi descontinuada no mercado brasileiro. Atualmente, os princípios ativos registrados mais usados na cebola, a depender da região, são: cletodim, fenoxaprop, fluazifop, flumioxazin, oxyfluorfen, pendimenthalin e quizalofop. A boa gestão desses e de novos produtos é de extrema importância para evitar o uso exclusivo de um único produto e tornar-se extremamente dependente do mesmo. A molécula ioxynil foi um exemplo de extrema
dependência e sua descontinuidade vem causando inúmeras dificuldades no manejo de plantas daninhas, principalmente por falta de conhecimento dos efeitos de outros herbicidas na cultura.
Herbicidas x produtividade da cebola
A incidência de plantas daninhas na cebola pode reduzir em até 100% a produtividade de bulbos. Dessa forma, os herbicidas aliados a outras técnicas de manejo contribuem para manter a produtividade potencial de bulbos de cebola.
Para o uso mais eficiente de herbicidas, é muito importante que o solo seja bem manejado anteriormente a fim de reduzir o banco de sementes de plantas daninhas e, consequentemente, diminuir a infestação e competição das plantas daninhas por água, luz e nutrientes com a cultura da cebola.
O uso de sementes de cebola vigorosas é de extrema importância, tanto pelo crescimento inicial rápido quanto pela maior tolerância da cultura aos herbicidas aplicados.
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Também é muito importante focar no uso de herbicida dessecante antes da emergência da cultura e nos estádios mais iniciais das plantas daninhas para aplicações de herbicidas em pós-emergência.
Erros mais comuns
O erro mais comum na cebolicultura é subestimar o potencial de competição das plantas daninhas e atrasar o momento de aplicação de herbicidas. Outro erro, ou falta de atenção e conhecimento, é não considerar o efeito carrryover de herbicidas utilizados em culturas anteriores que podem prejudicar a germinação e o desenvolvimento das plantas de cebola.
A cebola é extremamente sensível aos resíduos de herbicidas no solo.
Na ponta do lápis Para redução dos custos de herbicidas, é importante reduzir o número de pulverizações utilizando os herbicidas mais adequados no momento correto de aplicação para cada área. O momento correto dependerá, principalmente, do herbicida, da infestação e estádio das plantas daninhas, além do vigor das plantas de cebola.
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Marcelo Rodrigues dos Reis Professor - Universidade Federal de Viçosa, cam pus Rio Paranaíba reisagro@gmail.com
NUTRIÇÃO DA CEBOLA NO BRASIL
A CEBOLA POSSUI CICLO CURTO E RAÍZES SUPERFICIAIS, ESPECIALMENTE NA FASE INICIAL DO CULTIVO. ASSIM, AS FONTES DE NUTRIENTES, ESPECIALMENTE AS DE FÓSFORO (P), DEVEM APRESENTAR ALTA SOLUBILIDADE PARA GARANTIR A DISPONIBILIDADE NO SOLO, REQUERIDA PELAS PLANTAS JOVENS.
No caso do nitrogênio (N), é importante considerar o modo de aplicação (a lanço ou fertirrigação) para adotar as medidas mais corretas para controle das perdas comuns que podem ocorrer (lixiviação, percolação ou volatilização).
Para potássio (K), os estudos com fontes são escassos e os resultados preliminares indicam pouca influência da fonte escolhida, desde que a dose aplicada desse nutriente seja condizente com a demanda da cultura. Um aspecto importante é a qualidade física das fontes de nutrientes para distribuição a lanço.
Nesse tocante, deve haver dureza e uniformidade dos grânulos o suficiente para garantir boa distribuição, minimizar a ocorrência de finos (pó) e ao mesmo tempo suficientemente macios para boa hidratação e dissolução, com posterior liberação dos nutrientes para a planta.
Especificidades
A curva de absorção de uma variedade oferece importantes indicadores para a definição de doses e épocas de aplicação de N, K e B. Para esses nutrientes, em especial N e K, não se esperam expressivas mudanças ao se mudar a região e tipo de solo.
A dose irá depender mais da época de plantio (que influencia no N) e
da produtividade esperada (tanto para N como K) para a variedade considerada na curva de absorção. A região ou tipo de solo irão influenciar (definir) as doses de P e a necessidade de correção do solo.
Desta forma, conhecer a curva de absorção contribui para o manejo mais preciso das adubações com N, K e B com pouca influência de região e tipo de solo. Para esses nutrientes, a mudança de região ou tipo de solo tem influência indireta, que é a alteração do potencial de produtividade, o qual tem relação direta com as doses de N e K.
Ainda assim, o efeito da variedade (determinado na curva de absorção) é muito importante, pois variações de 20 a 50% nas doses de N e K podem ocorrer para uma mesma condição de solo e região ao se mudar a variedade.
Questão de genética
A genética e as condições climáticas são as variáveis mais importantes na definição da matéria seca dos bulbos. Entretanto, a matéria seca pode ser otimizada pela boa nutrição. Nesse tocante, o mais importante é o equilíbrio entre nutrientes, o que permite um ciclo mais longo, o qual melhora a matéria seca.
