Revista do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz
O mal invisível
Outubro de 2020
Número 16
EXPEDIENTE
DIRETOR GERAL
Heitor Fecarotta DIRETOR DE GESTÃO
Marcelo Chulam DIRETORA PEDAGÓGICA
Regina Scarpa
REVISTA LER CONCEPÇÃO E PESQUISA
Alexandre Leite e Sandra Salgado (Biblioteca Geral) PROJETO GRÁFICO
Kiki Millan e Juliana Lopes (Casa Vera Cruz) EDICAÇÃO DE TEXTO
Renata Blois (Comunicação) REVISÃO DE TEXTO
Iara Arakaki (Casa Vera Cruz)
Sumário Apresentação........................................................................................................ 5 Coronavírus........................................................................................................... 7 Epidemias e pandemias ao longo da história.................................................... 8 O fim das epidemias ........................................................................................... 11 Desafios para o futuro.......................................................................................... 12 Para saber mais.................................................................................................... 13 Fontes..................................................................................................................... 13 Indicações do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz.............................................. 15 Livros teóricos e históricos ................................................................... 15 Ensaios .................................................................................................. 17 Romances históricos ............................................................................. 18 Romances e contos............................................................................... 19 Filmes ..................................................................................................... 22 Livros infantojuvenis ............................................................................. 23 Agradecimentos pelas doações.......................................................................... 26
Apresentação Ao longo da história da humanidade, epidemias e pandemias afetaram diversos povos e foram catalisadoras de muitas transformações. Nossas gerações, sem a menor sombra de dúvida, serão marcadas pela pandemia da covid-19, doença causada pelo vírus conhecido como o “novo coronavírus” e que adquiriu oficialmente o status de pandemia no dia 11 de março de 2020, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Não deixa de ser curioso o fato de que um organismo vivo que sequer pode ser visto a olho nu possa afetar a vida de milhões de pessoas e causar impacto tão profundo não somente na área da saúde, mas também na economia, na comunicação, na engenharia, na política, no turismo, na educação, nas relações sociais e em tantos outros campos. De uma hora para outra, passamos a viver um período de muitas inquietações. Além do receio de contágio pelo vírus, nos preocupam questões como a propagação de notícias falsas, os efeitos da quarentena na saúde física e mental, as consequências econômicas decorrentes da restrição de circulação de pessoas, a dificuldade de enfrentamento à pandemia pela falta de transparência e regularidade na divulgação de dados oficiais – para citar apenas algumas. Mas também vieram na esteira da pandemia – e isso nos alimenta de esperança – a valorização da ciência e da pesquisa científica, das relações humanas e afetivas e um olhar mais cuidadoso aos idosos, por parte de muitas pessoas e organizações. Nessa edição, a Revista Ler fala um pouco sobre epidemias diversas e indica publicações relativas ao tema presentes no acervo do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz. Boa leitura!
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Coronavírus Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias, com sintomas semelhantes aos de uma gripe, e têm como característica a facilidade de disseminação. Os coronavírus são a segunda principal causa de resfriado e, até as últimas décadas, dificilmente causavam doenças mais graves em seres humanos. O nome “coronavírus” se deve à aparência desse microrganismo, semelhante à de uma coroa. Já o termo “covid-19” foi a denominação conferida pela OMS em que “co” vem de corona, “vi” de vírus e o “d” de disease – “doença” em inglês –, com a complementação do número 19, que indica o ano de sua aparição, 2019. Acredita-se que o vírus tenha se originado em um mercado da cidade de Wuhan, na China, onde animais são comercializados de forma ilegal, sem as necessárias medidas sanitárias. Em ambientes como este, nos quais as pessoas teriam contato com a flora microbial dos animais durante o abate, preparo e consumo, os vírus podem se combinar e sofrer mutações. Apesar de ainda não haver certeza sobre o animal que transmitiu o novo coronavírus para humanos, as hipóteses mais consideradas são morcego, cobra ou pangolim (uma espécie de mamífero de zonas tropicais da Ásia e África). Após pressão popular, no dia 24 de fevereiro de 2020, a China anunciou a proibição do consumo e venda de animais silvestres – até então um costume bastante tradicional em todo o país. Vírus e seres humanos têm coexistido ao longo da história e, atualmente, estão cada vez mais próximos – fato que é explicado pelo crescimento populacional, expansão de áreas para agricultura e habitação, e aumento da mobilidade das pessoas (além do fato dela acontecer com muita rapidez). A OMS estima que 75% das doenças emergentes e reemergentes que irão afetar a saúde humana ao longo do século 21 serão de origem zoonótica – transmitida por animais para humanos. De acordo com o projeto de pesquisa Global Virome, existem mais de 1,7 milhão de vírus não descobertos em meio às espécies silvestres, e quase a metade deles pode ser prejudicial a seres humanos.
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Epidemias e pandemias ao longo da história No passado, epidemias e pandemias diversas atingiram o mundo de forma violenta, causando mortes em massa, abalando impérios, alterando modelos econômicos, redesenhando cidades e desencadeando mudanças comportamentais.
Peste de Atenas (430-427 a.C.) No verão de 430 a.C., a cidade de Atenas foi atingida por um surto epidêmico originado na Etiópia. O surto espalhou-se pela população da cidade, confinada em péssimas condições atrás das muralhas, durante o cerco espartano. Em sua narrativa História da Guerra do Peloponeso, o general ateniense Tucídides, que foi infectado e sobreviveu à doença, relatou sintomas como febre, inflamação nos olhos, perda da voz, problemas cardíacos, complicações neurológicas, úlceras no corpo e prostração, dentre outros. Além disso, ele observou que pessoas que sobreviviam à peste eram poupadas dos surtos posteriores da mesma doença, o que constitui a base moderna da vacinação. Durante muito tempo, infectologistas pesquisaram se a doença que assolou a população ateniense na Antiguidade teria sido a peste bubônica, tifo, varíola ou gripe. Em 2006, pesquisadores da Universidade de Atenas analisaram dentes recuperados de uma sepultura coletiva, situada debaixo da cidade, e encontraram o microrganismo Salmonella typhi, causador da febre tifoide. A peste de Atenas pode ter sido responsável pela morte de até 35% da população local. Ainda na Antiguidade, a humanidade enfrentou enfermidades como a peste de Siracusa, em 395 a.C., e a peste Antonina, que atingiu Roma em 166 d.C.
