aNo 29 10.2018 Nº 119
aNo 29 10.2018 Nº 119 €4,50
1 - 4 OUTUBRO
ENTREVISTA A BOB WILLIAMSON PRESIDENTE DA ISTMA
ANO DE 2018 – EXPORTAÇÕES: QUE EVOLUÇÃO?
INDONÉSIA: UM MERCADO EM CRESCIMENTO
2018 PavilhĂŁo 6 - Stand 6A 14
ÍNDICE CONTENTS
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EDITORIAL
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NOTÍCIAS CEFAMOL
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NOTÍCIAS CENTIMFE
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ANIVERSÁRIO DOS ASSOCIADOS
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FORMAÇÃO NA INDÚSTRIA DE MOLDES
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ENTREVISTA A BOB WILLIAMSON PRESIDENTE DA ISTMA - INTERNATIONAL SPECIAL TOOLING & MACHINING ASSOCIATION
SEMANA DE MOLDES 2018
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Chegou a XI “Semana de Moldes”
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Como chegámos até aqui: a história da “Semana de Moldes”
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Entrevistas
DESTAQUE HIGHLIGHT
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Qual a importância da “Semana de Moldes” para a indústria?
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Empresas refletem sobre o futuro
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Conferência Internacional ‘Moldes Portugal’
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Conferência Internacional - Opiniões
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RPD 2018: técnica e ciência inauguram “Semana de Moldes”
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Brokerage Event: Fórum para a apresentação de projetos e troca de sinergias
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Seminários Técnicos
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Ano de 2018 – exportações: que evolução?
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Gestão de Recursos Humanos e o princípio de Peter
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Indonésia - um mercado em crescimento
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NEGÓCIOS
BUSINESS
Economia | Mercados | Estatísticas Economy | Market information | Statistics
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REFLEXÕES
FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE CEFAMOL - Associação Nacional da Indústria de Moldes • CONTRIBUINTE 500330212 • REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Av. D.Dinis, 17 / 2430-263 MARINHA GRANDE PORTUGAL / T: 244 575 150 / F: 244 575 159 / E: revista_omolde@cefamol.pt / www.cefamol.pt • FUNDADOR Fernando Pedro • DIRETOR Manuel Oliveira • CONSELHO EDITORIAL António Rato, Eduardo Pedro, Luís Abreu e Sousa, Manuel Oliveira, Maria Arminda • COORDENADORA EDITORIAL Maria Arminda • TEXTOS João Faustino, José Ferro Camacho, Helena Silva, Vítor Ferreira • PUBLICIDADE Rui Joaquim • PRODUÇÃO GRÁFICA Colorestúdio – Artes Gráficas, Lda / Zona Industrial Casal da Azeiteira, Pav. 3 - Quintas do Sirol 2420-345 St.ª Eufémia - Leiria / T: 244 813 685 / E: colorestudio.lda@gmail.com • PERIODICIDADE Trimestral • TIRAGEM 1200 exemplares • DEPÓSITO LEGAL 22499/88 • REGISTO ERC 113 153 • Nº ISSN 1647-6557 • Estatuto Editorial encontra-se disponível em www.cefamol.pt ANUNCIANTES MMC Hitachi Tool Engineering Europe GmbH 2 / S3D 5; 53 / Newserve 7 / Kingman 9 / Schunk 11 / Eurocumsa 13 / Sew Eurodrive 15 / Meusburger 17 / Gecim 19 / Jaba 21 / Knarr 23 / GrandeSoft 27 / Amtools Group 29 / Mater 31 / Iscar 33 / SB Molde 35 / TTO 37 / Rabourdin 39 / Jerónimo 41 / TCA 43 / Hotel Mar&Sol 47 / Cheto 49 / Simulflow 51 / Apoio Jurídico 52 / Yudo 55 / Trumpf 57 / Balzers 59 / Tecnirolo 61 / Hasco 67 / Makino 69; 70; 71 / Fluxoterm 73 / Fuchs 75 / DNC Técnica 77 / Alamo 79 / Heto 81 / Stratasys 83 / Blasqem 85 / FCS System 89 / FerrolMarinha 91 / ONA capa interior / MMC Hitachi Tool Engineering Europe GmbH contracapa interior / Tebis contracapa
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EDITORIAL
manuel oliveira*
* Secretário-geral da CEFAMOL
Semana de Moldes 2018
Moulds Event 2018
Celebramos este ano o 20º aniversário da primeira edição da “Semana de Moldes”. Foi já no longínquo ano de 1998 que demos os primeiros passos no lançamento de uma iniciativa que, por um lado, pretendia antever tendências tecnológicas e de mercado que iriam influenciar decisivamente a evolução da nossa indústria e, por outro, estimular a capacidade de inovação, desenvolvimento e diferenciação da Indústria Portuguesa de Moldes no mercado, assumindo-se esta como um parceiro estratégico dos seus clientes e um qualificado fornecedor de soluções integradas e de alto valor acrescentado.
This year, we are celebrating the 20th anniversary of the first edition of Moulds Event. It was way back in 1998 that we took our first steps launching an initiative which firstly, was looking for anticipate trends in technology and market analysis which would decisively influence a change in our industry and secondly, stimulate capacity for innovation, development and differentiation in the Portuguese Moulds Industry, becoming a strategic partner for its clients and a qualified provider of integrated solutions with high added value in the market.
Desde a primeira edição que os promotores-fundadores da iniciativa – CEFAMOL e CENTIMFE – tiveram um outro objetivo em mente: colocar Portugal e a “Semana de Moldes” na agenda internacional de grandes eventos dedicados ao sector, uma referência para todos quantos nela operam. Acreditamos que o conseguimos pois ao longo dos anos têm sido muitos os países e instituições internacionais a marcar presença neste evento. Especial destaque deverá ser dado aos nossos concorrentes internacionais que muito valorizam a iniciativa e, regularmente, organizam delegações dos seus membros para participar nas sessões realizadas.
From the first edition, the initiative’s founders – CEFAMOL and CENTIMFE – had another aim in mind: to place Portugal and Moulds Event on the international agenda of major events dedicated to the sector, a reference for everyone operating on it. We believe that we achieved it as, over the years, we have seen many countries and international institutions represented at the event. Special mention should be made of our international competitors, which really value the initiative and regularly organise delegations of their members to participate in our sessions.
Ao longo destes vinte anos de existência, reconhecemos que a “Semana de Moldes” tem sido uma ação estratégica para a dinamização de novos projetos de inovação e I&D, para o lançamento de iniciativas de cooperação empresarial e institucional, para reforçar uma aproximação e interação entre a Indústria e Academia, para a difusão de novas tendências - técnicas, tecnológicas ou de mercado – permitindo às empresas recolher informação e dinamizar contactos para reforçar a criação ou a manutenção de uma estratégia de diferenciação e valorização no mercado.
Over the twenty years it has been in existence, we have acknowledged that Moulds Event has been a strategic action for dynamising new innovation and R&D projects, launching corporate and institutional co-operation initiatives, increasing proximity and interaction between Industry and the Academy, spreading the word about new trends - in techniques, technology and markets – enabling companies to collect information and dynamise contacts to reinforce the creation or maintenance of a strategy of differentiation and valuation in the market.
A sua décima primeira edição, que se realiza entre os dias 1 e 4 de outubro de 2018, cujo programa se destaca nesta edição da Revista “O Molde”, constitui um forte impulso e contributo para a continuidade deste objetivo, reforçando o posicionamento, o reconhecimento e a afirmação nacional e internacional do nosso sector.
Its 11th edition, to be held from 1st to 4th October 2018, whose programme is contained in this edition of the “O Molde” magazine, constitutes significant impulse and a contribution towards the pursuit of this aim, strengthening our sector’s positioning, acknowledgement and national and international affirmation.
Enquanto um dos promotores do conjunto alargado de eventos que integram esta iniciativa, a CEFAMOL pretende prosseguir este caminho, fortalecendo uma trajetória de evolução onde o conhecimento, a inovação, a cooperação e o empreendedorismo se assumem como componentes fundamentais para o sucesso das nossas empresas.
As one of the sponsors of a wide selection of events which make up this initiative, CEFAMOL intends to pursue this path, increasing its trajectory of expansion in which knowledge, innovation, cooperation and entrepreneurship are assumed as components fundamental to our companies’ success.
A participação na “Semana de Moldes” e nas suas diferentes atividades, para além de reforçar a obtenção de conhecimento e a partilha de ideias ou conceitos inovadores, será uma excelente oportunidade para estabelecer novas relações de negócio e de cooperação entre os participantes. Contamos com a vossa participação!
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Participating in Moulds Event and in its activities, increasing the ability to gain acknowledgement and share innovative ideas and concepts, will be an excellent opportunity for participants to forge new relations in business and co-operation. We are counting on your participation!
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NOTÍCIAS NEWS CEFAMOL
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NOTÍCIAS NEWS
SECRETÁRIO DE ESTADO DA INTERNACIONALIZAÇÃO VISITOU INDÚSTRIA DE MOLDES “É preciso ouvir” para o Governo “incorporar na política pública as prioridades, vontades e dificuldades que têm os empresários e as empresas”. Esta foi uma das principais mensagens que deixou Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização que, no passado dia 5 de julho, realizou uma visita à indústria de moldes e à região de Leiria, durante a qual almoçou com mais de uma centena de empresários e representantes de instituições (num evento organizado em conjunto pela CEFAMOL e pela NERLEI - Associação Empresarial da Região de Leiria), visitou empresas e reuniu com as entidades representativas do sector. “Faço muitas viagens ao exterior, mas também faço muitas cá dentro e é a partir destes encontros que consigo olhar os sectores, definir prioridades, escutar as questões mais prementes”, explicou, considerando que Leiria, em particular o seu sector empresarial e associativo, “tem tido um contributo muito importante para o crescimento económico do país e das exportações”. O Programa “Internacionalizar”, que apresentou durante o almoço de trabalho, “posiciona Portugal ao lado de outros parceiros, inclusive europeus”, disse ainda, visando acompanhar e auxiliar os sectores privado e público numa estratégia para aumentar o peso das exportações nacionais no Produto Interno Bruto (PIB) e captar maior volume de investimento direto junto de entidades estrangeiras. Reforçar posicionamento internacional Coube a João Faustino, presidente da CEFAMOL fazer um enquadramento do sector, afirmando que “a Indústria Portuguesa de Moldes se assume hoje como um player de referência mundial, detentor de um posicionamento estratégico de suporte e integração
das cadeias de valor dos principais clientes mundiais, com especial incidência na indústria automóvel”. Sublinhando a “notável” evolução desta indústria na última década - com as exportações a registar um aumento superior a 100% entre 2010 e 2017 -, João Faustino considerou que se torna “fundamental que as empresas acompanhem permanentemente a sua envolvente negocial, a evolução política e social dos mercados, as novas tendências tecnológicas, o posicionamento da concorrência, o contexto evolutivo das indústrias que servem, entre muitos outros fatores que condicionam, direta ou indiretamente, a sua atividade e, consequentemente, a sua estratégia de desenvolvimento e diferenciação”. Mas não só. O presidente da CEFAMOL chamou ainda a atenção para as dificuldades que o sector sente em conseguir mão-deobra qualificada, o que classificou como “o maior entrave ao nosso crescimento”. Para João Faustino, as empresas necessitam de equipas qualificadas e multidisciplinares que assegurem a necessária “aposta permanente na inovação e no conhecimento”, por forma a manterem uma das suas principais características de competitividade: a forte aposta na modernidade tecnológica e organizacional. A título de exemplo, referiu, “registamos mais de 42 milhões de euros de projetos nacionais de I+D+I, envolvendo mais de 100 empresas e cerca de 50 entidades do Sistema Científico, Tecnológico e outras entidades do Ensino Superior”. Sublinhou ainda que o sector - 3º produtor europeu e 8º a nível mundial na produção de moldes para injeção de plásticos conseguiu criar “mais de 3.000 postos de trabalho líquidos no período entre 2010 e 2016”. “Operando a uma escala global, torna-se assim fundamental que as empresas acompanhem permanentemente a sua envolvente negocial, a evolução política e social dos mercados, as novas tendências tecnológicas, o posicionamento da concorrência, o contexto evolutivo das indústrias que servem, entre muitos outros fatores que condicionam, direta ou indiretamente, a sua atividade e, consequentemente, a sua estratégia de desenvolvimento e diferenciação”, adiantou, explicando que “a internacionalização, por via das exportações, do investimento, da integração em cadeias de valor globais, da vigilância de mercado ou das parcerias em projetos europeus de I&D e inovação que se têm constituído, assume um papel preponderante para a definição do posicionamento das empresas e, por que não dizer, do sector como um todo”. Destacou, a este nível, a importância que assumem entidades como a CEFAMOL, o CENTIMFE ou a POOL-NET, frisando que a campanha de promoção internacional assente na marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal” tem demonstrado “toda a cadeia de valor e integração de competências que representamos” e “tem sido fundamental e estratégica para os resultados alcançados”. Aludindo ainda à estratégia de diversificação de mercados que o sector tem procurado seguir, apontou os exemplos dos EUA, México, Europa
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Central ou Marrocos, como “alguns alvos para esta nova fase”. Por tudo isto, o presidente da CEFAMOL solicitou ao governante “apoio para manter esta trajetória de sucesso, continuando a reforçar o nosso posicionamento internacional”. Resolução de problemas Já Jorge Santos, presidente da NERLEI deu conta ao secretário de Estado de alguns dados económicos ilustrativos da importância da região de Leiria. “As exportações de 2006 a 2016 cresceram 92% na região, enquanto que no país cresceram pouco mais de 40%”, começou por referir, adiantando que, em 2011 “a nossa quota de exportação era de 2,4% e em 2017 3%”. Jorge Santos revelou ainda que, em valor acrescentado, “o distrito de Leiria, de 2015 para 2016, cresceu 9,1%, enquanto que a média do país cresceu 6%”, sublinhando que no que toca aos números de desemprego, “as nossas taxas têm sido sempre no mínimo 3 pontos percentuais abaixo da média nacional”. O responsável da NERLEI pediu, depois, ao governante, ajuda na resolução de problemas que, disse, as empresas enfrentam em mercados estrangeiros. Salientou o caso de Marrocos, apontando “dificuldades na obtenção de vistos de entrada em Portugal de cidadãos marroquinos”, salientando que o “processo pode demorar alguns meses” na embaixada portuguesa em Rabat, “o que dificulta a receção de empresários nas empresas e associações” portuguesas. Outros exemplos que deu foram a Argélia e o Irão, referindo-se às dificuldades na obtenção de vistos, no primeiro, e a impossibilidade de efetuar transferências bancárias, no segundo. Já em território nacional referiu os “processos de desalfandegamento demorados” e os custos dos portos nacionais que “são muito elevados”, pelo que os armadores estão “a desviar-se de Portugal e a ir para Espanha”. Elencou ainda outras questões, como a legislação laboral, o sistema fiscal ou a morosidade da justiça, como fatores que afetam a capacidade competitiva das empresas. Em resposta, Eurico Brilhante Dias referiu que do conjunto de questões “algumas são conhecidas” e outras classificou-as mesmo como “velhos problemas”. Referiu que, em matéria de vistos, foi alterada a legislação, sendo que o decreto regulamentar deverá ser aprovado na próxima semana. “Isso não resolve os problemas de capacidade dos nossos consulados”, reconheceu, admitindo que Marrocos e Argélia são “fortemente pressionados”, situação que o Executivo tem procurado resolver. Quanto ao Irão “o problema central é o banco correspondente”, no lado português, mas prometeu trabalhar nesta matéria.