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Alguns nutrientes, como P, Mg, N, K e B desempenham papel importante na fotossíntese e/ou no movimento de carboidratos na planta. Esses nutrientes otimizam as taxas de fotossíntese e a duração das folhas sadias e aptas à alta taxa de fotossíntese, o que melhora a matéria seca dos bulbos na colheita. A adequada nutrição em K permite, ao mesmo tempo, maior taxa de fotossíntese e minimiza a competição com Ca, o que também contribui para a maior matéria seca e firmeza dos bulbos.
Nutrientes fundamentais para a qualidade do bulbo
A formação de casca depende, em primeira análise, da variedade e condição de clima. Clima com temperaturas amenas, especialmente noturna, que condicionam maior ciclo, associado à pouca chuva, ajuda na melhor formação de casca.
Nutrientes como P, Ca e Mg contribuem para obtenção de casca mais firme e de boa coloração. Micronutrientes como o B, Cu e Zn podem participar de processos fisiológicos que alteram a coloração e a elasticidade da parede celular, conferindo a cor e a integridade da casca da cebola.
Adubação de cobertura
A adubação de cobertura com potássio deve ser pequena (ao redor de 30% da dose total) até a quinta folha (pré-bulbificação) e mais intensa entre início de bulbificação e a formação de bulbos caixa 2.
A maior parte do potássio é acumulada entre o início de bulbificação e bulbos caixa 3. Aplicação de grandes quantidades de K antes da bulbificação podem resultar em competição desse nutriente com o Ca, o que pode prejudicar a integridade de parede celular e a tolerância às doenças.
A aplicação de K após os bulbos caixa 3 resulta em pequena recuperação pela planta, pois boa parte dos nutrientes que são direcionados aos bulbos derivam da remobilização do K das folhas, e pouco da absorção dos nutrientes do solo.
Deficiências nutricionais x adubação foliar
A aplicação foliar se justifica especialmente para o molibdênio, nutriente que é demandado em pequenas quantidades e apresenta mobilidade no floema, sendo redistribuído na planta após a absorção foliar.
Leonardo Aquino Diretor técnico | IPACER - Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) aquino.ufv@gmail.com
CEBOLAS EM REVISTA 21
Nutrientes com baixa mobilidade no floema (Cu, Zn, Mn e Ca por exemplo) apresentam pequena chance de resposta às aplicações foliares. Outros nutrientes, como N e K, apresentam redistribuição no floema, porém, são demandados em grandes quantidades e as doses supridas via foliar são insuficientes para a boa nutrição da planta.
A aplicação foliar pode ser interessante para complementação nutricional (Mo, B, P e Mg, por exemplo) em lavouras que já receberam excelente adubação via solo (quantidade e equilíbrio), em cultivos com alto potencial de produtividade, e pouco efeito apresentarão em lavouras com deficiências nutricionais devido ao baixo suprimento no solo, fornecimento desequilibrado de nutrientes e com potencial de produtividade baixo.
Correção das carências
As carências nutricionais de N, K, Mg e B durante o ciclo são mais fáceis de serem corrigidas. As deficiências de P, Cu e de Zn durante o ciclo são de correção mais difícil porque esses nutrientes apresentam baixa mobilidade no solo.
Apenas nos solos arenosos ou quando o cultivo é irrigado por gotejamento é que a correção durante o ciclo se torna mais fácil. Entretanto, considerando o sistema radicular, que é reduzido, especialmente na fase inicial, bem como o ciclo curto, é preciso que o agricultor tenha um bom planejamento do programa de correção e de adubação da cultura.
Há pouco tempo para se tomar medidas corretivas na adubação durante o ciclo, e o planejamento bem feito deve ser a principal medida para obter sucesso na nutrição da planta ao longo do ciclo.
Relação entre Ca e N
A adubação nitrogenada em excesso pode induzir a expansão foliar muito rápida e não haver tempo hábil para depositar Ca na parede celular na velocidade em que a folha se expande.
Isso pode resultar em tecido mais flácido, presença de folhas dobradas (quebradas) no cultivo e mais suscetíveis às doenças.
A combinação de excesso de N (alta expansão foliar) com excesso de K (efeito de competição) pode prejudicar a absorção e a deposição correta de Ca na parede celular, com prejuízos na tolerância às doenças e na obtenção de bulbos com alta matéria seca.
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Nunca paramos de estudar a natureza
CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA
HACIENDA
Cultivar bastante vigorosa que apresenta folhas bem desenvolvidas e semieretas, possui bulbos grandes, uniformes e redondos de coloração amarelada. Apresenta uma excelente produtividade e ótima adaptação às condições do nordeste brasileiro.
u Ciclo: 110 dias do semeio direto;
u Época de semeio: verão;
u IR: Foc / Pt.
REFORMA
Cultivar bastante uniforme que apresenta uma ótima produtividade, possui bulbos firmes de formato redondo e coloração amarelada, folhas de tamanho mediano, eretas e sadias. Tem alto vigor de raiz. Adaptada às condições do nordeste brasileiro.
u Ciclo: 115 dias do semeio direto;
u Época de semeio: verão;
u IR: Foc / Pt.