Peste negra ou peste bubônica (1347-1353) Uma das maiores pandemias da história, que dizimou cerca de um terço da população europeia na Idade Média, foi transmitida para os seres humanos por pulgas de ratos contaminados com a bactéria Yersinia pestis, que se proliferavam com facilidade devido às condições precárias de higiene.
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A doença ficou conhecida como peste negra por causar manchas pretas na pele das pessoas – frutos das infecções provocadas pelo bacilo –, e, também, como peste bubônica, por provocar bubões, isto é, inchaços infecciosos no sistema linfático, sobretudo nas regiões das axilas, virilha e pescoço. Acredita-se que a pandemia tenha se originado na China ou em alguma região da Ásia Central. Sua inserção na Europa teria ocorrido por meio de caravanas comerciais que se dirigiam para cidades portuárias do Mar Mediterrâneo, como Gênova e Veneza, nas quais havia grande concentração demográfica. Na fase mais crítica, a contaminação ocorria por via aérea, por meio de espirros ou tosse, e o bacilo era transmitido pelo ar. Mesmo sem conhecer a causa da peste, os médicos da época perceberam que o isolamento era uma forma de evitar sua propagação. A peste negra permaneceu recorrente na Europa por todo o século 14 e existiu até 1720. Seu impacto foi tão forte sobre a sociedade medieval que favoreceu o fim do regime de servidão sobre os camponeses e das obrigações feudais. A peste também foi responsável por um dos maiores decréscimos demográficos da história, com o cálculo de até 200 milhões de pessoas mortas.
Gripe espanhola (1918-1919) Embora os primeiros casos de gripe espanhola foram registrados nos Estados Unidos no começo do século 20, não se sabe ao certo se a doença se originou naquele país ou na China. Surgida no contexto da Primeira Guerra Mundial, o grande deslocamento de soldados e as aglomerações causou a disseminação dessa gripe pelo mundo e a transformou em uma pandemia. Seu nome não faz referência à sua origem, mas à imprensa espanhola, que ficou conhecida por poder divulgar livremente notícias a respeito da enfermidade, enquanto, na maioria dos países europeus participantes da guerra, elas eram censuradas. A gripe espanhola foi causada por uma mutação do vírus Influenza, que passou de aves para seres humanos. Seus sintomas eram similares aos de uma gripe comum: febre, tosse, coriza, dores de cabeça e dores no corpo. Os casos mais graves causavam infecções nos pulmões. No Brasil, a pandemia chegou em 1918, por meio dos passageiros da embarcação inglesa Demerara, que atracou em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, e sua disseminação pelo país foi rápida. As recomendações das autoridades eram que as pessoas evitassem aglomerações, lavassem as mãos com frequência e evitassem contato físico. Além disso, determinou-se o fechamento de fábricas, escolas, teatros e outros locais de aglomeração de pessoas. A quantidade de casos fez com que o sistema de saúde brasileiro – que, à época, não era público – não suportasse a quantidade de enfermos. Estima-se que a gripe espanhola tenha causado a morte de 35 mil pessoas no Brasil. 9
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Países que implantaram medidas de prevenção baseadas no isolamento social conseguiram atravessar a crise causada pela enfermidade com efeitos reduzidos. Em comparação, aqueles que não as adotaram, sofreram duramente com a doença. A pandemia da gripe espanhola resultou na morte de aproximadamente 50 milhões de pessoas – 5% da população mundial – em todos os continentes. Outras grandes gripes contaminaram o mundo no século 20, como a gripe asiática, em 1957, e a gripe de Hong Kong, em 1968. Cada uma delas causou cerca de um milhão de óbitos.
Ebola (2013-2016) Os primeiros casos de ebola – termo que dá nome tanto à família de vírus como à doença causada por eles – datam de 1976 e foram identificados em regiões do Sudão e da República Democrática do Congo. Entre 2013 e 2016, um novo surto epidêmico aconteceu nos países de Guiné, Serra Leoa e Libéria, regiões da África Ocidental, infectando aproximadamente 30 mil pessoas – um terço delas faleceu –, o que chamou atenção da OMS e de muitos países, que chegaram a fechar suas fronteiras para pessoas vindas daqueles locais. Em 2018, um novo surto foi registrado na República Democrática do Congo. Acredita-se que o vírus seja transmitido por algumas espécies de morcego. Entre os seres humanos, o contágio se dá por meio de secreções, como saliva, sangue, fezes, urina e sêmen, e acontece quando uma pessoa tem contato com restos de animais contaminados. A doença manifesta-se por meio de 10
sintomas como febre, dor de cabeça, vômitos, prostração e diarreia. Em casos graves, os enfermos podem apresentar hemorragias internas, que afetam partes do corpo como intestino e útero, resultando em tosse ou vômito com sangue. Outras doenças que devastaram populações ao longo da história: o cólera (ao longo do século 19, em vários países, e de 2010 até a atualidade, no Haiti); a aids (de 1980 até a atualidade); a Sars (de 2002 a 2004); a febre amarela (em 1853, em Nova Orleans); a varíola (de 735 a 737, no Japão); dentre outras.
