7 DO NEGRO AO CARVÃO
3. HISTÓRICO 3.1
Breve Histórico e Descrição Arquitetônica da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, do Distrito de Piedade do Paraopeba, Município de Brumadinho, em Minas Gerais De acordo com as pesquisas realizadas pelo historiador Bernardo Andrade, em
2014, Piedade do Paraopeba tem sua provável origem na bandeira de Fernão Dias, e a primeira ermida dedicada à Nossa Senhora da Piedade, erigida ainda nas décadas finais do século XVII. De acordo com o texto de Martiniano, os primeiros moradores de Piedade edificaram uma capelinha na praça ao lado da atual igreja. A capela, erigida de acordo com as possibilidades da época, era coberta de capim e tinha o chão forrado de esteira de taquara, materiais estes que foram tirados no Campo da Cruz, próximo à Serra do Tutaméia, por onde tinha uma estrada de tropas que ia até o Curral d’El Rei, hoje Belo Horizonte.4
No início do século XVIII, com o avanço da ocupação, a capela sofreu intervenções, tendo sido reconstruída ao menos uma vez, o que ficou sugerido na escritura de formação do patrimônio da padroeira, lavrada em Sabará em 27 de fevereiro de 1729, onde foi mencionado que o doador tratou de “novamente reedificar” a capela existente naquelas terras. O doador em questão, Bento Rodrigues da Costa, comprara essas terras e capoeiras do Sargento-mor Leslico de Pontes Pinto 5. O historiador6 especulou sobre a primeira capela, baseando-se em seus levantamentos e nas informações da arquiteta Deise Lustosa, integrante da equipe responsável pela elaboração do projeto de restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, em 2014. Assim, a capela construída por Bento Rodrigues seguiu o modelo das capelas de outros povoados próximos: nave e capela-mor dentro de um grande retângulo, e a sacristia nos fundos, destacando-se em uma das laterais posteriores. A construção teria as paredes de tijolos de adobe e pau a pique, os esteios de braúna e a cobertura feita por telhas cerâmicas curvas, sobre engradamento de madeira. O interior decorado por um altar-mor e dois colaterais, todos entalhados em madeira, em estilo Barroco, com policromias e douramentos. O piso provavelmente era de tábuas corridas sobre barrotes de madeira, e o 4
CRUZ, 2007 apud ANDRADE, 2014, p.26 ANDRADE, 2014, p.26 6 ANDRADE, 2014, p.27 5
RAMOS, Aline. Belo Horizonte. Escola de Belas Artes – Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.