Nunca paramos de estudar a natureza
CEBOLA RED SENSATION
CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA
Cultivar roxa de coloração muito intensa também internamente, formato de bulbo globular de centro único, bastante precoce, se comparada com outras opções no mercado, folhas eretas e alta produtividade, conferida por bulbos pesados.
u Ciclo (dias do semeio direto): 130 a 140 (Sudeste e Centro-Oeste) e 110 a 120 (Nordeste)
u Época de semeio: março a maio (Sudeste e Centro-Oeste) e março a junho (Nordeste)
u IR: Foc / Pt
OS DESAFIOS NA PRODUÇÃO DA CEBOLA
A cebola (AlliumcepaL.) é uma das plantas cultivadas de ampla difusão no mundo. Faz parte das mais importantes olerícolas, juntamente com o tomate e a batata.
A produção mundial é de 60 milhões de t/ano, variando conforme a área de cultivo, a qual se situa entre 3,0 e 3,5 milhões de ha/ano. Os maiores produtores mundiais são a China, Índia e Rússia.
A cebola no Brasil é cultivada desde a região sul até o nordeste. As principais regiões produtoras são: SP (Piedade, Monte Alto e S. J. Rio Pardo), SC (Ituporanga, Alfredo Wagner, ...), RS (São José do Norte, Caxias do Sul, ...), BA (Juazeiro e Irecê), PE (Petrolina), PR (Irati e Guarapuava), MG (São Gotardo) e GO (Cristalina).
As variações de preços são estacionais e ocorrem com certa frequência, o que pode ser resultado do efeito da “teoria da teia de aranha”: em determinada época do ano, o preço é alto e a produção é baixa, e no ano seguinte, o produtor, estimulado pela alta do preço, aumenta a produção, que com o aumento da oferta, tende a gerar queda dos preços.
Plantio
O planejamento da produção de cebola inicia pela escolha da cultivar adequada. Para um bom desempenho, é necessário utilizar cultivares de alto potencial genético para qualidade e produtividade. Uma cultivar ideal de cebola deve ser atrativa ao consumidor, resistente a doenças e pragas, de alto rendimento, livre de florescimento prematuro, com uniformidade
no tamanho, forma, cor e maturidade. Se for para comercialização tardia deve, ainda, apresentar boa retenção de escamas e conservação.
A escolha da cultivar ideal de cebola para cada região deve levar em consideração principalmente o ciclo e a respectiva época de plantio, de forma a propiciar o escalonamento e a melhor distribuição das atividades de plantio e colheita.
Plantas daninhas
O controle de plantas daninhas em cebola é muito importante, principalmente durante os estágios iniciais de desenvolvimento, pois as plantas têm baixo porte, crescimento lento e requerem boa luminosidade.
A entrada e saída de herbicidas do mercado indica que o produtor deve atualizar as estratégias de controle do mato para obter sucesso. A rotação de culturas com uso de herbicidas de diferentes modos de ação é uma das maneiras de facilitar o controle do mato.
Pragas
Tripes - Thripstabaci: é a principal praga, podendo causar prejuízos de 50%. Altas temperaturas e poucas chuvas favorecem o aumento populacional do inseto. Plantas muito danificadas não tombam por ocasião da maturação fisiológica, o que facilita a entrada de água até o bulbo, aumentando as perdas da produção por apodrecimento. Os tripes também podem transmitir viroses.
Larva-minadora - Liriomyza spp.: As larvas formam galerias no parênquima foliar em forma de serpentina, reduzem a área foliar e podem disseminar doenças fúngicas.
Mosca-da-cebola - Deliaplatura: as larvas perfuram a raiz na região da coroa, o que favorece o ataque de patógenos e o consequente apodrecimento. Podem causar danos às mudas na fase de canteiro e após o transplante. É uma praga que ataca também feijão, milho e soja.
Doenças causadas por fungos
Míldio - Peronosporadestructor: Temperaturas amenas (12-21ºC) e alta umidade relativa (> 80%) favorecem a ocorrência da doença. Os sintomas
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iniciam-se com uma descoloração nas folhas, que evolui para uma mancha alongada no sentido do comprimento da folha.
Mancha púrpura - Alternariaporri: é uma das principais doenças da cebola em condições de clima quente e úmido. O sintoma da doença se manifesta nas folhas, que inicialmente apresentam pequenas pontuações brancas e de formato irregular.
Antracnose (mal-de-7-voltas) Colletotrichumgloeosporioides: há formação de manchas alongadas, deprimidas e de coloração parda nas folhas; lesões no bulbo e/ou enrolamento das folhas e formação de bulbos charutos em vez de bulbos normais.
Queima-das-pontas - Botrytissquamosa: baixa temperatura e alta umidade relativa, principalmente a presença de nevoeiro, favorecem a doença. Os sintomas iniciam-se com pequenas manchas esbranquiçadas no limbo foliar e posterior morte progressiva dos ponteiros.
Raiz-rosada - Pyrenochaetaterrestris: ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de cebola. Os sintomas podem ser observados nas plantas em qualquer estádio de desenvolvimento, mas ficam mais aparentes na época de maturação. As raízes inicialmente apresentam coloração rosada, e com o tempo vão mudando para púrpura, parda e preta.
Podridão-branca - Sclerotiumcepivorum: é mais importante em locais com temperaturas amenas e alta umidade. O fungo produz estruturas de resistência (escleródios) que permitem sua sobrevivência por longos períodos no solo.