O fim das epidemias Por mais terríveis que sejam, as epidemias e pandemias, como tem mostrado a história da humanidade, um dia acabam. “Haverá duas ondas de covid, talvez três, mas em um ano, a partir de agora, mesmo sem vacina, 40% a 50% da população mundial já terá sido infectada, o que dará lugar a que o vírus freie sua propagação”, afirmou o virologista espanhol Adolfo García Sastre ao jornal El País (MEDIAVILLA, 2020). Quando um determinado número de pessoas já superou a doença e está imune a ela, o contágio fica mais difícil, e a enfermidade míngua. Historicamente, esse é o final das epidemias. “Às vezes acontece isso”, explica José Prieto, professor de Microbiologia na Universidade Complutense de Madri, ao El País, “mas em outros casos o que acontece é que o vírus, conforme vai se adaptando e mudando, perde virulência”(MEDIAVILLA, 2020). Para a maioria das epidemias, o distanciamento social foi um modo de reduzir o contágio e de ganhar tempo até que se descobrisse uma solução melhor, como uma vacina. No caso da covid-19, a pandemia que enfrentamos hoje, o isolamento social é uma medida que tem como propósito diminuir a propagação do vírus na população, e, consequentemente, evitar a superlotação nos hospitais e reduzir o número de óbitos. 11
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Mudanças no comportamento das pessoas quanto ao convívio social e aos hábitos de higienes também podem favorecer o fim das epidemias. Embora o medo de ser infectado pela doença possa deixar uma cicatriz psicológica, quando não excessivo possibilita a busca pela boa saúde. “Mas”, observa ainda José Prieto, “quando tudo passar, também chegará o esquecimento, é inevitável” (MEDIAVILLA, 2020).
Desafios para o futuro As mudanças de temperatura e clima representam um potencial para a evolução de novos vírus, que sofrem mutações genéticas para se adaptarem às novas condições ambientais. O calor, por exemplo, aumenta a proliferação de mosquitos transmissores de doenças infecciosas para áreas onde eles até então não existiam. De acordo com esse raciocínio, acredita-se que o aquecimento global possa contribuir para novos riscos aos seres humanos: o derretimento dos gelos glaciais em regiões como o Ártico e a Antártida, por exemplo, pode trazer à tona antigas doenças e liberar vírus e bactérias ancestrais, que voltam à vida caso encontrem um hospedeiro. Em janeiro deste ano, 28 grupos de vírus desconhecidos foram encontrados por cientistas chineses e estadunidenses em geleiras no Tibete. Na tundra do Alasca, cientistas descobriram fragmentos do DNA da gripe espanhola em corpos enterrados em valas comuns. Além disso, a destruição de florestas e habitats naturais, para a expansão de zonas habitadas, representa um grande problema, uma vez que expõe os seres humanos a novos vírus desconhecidos, que antes estavam isolados na natureza. Ao se desmatar uma área, exterminando sua fauna e flora, a possibilidade de contaminação aumenta, pois os vírus são liberados de seus hospedeiros naturais. Já em regiões urbanas, a falta de infraestrutura de saneamento básico também pode espalhar doenças, pois existem vírus presentes em água sem tratamento. O saneamento possui um papel fundamental no controle da disseminação e do risco de transmissão. Um grupo formado pelos maiores especialistas em biodiversidade do mundo, dentre eles o antropólogo brasileiro Eduardo Brondizio, integrante da Coalizão Ciência e Sociedade, publicou um artigo afirmando que se a destruição da natureza não tiver um fim é provável que doenças ainda mais mortais e destrutivas atinjam a humanidade no futuro, de forma mais rápida e frequente. “Podemos sair da crise atual mais fortes e resistentes do que nunca, com ações que protegem a natureza, para que a natureza possa ajudar a nos proteger”, concluem (BRONDIZIO et al., 2020).
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Para saber mais No livro Na saúde e na doença: histórias, crises e epidemias, o leitor encontra 25 estudos de historiadores, economistas, geógrafos e sociólogos sobre doenças na história. Os textos tratam de temas como a epidemia narrada na Ilíada; a peste em Atenas de Péricles; a disseminação de doenças pelo mundo após a descoberta da América, em 1492; o cólera no Brasil, durante a Guerra do Paraguai; as pandemias no país do século 19 à covid-19; os cirurgiões em Minas Gerais, no século 18; o Rio de Janeiro no século 19; a cidade de São Paulo de 1890 a 2020; e a epidemia de meningite durante a Ditadura Militar. A editora disponibilizou download gratuito: <http://www.huciteceditora.com.br/downloads.php>. Acesso em 14 jul. 2020. ALMICO, Rita de Cássia da Silva; GOODWIN JUNIOR, James William; SARAIVA, Luiz Fernando (Org.). Na saúde e na doença: história, crises e epidemias. São Paulo: Hucitec, 2020. 302 p.
Acervo de Links No Acervo de Links do Vera, professores e alunos podem sugerir artigos científicos, notícias e outros conteúdos que complementam o material didático. Cerca de 300 novos links foram inseridos nessa ferramenta desde o início do período de atividades remotas, muitos deles relacionados ao momento atual de enfrentamento da pandemia e isolamento social, tanto do ponto de vista científico, quanto das soluções em tecnologia educacional adotadas mundo afora.
Fontes BRONDIZIO, Eduardo et al. “Parem de destruir a natureza ou teremos pandemias piores”, alerta grupo de cientistas. Coalizão Ciência e Sociedade, 28 abr. 2020. Disponível em: <http://cienciasociedade. org/parem-de-destruir-a-natureza-ou-teremos-pandemias-piores-alerta-grupo-de-cientistas/>. Acesso em: 13 jul. 2020. CUNHA, Carolina. Coronavírus: qual é a relação entre o meio ambiente e pandemias de vírus. Vestibular UOL. Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/coronavirus---qual-e-a-relacao-entre-o-meio-ambiente-e-pandemias-de-virus.htm>. Acesso em: 13 jul. 2020. MEDIAVILLA, Daniel. Como as epidemias acabam. El País, 26 mar. 2020. Disponível em: <https://brasil. elpais.com/ciencia/2020-03-26/como-acabam-as-epidemias.html>. Acesso em: 13 jul. 2020. ROCHA, Carlos. Coronavírus e crise de saúde global. Concursos no Brasil, 3 mar. 2020. Disponível em: <https://www.concursosnobrasil.com.br/artigos/tema-de-redacao-coronavirus.html>. Acesso em: 13 jul.