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‘IPL-INDÚSTRIA’: MAIS DE TRÊS DEZENAS DE EMPRESAS APOIAM 41 BOLSAS A ESTUDANTES É um projeto que se tem afirmado pelo crescimento, ano após ano. No ano letivo de 2018/2019, serão 41 os estudantes a ser apoiados com bolsas de estudo pelo ‘IPL-Indústria’, projeto que vai na sexta edição. O número de empresas que apoia os estudantes também subiu para 33 (foram 27 no ano letivo passado), mais de metade das quais pertencentes aos sectores de moldes e plásticos. Só na área da Engenharia Mecânica, vão ser atribuídas 20 bolsas. Este projeto, resultante de um protocolo firmado entre a CEFAMOL, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e o Instituto Politécnico de Leiria (IPL), teve início em 2014 tendo sido, então, atribuídas sete bolsas por igual número de empresas. De então para cá, o número de empresas participantes e de bolsas tem crescido consideravelmente. Os resultados positivos foram apresentados no passado dia 19 de julho, no “VI Encontro IPL-Indústria”, numa sessão que serviu também para projetar o próximo ano do projeto e que juntou convidados e empresários da região de Leiria, para realçar a ligação já consolidada entre a academia e a indústria. A empresa GEOCAM foi uma das que marcou presença no evento, sendo também uma das que, regularmente, concede bolsas de estudo a jovens alunos. Eugénio Santos, responsável da empresa, explica ter aderido há três anos ao projeto que classifica como “muito positivo”. “A importância deste projeto, no fundo, e para além do seu papel social de ajuda aos jovens, é conseguir uma ligação muito mais próxima entre a empresa e o IPL e, com isso, atrair novos e mais qualificados colaboradores para a empresa”, considera, admitindo que a atração de recursos humanos para a empresa é, atualmente, uma das maiores dificuldades que sente. Desde que iniciou a ligação ao ‘IPL-Indústria’ tem notado algumas alterações. “Noto que as pessoas nos contactam mais, abordamnos para a possibilidade de realizar estágios e, provavelmente, podemos vir a ficar com eles na empresa”, explica, contando, como exemplo que, este verão, contaram com um aluno do IPL a fazer estágio. “Mas vamos sendo mais abordados, mais conhecidos pelos jovens e pela academia, o que para nós é bom”, aditando, considerando que o ‘IPL Indústria’ é, para a resolução do problema das dificuldades de angariação de recursos humanos “um passo importante, mas há ainda um caminho a percorrer”. DESAFIOS FUTUROS Os resultados do protocolo ‘IPL-Indústria’ relativos ao ano letivo 2017/2018 foram apresentados por Carlos Capela, diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), mostrando valores muito positivos. Para além da atribuição de 37 bolsas por 27 empresas, a parceria entre as três entidades resultou, no último ano letivo, na realização de 34 visitas de estudo, e ao nível da formação em contexto empresarial destaque para a concretização de 98 estágios extracurriculares de verão, 142 estágios curriculares de licenciaturas, 34 estágios curriculares de mestrado nas empresas e 48 trabalhos de investigação. Durante os cinco anos de cooperação foram organizados 220 seminários, workshops, aulas abertas e ações de formação para colaboradores de empresas e 28 prestações de serviço a empresas.
No âmbito dos desafios para o futuro da parceria ‘IPL-Indústria’, Carlos Capela elencou como prioridades “o alargamento do âmbito do protocolo”, o “follow-up do percurso dos estudantes premiados com bolsas”, a intensificação da partilha e valorização de conhecimento com o tecido empresarial”, bem como a possibilidade de organização de “um dia aberto para as empresas”. Mostrando a sua satisfação pela parceria entre as três entidades e a forma como tem sido acolhida pelos parceiros, pelas empresas e pela comunidade académica, o secretário-geral da CEFAMOL, Manuel Oliveira, considerou que “esta é uma ligação que fortalece a indústria e a região, sobretudo a indústria de moldes, que se destaca pela inovação, pelo know-how e pelo rigor”. Manuel Oliveira frisou que, desde o seu início, o ‘IPL-Indústria’ tem tido o mérito de aproximar a academia e a indústria, de forma a adequar a oferta formativa em função das necessidades das empresas. “Valorizamos a escola e contribuímos para atrair talento para a nossa indústria”, sublinhou, enaltecendo o papel da equipa que tem trabalhado neste projeto que, assegurou, “tem desafios futuros em preparação”. INOVAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, destacou os conceitos da letra “i” que aparece três vezes no nome do protocolo ‘IPL-Indústria’. Assim, começou pela Inovação, na medida em que é um evento único, que liga o Politécnico de Leiria às empresas regionais e nacionais. “Existe uma dimensão de responsabilidade social neste protocolo, que não se encontra noutros projetos similares que surgiram posteriormente. É ainda um projeto inovador por promover a empregabilidade qualificada dos nossos diplomados”, considerou, salientando que “o segundo “i” corresponde à Investigação, já que muitos dos projetos são orientados para o desenvolvimento da economia local e regional, e deste território”. Quanto ao ultimo “i”, frisou, “é de Internacionalização, em que deixo o desafio de fazer deste um projeto internacional, implementá-lo além-fronteiras”. Rui Pedrosa terminou com palavras de incentivo para a continuação deste projeto que, disse, “muito nos orgulha e que é mais um exemplo de inovação e criatividade da região de Leiria”. Já Jorge Santos, presidente da Nerlei, destacou a importância das pessoas nas organizações, considerando que são elas que fazem a diferença. “O que o IPL tem feito é formar as pessoas
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em várias áreas, que valorizam e ganham competências nestas escolas”, disse, alertando que, no futuro, vão ser necessárias novas competências, pelo que é preciso estar atento às tendências do mercado e preparado para as grandes alterações a realizar. “Inteligência artificial, tecnologias aditivas e digitalização são alguns dos novos desafios que nos obrigam a mudar o nosso modelo de negócio, os processos produtivos ou até comerciais”, afirmou, sublinhando que “temos de trabalhar mais na inovação, seja nos modelos de negócios, seja nos processos produtivos e comerciais”. O evento terminou com a intervenção de Nuno Mangas, presidente do IAPMEI, que enalteceu a “excelente prática de apresentar um balanço, de prestar contas e mostrar o que foi feito”. Nuno Mangas falou da necessidade cada vez mais “gritante” de ter pessoas qualificadas no mercado de trabalho. “Temos falta de recursos humanos, de mão de obra industrial e comercial”, afirmou o presidente do IAPMEI. “Este protocolo permite colocar em evidência que a nossa indústria é moderna, desenvolvida, tecnologicamente avançada, virada para o exterior e para a exportação. Vale a pena apostar numa carreira que passe pela indústria”, frisou. Nuno Mangas referiu ainda que a temática da capacitação é “algo que está na génese do IAPMEI, com formação e parcerias com empresas, associações empresariais e sectoriais”. “Temos proximidade com as empresas, damos apoio comunitário, aconselhamento especializado e financeiro, sobretudo sobre fundos comunitários ou de financiamento”, referiu o presidente do IAPMEI, garantindo que “estamos cá para ajudar-vos nestas iniciativas que tornam as empresas mais competitivas e uma economia mais pujante”. CIBERSEGURANÇA Esta sessão do ‘IPL-Indústria’ deu destaque ao tema ‘Cibersegurança na Indústria’, tendo sido esse o tema de uma conferência proferida por Francisco Nina Rente, gestor do Ciber Security Group da Prosegur. O orador falou dos crescentes desafios da cibersegurança no modelo de negócio industrial, que “é uma oportunidade de nos diferenciarmos e abordar outras realidades”. Sendo gradualmente uma indústria digitalizada, Francisco Rente explicou a grande probabilidade de ser vítima de ataques informáticos, com vários exemplos de boas práticas que as empresas descuram diariamente, como a escolha de uma password suficientemente forte ou o cuidado reforçado com o controlo de acesso aos sistemas de informação. “Há pessoas dedicadas a descobrir problemas para cometer crimes”, advertiu, considerando que, “se a empresa aplicar boas práticas de segurança vai ter qualidade por inerência”. “A transformação digital requer uma mudança de mentalidade e de postura”, reforçou. Admitindo que não é possível garantir a segurança a 100%, o responsável considerou que “a diferença faz-se pela capacidade de reação”. A indústria, disse, “tem fragilidades muito grandes, mas tem vindo a melhorar”. Um dos aspetos que considerou importantes é que quem desenha (o sistema de segurança) o faça da forma mais correta e quem o utilize que o faça da forma mais segura. Referiu ainda que muitas empresas procuram obter a certificação pela norma 27001 (segurança da informação), aconselhando a que o façam, não apenas para ostentar o selo, mas para adotar práticas verdadeiramente mais seguras.
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V EDIÇÃO DO LEIRIA-IN: MEIA CENTENA DE JOVENS PASSOU SEMANA EM CONTACTO COM A INDÚSTRIA Experiência inesquecível O grupo foi recebido segunda-feira, dia 9 de julho, na NERLEI após uma visita ao castelo da cidade. Na sessão de boas vindas, os responsáveis dos dois municípios que acolhem a iniciativa (Leiria e Marinha Grande) congratularam-se pela participação dos alunos, considerando que esta semana será “um momento-chave para o vosso futuro” pela possibilidade de experiências e conhecimento que proporciona. Rui Marques, do Fórum Estudante, considerou que esta será uma experiência “inesquecível” para estes jovens, considerando que, após as anteriores edições (no total, esta iniciativa já contou com a participação de cerca de 250 jovens), muitos alunos das escolas começam a olhar a indústria de uma outra forma, identificando aí potencialidades profissionais para o seu futuro. Foram cerca de 50 jovens, oriundos de várias zonas do país, que participaram, entre 9 e 13 de julho, na quinta edição da iniciativa ‘Leiria-In’. Organizado conjuntamente pelo Instituto Politécnico de Leiria e pela Fórum Estudante, e tendo como parceiros a CEFAMOL, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e a Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura (ADAE) e ainda as Câmaras de Leiria e da Marinha Grande, o evento tem como objetivo proporcionar aos jovens experiências, de forma a evidenciar a importância da indústria para a economia e desenvolvimento de Portugal, e despertar interesse, junto dos estudantes do ensino secundário e profissional, para as profissões a ela ligadas. Nesta edição e apenas no que diz respeito à indústria de moldes e plásticos, os jovens, oriundos de 33 escolas secundárias (alunos do 10º, 11º e 12º anos e de cursos profissionais), dos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Faro, Leiria, Lisboa, Porto, Setúbal e Viana do Castelo, visitaram as empresas Plasgal, Socem, Fozmoldes, Planimolde, KLC, Moldoeste, Tecnimoplas, Ribermold, TJ Moldes, DRT e Aníbal Abrantes. Nessas visitas, contactaram com os responsáveis pelas unidades, levantando questões e esclarecendo dúvidas sobre a indústria e o seu funcionamento. Tiveram também oportunidade de partilhar numa sessão o testemunho de um empresário, o administrador da empresa Somema, Fernando Vicente, que contou aos alunos, de forma muito descontraída e interessante, o seu percurso de vida e o da empresa. O grupo mostrou-se atento, colocando várias questões e dinamizando um debate bastante participativo. Ainda no que diz respeito à indústria de moldes, os alunos tiveram oportunidade de visitar a Exposição ‘Esculpir o Aço’, numa visita guiada pelo antigo profissional do sector, António Rato, que contou a história da indústria de moldes em Portugal enquanto ia mostrando ao grupo os vários equipamentos e artigos em exposição. Para além de moldes e plásticos, os jovens deslocaram-se a várias empresas dos sectores do vidro e da cerâmica, realizaram ações e conheceram algumas das escolas do Politécnico de Leiria e visitaram os museus do vidro (na Marinha Grande) e MIMO (em Leiria). Houve tempo também para visitas à praia e convívio entre os participantes.
Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL congratulou-se com o facto deste grupo de jovens ter optado, em plenas férias, por uma semana de conhecimento e aprendizagem. Disse aos jovens que a indústria precisa deles, fazendo votos para que, após as visitas, uma parte significativa veja o sector industrial como uma possibilidade de carreira futura. Para Rui Pedrosa, Presidente do IPL, estes alunos são “os embaixadores do conhecimento” uma vez que, após a iniciativa, darão conta do que viram e viveram aos familiares e amigos, contribuindo para gerar uma nova imagem da indústria, da sociedade do conhecimento e da região.
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- Que diferenças existem nesta quinta edição em relação às anteriores?