Podridão-de-Phytophthora - Phytophthora spp: ocorre principalmente em condições de excesso de umidade. Os sintomas são queimas foliares, que geralmente se iniciam na base das folhas e, à medida que estas vão crescendo, deslocam-se para o centro e a ponta das mesmas.
Doenças causadas por bactérias
Podridão-mole - Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum: é comum na fase de armazenamento. As escamas internas apresentam manchas aquosas e amarelas pálidas a marrom claro, tornando-se moles com o progresso da doença. Todo o interior do bulbo pode apodrecer e o cheiro forte é comum.
Podridão-bacteriana-da-escamaBurkholderiacepacia: ocorre com maior frequência em bulbos já maduros ou armazenados.
Doenças causadas por vírus Mosaico em faixas ou nanismo amarelo (OYDV): é causado pelo vírus do nanismo amarelo da cebola (OYDV), transmitido por pulgões. Os sintomas iniciam-se com estrias cloróticas e amareladas na base das folhas mais velhas. Em seguida, todas as novas folhas apresentam desde os sintomas de estrias isoladas até o completo amarelecimento.
Doenças causadas por nematoides
Galhas das raízes - Meloidogyne spp.: campos afetados apresentam reboleiras de plantas com crescimento lento. As plantas afetadas apresentam nanismo e sintomas de deficiência de nutrientes minerais. As raízes apresentam
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galhas e muitas raízes secundárias. A planta tem dificuldade de absorver água e nutrientes do solo e os bulbos produzidos são pequenos em relação aos de plantas normais.
Doenças de pós-colheita Mofo-preto (Aspergillusniger); Mcofo-verde (Penicillium spp); Podridãoaquosa (Botrytis spp.); Antracnose (Colletotrichum spp.); Podridão-basal (Fusariumoxysporum); Podridão-mole (Pectobacterium carotovorum subsp. carotovora); Podridão-da-escama (Burkholderiacepacia); Podridão-da-escama (Pseudomonas viridiflava).
Controle de pragas e doenças Rotação de culturas; eliminação de restos culturais através de incorporação ao solo; nutrição equilibrada; utilizar de agentes biológicos para recompor o equilíbrio do ambiente e reduzir a população de organismos patogênicos; indutores de resistência; monitorar as pragas e doenças; aplicar os defensivos em épocas adequadas e nas doses corretas.
Maturidade
O ideal é que a colheita da cebola seja feita quando 40 a 70% das folhas estiverem amarelecidas ou secas. Para armazenamento prolongado, recomenda-se que a colheita seja feita quando 50 a 80% das plantas já estiverem estaladas e os bulbos maduros e com o pescoço fino. As produtividades são maiores quando as plantas são colhidas com as folhas totalmente secas, porém, a vida de prateleira tende a ser menor.
Cura
A cura é um processo importante para a qualidade pós-colheita. A função é remover o excesso de umidade das camadas mais externas
dos bulbos e das raízes. A formação de uma camada de catafilos secos ao redor do bulbo em decorrência da cura bem feita promove uma barreira eficiente contra a perda de água e infecções.
Condições ótimas de armazenamento Cebolas com pungência alta podem ser armazenadas por até 9 meses na temperatura de 0°C e umidade relativa de 65 a 75%.
Umidades relativas altas induzem o crescimento radicular, enquanto temperaturas altas induzem o brotamento. A combinação de altas temperaturas e umidade relativa contribuem para o aumento de podridões e redução da qualidade. Cebolas produzidas a partir de sementes têm maior vida de prateleira quando comparadas com cebolas obtidas a partir de transplante. A vida útil da cebola é dependente da cultivar. Cebolas que possuem teor de matéria seca maior (grupo Baia, 7-12%) conservam-se melhor que materiais que possuem teores menores.
Renato Agnelo Engenheiro agrônomo e consultor ragnelo@terra.com.br
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OS DESAFIOS NA PRODUÇÃO DE CEBOLA: FITOSSANIDADE
A cebola, Alliumcepa L., é a terceira hortaliça mais produzida no Brasil, com cerca de 1,5 milhão de toneladas na safra 2021. Nos últimos 10 anos a produção nacional de cebola vem se mantendo praticamente estável, contudo, se verifica leve redução na área plantada, safra após safra, compensada por um incremento na produtividade média. A estagnação na produção brasileira fez com que caíssemos de 10º para 15º produtor mundial de cebola.
Desafios e oportunidades da cebola
O aumento nos custos de produção também atingiu os cebolicultores. Como muitos insumos vêm sendo reajustados em função da cotação do dólar, há dificuldades para os agricultores planejarem os investimentos necessários para a produção. Em São Paulo, por exemplo, mesmo com elevada produtividade, em muitos casos, não foi possível compensar o aumento dos custos na última safra. Para a safra 2022 os agricultores devem estar atentos aos custos de produção a fim de não ter prejuízos. Contudo, se espera que os preços da cebola se elevem, tentando acompanhar os aumentos nos custos.
Oferta x demanda
A demanda por cebola no Brasil é maior durante as festas de final de ano até o carnaval, pois o consumo da hortaliça está tradicionalmente associado à condimentação de carnes.
Por outro lado, nas festas populares de inverno, como as comemorações juninas, a cebola não é um ingrediente de destaque nos pratos típicos. Além disso, o consumo do produto em sopas e tortas, bastante comum em outros países, ainda é incipiente no Brasil.