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2020. SILVA, Daniel Neves. Grandes epidemias da história. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol. com.br/curiosidades/grandes-epidemias-da-historia.htm>. Acesso em: 13 jul. 2020. SILVA, Daniel Neves. Gripe espanhola. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/i-guerra-mundial-gripe-espanhola-inimigos-visiveis-invisiveis.htm>. Acesso em: 13 jul. 2020.
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Indicações do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz As sinopses das publicações a seguir fazem parte do material de divulgação das editoras. Livros teóricos e históricos DIAMOND, Jared. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. Traduzido por Silvia de Souza Costa. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. 472 p. O livro procura demonstrar, por meio de uma intrigante revisão da evolução dos povos, que o destino dos europeus, nativos americanos, africanos, asiáticos e australianos foi moldado por fatores geográficos e ambientais, e não por questões étnicas ou particularidades referentes à inteligência e às aptidões de cada grupo. Por meio de uma viagem de 13 mil anos de história dos continentes, Jared Diamond conclui que a dominação de uma população sobre outra tem fundamentos militares (armas), tecnológicos (aço) ou nas doenças (germes), que dizimaram sociedades, asseguraram conquistas, proporcionaram a expansão dos domínios de determinados povos e, consequentemente, conferiu-lhes grande poder político e econômico. MARTINS, Roberto de Andrade. Contágio: história da prevenção das doenças transmissíveis. São Paulo: Moderna, 1997. 200 p., il. (Polêmica) Nesse livro, Roberto de Andrade Martins – historiador da ciência e filósofo – explora a aventura do pensamento médico por meio da história. Percorrendo mais de mil anos, investiga como diversos povos, em diversas épocas, concebiam as epidemias e o processo de transmissão de enfermidades. Desde a mais remota Antiguidade, o homem vem sendo perseguido por pestes e pragas que quase o exterminaram. As várias civilizações procuraram atribuí-las às mais variadas causas (castigo divino, astrologia, clima etc.) e assim muito se percorreu até chegar à teoria geral microbiana, que trouxe consigo os meios de prevenção das doenças transmissíveis. LEVI, Guido Carlos. Doenças que mudaram a história. São Paulo: Contexto, 2018. 96 p., il. Doenças têm o poder de alterar o andamento do processo histórico? A resposta é positiva para o autor desse livro, o médico infectologista Guido Carlos Levi, com décadas de experiência no serviço público e privado. Uma vez por mês, oito médicos se reúnem para jantar e conversar. Além da profissão, eles compartilham a paixão pela História, em particular pelo estudo de doenças que influenciaram no desencadeamento e na evolução de acontecimentos históricos. O tema dos encontros: de que modo doenças como varíola, tifo, escorbuto e cólera alteraram o destino de povos e nações?
TELAROLLI JUNIOR, Rodolpho. Epidemias no Brasil: uma abordagem biológica e social. São Paulo: Moderna, 2001. 108 p., il. (Desafios). Muitas doenças, como a dengue, as hepatites e outras velhas conhecidas, como a tuberculose, a malária e a febre amarela, voltaram a se transformar em sérias ameaças à saúde pública no século 21. Por que, em lugar de desaparecerem definitivamente, elas voltaram a acontecer no Brasil, ao lado de novas doenças, como a aids? A partir de um histórico e da descrição das principais doenças transmissíveis, o autor faz uma análise dos problemas da saúde além dos limites da biologia, mostrando que o retorno de antigas doenças epidêmicas, em particular no Brasil, está intimamente relacionado ao modelo de desenvolvimento político e econômico, à má distribuição de renda e à falta de investimentos na saúde.
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BERTOLLI FILHO, Cláudio. A gripe espanhola em São Paulo, 1918: epidemia e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2003. 396 p., il. (São Paulo, 5). No período de 15 de outubro a 19 de dezembro de 1918, a cidade de São Paulo foi tomada por uma epidemia de influenza que ficou conhecida como gripe espanhola e atingiu 350 mil pessoas, um terço da população! Nos 66 dias que São Paulo conviveu com a doença e a morte, revelaram-se novas facetas de uma cidade que buscava ajustar sua vida nos quadros da modernidade. A epidemia trouxe à tona tanto a fragilidade como o poder de resistência de uma cidade de imigrantes, tomada por um medo sem precedentes, mas também por iniciativas centradas na solidariedade coletiva e no socorro mútuo. Cláudio Bertolli Filho é especialista em História e Ciências Sociais aplicadas à saúde. UJVARI, Stefan Cunha. A história da humanidade contada pelos vírus: bactérias, parasitas e outros microrganismos. São Paulo: Contexto, 2009. 206 p., il. Malária, sífilis, tuberculose, ebola, gripe, aids, sarampo e outros males que atacam a humanidade revelam muito mais da nossa história do que imaginamos. Os passos do homem ao longo das épocas, pelos continentes, o início da utilização de vestimentas, a convivência com diversos animais, o encontro com outros seres humanos: tudo isso pode ser desvendado agora com o estudo microscópico de vírus, bactérias e parasitas que cruzaram – e cruzam – o nosso caminho. Esses pequenos seres têm sido protagonistas centrais e narradores, não meros coadjuvantes, do processo histórico. Por meio do DNA dos microrganismos, podemos saber quando e como as epidemias atuais se iniciaram e de que forma elas condicionaram a existência humana, dizimando populações, estimulando conflitos, infectando combatentes, promovendo êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou enfraquecendo povos. Esse livro, escrito por um médico infectologista brasileiro traz a genética definitivamente para a área das ciências do homem. LEFEVRE, Fernando; LEFEVRE, Ana Maria Cavalcantí. Promoção de saúde: a negação da negação. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2007. 166 p., il. O objetivo desse livro, ao apresentar e conceituar a promoção de saúde, é propor um novo modo de conceber e praticar saúde e doença. Os autores do livro são professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e têm grande experiência na área de Saúde Pública. Para escrever esse livro, como observa a professora Sueli Gandolfi Dallari (USP), enfrentaram a difícil tarefa de desvendar as influências políticas, culturais e ideológicas que vêm condicionando o significado da promoção de saúde nos últimos anos. Além de apresentar o conceito ao público leigo, os autores propõem um olhar crítico ao modo como ela é habitualmente vista, concebida e praticada. MEIHY, José Carlos Sebe Bom; BERTOLLI FILHO, Cláudio. Revolta da vacina. 2. ed. São Paulo: Ática, 2003. 40 p., il. (Guerras e revoluções brasileiras). Em 1904, a população carioca reagiu duramente à campanha de vacinação contra a varíola, liderada pelo médico Oswaldo Cruz. Os temas tratados na obra são: o Rio de Janeiro no início do século 20; as condições sanitárias e a reforma urbana de Pereira Passos; a campanha de saneamento de Oswaldo Cruz; a revolta popular e a repressão policial.