ENTREVISTA Rui Marques Fórum Estudante “O Leiria-In é uma conjugação muito feliz entre ensino superior e economia” - Como nasceu o Leiria-In? Esta iniciativa nasceu da visão estratégica do Politécnico de Leiria e dos seus parceiros, entre os quais a CEFAMOL, com a necessidade de comunicar aos mais novos a enorme transformação que o mundo da indústria tem vindo a sofrer, corrigindo imagens e perceções erradas. Ou seja, desmistificar a imagem que muitos têm das nossas empresas. Mas pretende também dar aos jovens a perceção quer do ensino superior, quer das empresas e associações. Pretende, acima de tudo, comunicar com os mais novos para lhes explicar não só o desenvolvimento científico e tecnológico que hoje está inserido na dinâmica empresarial, sobretudo nos sectores dos moldes e plásticos, quer das enormes oportunidades de emprego que vão encontrar, ou da realidade profissional e da capacidade de competir a nível global. A iniciativa tem-se consolidado nos últimos cinco anos, mas foi, portanto, esta a visão estratégica da sua criação, numa conjugação muito feliz entre ensino superior e economia que tantas vezes não é consequente como gostaríamos. - Cinco anos depois, é possível aferir alguma mudança? Os jovens que passaram por esta iniciativa são outro tipo de pessoas, mais viradas para a indústria? Sim, houve mudança. E esse é um ponto interessante desta estratégia. Não conseguimos trazer à indústria milhares de jovens, como se gostaria, por razões logísticas, mas tem-se apostado nesta ideia de ‘embaixadores’. São jovens que vêm de escolas diferentes e que podem, no contexto do seu espaço, transmitir uma experiência. Nós sabemos que tem uma enorme influência a comunicação entre pares, entre pessoas da mesma idade. E não tenho dúvidas, até pelas avaliações que vamos fazendo no final de cada semana, que é um esforço que está a ser feito e que tem resultado. Claro que há muito a fazer. Uma semana como esta nas cidades não é suficiente, era necessário fazer muito mais, levar o país a organizar-se para fazer isto com grande escala e para se perceber, não só na indústria como noutros sectores, a importância da economia, do conhecimento e da qualificação profissional. Mas o Leiria-In é uma aposta que tem sido ganha e que tem sido avaliada de forma positiva pelos parceiros, por isso é que estamos todos aqui, ao final de cinco anos, reforçando esta relação e continuando esta aposta.
O modelo tem vindo a ser aperfeiçoado. Não há mudanças radicais porque, em geral, as opções, desde o início, estão muito ajustadas, mas existe, por exemplo, uma maior diversidade de empresas, existem diferentes empresários e gestores mais disponíveis para contactar com estes jovens. No que diz respeito aos jovens, em geral temos sempre esta ambição de abarcar o máximo de distritos possível e vamos variando as escolas para permitir uma participação mais heterogénea. - Como é que este grupo de jovens é formado? Como é feita a seleção até chegarem aqui? Há uma comunicação ao longo do ano, quer na revista da Fórum Estudante, quer nas escolas, na internet. Há candidaturas e são selecionados os jovens que apresentam os melhores trabalhos. A participação é gratuita, porque os parceiros criam condições para que isso aconteça. Os alunos que se esforçaram e concorreram e se mostraram mais empenhados participam nesta semana. Mas temos o cuidado de selecionar escolas diferentes, por isso, para além da escolha dos melhores há também outros critérios de escolha, como a variedade de escolas e concelhos. Mas estamos muito contentes com o modelo. O desafio é ir melhorando sempre um bocadinho, mas no essencial, o modelo está estabilizado e funciona bem. VOZ AOS ALUNOS 1 - Porque decidiste participar? 2 - No futuro, é pela indústria que pensas seguir o percurso profissional? Tânia Brás, Mirandela, 15 anos - aluna do 10º ano 1 - Primeiro, porque a experiência de estar com pessoas que não conheço é sempre interessante porque fazem-se novos amigos. Depois, porque a temática desta semana também me interessou. Tinha curiosidade e quis conhecer mais sobre a indústria. 2 - Ainda não sei bem. Estou, por enquanto, a tentar perceber. Pedro Ferreira, Porto, 15 anos - aluno do 10º ano 1 - Decidi vir sobretudo para fazer novas amizades, viver uma nova experiência, mas também para saber mais sobre a indústria, sobretudo a dos moldes. Tenho ouvido falar dela e do quanto é desenvolvida em termos de tecnologia, mas não conhecia. Enquanto experiência, acho muito interessante. 2 - Ainda não tomei nenhuma decisão sobre o meu futuro profissional. A indústria pode ser uma possibilidade. O que vi pareceu-me interessante. Mas ainda tenho algum tempo para decidir.
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MISSÃO NOS EUA Enquadrado no projeto de internacionalização “Engineering & Tooling from Portugal 2017-18”, a CEFAMOL promoveu uma Missão Empresarial nos EUA dedicada à área dos dispositivos médicos, que decorreu entre os dias 11 e 15 de junho, no estado de Nova Iorque, e que contou com a participação das empresas Digimold, Frumolde, Inpomoldes e Moldegama. A iniciativa permitiu a visita aos eventos “MD&M East” e “Plastec East”, organizados conjuntamente no Jacob K. Javits Center, na cidade de Nova Iorque, e o estabelecimento de contactos comerciais com empresas locais que operam na área médica. Esta ação, e a aposta na área dos dispositivos médicos, está enquadrada na estratégia de eficiência coletiva definida para o sector, sendo a interação com indústrias de elevado valor acrescentado uma das orientações prioritárias para o cluster “Engineering & Tooling” em que a indústria de moldes se integra.
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INDÚSTRIA PORTUGUESA DE MOLDES PRESENTE NA V EDIÇÃO DOS PLASTIC MEETINGS LYON A convenção internacional de negócios para a indústria de plásticos, realizada em Lyon, contou com uma forte presença portuguesa. A CEFAMOL organizou a participação coletiva de empresas nacionais no certame “Plastic Meetings” realizada nos dias 19 e 20 de junho no Espace Tête d’Or, em Lyon, França. O evento permitiu a promoção de reuniões bilaterais (B2B) entre representantes do sector e potenciais clientes, tendo como objetivo fomentar a cooperação económica e as relações comerciais entre os diferentes participantes.
Juntamente com a CEFAMOL, nesta V edição dos “Plastic Meetings” e a representar a indústria portuguesa de moldes e plásticos, estiveram as empresas ASG Moldes, Batista Moldes, CR Moulds, Fozmoldes, Moldata, NSB Group, Prifer e Steelplus. Esta iniciativa enquadrou-se no plano de promoção internacional “Engineering & Tooling from Portugal”.
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TRANSCONTECH – CENTIMFE NA EMAF 2018 | PAVILHÃO 5, STAND D17 Tecnológico, que incorpora conceitos “Indústria 4.0” para o sector de moldes e plásticos, nomeadamente, manipulação, controlo de qualidade, montagem, visão artificial, em ambiente colaborativo (robô+humano). O Centimfe, através do projeto TransConTech, irá marcar presença na EMAF 2018, no Porto, em novembro, com a apresentação de um sistema demostrador modular e autónomo, desenvolvido no Centro
Este sistema demonstrador incorpora conhecimento e soluções desenvolvidos em diversas atividades de I&D, dinamizadas pelo Centimfe em parcerias alargadas e tem como objetivo evidenciar a aplicabilidade de processos automatizados em atividades executadas nas empresas de forma predominantemente manual. Desta forma pretende-se difundir as competências do Centro Tecnológico e facilitar o processo de transformação digital das empresas através de aplicações modulares, de implementação progressiva que permitam evoluir no caminho da produção “zerodefeitos” e conduzam a níveis de produtividade e qualidade mais elevados. Visite o Centimfe e saiba tudo o que este pode fazer com a sua empresa. http://transcontech.centimfe.com
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Projeto TransConTech apoiado por:
PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO TECNOLÓGICA COM A TEBIS Na lógica do seu posicionamento de parceiro âncora do cluster “Enginnering & Tooling” e de Centro de Interface Tecnológico (CIT) para o apoio ao desenvolvimento das Indústrias de Moldes, Ferramentas Especiais e de Plásticos, o Centimfe tem desenvolvido a sua atividade, reforçando a sua atuação ao nível da antecipação
tecnológica, visando a transferência de conhecimento e de tecnologia para as empresas. No processo de digitalização da indústria (Indústria 4.0), em curso, assume-se a importância de reforçar o trabalho em rede e a formalização de parcerias estratégicas, através de protocolos de cooperação tecnológica que ampliem a visibilidade e o compromisso como Centro de Excelência e Demonstrador Tecnológico. Neste contexto, no passado mês de junho, o Centimfe formalizou um protocolo de cooperação tecnológica, com a empresa associada e parceira Tebis, no domínio das tecnologias de CAM/otimização de processos, visando o reforço da área de intervenção da fabricação zero-defeitos, contribuindo para o reforço e melhoria da competitividade das empresas. Este protocolo, assume um conjunto de vantagens para o Centimfe e para os seus associados, numa lógica de eficiência coletiva. Assume-se assim a formação dos técnicos, nesta lógica dos desafios do futuro (i.e., internet of things, digitalização, big-data, etc), como prioridades absolutas para o sucesso futuro das organizações, tal como está definido no plano estratégico do Centimfe.
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ICTPLAST - DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO EM FERRAMENTAS AVANÇADAS TIC PARA MELHORAR AS COMPETÊNCIAS DE PLANEAMENTO DE PROCESSOS DE PRODUÇÃO NAS PMES DA INDÚSTRIAS DE PLÁSTICOS No quadro do processo de digitalização da Indústria e da rede alargada de cooperação internacional do cluster “Engineering & Tooling”, a POOL-NET desenvolveu mais um projeto com clusters congéneres europeus, reforçando a visibilidade da marca coletiva “Engineering & Tooling from Portugal” e da indústria (moldes e plásticos). As ferramentas TIC são vitais para manter e reforçar a competitividade das empresas, facilitando a conceção e o desenvolvimento eficientes de novos produtos, e tornando disponível a sistematização de conhecimento diferenciador nas empresas. O seu contributo para as fábricas do futuro visa melhorar a eficiência, a adaptabilidade e sustentabilidade dos sistemas de produção, bem como a sua melhor integração nos processos de negócio, num contexto industrial cada vez mais globalizado. O cluster “Engineering & Tooling”, coordenado pela POOL-NET colaborou neste projeto no âmbito da Iniciativa Europeia ERASMUS+. O ICTPlast – Development of a Training Program on Advanced ICT Tools for Enhancing Manufacturing Process Planning Competences
in Plastic Industries SMEs, atuou no domínio da formação avançada em ferramentas TIC para a indústria de plásticos, que envolveu a participação de clusters europeus da indústria de plásticos, nomeadamente: AVEP – Espanha (coordenador); Engineering & Tooling - Portugal; PROPLAST – Itália; PLASTTECHNICS – Eslovénia; e ainda as universidades de Bordéus (França) e Politécnica de Valência (CIGIP - Espanha). Este projeto envolveu o desenvolvimento de metodologias inovadoras de formação que combinam formação presencial e online, permitindo a colaboração entre formandos e uma abordagem de aprendizagem baseada no saber-fazer resolvendo casos práticos das empresas. A formação (num modelo não tradicional) tem o objetivo de melhorar estas competências orientadas aos novos modelos de produção e permitir aumentar a eficiência global da indústria, bem como o seu próprio desempenho, e estará disponível no formato e-learning (consultar www.toolingportugal.com), gratuitamente durante os próximos 5 anos.
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MOLDE MATOS: MEIO SÉCULO DE SERVIÇO DE EXCELÊNCIA NA PRODUÇÃO DE MOLDES constituição, adquiriam a primeira máquina que foi ali instalada. “O meu pai conta que o chão ainda nem sequer estava totalmente acabado quando a primeira máquina começou a laborar”, sublinha Isabel Matos.
A história da Molde Matos tem 50 anos. Meio século de vida de uma empresa que tem tido, sempre, como missão proporcionar a todos os clientes um serviço de excelência, sustentado nas prioridades que definiu desde a fundação: a melhoria contínua e a preocupação por cada colaborador. Desde sempre e também no presente, a empresa procurou trilhar a sua rota, no sentido de ser reconhecida pela qualidade dos seus produtos e dos seus profissionais, mantendo-se sempre na vanguarda tecnológica. A atuação da empresa - que é hoje um grupo empresarial muito forte e dinâmico - rege-se por um conjunto de valores que, na ótica dos administradores, são os fatores-chave do sucesso: profissionalismo, trabalho em equipa, respeito, ética, empenho e inovação. De origem familiar, a empresa mantém, até hoje, esse cariz, que se estende da administração a cada um dos colaboradores. É, afinal, uma grande família que comemora este ano meio século atividade. A Molde Matos foi fundada por Joaquim Matos e Arnaldo Matos, dois irmãos que trabalhavam na área dos moldes na empresa Edilásio Carreira da Silva e sentiram necessidade de criar o seu próprio projeto. A história é-nos contada por Isabel e Miguel Matos, irmãos, filhos de Joaquim Matos que, atualmente com 86 anos, continua a gerir a gerir a empresa em conjunto com os descendentes. A Molde Matos foi fundada a 3 de setembro de 1968 e iniciou, de imediato, a laboração, devido a contactos com um cliente que foi, na época e nos anos seguintes, muito importante. “A Hasbro que tinha como interlocutor o senhor O’Connor. Eles tinham moldes para fazer, sobretudo nos primeiros tempos, destinados à produção de brinquedos, “, recorda Isabel Matos. A Molde Matos funcionou, nos primeiros anos, nas traseiras da casa da família, na localidade da Ordem, na Rua da Índia. Isabel recorda que o primeiro contacto com esse primeiro cliente, bem como a aprovação do projeto, “foi tudo definido na nossa sala”. Foi num pavilhão, construído por detrás da casa, que funcionou a empresa, nos primeiros tempos. Menos de um mês após a sua
Os dois fundadores começaram o negócio sozinhos, mas, passado algum tempo, admitiram um desenhador e, com o passar dos anos, foram entrando mais colaboradores. Foram sendo instaladas mais máquinas e a empresa foi crescendo. “Nós todos nascemos na fábrica. Eu tinha 11 anos e recordo-me de, com os meus irmãos, andarmos por lá”, sublinha. A empresa manteve-se no pavilhão original durante 10 anos. Depois disso, mudou para as atuais instalações, na Moita, em 1978. No pavilhão da Ordem, no ano em que saiu a Molde Matos, nasceu a Plimat, ainda com os mesmos administradores. A história das duas empresas, pela forte ligação entre si, acaba por ser similar. Força e persistência Ao longo de cinco décadas, a evolução da Molde Matos fez-se com muita persistência. “Nem tudo foram períodos bons. Houve momentos complicados, foi preciso ser forte. Mas fomos fortes e resistimos”, conta. E foi essa força que os fez chegar, com muito vigor, aos 50 anos. “50 anos é uma data importante para qualquer pessoa, mais ainda para uma empresa”, considera Miguel Matos. E conta que, nos primeiros dez anos, enquanto a empresa crescia, ia havendo necessidade de diversificar o tipo de produtos que faziam. “No início, a indústria dos brinquedos era muito forte, mas foi deixando de ser e foram diversificando”, salienta. Nessa mudança de rumo, surgiu então, um outro cliente que foi muito importante para a empresa, a ‘Empire Brush’ (de escovas e vassouras). No início, recordam Isabel e Miguel Matos, uma grande parte dos clientes era oriunda dos Estados Unidos. “Até aos anos 80, o mercado mais forte era a América do Norte. Mas nessa altura, foi feito um trabalho comercial muito forte na América do Sul já a pensar numa possível mudança”, conta Miguel. Isabel recorda que, antes da década de 80, “houve um período, na altura do 25 de abril de 1974, em que a América do Norte, enquanto mercado, decaiu bastante”. Nessa altura, o nosso pai começou a ir para a Suécia e aí tivemos também um mercado bastante importante”.