A oferta de cebola permanece constante o ano inteiro devido a diferenças no período de colheita e comercialização entre as regiões produtoras. Os Estados da região sul costumam comercializar suas safras de outubro a abril.
Minas Gerais e São Paulo iniciam as vendas em maio até meados de setembro.
A região nordeste, especialmente Bahia e Pernambuco, pode produzir durante o ano inteiro, porém, costuma ofertar o produto após a região sul, a fim de obter melhores preços.
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Fitossanidade
As pragas e doenças da cultura da cebola variam sua incidência devido a diversos fatores edafoclimáticas e de manejo da cultura. Desta forma, a importância da praga ou doença é dependente da região de cultivo. O tripes, ou piolho-da-cebola (Thrips tabaci), em todas as regiões produtoras do Brasil; a mosca-minadora ou riscador (Liriomyza spp.), especialmente na região nordeste e; na safra 2021, a mosca-da-cebola ou mosca-da-raiz (Delia sp.) na região sul, se destacam como os principais insetos-praga da cultura da cebola. Dentre as doenças, também se verifica alteração na importância em função da região de cultivo. A mancha púrpura, fungo Alternaria porri, prefere as condições tropicais e apresenta maior importância nas regiões sudeste e centro-oeste.
No Estado de Santa Catarina, onde as doenças fúngicas foliares assumem maior relevância, se destacam os danos causados pelo míldio ou mofo (Peronospora destructor), principal doença da cebola no Estado, e a queima das pontas ou pinta-branca, causada por Botrytis squamosa Além dessas doenças, a virose causada pelo Iris yellow spot virus (IYSV) é bastante destrutiva, porém, com ocorrência esporádica.
O tripes T. tabaci é o principal inseto-praga da cultura da cebola no mundo. Os danos são causados pela alimentação de ninfas e adultos, que sugam as células do tecido vegetal e provocam sua morte.
Visualmente, o ataque pode ser identificado por lesões esbranquiçadas nas folhas. Posteriormente, estas adquirem um aspecto prateado e, em seguida, as lesões secam. Essas lesões reduzem a área fotossintética das plantas, podendo causar redução no tamanho e peso dos bulbos. Além dos
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e pesquisador - EPAGRI edivanioaraujo@epagri. sc.gov.br
Edivânio Rodrigues Araújo
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Daniel Rogério Schmitt Engenheiro agrônomo, mestre e pesquisadorEPAGRI danielschmitt@epagri. sc.gov.br
danos diretos, o tripes é vetor da virose do Iris yellow spot virus (IYSV). A mosca-minadora, no Brasil, tem registros da espécie L. trifolii e L. sativae, embora estudos sejam necessários para a confirmação das espécies que ocorrem nas diferentes regiões produtoras de cebola. As fêmeas colocam seus ovos no interior das folhas e após cerca de três dias as larvas eclodem e se alimentam do parênquima foliar, abrindo galerias no seu interior.
A alimentação das larvas causa redução da área foliar, diminuindo a atividade fotossintética das plantas e, por consequência, a produtividade. A mosca-da-cebola se assemelha à mosca-doméstica. Apresenta ocorrência esporádica nos Estados do Sul do Brasil. As fêmeas colocam os ovos no solo junto às plântulas recém-transplantadas ou recémgerminadas.
As larvas eclodem e se enterram no solo para se alimentar das raízes, impedindo a absorção de água e nutrientes. Com o crescimento, as larvas perfuram o colo da plântula e abrem galerias, que se assemelham a uma broca. Inicialmente, as plântulas atacadas murcham e amarelecem, causando sua morte em infestações severas.
A mancha púrpura causa lesões amareladas nas folhas que evoluem para coloração lilás-avermelhada. Em condições de alta umidade, podem apresentar anéis concêntricos marrons a cinza escuro. Em geral, as folhas mais velhas são as mais suscetíveis. Ferimentos, especialmente aqueles causados pela alimentação de tripes, também favorecem a penetração do fungo.
O míldio ocorre em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Os sintomas podem ser observados com a formação de uma massa acinzentada, semelhante a pequenos fios de veludo nas folhas. À medida
que a doença evolui, observa-se a descoloração da parte atacada, as lesões aumentam de tamanho e se alongam no sentido das nervuras, tornando-se necróticas.
A queima-das-pontas ocorre nos estádios iniciais de desenvolvimento das plântulas, especialmente em canteiros de produção de mudas. Inicialmente surgem pequenas manchas isoladas nas folhas, porém, em condições favoráveis, com temperaturas amenas (em torno de 20ºC) e grande período de molhamento foliar, a doença evolui rapidamente em forma de queima descendente.
A diagnose da doença em campo não é simples, devido ao confundimento com fatores causadores de estresses, por isso, se recomenda o envio de amostras para laboratório.
O vírus IYSV é transmitido por tripes, teve surtos verificados em Santa Catarina no ano de 2017 e se mostrou altamente prejudicial à lavoura. As plantas atacadas parecem ter sido queimadas com fogo, devido à seca intensa das folhas, por isso, é também conhecido como sapeco-dacebola. O manejo de tripes é o método mais eficaz para evitar a ocorrência dessa virose.