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NSEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: UNESP, 2018. 136 p., il. Imagine as ruas centrais e alguns bairros da cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, tomados por barricadas e trincheiras, a iluminação pública destruída, uma fúria dirigida a delegacias, repartições públicas e inclusive ao comércio, em busca de armas, querosene e dinamite. Imagine carros tombados, armadilhas e tocaias em becos e casas abandonadas, e a ação policial sem conseguir reprimir a revolta. O governo precisa recorrer, então, às tropas do Exército e da Marinha, aos bombeiros e, por fim, à Guarda Nacional. Nesse livro, Nicolau Sevcenko elucida os principais fatores que levaram à revolta da vacina, durante a campanha de vacinação contra a varíola ocorrida em 1904.
Ensaios CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 250 p. Tomando como ponto de partida a cidade do Rio de Janeiro e a demolição de seus cortiços, passando pelas polêmicas entre infeccionistas e contagionistas em torno da transmissão da febre amarela e pela resistência das comunidades negras à vacina antivariólica, Sidney Chalhoub escreveu uma "história na encruzilhada de muitas histórias". Cidade febril reinterpreta esses e outros conflitos à luz da história social. O resultado é uma obra que mapeia a formação das políticas de saúde pública no Brasil, as quais, longe de se limitarem ao século 19, até hoje influem em nosso cotidiano com força assustadora. Prêmio Jabuti 1997 de Melhor Ensaio. SCLIAR, Moacyr et al. Saúde pública: histórias, políticas e revolta. São Paulo: Scipione, 2002. 142 p., il. (Mosaico: ensaios & documentos). Definir e pôr em prática uma política de saúde voltada para as necessidades mais prementes da população é o grande desafio que se coloca diante do nosso país. Esse livro reúne seis ensaios sobre assuntos ligados às políticas de saúde no Brasil, além de uma seção com artigos, leis, projetos e endereços de sites relacionados ao tema. Moacyr Scliar colabora com três capítulos: “A cólera nos tempos do Sultão (como Maimônides lida com a epidemia de cólera no Egito, no século 12)”; “Pequena história da epidemiologia”; e “Políticas de Saúde Pública no Brasil: uma visão histórica”.
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Romances históricos MORO, Javier. Flor da pele: a aventura que salvou a humanidade de uma epidemia fatal. Traduzido por Bruno Mattos. São Paulo: Planeta do Brasil, 2016. 432 p. No início do século 19, a varíola, também conhecida como "flor negra" pelas marcas que deixa na pele daqueles que são infectados, é a doença mais temida do mundo. Não há rico ou pobre, criança ou velho, que estejam a salvos. Ao menos até pesquisadores começarem a testar um método ousado, porém eficaz, que consiste em provocar infecções atenuadas em pessoas saudáveis, tornando seus organismos resistentes ao mal. É nesse momento que uma jovem mãe solteira, Isabel Zendal, torna-se a primeira enfermeira da história numa missão internacional. Acompanhada por 22 crianças com idades entre três e nove anos, ela parte rumo aos territórios espanhóis no além-mar para levar a recém-descoberta vacina da varíola às populações pobres. A expedição é liderada pelo médico Francisco Xavier Balmis e por seu ajudante, Josep Salvany, que enfrentarão a oposição do clero e a corrupção de autoridades locais – e também disputarão o amor de Isabel. DEVILLE, Patrick. Peste e cólera. Traduzido por Marília Scalzo. São Paulo: Editora 34, 2017. 216 p. (Fábula). A narrativa segue de perto a figura real de Alexandre Yersin (1863-1943), que aos 22 anos trocou a Suíça por Paris, onde se fez discípulo de Pasteur. Seus estudos sobre a tuberculose logo o transformam numa das promessas de sua geração, mas ele prefere partir para o Oriente como médico da marinha mercante e desbravador da Indochina francesa. Em 1894, por ocasião da grande epidemia de peste bubônica em Hong Kong, é chamado a intervir, e logo isola o bacilo da peste e descreve os veículos da contaminação. Com o feito científico, a fama europeia volta a bater à sua porta, mas Yersin permanece fiel a seu país de adoção (o atual Vietnã). SCLIAR, Moacyr. Sonhos tropicais. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 214 p. Enquanto aguarda a chegada ao Rio de Janeiro de um pesquisador norte-americano interessado na vida do sanitarista Oswaldo Cruz, um médico desempregado relata e reexamina a vida e as lutas desse pioneiro da medicina experimental no Brasil que, no início do século, em meio a dificuldades de toda ordem, combateu as epidemias de peste bubônica, febre amarela e varíola que grassavam não apenas no interior, mas na própria capital federal, e renovou por completo as políticas de saneamento básico no país. Sonhos tropicais é um romance que, além de acompanhar a polêmica trajetória de um homem cujos métodos inovadores levaram à eclosão da famosa Revolta da Vacina, delineia o panorama de toda uma época crucial, fazendo o diagnóstico preciso de uma sociedade que, travada pela miséria e pelo atraso, abre-se com relutância para a modernidade. ZIMLER, Richard. O último cabalista de Lisboa. Traduzido por Fernando Klabin. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2007. 392 p. Romance histórico que mescla suspense e mistério. Lisboa, Páscoa de 1506. A cidade está prestes a passar por um dos momentos mais tristes de sua história. Milhares de judeus, que já haviam sido convertidos à força ao catolicismo, são perseguidos por fanáticos religiosos que os acusam de atrair a seca e a peste que assolam Portugal, prenúncio de uma época de perseguição religiosa instaurada pela Inquisição. Reinava então D. Manuel I, o Venturoso, e os frades incitavam o povo à matança. Dois mil cristãos-novos foram vítimas de um massacre em Lisboa durante as comemorações dessa Páscoa. Os mistérios em torno desse evento verídico são explorados nesse romance, em que o autor relata o pesadelo de ser judeu no tempo da Inquisição, o qual também é uma envolvente introdução à tradição judaica da cabala. 18