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O sucesso da Molde Matos refletia também o sucesso da segunda empresa criada (a Plimat), que começou a registar um crescimento interessante e, em março de 1992, muda de instalações para a Zona Industrial da Marinha Grande. Virada para a injeção com um produto próprio, acessórios para canalização, a Plimat detém, neste momento, 1800 moldes o que gera cerca de 3500 produtos referenciados em catálogo, conta Miguel Matos. Tem-se caracterizado por um crescimento assinalável e já ultrapassou os 55 países para onde exporta os seus produtos. E, assegura, “a tendência é crescer”. O grupo Miguel Matos considera que Molde Matos, sendo a empesa-mãe atravessa, hoje em dia, “um desafio muito interessante que aborda a temática de ser uma indústria familiar”. “Já conseguimos dizer que temos a terceira geração a trabalhar na empresa. E é aí que se encontra o maior desafio: a sucessão”. A empresa tem atualmente 45 colaboradores e só produz moldes para as empresas do grupo que, entretanto, foi crescendo. Com a mudança de instalações das duas primeiras, nasceram a Plimex (criada em 1999, no mesmo pavilhão onde funcionava a Plimat), a Matos Plás (criada junto à Molde Matos, em 2001) e a Matosgest, criada em 2009, e que gere o grupo. Miguel Matos conta que a Plimex surgiu com a necessidade de um produto específico: as válvulas de esfera. “Nos anos 90, recebemos um projeto espanhol. Havia uma empresa que não conseguia efetuar os produtos e era detentora dos moldes. Fez-se um negócio com a Plimat, de forma a que os moldes fossem recuperados, de forma a criar um produto com qualidade. Foram três anos de trabalho intenso dentro da Plimat para afinar este produto e depois percebemos que tínhamos a necessidade de criar uma equipa a trabalhar única e exclusivamente no mesmo. Aí surgiu a Plimex que mudou para a Zona Industrial da Marinha Grande em 2017”, conta, frisando que, entretanto, “quadruplicámos o espaço e é uma empresa em amplo crescimento”.
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Aposta na qualidade A qualidade tem sido um dos fatores chave do sucesso. Nesse sentido, desde muito cedo, as empresas têm passado por processos de certificação. A primeira foi a Molde Matos, em 1994. Seguiu-se a Plimat, em 1998 e a Matos Plás, em 2010. A Plimex, uma vez que funciona em paralelo com a Plimat rege-se com os seus princípios de qualidade, tendo, para além disso, diversas certificações europeias e laboratoriais que o mercado exige. Já este ano de 2018, a Molde Matos recebeu uma distinção, pela Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI), enaltecendo o seu sucesso após 50 anos de atividade. Também Joaquim Matos recebeu uma distinção, pela NERLEI, por ser um dos poucos empresários com mais de 80 anos e ainda no ativo. O empresário foi também distinguido pelo Rotary Club da Marinha Grande, como ‘Empresário do Ano’ e pelo mérito da sua carreira profissional. Isabel e Miguel Matos consideram que estas distinções, mas sobretudo o ‘peso’ de uma história de 50 anos pautada por crescimento e sucesso os fazem sentir “um enorme orgulho”, mas também “uma grande responsabilidade”. Miguel acrescenta, até, sentir “um enorme respeito”, uma vez que, pela empresa, “já passaram muitos mestres e já se formaram muitos outros”. “É, sem dúvida, através da qualidade que praticamos nos moldes que nasce também a qualidade dos produtos que injetamos”, afirma. “Temos sido uma grande escola para a indústria. Saíram daqui muitos técnicos e que hoje são grandes empresários”, adianta Isabel Matos. Para Miguel, o sucesso de terem chegado tão longe é, afinal, “não haver segredos. Somos muito transparentes”. Por isso, assegura olhar o futuro com muito otimismo. “O futuro já começou a ser planeado. Os próprios mercados também nos obrigam a pensar nisso. A Molde Matos será uma empresa a fazer moldes para o mundo, internacional e nacional, mas com uma componente muito forte a fazer os moldes para o grupo. Terá uma presença muito cuidada nessa área. Para isso contribui o que chamamos de ‘manutenção paliativa’, uma manutenção preventiva e ativa de todo o parque de moldes pertencente ao grupo”, refere.
Já a Matos Plás, conta Isabel Matos, surgiu com a entrada de um projeto belga. “A Molde Matos, ao fazer moldes, abraça os projetos de clientes que pretendem moldes, mas também a produção. A determinada altura, houve a necessidade de criar um espaço para fazer essa injeção. Houve um projeto que alavancou essa ideia, que foi para o governo belga. Depois disso, foram angariados mais alguns clientes, mas sempre sob a titularidade de Molde Matos e foi decidido transformar esse sector em empresa no ano de 2001”, conta.
Com clientes a nível nacional, a empresa aponta, contudo, baterias ao mundo. A Europa é o principal destino, sobretudo a França. E fora da Europa, a aposta é a América do Sul, sobretudo Argentina e Chile.
A determinado momento, sentiram a necessidade de criar um produto próprio e assim nasceu a marca registada ‘MP Drink’, uma gama de copos (e outros produtos) inquebráveis. Esta empresa, sublinha, dá assistência produtiva à Plimex.
Isabel Matos acrescenta que “temos vindo a ser reconhecidos pela amplitude da gama que apresentamos. No caso dos copos inquebráveis, somos considerados dos maiores do mundo, com vendas em 21 países. Isso deve-se à nossa qualidade e é por ela que queremos ser reconhecidos”.
No total, o grupo tem hoje cerca de 200 colaboradores e 55 máquinas de injeção, com capacidade entre as 30 até às 1.600 toneladas.
“Somos bem vistos pelos clientes e conseguimos cumprir com as exigências do mercado”, afirma, sublinhando que “por aí se fará o futuro”. “Temos uma filosofia de, no minino, criar 70 produtos novos, por ano. Normalmente, fazemos sempre mais porque o mercado puxa e exige”, diz.
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GECIM: 30 ANOS A PRESTAR SERVIÇO DE EXCELÊNCIA À INDÚSTRIA DE MOLDES Três décadas de história A Gecim nasceu na Marinha Grande, a 14 de outubro de 1988, numas pequenas instalações, na zona de Casal da Formiga. Tinha, então, um único trabalhador e representava a marca ‘Mold-Masters’.
A Gecim - Gabinete de Engenharia e Consultadoria Industrial, comemora este ano o 30º aniversário. A empresa, representante oficial e exclusiva Milacron em Portugal para as marcas ‘Mold-Masters’, ‘DME’ e ‘Ferromatik’ e ainda dos produtos hidráulico/pneumáticos ‘Vega’ tem sido exemplo de um crescimento assinalável, nos últimos anos, marcado pela prestação de um serviço de excelência à indústria portuguesa de moldes e plásticos. Acácio Moleirinho, sócio gerente, conta que o ‘segredo’ deste sucesso se explica pela forma como a empresa se posiciona no mercado. Sobretudo na maneira como encara os seus colaboradores, clientes e fornecedores. “Consideramo-los, aos três, nossos parceiros. E a defesa dos três, em simultâneo, é a nossa missão”, afirma, considerando que, ao assumir esta postura, a Gecim consegue “estabelecer um equilíbrio interessante” e que tem permitido à empresa crescer de forma sustentada. “Trabalhar em parceria é a nossa linha de orientação”, sublinha. De referir que a empresa foi PME Excelência em 2017, pelo quarto ano consecutivo.
Esta representação foi de tal forma importante que Acácio Moleirinho relata que o percurso seguido só foi possível graças ao apoio do próprio fundador da Mold-Masters, Jobst Gellert, recentemente falecido. Uma pessoa que diz ter sido sempre “extraordinária”, detentor de uma capacidade inventiva sem precedentes e que lhe permitiu criar e registar mais de 800 patentes. “Ele acreditava muito em Portugal, acreditou e confiou em nós. Foi uma pessoa excecional a quem devemos muito”, sublinha. Desde muito cedo, a Gecim pautou a sua prioridade de trabalho numa área conceito-solução e não apenas na comercialização, o que permitiu desenvolver a sua capacidade em termos de engenharia e conceção instalada dentro da empresa, conta ainda o sócio gerente, sublinhando que “optou por ser um parceiro tecnológico providenciando soluções de injeção de polímeros na área dos canais quentes”. De Casal da Formiga, passou para uma zona mais central da cidade da Marinha Grande onde esteve alguns anos. Em 1997, foi identificada uma nova oportunidade de negócio, na área da hidráulica e iniciou a representação exclusiva para Portugal dos produtos hidráulico/pneumáticos ‘Vega’. Desde 2006, está instalada no lugar do Engenho, num “local” histórico da Marinha Grande, mais conhecido pela fábrica das lâmpadas, tendo, atualmente 22 colaboradores diretos.
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e a ‘DME’ e sendo estas pertencentes ao grupo ‘Milacron’, a Gecim alargou a sua oferta às máquinas de injeção ‘Ferromatik’. Desta forma, é, atualmente, o parceiro Milacron em Portugal nas marcas ‘Mold-Masters’, ‘DME’ e ‘Ferromatik’. “Somos o maior parceiro independente do grupo Milacron, o que é um orgulho para nós. Somos uma empresa portuguesa e temos tido a capacidade de conservar a nossa origem, mantendo a distribuição, serviço e engenharia portugueses”, considera.
Futuro com otimismo Manifestando um “orgulho enorme” pelo caminho percorrido Só para exemplificar a evolução que a empresa tem tido, Acácio Moleirinho conta que “em 1991, nos primeiros três meses do ano, tínhamos fornecido canais quentes apenas para nove moldes. Mas o ano passado, fornecemos canais quentes para mais de 1.600 moldes”. O volume de vendas atualmente, esclarece, “ascende a quase dez milhões de euros”.
até aqui, pela equipa, pelas pessoas, pelos clientes e pelo
Mas esses números não são, no seu entender, o mais importante. “A nossa prioridade é a qualidade”, assegura.
a indicar que vamos abandonar, progressivamente, os combustíveis
Em 2013, teve início uma parceria com a ‘DME’ para o mercado português. Três anos depois, tendo a parceria com a ‘Mold-Masters’
Talvez se vá deixando de fazer o plástico de consumo, mas as peças
relacionamento construído neste período de tempo, o sócio gerente diz estar “otimista em relação ao futuro”. “A partir daqui, estamos preparados para continuar a responder ao mercado consoante ele exija”, explica, considerando que “apesar das diferenças previstas na indústria automóvel, com o novo rumo fósseis, estou convencido de que não vamos abandonar o plástico. plásticas mais técnicas vão continuar a ser necessárias”.