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Controle
O primeiro passo para o controle é o bom manejo da lavoura, com a escolha da cultivar mais adequada, irrigação e adubação equilibradas. Desta forma, muitos problemas fitossanitários não causarão danos significativos.
O monitoramento também é uma etapa importante, pois permite ao agricultor aplicar o método de controle somente quando necessário, reduzindo os custos de produção e diminuindo os riscos de seleção de populações resistentes.
O controle químico é, ainda, o método mais utilizado para o manejo das principais pragas e doenças da cebola. Há cerca de 56 produtos inseticidas registrados para controle de tripes, muitos dos quais com ação sistêmica/ translaminar, que também apresentam ação para controle da mosca-minadora.
Contudo, especialmente para tripes, a eficiência destes produtos pode variar bastante devido à possível presença de populações resistentes. Por isso, é imprescindível que o agricultor, quando necessária a pulverização de inseticidas, realize a rotação de inseticidas com diferentes modos de ação.
Não existem cultivares totalmente resistentes a todas as doenças no Brasil, logo, o manejo é realizado com aplicações frequentes de fungicidas. Em algumas regiões, chegam a duas aplicações por semana. Novamente, chamamos a atenção dos agricultores terem cuidado em não selecionar populações resistentes de patógenos.
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Leandro Delalibera Geremias Engenheiro agrônomo, doutor em Entomologia e pesquisador - EPAGRI leandrogeremias@ epagri.sc.gov.br
O MERCADO DE CEBOLAS BRASILEIRO
O Brasil vem colhendo ao redor de 1,5 milhão de toneladas de cebolas já há vários anos, o que demonstra que o consumo vem mantendo seu ritmo. É sabido que o consumo de cebola por parte do brasileiro está abaixo dos países da África, por exemplo, que tem renda per capita bem menor do que muitos Estados brasileiros.
A maior safra ainda está em Santa Catarina, com oferta média de 400 mil toneladas. Esta é considerada a região alta, que ainda tem uma média de 15% da sua produção para ser comercializada, enquanto a cebola da região baixa já foi toda escoada. À frente da produção estão Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, e o restante nos Estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. O Nordeste, em especial Mossoró, tem começado a produzir, mas ainda não impacta tanto na produção brasileira.
A realidade brasileira
As chuvas deste ano, que foram bem mais intensas, atingiram bastante o Nordeste, Minas Gerais, Goiás e São Paulo, afetando especialmente o Nordeste, que ofertou pouca cebola. A principal região que ainda mantém volume é Irecê (BA), que está no mercado e deve continuar até junho.
Já Goiás e Minas Gerais sofreram muito com as chuvas no plantio, prejudicando o cultivo. Essa realidade deve resultar em uma redução na oferta de cebola a partir de 20 de abril até 20 de julho, e reflete diretamente na redução de área dos dois Estados.
Já São Paulo teve dificuldade, nos meses de janeiro e fevereiro, com a realização de um bom preparo de solo e também de plantio da cebola. Mas, a partir de março, todas as regiões, Goiás, Minas Gerais e São Paulo conseguiram plantar, que resultarão na oferta de julho. Os dados apresentados foram colhidos ao final do mês de abril/2022
Programas de incentivo
Para amparar os cebolicultores brasileiros, atualmente há o Plano Nacional de Desenvolvimento da Cebola, lançado na década de 70. Depois deste, existem apenas campanhas regionais feitas por empresas privadas e produtores.
Importação x exportação
O Brasil importa muita cebola em épocas de quebra de safra, o que aconteceu em 2015, quando precisamos importar 288 mil toneladas, grande parte da Comunidade Europeia e depois tivemos outras entradas de importação ao redor de 200 mil toneladas.
No ano passado, o Brasil recebeu 100 mil toneladas, como complemento da produção nacional. Quando o preço começa a subir muito, aí entra a importada.
Já quanto à exportação, é esporádica. Foram aproximadamente 20 mil toneladas para o Mercosul nos últimos anos.
Consumo interno
O consumo permanece praticamente estável no Brasil. Não temos dados atualizados até o momento, sendo os últimos de 2015, e a ANACE não permite divulgar informações defasadas. O
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Brasil é autossuficiente na produção de cebolas, e só importa quando realmente há quebra de safra.
Preços nacionais
Os preços de cebola atuais estão na média de R$ 55,00 a saca de 20 kg de ‘caixa três’. Observase que a oferta tem reduzido, podendo até aumentar o preço dessa cebola nos próximos meses.
De maneira geral, os custos de produção subiram ao redor de 25% em relação a 2021, devido ao aumento do preço dos combustíveis, fertilizantes, defensivos, EPI’s, energia e mão de obra em função da pandemia, que dificultou a atividade e fez crescer principalmente o custo das embalagens.
Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação piorou ainda mais para os combustíveis e fertilizantes, fazendo subir muito o preço no Brasil. Isso preocupa porque, a exemplo da região de Goiás (no ano passado), fizemos o custo da cebola com R$ 80 mil e a produção ao redor de 70 toneladas. Hoje, com todos os aumentos dos custos de produção, podemos chegar a cerca de R$ 100 mil ou mais, dependendo da região.
Margem de lucro apertada Atualmente, é muito difícil dizer ao certo a margem de lucro, ou até mesmo o prejuízo dos cebolicultores. Como o preço oscila bastante, de acordo com a oferta, não é possível fazer uma conta exata.