Romances e contos GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. O amor nos tempos do cólera. Traduzido por Antônio Callado. 47. ed. Rio de Janeiro: Record, 2016. 432 p. Narra a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza. Ainda muito jovem, Florentino se apaixona por Fermina, mas o romance enfrenta a oposição do pai da moça, que tenta impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Tudo isso ocorre enquanto a Colômbia enfrenta uma epidemia devastadora de cólera. Fermina acaba por se casar com Juvenal Urbino, médico conceituado por erradicar a doença. Inesperadamente, após 53 anos da separação, ela reencontra Florentino.
GOTTHELF, Jeremias. A aranha negra. Traduzido por Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Editora 34, 2017. 168 p. Nessa novela, escrita em 1842, inspirada em lendas e sagas medievais, além da Bíblia, e nos surtos de peste negra que assolaram a vila de Sumiswald nos séculos 14 e 15, a festa de batizado de uma criança dá ensejo ao relato, por parte do avô da família, da terrível história da aranha negra, que aterroriza e dizima a população local após a quebra de um pacto com o diabo, e cuja superação exigirá igualmente coragem, fé, astúcia e sacrifício.
KING, Stephen. A dança da morte. Traduzido por Gilson B. Soares. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. 940 p. Após um erro de computação no Departamento de Defesa, um vírus é liberado, e um milhão de contatos casuais formam uma cadeia de morte: é assim que o mundo acaba. O que surge em seu lugar é um ambiente árido, sem instituições e esvaziado de 99% da população. É um lugar onde sobreviventes em pânico escolhem seus lados – ou são escolhidos. Os bons se apoiam nos ombros frágeis de Mãe Abigail, com seus 108 anos de idade, enquanto todo o mal é incorporado por um indivíduo de poderes indizíveis: Randall Flagg, o homem escuro. Nesse livro, King cria uma história épica sobre o fim da civilização e a eterna batalha entre o bem e o mal. BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. Traduzido por Torrieri Guimarães. São Paulo: Abril Cultural, 1970. 582 p. (Os imortais da literatura universal). Estruturada em cem contos escritos por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353, é certamente a principal obra literária de referência para entender o período da peste negra na Europa, pois foi escrito no auge da crise. No livro, Bocaccio, considerado uma das principais vozes do Renascimento italiano, traz muitas passagens descrevendo os flagelos da peste, que chamava de “mortífera pestilência”.
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CRICHTON, Michael. O enigma de Andrômeda: o futuro (bem) próximo. Traduzido por Fábio Fernandes. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 306 p. Um satélite espacial cai na Terra. Com o objetivo inicial de investigar possíveis vidas alienígenas, o satélite militar acaba saindo de órbita antes do tempo previsto. A 20 quilômetros do local da queda, cadáveres abarrotam as ruas de uma cidadezinha no deserto do Arizona. Equipes de busca, responsáveis por localizar a sonda, encontram apenas dois sobreviventes: um idoso viciado e um bebê recém-nascido. Para investigar o ocorrido, o governo dos Estados Unidos mobiliza o Projeto Wild Fire, um protocolo de emergência ultrassecreto. A fim de encontrar uma solução para o problema das mortes súbitas, quatro dos cientistas mais importantes do país são levados para um laboratório subterrâneo secreto no deserto, equipado com um sistema de autodestruição atômica para o caso de contaminação. Mas o enigma de Andrômeda se revela diferente de tudo o que a ciência já viu – e, se os cientistas não descobrirem rapidamente como agir, uma catástrofe mundial sem antecedentes pode acabar acontecendo. SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira: romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 310 p. Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O “Ensaio sobre a cegueira” é a fantasia de um autor que nos faz lembrar “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti. VARGAS, Fred. Fuja logo e demore para voltar. Traduzido por Dorothée de Bruchard. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 336 p. Joss Le Guern é um ex-marinheiro que decidiu recuperar um antigo ofício de família: um de seus ancestrais percorria aldeias da Bretanha levando notícias do Império. Le Guern, porém, instala seu pregão em plena Paris de hoje. Em três edições diárias, ele anuncia declarações de amor, protestos e boas novas de quem lhe deixar bilhetes – e alguns francos – em uma urna instalada em praça pública. Numa época dominada pela alta tecnologia, o pregoeiro torna-se uma atração. Até que mensagens apocalípticas começam a aparecer: as citações, em latim e francês antigo, preveem a chegada de uma onda de peste negra. Ao mesmo tempo, um grande “4” invertido aparece inscrito em tinta preta nas portas de diversos prédios da cidade. Cadáveres não demoram a surgir, enegrecidos e picados de pulga. Jean-Batiste Adamsberg e seu assistente Danglard são chamados para a investigação. XAVIER, Valêncio. O mez da grippe: e outros livros. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 324 p., il. Lançados entre 1981 e 1998, os cinco livros que formam essa edição lembram uma caixa de brinquedos: dão ao observador muitas informações sobre quem os colecionou. Em O Mez da grippe, Valêncio Xavier parte do entrelaçamento entre recortes de jornais, fotografias, depoimentos de sobreviventes e anúncios publicitários do início do século passado, para produzir uma novela a partir das colagens desses fragmentos, numa narrativa que retrata uma Curitiba assolada pela gripe espanhola em 1918.
