57 DO NEGRO AO CARVÃO
galerias internas principalmente nos pés, já que estas se encontravam carbonizadas internamente, sob a policromia original intacta. Concluiu-se, portanto, que os cupins que chegaram vivos junto com a peça em 2014, tratavam-se de uma recolonização. A base, em menores proporções, também apresentava os mesmos problemas que a escultura do São Francisco de Assis Penitente, pois se notaram regiões carbonizadas em sua parte inferior e na lateral direita, muitas entradas para galerias de xilófagos na face inferior e outras estabelecidas superficialmente na face superior. O exame de percussão permitiu observar a diferença de sonoridade das áreas ocas e maciças no suporte, indicando fragilidades. Sua realização foi fundamental para identificação das galerias internas, provocadas por cupins, na escultura do São Francisco de Assis Penitente na barba, no cabelo, no perímetro da tonsura, e na região superior da cabeça, mas igualmente na base. Caveira e cruz não demonstravam a presença ou deterioração causada por insetos e apenas na caveira observaram-se áreas de carbonização, fato que aumentou a suspeita de que a cruz não seria original. 8.1.1 Escultura de São Francisco de Assis Penitente (Esquema 10) a) Carbonização superficial e visível (de 1,0 a 4,0 mm): - Calcanhares, parte lateral e planta dos pés – 4,0 mm de profundidade; - Pernas, região frontal e panturrilhas, subindo pelos joelhos, coxa, até a pélvis – 2,0 mm de profundidade; - Abdômen, tronco e costas, até cerca de 5,0 cm abaixo dos ombros – 1,0 mm de profundidade; - Parte interna dos braços, principalmente próximo à ligação com o tronco – até 1,0 mm de profundidade; - Parte externa dos braços e antebraços – até 1,0 mm de profundidade. b) Carbonização sob policromia (repinturas e partes do original): - Pés, sobretudo nos dedos, no peito e nas laterais destes. O fogo percorreu internamente as galerias dos insetos xilófagos; - Mãos, principalmente nas costas da mão esquerda e alinhamento do polegar da mão direita; - Nuca; RAMOS, Aline. Belo Horizonte. Escola de Belas Artes – Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.