Importante é não permitir uma competição desleal com outros países. A Anace conseguiu elevar a taxa Letec da cebola para 25%, que antes era de 10%. Essa tarifa diminuiu a predominação da Comunidade Europeia e igualou a competição com o produtor nacional.
A Câmara Setorial da Cadeia de Hortaliças representa e sempre discute as demandas do setor cebolicultor. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos para buscar uma concorrência leal com todos.
Rafael Jorge Corsino Engenheiro agrôno mo, produtor rural e presidente da Câmara Setorial da Cadeia de Hortaliças - MAPA, ANAPA e ANACE rafajc@yahoo.com.br
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CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA
Em parceria com a De Groot en Slot, a Bejo desenvolve variedades de cebolas adaptadas às mais diversas condições climáticas e localizações. Essa cooperação fez nossa empresa famosa na cebolicultura mundial e agora chegamos ao Brasil com uma linha versátil e muito bem adaptada às condições regionais específicas.
Graças ao nosso longo e contínuo investimento na área de pesquisa, hoje temos um grande banco de germoplasma disponível para o desenvolvimento de cebolas, o que nos permite oferecer ao produtor materiais híbridos de excelente adaptação e comportamento de campo, com alto potencial produtivo.
O desenvolvimento de novos híbridos se baseia no uso de todas as qualidades presentes naturalmente na cebola. Para isto, estamos usando o que há de mais moderno, técnicas de melhoramento genético combinadas com a seleção de campo e cruzamentos de linhas parentais em nossas fazendas experimentais.
Tivemos nosso primeiro teste de melhoramento de cebola no Brasil em 2001, investindo em genéticas potenciais, focadas em avaliação experimental e seleção de bulbos.
Nosso foco inicial foi nos tipos de armazenamento para o Sul do País. Testamos uma ampla variedade de genéticas de dias curtos e intermediários, de todo o mundo, complementadas com variedades padrão locais.
Em 2004 tivemos nosso primeiro teste de cebola na região central do Brasil. Após oito anos de muito trabalho, introduzimos a primeira variedade de cebola da Bejo para o mercado brasileiro, atendendo as exigências do mercado local, com bulbos arredondados e firmes.
A Bejo e nosso Departamento de Desenvolvimento têm como objetivo concreto ser, em 10 anos, um dos principais fornecedores de genética para cebolas no Brasil.
A seleção baseia-se em diversos quesitos, como qualidade, produtividade, resistência a doenças foliares e doenças de solo.
Também há a necessidade de selecionar variedades adequadas ao fotoperíodo da região para evitar a utilização de cultivares em condições climáticas que não atendam às exigências daquela região.
A grande vantagem do programa de melhoramento da Bejo é que adaptamos e selecionamos nossas cebolas na mesma área onde vamos comercializar mais tarde as nossas cultivares. Desta forma, as novas cebolas Bejo estão “prontas”, com as características únicas que atendem produtores e a demanda do mercado.
Pesquisas
A Bejo detém os estudos específicos nutricionais de suas cultivares, realizando a orientação para as diferentes fases ao longo do ciclo da cultura. Devido à grande diversidade do nosso mercado para o Nordeste, nossas cultivares, em consórcio com o uso intenso de tecnologia, garantem produtividades elevadas, favorecidas pelo clima mais seco e maior luminosidade. Esta é uma área que se caracteriza por pequenos/médios produtores. Há uma grande diferença entre a tecnologia usada pelos produtores em termos de irrigação, plantio de
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precisão e o uso de sementes de qualidade, etc.
É estimado que o uso de sementes híbridas chegue a 20% e vem aumentando a cada ano. Por falta de água, o produtor é forçado a usar irrigação por gotejamento. Para atender a região nordeste, dispomos das cultivares Hacienda, Raider, Reforma e Red Sensation, dentre outras. No Brasil Central (Sudeste e Centro-Oeste), a Bejo apresenta a cultivar Maragogi. Para este mercado, estamos com novas cultivares, como a Itaparica e Trancoso, de excelente adaptação, qualidade de bulbos, pele e cor, com folhas vigorosas e alta produtividade.
Recentemente, a cebola Alvara é uma das cultivares que está se tornando muito popular para a estação chuvosa devido às suas características de produtividade e rusticidade.
Inovações constantes
A pesquisa e desenvolvimento da Bejo estão sempre buscando novas opções para atender aos diversos mercados do Brasil. Atualmente, estamos com outras cultivares ainda em fase de desenvolvimento, como a BGS 374.
Para as roxas, Red Sensation é a nova sensação, de formato arredondado, produtiva e coloração intensa. Neste mercado tão interessante e que tem um olhar diferente, estamos testando outras cultivares para o segmento das roxas, como a nossa querida Red Marvel, para preencher as diferentes janelas que o nosso mercado oferece.
“Nunca paramos de estudar a Natureza”. Assim continuamos com a pesquisa e desenvolvimento muito intenso, com novidades para um futuro muito próximo! Aguardem!
Em caso de qualquer dúvida, os produtores podem consultar um de nossos consultores regionais.