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NEUTROPLAST: 25 ANOS AO SERVIÇO DO MERCADO DA SAÚDE A Neutroplast desenvolve, há 25 anos, soluções especializadas de embalagens plásticas primárias para os segmentos das indústrias farmacêutica e dos cuidados pessoais, garantindo elevados padrões de qualidade e segurança em todo o ciclo de vida do produto, respondendo aos requisitos normativos e legais. Localizada em Sobral de Monte Agraço, com 80 colaboradores, a empresa exporta para cerca de 36 países. A Neutroplast foi criada a 16 de julho de 1993. Três anos depois, em 1996, nascia a sua primeira unidade de produção, em Sintra. A indústria farmacêutica e de cuidados pessoais foram, desde sempre, o seu principal mercado, levando a empresa a pautar-se pelos mais elevados padrões de exigência e pelas melhores práticas. Dessa forma, e desde a sua fundação, a Neutroplast tem tido como foco a qualidade, acentuando essa como a sua imagem de marca, aperfeiçoando equipas e recursos centrados em alcançar essa meta. Foi pioneira, em Portugal, em vários níveis de certificação pelas mais diversas normas de qualidade, logo desde os primeiros anos de atividade, na década de 90. A primeira certificação ISO pela norma 9002, foi alcançada no ano 2000. A história da Neutroplast é marcada por um crescimento rápido, mas sustentado. Em 1998, devido ao volume de atividade, muda para as instalações onde ainda hoje funciona, em Sobral de Monte Agraço, criando uma nova unidade de produção. Em 2001, a empresa passa por um processo de requalificação da marca para melhor se posicionar no mercado. Apenas três anos depois, em 2004, é a primeira empresa nacional a receber a certificação pelo Infarmed, mais concretamente a cerificação ‘CE para dispositivos médicos de Classe I’. A partir dessa data, a aposta no sector farmacêutico é ainda mais incrementada e, em 2007, e novamente três anos depois, são criadas na Neutroplast as primeiras salas de ambiente controlado. Em 2013, é criada a spinoff ‘BeyonDevices’, que tem como principal função a investigação e desenvolvimento de novas tecnologias. E, no ano de 2015, a empresa criou a Package-Point, uma loja online que permite a clientes fazer compras abaixo das 10 000 unidades por compra. Desde 2016 até à data, a empresa apostou fortemente na pré-venda, de forma a poder estar cada vez mais perto dos seus clientes e potenciais clientes. Foi criado um departamento de marketing interno que entre outros feitos destaca-se a geração de mais de 250 leads de negócio e a subida da base de seguidores da empresa nas redes sociais em mais de 400%. Inovação diferenciadora Um dos produtos mais inovadores foi uma embalagem para medicamentos triangular. Foi com esse produto que, por ser diferenciador, a empresa conseguiu destacar-se e crescer. Com efeito, tratava-se de uma embalagem de forma triangular, diferente das restantes que o mercado tinha para oferecer. Isso permitia às pessoas, mesmo não se recordando do nome do medicamento,
saber a forma da embalagem, o que facilitava no momento da compra. Para além disso, a forma triangular permitia também que fosse uma embalagem mais fácil de manobrar e agarrar por pessoas com dificuldades. Esta embalagem, pertencente aos laboratórios ACINO (dos primeiros clientes da Neutroplast), deu bastante projeção à empresa, sendo das embalagens que mais se vendeu, mais se produziu e se continua a produzir. Foi uma das embalagens que levou o nome da empresa para fora de Portugal, e tendo sido aquela que pela sua complexidade produtiva deu confiança aos restantes players do mercado para olharem para a Neutroplast como um fornecedor qualificado para voos maiores. Uma vez que se trata de uma embalagem que, para além da complexidade na produção, requer também impressão, isso levou a empresa a apostar também nessa área. É hoje das poucas empresas no mundo com fator diferenciador de ter os serviços e produção e impressão de embalagens integrado. Para além desta primeira embalagem, a Neutroplast tem atualmente cerca de 100 referências de produtos, que incluem, para além dos frascos, dispositivos médicos, tampas e outros acessórios. Contudo, continua a focar-se em ter um leque de produtos específico, especializado e com uma grande qualidade, tanto no processo como no produto, o que é algo que o mercado onde opera - o farmacêutico - exige como principal requisito. Do mercado nacional para o mundo Depois de um primeiro momento, no início da atividade em que trabalhava essencialmente para o mercado nacional, a Neutroplast exporta, atualmente, para cerca de 36 países. No entanto, e de entre estes, tem um conjunto de mercados onde a sua presença e liderança são mais fortes. É o caso do Magreb, sobretudo Tunísia, Argélia, Marrocos, Espanha e França. Aí, a empresa tem uma relação institucional muito forte com uma grande parte dos laboratórios. A Neutroplast tem também negócios com outros países, como o
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Reino Unido, Rússia, Alemanha, Holanda e Itália. Os negócios fora de portas têm vindo a consolidar-se e a empresa tem vindo a crescer. Este ano, a nível de faturação, a Neutroplast estima ultrapassar os seis milhões de euros, sendo que destes mais de 60% são em exportação. Em termos de futuro, a empresa tem uma ambição grande de continuar a crescer, não apenas no que toca a mercados, mas também pela crescente e constante qualificação, pela inovação não só de produtos, mas também de processos e logística. Pretende-se uma mudança, no sentido de conseguir chegar melhor aos seus clientes e ter uma melhor prestação de serviço, estando a olhar com um cuidado cada vez mais atento a, por exemplo, o atendimento ao cliente e o serviço pós-venda. Nesse sentido, e no âmbito da ‘Indústria 4.0’, a empresa está a trabalhar no desenvolvimento de uma aplicação informática que permita que cada cliente consiga acompanhar, a cada momento, o seu produto: quando começou a ser feito, quando está acabado e quando vai ser entregue. Através de fundos como o H2020, P2020, Inovação produtiva e
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internacionalização a empresa criou novas soluções a nível dos dispositivos médicos, exemplo disso, foi o aplicador vaginal e a Smart Cap, produtos que já estão no mercado e a ser comercializados. O valor das pessoas Uma das prioridades da Neutroplast são os seus recursos humanos. A empresa é considerada uma das melhores para trabalhar, em Portugal. Em todas as tomadas de decisão, os colaboradores são envolvidos e, no dia a dia da fábrica, esse foco nas pessoas está sempre presente: seja nos vários momentos de formação e qualificação dos recursos humanos, seja no forte investimento técnico, profissional, pessoal e relacional com colaboradores. Ao longo de cada ano, desenvolvemse várias iniciativas de ‘team building’ e entreajuda, mas também de partilha de momentos de descontração, lazer e diversão. A própria ergonomia do espaço de trabalho é um exemplo dessa preocupação. Este ano, parte do espaço de trabalho foi renovado. O escritório foi transformado num open space, de forma a que os colaboradores estejam todos mais próximos uns dos outros. O objetivo é que as pessoas sintam que são o foco da empresa e, com isso, se sintam mais motivadas e integradas. Um outro exemplo da importância que a empresa dá aos seus é que, no âmbito das comemorações do 25º aniversário, pretende inaugurar um mural, no exterior da empresa, que mais não é do que uma representação fotográfica de todos os colaboradores.
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FORMAÇÃO NA INDÚSTRIA DE MOLDES
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MINI MBA COM SALDO POSITIVO NA INDÚSTRIA DE MOLDES E PLÁSTICOS Como é que alguns treinadores de futebol com jogadores medianos conseguem formar equipas vencedoras? A analogia desportiva serve para Rui Tocha, diretor-geral da Pool-Net, explicar, em traços gerais, a pertinência da criação do mini-MBA direcionado exclusivamente para a indústria de moldes e plásticos e que decorreu este ano, entre janeiro e maio, com saldo “muito positivo”. “Com a escassez de recursos humanos com que se depara o sector, é isto que se vai pedir a cada empresa. São pequenas estruturas, os recursos são escassos… O que temos de fazer hoje em dia é olhar para o que temos e maximizar e rentabilizar”, contextualiza. E identifica o problema: “o que acontece é que, na maioria dos casos, a indústria não preparou os seus quadros intermédios para olhar para o desenvolvimento das carreiras das pessoas e, para produzir e para ser competentes. As pessoas têm de ser felizes, ter capacidade criativa. Não podem ser robôs”, defende. Foi com esta premissa em mente que foi criado o mini-MBA (Master in Business Administration), com a designação ‘Human Centered Manufacturing”. Foi pensado e desenhado à medida do cluster “Engineering & Tooling”, tendo como grande propósito valorizar os recursos de forma a colocar a ‘Pessoa’ no centro da instituição. “Pensámos que a nossa indústria teria uma oportunidade de fazer uma formação para quadros superiores, quadros intermédios, gestores de empresas ou empresários que quisessem ter uma visão de algumas ferramentas modernas de gestão de Recursos Humanos, de gestão de carreiras e competências, tendo em conta o caminho da ‘Indústria 4.0’ que vai marcar a nossa indústria nos próximos 20 anos”, explica Rui Tocha. A formação resultou de uma parceria entre o cluster “Engineering & Tooling” e a Universidade de Manchester (Reino Unido), em colaboração com a consultora IBC (International Business Consulting). “Nós desenhamos o curso com aquilo que achávamos que era crítico e, para isso, ouvimos empresários ou gestores, a nível do nosso cluster. Cruzámos depois com a oferta da universidade, que tem experiência do género em vários países do mundo”, explica, sublinhando que um dos requisitos que defenderam foi a presença de professores ingleses em conjunto com os portugueses, mas com aulas faladas exclusivamente na língua inglesa.
“Quisemos o curso em inglês para potenciar o desenvolvimento de competências linguísticas porque achamos que os nossos quadros médios e superiores têm de falar inglês”, explicou, contando que essa decisão “foi alvo de muita contestação e, provavelmente, se o curso fosse em português não tínhamos 14 alunos; teríamos mais”. No entanto, frisa, foram as empresas que suportaram os custos e financiaram a formação dos seus quadros porque este projeto não teve qualquer suporte governamental. TOMAR ATITUDES Mas concluída a formação, o resultado foi muito positivo e o mini-MBA cumpriu o objetivo de se constituir como uma inovadora ferramenta para a indústria. “Fizemos, no final das 120 horas, uma avaliação e os formandos consideraram-no ‘excelente’, o que nos deixa muito satisfeitos”, conta, sublinhando também que os professores estrangeiros que estiveram em Portugal “ficaram com uma ideia muito positiva do nosso país e da nossa indústria”. “Contou com a participação de empresas de Oliveira de Azeméis e da Marinha Grande. Foi abrangente. E foi um piloto excelente que superou até os resultados que estávamos à espera de alcançar”, considerou. Em relação ao futuro, revela que está já em preparação a segunda edição, que passará pela alteração de alguns conteúdos e considera que terá continuidade no futuro, podendo vir a ser alargado até a outros países, mas em moldes que estão ainda em estudo. Rui Tocha conta ainda que esta iniciativa foi apresentada no ‘High Level Group do Manufuture (o fórum máximo da Comissão Europeia que analisa os programas de I&D e onde o Human Centered Manufacturing é um tema prioritário) e “Portugal foi destacado de tal forma que nos convidaram para fazer uma apresentação dos resultados deste curso, em novembro, em Itália”. “Estamos a ser líderes e pioneiros nesta abordagem porque, para nós, esta preocupação com os recursos humanos é real e precisamos de ser consequentes e tomar atitudes”, defende.
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OPINIÃO DOS FORMANDOS Pedro Colaço, diretor-geral da KLC “É imperativo que mudemos a nossa maneira de ver as pessoas dentro das organizações” “O que este curso trouxe foi, principalmente, um olhar novo sobre uma série de temáticas e sobre as transformações que estão a acontecer e outras que aí vêm, no que diz respeito, sobretudo, aos recursos humanos. No nosso país temos um problema de pirâmide demográfica invertida. Temos falta de pessoas e isto vai traduzir-se em dificuldades na contratação de futuro, porque não há recursos humanos e vai haver cada vez menos. Por isso, é imperativo que mudemos a nossa maneira de ver as pessoas dentro das organizações. Para as reter também vamos ter novos desafios. Este curso, de forma muito pertinente, esteve muito orientado para essas questões, trabalhou-as muito bem e acho que, para qualquer líder, para qualquer gestor, é importante assistir a cursos deste tipo. Foi, por isso, extremamente interessante. Todo o curso foi orientado para uma área muito específica que é o impacto que a digitalização vai ter principalmente nas pessoas e nas organizações. E isto mexe muito com os recursos humanos. Grande parte das aulas teve o seu enfoque nas pessoas e em como é que as equipas e as lideranças vão lidar com toda esta situação, partindo da transformação digital, da ‘Indústria 4.0’, e de como se vai refletir nas organizações e naquilo que está a acontecer nas empresas por causa disso. Mas não só. Também por causa das diferenças geracionais e das novas gerações que começam a chegar ao mercado de trabalho e que, no fundo, já são gerações ‘digitalizadas’ e têm formas de trabalhar e expectativas diferentes. Neste momento, as empresas têm problemas de retenção de talentos, de motivar os colaboradores porque as coisas mudaram. Aliás, hoje aquilo que se quer num trabalhador também é diferente. Há um enfoque maior nas ‘softskills’ e menor nas ‘hardskills’. Ou seja, há paradigmas que estão a mudar e acho que o curso foi muito bom nesse aspeto porque nos chamou a atenção para isso. No entanto, considero que este tipo de formação é muito orientado para as gestões de topo, por um lado, e, por outro, para quem
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tenha alguma fluência em inglês. Foi tudo dado em inglês e senti que houve alguma dificuldade nesse aspeto, tanto para alguns formandos como para alguns formadores. E tenho dificuldade em perceber por que razão os formadores portugueses, quando têm à sua frente uma plateia portuguesa, têm de falar em inglês. Creio que resultaria melhor se falassem em português porque acho que se perdeu um bocado: vi que alguns dos meus colegas não perceberam parte do que foi dito e tiveram dificuldade em expressar-se quando foi a parte dos trabalhos. Para mim, este aspeto não fez muito sentido. Fez, naturalmente, no caso em que os formadores eram ingleses. Como balanço, considero que no final do curso, há ferramentas que são dadas e conceitos e que ficam connosco e que naturalmente vão influenciar as nossas decisões”.
Bruno Lopes, coordenador de produção da PMM “Sem mão de obra não é possível as organizações sobreviverem, apesar de todo o automatismo” “O tema deste mini MBA interessou-me logo à partida, visto que estava ligado à parte humana. Para além disso, foi um desafio que me foi lançado pela gerência da empresa e que aceitei de imediato. Acho que o curso foi muito interessante. Creio que seria mais benéfico se fosse, por exemplo, mais intensivo, mais compactado no tempo, em lugar de ser apenas aos fins de semana. Mas estou satisfeito com o resultado. Fiquei muito sensibilizado para a questão da parte humana das instituições, dos trabalhadores, do Ser Humano na empresa. Sem mão de obra não é possível as organizações sobreviverem, apesar de todo o automatismo. Por isso, temos de repensar e aproveitar as pessoas para conseguir ter melhor desempenho das máquinas e ter melhores condições de trabalho e melhores empresas. Gostei muito de algumas das matérias ministradas. Tanto assim que temos estado a aplicar algumas dessas coisas na empresa e, a curto ou médio prazo, penso obter alguns resultados positivos, com melhorias das condições de trabalho e até do empenho dos próprios colaboradores. O facto deste curso ter sido ministrado totalmente em inglês foi, para mim, um desafio. Ter sido na língua inglesa foi bastante bom porque permitiu-me sair um bocadinho da minha área de conforto e aprender um pouco mais, otimizar melhor alguns termos nesta língua. Mas tenho a certeza que se fosse em português, seria mais abrangente e haveria mais gente a participar. Quer queiramos, quer não, o inglês acaba por ser uma barreira para algumas pessoas”.