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MANN, Thomas. A montanha mágica. Traduzido por Herbert Caro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. 958 p. A obra trata da história de um jovem engenheiro naval alemão chamado Hans Castorp. Ele visita o primo Joachim Ziemssen num sanatório destinado ao tratamento de doenças respiratórias localizado em Davos, nos Alpes suíços, pouco antes do começo da Primeira Guerra Mundial. Apesar de ser encaminhado ao sanatório apenas para uma visita e para tratar uma anemia, Hans Castorp vai aos poucos mostrando sinais de que tem tuberculose pulmonar e acaba estendendo sua visita ao sanatório por meses e anos, pois sua saída é sempre adiada por causa da doença, uma das mais devastadoras da Europa entre os séculos 18 e 20. ROTH, Philip. Nêmesis. Traduzido por Jório Dauster. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 194 p. Uma epidemia terrível ameaça as crianças de Newark com a paralisia e a invalidez, quando não com a própria morte, nos idos da Segunda Guerra. Esse é o tema do livro de Philip Roth: um surto de poliomielite no verão de 1944 e seu efeito sobre uma comunidade de Nova Jersey. A figura central de Nêmesis é Bucky Cantor: um jovem professor de educação física de 23 anos que é responsável pelo pátio de recreio de uma escola. À medida que a poliomielite começa a devastar o grupo de crianças que frequenta o pátio, não resta opção a Cantor senão absorver a realidade chocante que o cerca, com toda carga de horror, raiva, pânico, sofrimento e dor. CAMUS, Albert. A peste. Traduzido por Valerie Rumjanek. 23. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017. 288 p. Romance que destaca a mudança na vida da cidade de Orã, Argélia, depois que ela é atingida por uma terrível peste, transmitida por ratos, que dizima sua população. Narrado do ponto de vista de um médico envolvido nos esforços para conter a doença, o texto ressalta a solidariedade, a solidão, a morte e outros temas que auxiliam na compreensão dos dilemas do homem moderno. Nesse clássico do escritor existencialista francês Albert Camus, a cidade argelina tomada pela peste bubônica serve como metáfora dos horrores da Segunda Guerra Mundial. LE CLÉZIO, Jean-Marie G. A quarentena. Traduzido por Márcia Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 368 p. Em 1891, Jacques e seu irmão Léon, dez anos mais moço, navegam para a ilha Maurício, onde nasceram e da qual foram afastados ainda quando crianças. Uma suspeita de varíola no navio em que viajam obriga que todos os passageiros sejam postos em quarentena numa ilhota das proximidades. Enquanto Jacques, médico recém-formado, cuidará dos doentes com os meios precários de que dispõe, Léon viverá uma revelação iniciática, ao conhecer a natureza, a vida selvagem e o amor.
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BELLATIN, Mario. Salão de beleza. Traduzido por Maria Alzira Brum Lemos. Porto Alegre: Leitura XXI, 2007. 80 p. Fábula sombria na qual um cabeleireiro de subúrbio de uma grande cidade transforma o salão de beleza em que trabalhava em um abrigo terminal para vítimas de uma misteriosa doença. Fascinado por peixes e aquários, o personagem se transforma no último enfermeiro para uma classe de desassistidos que agonizam dolorosamente sem lugar para ficar ou família e amigos a quem recorrer. Nessa novela, Mario Bellatin fixa, em prosa despojada de qualquer sentimentalismo, o sentimento de solidariedade de um ser humano capaz de vencer, mesmo que solitariamente, o horror e a indiferença de nosso tempo.
Filmes END day: o dia final: quatro catástrofes, um só destino para a Terra. Produção de BBC. São Paulo: Abril Vídeo, 2005. 1 DVD (48 min), NTSC, son., legendado, color. Traz simulações reais de como seria o fim do mundo ocasionado por catástrofes. No terceiro episódio, chamado "Vírus mortal", em Londres, o passageiro de um avião é encontrado morto. Ele é portador de um novo tipo de gripe, mortal e altamente contagiosa, que rapidamente se espalha pelo Reino Unido. Em pouco tempo, a doença começa a fazer vítimas de mortos ao redor do mundo.