Alison Takazaki Coordenador técnico de desenvolvimento – Bejo Brasil
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Angerrita Stabili Coordenador técnico de desenvolvimento – Bejo Brasil
PRODUTORES COM A PALAVRA
ANDRÉ PASSONI
HÉLIO BRITO GONÇALVES
Produtor de cebolas em Sacramento (MG)
A cebola Alvara, da Bejo, nos traz confiança para o plantio na janela do cedo. Com ótima produtividade e excelente qualidade, a Alvara nos traz conforto para enfrentar o desafio de produzir cebolas no cedo na região do Triângulo Mineiro.
Eu planto Hacienda, da Bejo, desde que me foi apresentada. Ela se destaca muito bem. Todos os anos eu planto e não deixo mais de plantar aqui. Ela sempre me traz um bom desempenho, mesmo com chuva vai em frente, com boa quantidade de palha, muito boa de raiz. Quanto à Bejo, é uma empresa que eu gosto muito. Desde que conheci, todas as sementes são de muita qualidade, e a empresa traz credibilidade. Já estive no evento Bejo a Campo e tudo que vi e aprendi lá é o que eu pratico na minha lavoura. É uma boa empresa, de muita qualidade.
IRANILDO ALVEZ
Produtor de cebola em Cafarnaum (BA)
O que mais me chama atenção é a qualidade dos produtos. São sementes de primeira qualidade, nunca tive problemas de germinação. Respeitando as janelas específicas das cultivares, a resposta sempre é muito positiva. Aqui plantamos Maragogi, por ser uma cebola mais precoce, plantamos no primeiro semestre, quando os preços são mais atrativos.
Ela mostrou-se a melhor para essa época fria, para colher no cedo. Eu tenho colhido com 98 a 100 dias, o que também ajuda, porque quanto menos tempo no campo, menor o custo. Ela não apresenta perfilhamento como as concorrentes, não causando perda na colheita. Na época quente, plantamos a Hacienda, que é muito vigorosa e vai muito bem na época do calor (segundo semestre). Ambas têm um formato globular muito bom, que ajuda tanto na colheita como na comercialização. É por tudo isso que plantamos os materiais da Bejo.
Produtor de cebola em João Dourado (BA)
BEJO BRASIL 36
Nunca paramos de estudar a natureza CEBOLA MARAGOGI
CEBOLA BEJO, A CEBOLA QUE MARCA
Cultivar de dias curtos, de ciclo precoce, folhas eretas com boa sanidade, alta uniformidade, formato de bulbo globular, com tolerância ao perfilhamento. As qualidades citadas conferem a este material alta produtividade e excelente classificação.
u Ciclo (dias): 120 a 140 dias
u Época de semeio: março e abril
u IR: Foc / Pt
EQUIPE COMERCIAL NOSSOS ESPECIALISTAS
ALLISON ARAKAKI
CTV Rio Grande do Sul e Santa Catarina T +55 (11) 9 9655-7167
E a.arakaki@bejo.com.br
CHRISTIANO VEIGA
CTV Triângulo Mineiro e Alto do Paranaíba T +55 (11) 9 9656-8105
E c.veiga@bejo.com.br
CLEUBER BARBOSA
CTV Região Centro Oeste T +55 (11) 9 9847-0307
E c.barbosa@bejo.com.br
CRISTIANO ROMANELI
CTV Curitiba e Cinturão Verde de São Paulo
T +55 (11) 9 9609-9283
E c.romaneli@bejo.com.br
FLAVIO CORTI
CTV Rio de Janeiro, Espírito Santo e Região de Belo Horizonte T +55 (11) 9 9624-8789
E f.corti@bejo.com.br
MATEUS BARRETO
CTV Norte do Paraná, Monte Alto e São José do Rio Pardo
T +55 (11) 9 9992-8631
E m.barreto@bejo.com.br
MARCELO LEITE
CTV Região Nordeste
T +55 (11) 9 9986-5089
E m.leite@bejo.com.br
ALISON TAKAZAKI
Coordenador Técnico de Desenvolvimento T +55 (11) 9 9658-7126
E a.takazaki@bejo.com.br
ANGERRITA STABILI
Coordenadora Técnica de Desenvolvimento
T +55 (11) 9 9614-9746
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BRUNO MENDES
Coordenador Estação Experimental T +55 (11) 9 5028-2146
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MARCOS SANTOS
Assistente Técnico de Desenvolvimento T +55 (11) 9 9612-5078
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RAFAEL NUNES
Assistente Técnico de Desenvolvimento T +55 (11) 9 9633-9459
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RODRIGO SILVA
Assistente Técnico de Desenvolvimento T +55 (11) 9 4261-4064
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O APP CROPALYSER DA BEJO é uma prática ferramenta de busca para ajudar os produtores a identificar a maioria das pragas, doenças e problemas fisiológicos das culturas. O aplicativo traz informações sobre sanidade de desenvolvimento da sua cultura. BAIXAR CROPALYSER COM.BR FUNÇÕES ENTENDA MAIS SOBRE ELAS PRAGAS E DOENÇAS FUNÇÃO BUSCA: CROPALYSE BUSCA DIRETA POR CULTURA NOVAS CULTURAS CONTATO DIRETO COM OS ESCRITÓRIOS LOCAIS IDIOMAS E INFORMAÇÕES LEGAIS
Nunca paramos de estudar a natureza
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