Por Lizânia Castro
‘’Eu não entendia como meu cabelo funcionava, então alisei’’ Isadora de Faria Cavalcante é uma estudante de 20 anos da cidade de São Raimundo das Mangabeiras, no interior do sul do Maranhão. Ela afirma que já alisou o cabelo, e, o motivo que a levou a tomar essa decisão foi o fato de ela não saber como cuidar dele e para se sentir “melhor”. Ela permaneceu com ele alisado por cerca de seis anos. A estudante diz ainda que nunca sofreu com crise de identidade ou pressão da sociedade antes de alisá-lo, devido ao fato dela ter nascido com o cabelo já liso, e permaneceu liso até sua puberdade. E, depois disso, conta que ele começou a mudar. Como ela não entendia o que estava acontecendo decidiu alisá-lo. Contou que ele começou a mudar. Não conhecer suas próprias madeixas também influenciou nesse processo. “Eu não entendia como o meu cabelo funcionava, então alisei”, afirma ela. As coisas começaram a mudar quando, em 2019, a jovem decidiu dar uma chance ao seu cabelo natural, com a ajuda e o incentivo de amigos. Isadora concorda que o cenário pandêmico atual que o Brasil está passando contribui mais para que as pessoas aceitem o desafio de passar pelo processo de transição capilar, porque, como elas estão há mais tempo dentro de casa e, consequentemente, não estão convivendo com pessoas diferentes, elas se sentem mais à vontade para passarem por esse sistema. Além disso, Isadora ainda fala que os maiores problemas relacionados à tomada dessa decisão, de transição capilar, são as críticas do tipo: “você fica mais bonita de cabelo liso” ou “de cabelo liso você já acorda pronta”, que faz com que as pessoas, muitas vezes, não se sintam confortáveis o suficiente para assumirem seus cabelos. Para reverter esse cenário, ela sugere que é necessário ter mais representatividades negras na mídia e em livros didáticos. Admite que, a parte mais difícil desse regime, foi cortar e aprender a cuidar do próprio cabelo desde o começo. Mas, apesar de todos os empecilhos enfrentados no caminho, valeu muito a pena e alega que não se arrepende de nada, pois gosta bastante dele do jeito que está: natural. O apoio que sua mãe, amigos e professores deram para ela foi de extrema importância para que assumisse sua verdadeira identidade.
16