ENSAIO sobre a cegueira. Direção de Fernando Meirelles. Brasil; Canadá; Japão, 2008. 1 DVD (121 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. Uma epidemia de cegueira inexplicável assola uma cidade não identificada. Tal “cegueira branca” – assim chamada, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa – manifesta-se primeiramente em um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres lutando por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. À medida que os afetados pela epidemia são colocados em quarentena e os serviços do Estado começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afetada pela doença. O foco do filme, no entanto, não é desvendar a causa da doença ou sua cura, mas mostrar o desmoronar completo da sociedade que, perde tudo aquilo que considera civilizado. Baseado no romance de José Saramago. EPIDEMIA. Direção de Wolfgang Petersen. Estados Unidos, 1995. 1 DVD (128 min), son., legendado, color. No continente africano, um vírus desconhecido extermina a população e os animais de uma pequena tribo. Convocados pelo exército americano para investigar a situação, o Dr. Sam Daniels e sua equipe estão frente a frente com uma nova e perigosa doença. Estados Unidos: um macaco, portador do vírus, é contrabandeado para a pequena cidade de Cedar Creek e contamina o jovem Jimbo. Em pouco tempo, a doença começa a mostrar sinais de que está se espalhando a uma velocidade assustadora. O enredo do filme especula como as agências militares e civis poderiam ir tão longe para conter a propagação de uma doença mortal e contagiosa.
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FAUSTO. Direção de F. W. Murnau. Alemanha, 1926. 1 DVD (116 min), NTSC, mudo, p&b. (Expressionismo alemão). Baseado na famosa obra de Goethe, temos Fausto, um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste negra. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria finitude. Ele então evoca Mefistófeles, e lhe pede sua juventude de volta e eterna. O demônio a garante, em troca da alma de Fausto. Tudo parecia perfeito, até esse se apaixonar por uma jovem italiana.
Livros infantojuvenis HIRSCH, Sonia. Almanaque de bichos que dão em gente: vermes, vírus, bactérias, fungos & outros bichos. 3. ed. [S.l.]: Correcotia, 2002. 256 p., il. Um mergulho no mundo dos parasitas, que não tem a intenção de alarmar, mas sim de abrir os olhos para possíveis e inevitáveis interações com esses organismos. Uma abordagem prática e muitas vezes científica sobre a vida parasitária e suas interações com o ser humano. Vermes, vírus, bactérias, fungos e outros bichos. Como reconhecer, evitar e tratar.
SNEDDEN, Robert. Argh!: um grande livro de pequenos horrores. Traduzido por Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-Book, 1996. 32 p., il. Livro que desperta a curiosidade de crianças e adultos, mostrando o mundo através das lentes dos microscópios. A imagem ampliada traz ao leitor uma nova esfera de percepção. Por exemplo, nesse livro, o que parece ser um monstro de ficção científica é apenas um dos milhares de ácaros que habitam a nossa cama. Criaturas aterrorizantes cor de laranja são simplesmente alguns dos fungos que se formam nos alimentos que comemos todos os dias. ROBB, Jackie; STRINGLE, Berny. A história da ameba. Ilustrado por Samantha Stringle, Karen Duncan. Traduzido por Luciano Vieira Machado. São Paulo: Ática, 2003. 32 p., il. (Lelé da cuca). O livro narra as desventuras de uma ameba solitária, sem ninguém para comemorar seu aniversário, até que descobre, por meio de um método polêmico e atual, como “encontrar” não uma, mas muitas companheiras. BURNIE, David. Microvida. Traduzido por Marcelo Pen Parreira. São Paulo: Globo, 1997. 44 p., il. (Por dentro). Por que os percevejos comuns sugam nosso sangue à noite? Com que os líquens se alimentam? Como as bactérias se movem? Por que alguns grãos de pólen têm espinhos? Quantos ácaros pode haver em um grama de poeira? Estas são algumas das questões abordadas neste livro, usando modelos tridimensionais que mostram o comportamento de alguns seres microscópicos.
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AZEVEDO, Ricardo. Não existe dor gostosa. Ilustrado por Mariana Massarani. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2003. 34 p., il. Gente doente fica amarela, fraca, inchada, com tosse, coceira pelo corpo e, às vezes, cheia de pintinhas vermelhas. Não existem doenças boas, mas todos temos de conviver com elas. Nos poemas de “Não existe dor gostosa”, Ricardo Azevedo brinca com esse assunto tão sem graça, faz o leitor dar boas risadas e consegue deixar doenças como bronquite, sarampo e resfriado menos insuportáveis. MARTHO, Gilberto Rodrigues. Pequenos seres vivos: viagem ao mundo dos microorganismos. São Paulo: Ática, 1991. 48 p., il. (De olho na ciência). O que são bactérias, protozoários, algas, fungos e vírus? Os microrganismos apenas prejudicam nossa saúde ou podem nos auxiliar a vivermos melhor? Como funcionam os antibióticos? Essas e outras perguntas são respondidas e esclarecidas nesse livro, cuja abordagem vai aguçar a curiosidade do jovem por esses fantásticos seres microscópicos, invisíveis a olho nu, mas presentes em qualquer canto do planeta.
GRAY, Kes. Quem ficou doente? Ilustrado por Mary McQuillan. Traduzido por Lilian Jenkino. São Paulo: Globo, 2001. 32 p., il. Todo mundo ficou doente. Vitória, a jiboia, está presa em um nó. Donato, o dálmata, teve suas pintas transformadas em listras. E Dorotéia, a centopeia, torceu seus 98 tornozelos. Mas, com uma pequena ajuda, todos ficarão bons rapidinho.
CARR, Stella. O vírus vermelho. Ilustrado por Avelino Guedes. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2002. 88 p., il. (Calafrio). Espirro ficou resfriado e vermelho feito um tomate. A turma resolveu investigar as causas da sua estranha doença e descobriu uma trama muito perigosa
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AGRADECIMENTO PELAS DOAÇÕES Ana Lúcia Faria e Silva Azevedo do Amaral Antônio Mattos Levorin Arthur Nestrovski Claudia Cavalcanti Fernando Hernandes de Andrade Jô Baroukh Maria Ercília Fama de Castro Maria Luiza Correa Paula Monteiro de Camargo Paula Beatriz Veirano Astiz (pai de Laura Astiz e Arthur Astiz Andrade) Stella Mercadante