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ESCOLA PROFISSIONAL E ARTÍSTICA DA MARINHA GRANDE (EPAMG) PREPARAR JOVENS PARA O MUNDO DO TRABALHO DE MÃOS DADAS COM AS EMPRESAS Desenhador de Construções Mecânicas - Moldes. É o curso que, desde o ano letivo de 2016/2017, a Escola Profissional e Artística da Marinha Grande (EPAMG) disponibiliza, orientado para os sectores dos moldes e plásticos. Foi numa conversa com três intervenientes - Rita Venâncio, diretora da escola; Patrícia Rosa, diretora pedagógica e Susana Ramalho, diretora do curso de Desenho de Construções Mecânicas e professora de desenho de moldes e tecnologias de processos que ficamos a conhecer a atual oferta da EPAMG, mas também o caminho que a escola percorreu até aqui chegar. Trata-se de um curso profissional de três anos, com equivalência ao 12º ano, e um máximo de 24 alunos por turma.
número elevado de empresas a procurar, regularmente, a escola, pedindo alunos para estágios ou para ingresso. “Pedem, até, exalunos”, refere. Rita Venâncio conta que, na preparação do ano letivo 2013/2014, a EPAMG reuniu com a CEFAMOL, com o objetivo de estreitar ainda mais os laços com as empresas do sector. Na sequência dessa abordagem, diz, “houve empresas que ficaram a conhecer melhor a nossa oferta e passaram a contactar-nos”. Susana Ramalho esclarece que o papel das empresas vai muito para além dos estágios que os jovens realizam ao longo dos três anos de formação. “As empresas participam numa série de outras atividades porque fazemos várias, com os nossos alunos, ao longo do ano. Por exemplo, colaboram connosco em workshops, possibilitam visitas, atividades temáticas (como o Dia Aberto, no final do ano letivo) ou conferências”, conta, assegurando que “nós contamos com as empresas como colaboradores para toda a parte mais técnica do curso e elas ajudam-nos muito nisso”.
A história da EPAMG começa em 1991, ano em que iniciou a sua atividade. Durante os primeiros anos, não teve qualquer oferta direta para a indústria de moldes. Esta surgiu por volta de 1996, conta Rita Venâncio. Os primeiros cursos dessa área ali ministrados foram de Desenhador Projetista e Computação Gráfica Tridimensional. “Funcionaram durante cerca de dez anos”, explica a responsável. Depois disso, e após um processo de análise e reavaliação, os cursos deram lugar ao de Técnico de Transformação de Polímeros, que funcionou entre 2007 e 2010. Este, conta Rita Venâncio, foi um curso “cujo plano curricular foi criado por nós”. Em 2013, a EPAMG surgiu com um novo curso, o de Desenho de Construções Mecânicas. Contudo, ressalva, este teve uma pausa durante algum tempo e reabriu no ano letivo de 2016-2017, na vertente Moldes, sendo o que a escola mantém atualmente. “Há uma ligeira diferença entre o que havia e este que temos agora e que é mais focado nos moldes, para dar resposta às necessidades da nossa indústria”, explica. Forte ligação às empresas No total, ao longo dos anos, a EPAMG tem formado uma média de 23 jovens/ano para a indústria de moldes. Contas feitas, terão sido cerca de três centenas desde que a escola iniciou a oferta formativa para o sector. Os alunos que frequentam este curso são, na sua maior parte, oriundos da Marinha Grande, mas também de Leiria, Vieira de Leiria e Maceira. No total da escola, explica a diretora pedagógica Patrícia Rosa, “este é o curso com mais procura”. Uma das particularidades do curso é a forte articulação com as empresas, faz questão de realçar Susana Ramalho, a coordenadora do curso. “Quando entrei neste curso, em 2014, já havia um trabalho prévio de ligação com as empresas: já havia vários parceiros e empresas contactadas”, conta, referindo que tem havido, até, um
Um dos exemplos que aponta é a Meusburger, empresa austríaca de acessórios e equipamentos para o sector que, para além das visitas e estágios que proporciona aos alunos, apoia com equipamentos e materiais para o curso. Os estágios Mas a integração dos jovens no sector é assegurada, sobretudo, pelos estágios que vão fazendo ao longo dos três anos de curso. Rita Venâncio conta que, no início, não havia estágios no primeiro ano, mas os alunos, quando chegavam, “achavam que o primeiro ano era todo muito teórico, não sentiam ligação ao mundo empresarial e o nosso objetivo era que sentissem essa ligação”. Hoje, são enviados para estágios logo no primeiro ano. “Trata-se de um estágio que é, sobretudo, de observação e tem a duração de cerca de três semanas”, conta. Nesse período, tenta-se que o jovem passe por todos os departamentos para perceber como funciona a empresa. Isto permite que no estágio que realiza no segundo ano, consiga efetivamente trabalhar juntamente com os colaboradores da fábrica. “Os jovens sentem-se muito motivados porque percebem que conseguem, de facto, desempenhar tarefas”, relata. No total, os alunos realizam 840 horas de estágio durante o curso. A maior parte tem lugar no último ano. Rita Venâncio conta que se nota, cada vez mais, a necessidade de mão de obra qualificada no sector. “Este ano, logo em janeiro, já havia empresas a pedir os alunos que iam realizar o último estágio.
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Conheceram-nos quando foram fazer o estágio no segundo ano, gostaram deles e pediram para que voltassem”, conta, sublinhando que tal posição das empresas é reveladora também da qualidade que revêm nos jovens que são formados na EPAMG. “As empresas têm-se mostrado muito satisfeitas”, afirma. Preparação para o mundo laboral O curso ministrado pela EPAMG, explicam as responsáveis, é de banda larga, dando aos jovens um conjunto de competências que são transversais para responder às necessidades das empresas do sector. No entanto, nos últimos tempos, a escola tem sido abordada para a necessidade - que é uma carência das empresas - de investir mais em formação centrada nos polímeros. “É uma área muito específica, mas com muitas solicitações sobretudo devido às novas combinações de polímeros e de materiais”, explica Susana Ramalho, admitindo que, no futuro, possa vir a ser equacionada a possibilidade de investir mais tempo em formação orientada para essa área. Mas por enquanto, considera, Rita Venâncio, “entendemos que o curso que temos permite aos alunos visualizar uma empresa de moldes de uma perspetiva muito mais ampla”. Sendo a indústria de moldes caracterizada pela sua forte componente tecnológica, é importante os alunos manterem-se a par das tecnologias. Na EPAMG isso faz-se, sobretudo, no tempo em que os jovens passam nas empresas em estágios. Mas não só. “Nós temos o cuidado, dentro das nossas capacidades, de visitar feiras - e a Moldplás é disso um exemplo -, onde os jovens podem ver as tecnologias e muitas das novidades dos fornecedores da indústria, ao mesmo tempo que podem conhecer e falar com pessoas da indústria”, explica a coordenadora do curso. Para além disso, recorda, “vivemos na era digital e eles têm acesso a muita informação. Pesquisam muito e as empresas ajudam, mostrando os seus equipamentos, quer nos estágios, quer nas visitas”. Por outro lado, sublinha Patrícia Rosa, “tentamos trazer as empresas à escola, de forma a que nos vão cedendo ou permitindo que, de forma mais assídua e direta, trabalhemos em parceria”. Isso nem sempre é fácil, admite, uma vez que, com a escassez de mão de obra, as próprias empresas dificilmente conseguem disponibilizar recursos. “Tem de haver um trabalho de mãos dadas: não conseguimos formar as pessoas à medida das necessidades das empresas se as empresas não disponibilizarem um bocadinho mais dos recursos para nos ajudar”, sublinha. E uma vez concluída a formação, os jovens saem da EPAMG preparados para “passar por qualquer área dentro de uma empresa:
desde o desenho, projeto ou produção. Muitos com capacidade para línguas e comunicação, são ótimos comerciais, outros preferem a parte manual”, diz Susana Ramalho. Muitos deles, prosseguem para o ensino superior, muitas vezes trabalhando já nas empresas. Ligação especial E a relação com a escola não termina no final do curso. A EPAMG convida muitos dos antigos alunos a voltar à escola, a partilhar a sua experiência com os mais novos. “Temos ex-alunos com percursos incríveis, alguns têm, até, a sua própria empresa. São um exemplo e uma motivação para os novos alunos”, frisa Susana Ramalho. Rita Venâncio considera que é essa ligação que não se rompe e essa “coesão da equipa que tentamos passar aos alunos”, que fazem com que a EPAMG seja “uma escola diferente”. “Trabalhamos de forma séria, com rigor, com os alunos, mas conseguimos colocar outro ingrediente que é o afeto. Sentimos que os jovens saem muito diferentes do que entraram. Para além de bons técnicos, saem com ferramentas emocionais que os ajudam na vida. É esta grande ligação que faz o nosso lema ‘motivar para o sucesso’. É que o sucesso é construído, mas também a partir do afeto”, afirma. PERFIL Susana Ramalho, diretora do curso Do vidro para os moldes Susana Ramalho, de 44 anos, é, desde o ano letivo de 2016/2017, diretora do curso de Desenho de Construções Mecânicas. É, ela própria, uma ex-aluna da Escola Profissional e Artística da Marinha Grande (EPAMG) onde, em 1992, fez a sua formação em decoração de vidro. “Essa área foi, durante muitos anos, a minha paixão”, explica, contando ter tido, durante alguns anos, um atelier de decoração de vidro na cidade da Marinha Grande. Prosseguiu os estudos, cursando Design Industrial e, após concluir, voltou à EPAMG já como professora, nos cursos Desenho Técnico, Desenho e Projeto e Técnicas de Vidro. Chegou a dar aulas no curso de Higiene e Segurança no Trabalho, ainda na EPAMG, e depois disso, algumas cadeiras no Instituto Superior Dom Dinis (ISDOM), no Instituto Superior de Línguas e Administração de Leiria (ISLA) e em vários cursos promovidos pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. A determinado momento, foi atraída pela área dos moldes, fez formação na área, e integrou o curso de Desenho de Construções Mecânicas, dando aulas ligadas à vertente mais técnica. Continua a lecionar também no ISDOM, dando algum apoio no curso de Design e de Gestão de Produção. Sobre a EPAMG, explica tratarse de uma “escola diferente”, com “um ambiente e dinâmica muito especiais”. Considera a indústria de moldes “muito fascinante” e, sobre si própria, diz: “gosto muito de projetar, mas gosto mesmo é deste mundo do ensino”.
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“A INDÚSTRIA DE MOLDES PORTUGUESA É UM EXCELENTE EXEMPLO DA EXCELÊNCIA DO BEM FAZER” BOB WILLIAMSON
Presidente da ISTMA - INTERNATIONAL SPECIAL TOOLING & MACHINING ASSOCIATION
Bob Williamson, 68 anos, com residência na África do Sul, é o atual presidente da ISTMA, num mandato de três anos, dos quais, já cumpriu o primeiro. No início de abril último, no âmbito de um conjunto de visitas que fez a algumas instituições associadas, passou por Portugal, onde reuniu com a CEFAMOL e realizou algumas visitas, entre as quais, ao Centro de Formação para a Indústria de Moldes (CENFIM). Numa entrevista que, nessa ocasião deu à revista O MOLDE, deu realce à forma muito positiva como vê o sector em Portugal, defendendo que, no mundo, esta indústria deve passar a assumir-se, cada vez mais como “uma indústria fornecedora de soluções”. Considerando que “o molde é uma peça de vital importância para o processo produtivo da maior parte dos bens usados por todo o mundo”, adverte que “se não tivermos uma indústria de moldes de qualidade, isso põe em causa todo o processo de fabrico”. Lembrou, ainda, que esta indústria é uma das grandes criadoras de empregos a nível mundial, defendendo a necessidade de se criarem estratégias para atrair mais jovens para o sector. Quais são os seus principais objetivos do seu mandato enquanto líder da ISTMA? O meu principal objetivo é aumentar a relevância da ISTMA, a nível internacional, incrementar o prestígio da Associação e afirmar a sua importância na indústria, a nível global. Afirmá-la como o centro da excelência e bem fazer. Com esse objetivo em vista quais são as ações que pretende desenvolver para o alcançar? Numa primeira fase, o meu principal foco é tentar conhecer mais profundamente os membros associados da ISTMA, de forma a tentar perceber perfeitamente quais são as suas necessidades e as suas expectativas. Por isso, tenho procurado deslocar-me junto de
cada um deles e, com isso, procurar encorajá-los a que participem mais ativamente, formulando estratégias, planos. Foi essa a razão que o trouxe à Marinha Grande? Sim, foi uma das razões. Penso que a associação que representa os moldes em Portugal, a CEFAMOL, é uma das mais ativas associadas e é muito importante para mim perceber que quer a minha visão, quer o meu pensamento estão em linha com os produtores de moldes em Portugal. E não tenho a menor dúvida de que estão. Mas nesta viagem, em particular, estivemos na Suíça e no Reino Unido e seguimos para os Estados Unidos, onde a CEFAMOL estará também presente. Teremos oportunidade de contactar com os fabricantes de moldes e compreender as suas necessidades. Teve oportunidade de visitar ou contactar com empresas de moldes em Portugal? Nesta viagem, não. Nem era esse o objetivo. Mas no passado, sim, já conheci algumas empresas de moldes portuguesas que tive oportunidade de visitar. Mas nesta deslocação tive oportunidade de conhecer a formação que é ministrada no CENFIM, centro que visitei, e foi com agrado que percebi que é bastante positiva e semelhante à que se realiza para o sector em muitos países, como por exemplo na África do Sul, de onde venho. Afirmou que conhece empresas de moldes em Portugal. Que opinião tem acerca da indústria portuguesa de moldes? Penso que a indústria de moldes portuguesa é um excelente exemplo do que pode ser a indústria, do que pode ser o bem fazer neste sector. Acho notável que os portugueses se concentrem em desenvolver a sua própria
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indústria, criando soluções e respostas especificas para ela e sem procurarem seguir, por exemplo, o que já outras indústrias fazem. Os produtores de moldes portugueses procuram ser únicos e inovadores e isso é um exemplo notável. E essas características não são normais na indústria de moldes noutros países? Nem por isso. Noto que, por exemplo, há muitos países onde a indústria está preocupada com o que os produtores asiáticos estão a fazer e centram o seu foco no que precisam de fazer para se assemelhar, suplantar ou até ficarem equiparados com outros. E esquecem, até, que o principal foco deve ser na melhoria constante e na tecnologia. Aqui, em Portugal, creio que os fabricantes de moldes entendem isso muito bem e têm-no definido como estratégia. Depois, acho que em Portugal têm muito bem definida a questão da liderança no que toca ao sector. Nota-se um sentimento de orgulho em ir conquistando espaço e ascender e estar entre os melhores. Por exemplo, sempre que fui ou falei com empresários deste sector, senti o orgulho que têm em afirmar o crescimento dos seus projetos, mas também em fazer parte da indústria nacional e da imagem que tem. Penso que isso é uma coisa que muitos países deviam aprender com os produtores portugueses. E de uma maneira geral, quando compara a Indústria Portuguesa de Moldes com outras, que ideia tem, por exemplo ao nível das tecnologias adotadas? De uma maneira geral, as empresas estão bem apetrechadas tecnologicamente e sempre a pensar no que pode ser melhorado. Aliás, devo dizer que é um prazer enorme visitar a Indústria Portuguesa de Moldes. Como vê o futuro da indústria de moldes no mundo? Creio que a visão de futuro depende um pouco do local onde se está, mas acredito que para os fabricantes de moldes se manterem competitivos, precisam de investir em tecnologia, têm de ir compreendendo e acompanhando as necessidades da ‘quarta era industrial’, da chamada “Indústria 4.0” e terem a certeza de que se adaptam para as novas técnicas de fabrico. E, sobretudo, que se vão mantendo na linha da frente da tecnologia e da inovação orientada pelo talento. Fala-se muito, hoje em dia, sobre o fabrico aditivo. Qual a sua opinião? Creio que ainda há muito para explorar a esse nível. Penso que o fabrico aditivo é hoje usado, ainda e apenas, para alguns aspetos dos moldes. Mas creio que com a evolução, haverá novas formas de incrementar o fabrico aditivo e que pode, efetivamente, alterar drasticamente, a forma como são fabricados os moldes, seja na fase do design, seja na parte produtiva. Creio que, por exemplo, no que toca aos metais, haverá grande evolução com a criação de novas técnicas, mas também com a impressão 3D em vários materiais. Contudo, na atualidade, os preços da impressão em metal ainda são avultados. Mas não há dúvida de que, no futuro, mas num curto prazo, as coisas vão mudar. E se há uma mensagem que podemos deixar no que toca a este aspeto é a de que temos de ir acompanhando estas tecnologias.
Em Portugal e noutros países, nota-se alguma dificuldade em atrair jovens para a indústria de moldes. Que solução poderá encontrar a indústria? Penso que é um problema, sim, e nota-se em vários países. De uma maneira geral, percebe-se que há, nas empresas, líderes muito entusiastas, empenhados, mas claro que vão precisar de ser, um dia, substituídos ou mesmo de se rodearem de bons profissionais. Tem de haver investimento em novo equipamento, na criação de um ambiente fabril atrativo… é preciso tornar ‘sexy’ esta atividade, por assim dizer. É preciso criar alguma coisa que atraia as novas gerações a sentirem-se bem nesta indústria. E como chegar aí? Têm aqui um bom exemplo, em muitas das empresas portuguesas. O ambiente fabril, as áreas produtivas, são hoje muito atrativas. Se se conseguisse ‘copiar’ essas zonas fabris para as áreas de formação, para as escolas, seria de grande importância porque permitiria aos jovens terem a perceção e sentirem a indústria de outra forma. Mas não me parece que isso seja tarefa apenas para os fabricantes de moldes, mas também para os fornecedores da indústria que têm de sentir, também, esta como uma das suas preocupações. Se não houver futuro na indústria não haverá também para eles próprios. Uma evolução visível Bob Williamson recorda uma das primeiras visitas que fez à Marinha Grande, para concluir ter ficado “impressionado” com o que viu nesta sua última viagem à cidade. A sua primeira deslocação ao concelho teve lugar em 1982, conta. “Na época, lembro-me que já tinham uma interessante indústria de moldes, mas recordo-me de olhar em volta e ficar com a ideia de uma vila pequenina”, relata. Neste regresso, admite ter sentido “uma diferença abismal”. “Não é apenas na cidade, que de facto parece maior, com mais movimento e mais pessoas, mas nota-se sobretudo na diferença na indústria”, explica. E conta que, ao deslocar-se pelas ruas da cidade, constatou “a existência de empresas muito interessantes, muito modernas e desenvolvidas, visíveis um pouco por todo o lado para onde olhamos”. “Vou daqui fascinado com isso”, admite. ISTMA representa mais de 20 associações A International Special Tooling & Machining Association (ISTMA) é uma associação internacional que representa mais de 20 associações ligadas à indústria de moldes e ferramentas especiais, por todo o mundo. Globalmente, a ISTMA representa mais de oito mil empresas do sector, tendo como objetivos principais apoiar as associações representativas e, dessa forma, as próprias empresas a obter os melhores resultados e alcançar o sucesso a nível global. Joaquim Menezes, em representação da CEFAMOL, é atualmente o vice-presidente da instituição a nível mundial (e presidente para a Europa).
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SEMANA DE MOLDES 2018 Chegou a XI “Semana de Moldes”
Como chegámos até aqui: a história da “Semana de Moldes”
Entrevistas
Qual a importância da “Semana de Moldes” para a indústria?
Conferência Internacional ‘Moldes Portugal’
Conferência Internacional - Opiniões
RPD 2018: técnica e ciência inauguram “Semana de Moldes”
Brokerage Event: Fórum para a apresentação de projetos e troca de sinergias
Seminários Técnicos
DESTAQUE HIGHLIGHT
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CHEGOU A XI “SEMANA DE MOLDES” Marinha Grande e Oliveira de Azeméis voltam a ser as capitais mundiais da indústria de moldes, na que é a XI edição da “Semana de Moldes” e que tem lugar de 1 a 4 de outubro próximos. O evento resulta, uma vez mais, do esforço conjunto da Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL), do Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (CENTIMFE), do cluster ‘Engineering & Tooling’ (Pool-Net) e da incubadora Open.
produto final) onde as atividades de investigação, desenvolvimento, inovação, e o know-how especializado, corporizam o reconhecimento e a afirmação internacional.
Num contexto de economia globalizada, com o meio empresarial a debater-se com a alta competitividade e uma rápida e crescente globalização num sector que se tem pautado por um crescimento assinalável na última década, as principais associações desta indústria organizam a “Semana de Moldes 2018”, iniciativa que, nos últimos anos, faz parte do principal calendário internacional de eventos dedicados a este sector de atividade.
O vasto conjunto de ações ao longo desta Semana permite a partilha e discussão de ideias e projetos e proporciona o contacto entre várias empresas e consórcios mundiais. O evento contribui, por um lado, para a promoção da imagem do sector e, por outro, para a atualização de conhecimentos de empresários e quadros técnicos.
Trata-se de uma oportunidade de excelência para a promoção das competências diferenciadoras deste cluster nacional (que suporta clientes globais no desenvolvimento de produtos, desde o design, ao
A iniciativa é composta por seminários, conferências e workshops, com uma forte participação nacional e internacional. Reúnemse as mais variadas áreas deste sector, desde a investigação à produção. A inovação e o desenvolvimento tecnológico centrados numa perspetiva de futuro vão ser os temas em destaque.
Com este acontecimento, a organização criou uma montra com aquilo que de melhor se faz pelo mundo em termos de investigação e desenvolvimento de produto, destinada a todos os intervenientes da indústria.
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A “Semana de Moldes” ramifica-se em vários acontecimentos: o RPD2018 (Rapid Product Development), o Brokerage Event (que integra o ‘B2B Moulds 2018’), o seminário ‘Additive Manufacturing Towars the Moulding Challenge’, diversos seminários técnicos e a Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’. Decorrem também jantares temáticos e visitas a várias empresas de moldes e plásticos. RPD O Rapid Product Development (RPD) abre a Semana de Moldes 2018 no Centimfe, na Marinha Grande, decorrendo na tarde do primeiro dia e na manhã do segundo. É um encontro técnico e científico, durante o qual vão ser apresentados resultados de projetos de investigação e desenvolvimento, assim como casos de estudo. Conta com a presença de investigadores de várias nacionalidades, entre os quais os centros de investigação alemães Fraunhofer. Nesta edição, estarão em destaque temas como a economia circular, os plásticos biodegradáveis, a produção inteligente, o 3D Printing ou o futuro do processo produtivo. Peritos internacionais permitirão aos interessados atualizarse quanto às novas descobertas tecnológicas, com foco no desenvolvimento rápido de produto, conhecimento de novas oportunidades de negócio e interação com projetos e consórcios futuros. BROKERAGE EVENT Funcionando em estreita relação com o RPD, o Brokerage Event, a decorrer na tarde do segundo dia do evento, nas instalações do Centimfe, é um fórum direcionado para a promoção de reuniões bilaterais, mas também de apresentação e partilha de oportunidades de candidaturas a programas de apoio para projetos do sector. Aqui estarão presentes para além dos protagonistas da indústria (empresas, fornecedores de tecnologia, centros tecnológicos, investigadores e universidades), os responsáveis do programa Eureka, por exemplo. O evento proporciona oportunidades às empresas de constituir parcerias, no âmbito de programas europeus de financiamento. Seminários técnicos Em paralelo com estas iniciativas, de segunda a quarta-feira, têm lugar seminários técnicos, no Centro de Negócios Área de Acolhimento do Loureiro, em Oliveira de Azeméis. Promovidos pela CEFAMOL, os temas foram escolhidos pela sua importância para a indústria e relacionam-se, sobretudo, com as tecnologias para a melhoria do desempenho dos produtores de moldes nacionais.
Destacamos: Dia 1 outubro: 14h00 – Máquinas de injeção e inteligência artificial 17h00 – Redução de tempos de produção e otimização da ferramenta na maquinação de moldes
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Dia 2 outubro: 14h00 - Garantia de qualidade na produção de moldes 17h00 - Gestão de ciclo de vida de produto na indústria de moldes Dia 3 outubro: 14h00 – A standardização como factor-chave para a competitividade 17h00 – A Indústria de Moldes 4.0 – Robótica e 5 eixos R&D+I SEMINAR O seminário ‘Additive Manutacturing Towars the Mouldmaking Challenge’ decorre no terceiro dia do evento, durante todo o dia, nas instalações do Centimfe. É um espaço de debate e reflexão sobre as tecnologias, sobretudo as que se enquadram no domínio do fabrico aditivo e o seu papel na indústria automóvel. Conta com a presença de diversos especialistas nesta temática. Um dos pontos em destaque será a apresentação do projeto europeu ‘SAMT SUDOE - Spread of Additive manufacturing (AM) and advanced materials Technologies for promoting industrial KET (Key Enabling Technologies) in plastic processors and mould industries within SUDOE space’, desenvolvido pelo Centimfe. Trata-se de um projeto financiado pelo programa Interreg SUDOE através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e que visa apoiar o desenvolvimento regional no sudoeste da Europa, promovendo a cooperação transnacional para resolver problemas como o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento e a baixa competitividade das PME. O ‘SAMT SUDOE’ pretende promover a aplicação de tecnologias KET de fabricação aditiva (impressão 3D) e materiais avançados na indústria de moldes e plásticos dentro do espaço SUDOE através da criação de redes e ligações entre empresas, centros de I+D, instituições do ensino superior e organismos públicos. Para isso, impulsiona a adoção de sistemas de produção avançados e novos materiais nas indústrias tecnológicas destas regiões que estão presentes numa grande variedade de sectores como o automóvel, a saúde, o têxtil, o calçado e os bens de consumo. Conferência Internacional A Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’, uma organização da CEFAMOL e que encerra a “Semana de Moldes” na manhã do último dia, é um espaço de discussão de métodos e ideias. Tem sido, ao longo das anteriores edições, o evento que mais atrai os produtores de moldes, pela pertinência dos temas que, invariavelmente, suscitam troca de opiniões e discussões. Este ano promete não ser exceção. Em destaque vão estar questões como ‘a Internacionalização e a Competitividade’, ‘as Fábricas de Futuro e os Desafios da Economia Global’, ‘Plásticos e Indústria Automóvel nos EUA’ e ‘Tendências e Desafios na Indústria de Moldes’. Para além de oradores nacionais (como Luís Castro Henriques, presidente da AICEP), estarão presentes, entre outros, Peter Droell e Jurgen Tiedje, da DG Research & Innovation da Comissão Europeia. A “Semana de Moldes 2018” constitui-se como uma oportunidade única de, sem sair do País, entrar em contacto com as novas tendências tecnológicas desta indústria, propiciando novas oportunidades de negócio internacionais, desenvolvimento de metodologias e produtos e colaborações com industriais recentemente incluídos no mercado.
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COMO CHEGÁMOS ATÉ AQUI: A HISTÓRIA DA “SEMANA DE MOLDES” A primeira edição da “Semana de Moldes” remonta a 1998, tendo decorrido entre os dias 5 e 9 de março. Foi nesse ano que foi organizada a primeira edição do evento que, este ano, completa duas décadas e, tendo em conta a sua periodicidade bienal, vive em outubro próximo a sua décima primeira edição. Joaquim Martins, Joaquim Menezes, Manuel Oliveira e Rui Tocha (pessoas que estão na génese e na organização do evento) recordam a história desta que é a mais importante organização do sector que se realiza no País. Joaquim Menezes, empresário, conta que a iniciativa surgiu na sequência dos Congressos da Indústria de Moldes que se realizavam desde 1983. Foi pouco antes de 1998, lembra, em jeito de contextualização, que “houve um grupo de empresários e dirigentes associativos, da qual fiz parte, preocupados com uma robusta promoção do sector e divulgação das suas boas práticas inovadoras. Procurámos, no fundo, disseminar a cooperação e a colaboração interempresarial, partilhar e dar a conhecer as novas tecnologias, inovação organizacional e novos métodos”. A primeira organização esteve a cargo da CEFAMOL e do CENTIMFE, sublinha, lembrando que, mais tarde, “a incubadora Open passou a fazer parte assim que foi inaugurada em 2005”. Lembra, contudo, que a incubadora “já se preparava desde 1996”. Tal como a Open, também a Pool-Net, assim que fundada, se juntou também à organização. Mas continua a recordar que foi por essa altura, em 1998, que o CENTIMFE trouxe para a indústria o ‘3D Printing’ (na altura designado por Prototipagem Rápida). “Por tudo isto, era muito importante pôr a tónica nas competências, nos conhecimentos, no saber, na tecnologia avançada e na modernidade da indústria. No fundo, posicionar-nos de olhos postos no exterior, ou seja, nos nossos mercados, e ajudar a colocar a nossa indústria num patamar que ainda hoje tem: a vanguarda na utilização de tecnologia e novos saberes”. Foi entre os dias 5 e 6 de março de 1998 que teve lugar a 1ª Conferência Internacional ‘Moldes Portugal’, organizada conjuntamente pela CEFAMOL, em estreita colaboração com o ICEP, hoje a AICEP, e que, nesse ano, foi o evento preponderante da primeira “Semana de Moldes”. Para além dos oradores nacionais, contou com a presença, entre outros, de Paul Carter da Philips UK, e Martin Burnell da Denso Manufacturing que consideraram as empresas portuguesas como “excelentes a interpretar as necessidades dos clientes”, “muito versáteis e evoluídas tecnologicamente” e que “os moldes portugueses estão entre os melhores do mundo”. Nessa edição, o evento contou com a presença de mais de duas centenas e meia de empresários, investigadores, técnicos e jornalistas que, nas reportagens que realizaram, teceram grandes elogios à indústria de moldes nacional. Essa primeira “Semana de Moldes” foi composta por vários seminários técnicos e encerrou com a primeira edição do ‘Brokerage Event’ que teve como tema principal “Advanced Manufacturing for Moulds and Dies”. Participaram 235 pessoas, 51 das quais oriundas de vários países estrangeiros, o que demonstrou o interesse pelo evento e pela temática discutida.
OUSADIA E DETERMINAÇÃO “Foi uma luta muito grande”. Assim a recorda Rui Tocha, diretor-geral do CENTIMFE. Conta que esta primeira edição da “Semana de Moldes” nasceu “ancorada nesse ‘Brokerage Event’, lembrando que na génese estiveram os encontros bilaterais (B2B) que a rede Eureka (rede de inovação, ligada à Comissão Europeia) realizava, envolvendo todos os países da Europa. “Na altura, estava a construir-se a European Research Area e a ideia era tentar agregar os investigadores e os cientistas a trabalharem com as empresas e a indústria”, recorda, explicando que se tratava de uma lógica de ‘Brokerage Events’ trans-sectoriais. “Nós fomos ousados e propusemos fazer um Brookerage Event na área dos moldes porque, na verdade, esta é uma indústria que é, efetivamente trans-sectorial”, relata. Muita determinação, muitas reuniões e bastante trabalho depois, surgiu então a primeira edição do evento. Decidiram estendê-lo durante uma semana, criando várias atividades e todas elas no sentido de dinamizar e consciencializar as empresas para a vantagem da investigação, do desenvolvimento e inovação, em consórcios com outras empresas – interpares -, com fornecedores e com o sistema científico e tecnológico. Convidaram-se clientes, concorrentes, fornecedores e renomados centros de saber e universidades. “Foi uma iniciativa de tal maneira interessante e inusitada que os nossos concorrentes de outros países, ao receberem os convites, acabaram por ir ter com os representantes do programa Eureka a querer saber o que se ia passar em Portugal. Perante este movimento, o “Eureka” acabou por aprovar a iniciativa, considerando-a estratégica”. Essa primeira edição, salienta, pautou-se pela realização de mais de 60 encontros bilaterais. “Saíram daí muitas ideias e projetos, que tiveram selo Eureka, face à inovação e aos resultados perspetivados. Tratava-se de uma distinção dada por esse comité que avaliava os projetos, classificando-os de ‘relevância industrial’ e dando-lhes acesso a fundos de apoio, nacionais ou internacionais”. Rui Tocha esclarece ainda que a designação “Semana de Moldes” sintetizou tudo o que se passou nessa primeira edição (e que foi sendo depois replicado, de dois em dois anos). “Fizemos muitas atividades, aproveitando a presença de muitas pessoas da indústria, nacionais e internacionais: desde ‘open houses’ nas empresas a muitos encontros e reuniões oficiais com as instituições e interpares. Foi uma semana muito rica para consolidar parcerias e para a promoção da indústria de moldes portuguesa”, sintetiza. E acrescenta ainda: “foi de tal maneira importante que, em 2004, o CENTIMFE acabou por ser convidado para liderar um dos maiores projetos de investigação europeu, o ‘Euro Tooling 21’, envolvendo a participação bem-sucedida de 35 parceiros de dez países europeus. Foi um projeto muito grande que contou com alguns dos principais centros de investigação da Europa e em que o CENTIMFE, para além de participante, foi o líder do Consórcio”. Um outro exemplo, diz, aconteceu em 2008. “A Comissão Europeia atribuiu-nos a liderança e a coordenação da European Tooling
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Platform, a rede europeia em que os muitos parceiros discutem e promovem junto da Comissão Europeia, os temas de investigação para a área dos moldes e plásticos a nível europeu. Temos mantido essa liderança e estivemos também na criação da plataforma Manufuture, da rede europeia mais alargada da indústria, que culmina com a recente eleição de Joaquim Menezes como presidente da EFFRA, a Associação Europeia de Investigação para as Fábricas do Futuro”, diz. LIGAÇÃO ENTRE PRINCIPAIS POLOS Já Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, destaca que a “Semana de Moldes” procurou, desde sempre, “ser um ‘mecanismo’, um motor de proximidade, entre a Marinha Grande e Oliveira de Azeméis”, os dois principais polos da indústria nacional. Destaca, até, que foi durante uma “Semana de Moldes”, em 2002, que os dois municípios realizaram a cerimónia simbólica de geminação que ainda hoje mantêm. Nesse ano, o evento decorreu em outubro, entre os dias 6 e 11. E foi durante a cerimónia de abertura, numa inédita iniciativa por vídeo-conferência que as duas cidades se tornaram ‘irmãs’. Este foi, no entender de Manuel Oliveira, “um dos marcos do evento pelo simbolismo, assinalando esta proximidade entre os dois polos que sempre procurámos manter. Sempre tentámos que as ações não fossem centradas apenas num local, que houvesse atividades
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dispersas entre aquilo que são as duas regiões principais onde a indústria de moldes portuguesa tem maior e reconhecida presença. A cooperação é um dos nossos fatores distintivos, aquele que nos distingue no seio nacional e internacional, enquanto indústria”. “Acho que esse é um elemento importante a salientar de agregação do sector e de união”, sublinha. RELEVO AO CONHECIMENTO Joaquim Martins considera que, desde a sua origem, “com a “Semana de Moldes” pretende transmitir-se o conhecimento de uma forma global, ao nível da inovação, investigação e desenvolvimento”. Ou seja: em todas as principais frentes que servem a indústria. “Falamos de recursos humanos, tecnologia, negócios - e aqui destaco os novos modelos de negócio - e não nos podemos esquecer que, para além de tudo isto, recebemos na Semana de Moldes muitas entidades e individualidades, quer nacionais, quer internacionais, que nos transmitem outros saberes”, destaca. Lembra que, “como já acontecia no passado - com os congressos bienais ou com as conferências internacionais, também organizadas pela CEFAMOL e pelo CENTIMFE -, agora, criada a Pool-Net e a Open, há mais instituições na organização e evoluiu-se para uma Semana de Moldes que é ainda mais abrangente”. Sublinha ainda que, desde a sua origem, este evento teve sempre a particularidade de dar relevo ao “conhecimento”, tendo como parceiros
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os ‘centros de saber’, sejam universidades, polos tecnológicos, escolas secundárias e profissionais, entre outras, e tendo sempre o apoio das autarquias das regiões onde decorrem os eventos. Essa aposta no tema ‘conhecimento’ foi bastante visível, por exemplo, logo na segunda edição, em 2000, no decorrer da qual a formação na indústria foi um dos temas em destaque. Realizaram-se visitas a escolas e ao laboratório ‘Pense Indústria’, bem como se organizaram ateliers de sensibilização e formação para os jovens na indústria. Destaca também, e desde o primeiro momento, o interesse que o evento suscita no estrangeiro, seja aos profissionais do sector, seja a jornalistas da especialidade (muitos dos quais estrangeiros). “Reúnem-se cá para vir ver as nossas capacidades, as nossas competências e, quando são feitas as publicações nas revistas internacionais, por exemplo, transmitem, da sua vivência in loco e para todo o mundo, o que se passa em Portugal”. AGENDA INTERNACIONAL É, portanto, um evento que para além de se direcionar para o interior da indústria, tem a particularidade de, ao mesmo tempo, falar para o exterior. “Revelou-se ser um evento que entrou na agenda internacional, seja dos nossos colegas concorrentes, seja das associações do sector noutros países, principalmente aqueles que nos consideram como “concorrentes a observar” e que querem sempre ver e apreender as coisas novas que fazemos ou que andamos a trabalhar. E fazemos muitas, temos muitas”, considera Joaquim Menezes. Por isso, a aposta foi sempre falar também para fora da indústria nacional. “Foi desde sempre para dentro e para fora e, por isso, sempre tivemos na Semana de Moldes a Conferência Internacional. Foi sempre o evento escolhido para encerrar o programa - ainda hoje é - porque é, por excelência, o principal evento direcionado para o exterior”, frisa. Joaquim Menezes recorda que, nas primeiras edições, foi adotado como sistema que todas as atividades fossem faladas em inglês, uma vez que toda a indústria domina essa língua. Mas, com o passar dos anos, algumas das iniciativas, como a Conferência Internacional, passaram a falar-se também em português (com tradução em simultâneo para os muitos estrangeiros). Diz compreender a mudança, mas não partilha da decisão, sobretudo porque, diz, se se mantivesse o inglês, daria oportunidade de mostrar e demonstrar, de forma ainda mais marcante e alavancadora, a vertente internacional e exportadora das capacidades da indústria portuguesa, coadjuvada pelas suas competências não só no inglês dominante, mas igualmente multilingue. Facto com o qual Rui Tocha concorda. Joaquim Menezes destaca ainda a participação crescente de estrangeiros no evento. “Na ISTMA (International Special Tooling and Machining Association), onde também estou em representação da CEFAMOL, este evento é referido muito positivamente pelos outros membros, as outras associações congéneres, que sempre se interessam por saber quando o fazemos, quando e o que vai acontecer”, salienta, revelando ainda que para a edição deste ano “teremos novamente um número interessante de delegações estrangeiras, entre eles asiáticos, japoneses e chineses, daqueles que muito se interessam por nós e que sempre nos recebem reciprocamente com grande abertura e respeito”. Conta ainda que, “desde os primeiros anos, tentamos fazer coincidir as nossas reuniões da ISTMA com a Semana de Moldes de forma a promover a nossa indústria, o que em contínuo desenvolvimento andamos a fazer em Portugal. Sempre encarámos este evento como um ato, dos mais importantes, de promoção internacional”.
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Se os nossos concorrentes, tal como em anteriores edições, vierem cá e se interessarem por aquilo que andamos a fazer, principalmente os países mais importantes do sector, acho que isso é muito relevante”, considera. ABRIR HORIZONTES A afirmação do cluster ‘Engineering & Tooling’ foi visível, sobretudo, na última edição da “Semana de Moldes”, em 2016. Decorreu de 26 a 30 de setembro e, segundo Manuel Oliveira, “destacou o papel da indústria portuguesa de moldes no panorama internacional, afirmando o cluster como fonte de inovação e centro de competências para a conceção, desenvolvimento e industrialização de novos produtos destinados a sectores de elevado rigor e complexidade”. Considera mesmo que, nessa que foi a décima edição, o evento “reforçou o seu posicionamento como elemento difusor de conhecimento, congregador da indústria em torno das suas competências de evolução e análise do seu meio envolvente, afirmando-se como palco de excelência para o networking e dinamização de negócios e parcerias”. “Se a “Semana de Moldes” é uma semana com vários programas que abrangem todos os departamentos e sectores da indústria, onde cada empresa pode escolher o assunto em função dos seus interesses, os técnicos e empresários devem considerar o evento como uma excelente oportunidade: são ‘aulas’, é uma partilha de conhecimentos que ajuda a abrir horizontes substancialmente”, defende Joaquim Martins, revelando participar em todas. Contudo, considera e não esconde alguma mágoa ao partilhá-lo: “reconheço que muitas das empresas que mais precisam são as que menos comparecem e nunca consegui compreender a razão”. Mas diz esperar que essa realidade mude. ENFRENTAR O FUTURO Joaquim Menezes destaca que, no fundo, a “Semana de Moldes” consegue fazer “uma antecipação dos problemas que todos sentimos”, de forma a criar uma indústria bem preparada para enfrentar o futuro. Dá um exemplo, pegando num dos temas que será analisado na edição deste ano, o papel dos recursos humanos: “as pessoas continuam a ser o elemento chave na indústria. A preparação para os temas do futuro e para a ‘atitude de mudança’ delas é fundamental. O sector é reconhecidamente de aprendizagem contínua e as pessoas, se se ‘distraírem’, ficam para trás”. Mas lembra que os temas estruturantes têm sido uma constante dos vários programas, ao longo dos anos. “É desafiante. E consegue ver-se no programa que o conjunto de eventos tem um bocadinho de cada coisa”, sublinha. Destaca também o caráter inovador da “Semana de Moldes”. “Que saibamos, não há nada do género. Apesar de haver vários outros encontros, pelo mundo, este é inovador na forma como o criámos. Aliás, posso dizer até que, de alguma forma, alguns dos que existem têm copiado alguns aspetos do nosso modelo”. Para Joaquim Menezes, participar neste evento é uma oportunidade para a indústria até para não perder a memória da sua História e da importância que teve a cooperação interpares para se chegar até aqui. “Não é que não se conte e recorde a nossa História. Mas acho que se está a perder a memória do passado, por um lado, e por outro, os
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entrantes - as novas empresas, técnicos e quadros -, são de outra geração e não tiveram a mesma vivência dos mais antigos e estão mais afastados destas atividades e mesmo entre si. A indústria necessita de competências e vai buscá-las onde elas estiverem. Mas isso leva a uma dispersão de culturas e pessoas e, com isso, perdem-se valores como a ‘coopetição’ (colaboração em competição) e perdem-se muitas oportunidades”, explica, para concluir que “quanto mais as pessoas se unirem em volta de objetivos comuns mais aprendem com isso e aproveitam no seu dia-a-dia”. Contudo, diz temer que “as pessoas estejam a não ter consciência disso”. DESAFIOS DO PRESENTE
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conceção e do design”. Vê, portanto, a indústria a ter de operar a um outro nível: a aposta no ‘Design for Manufacturing’. “Temos de ter essa capacidade de usar o conhecimento, o saber fazer moldes, para podermos migrar algum conhecimento para a área do Design e entrar em casa do cliente mais cedo”, afirma. E defende também que a indústria vai ter de “seguir dois grandes desafios: consolidar e continuar a fazer investimentos. Temos de passar do controlo da qualidade para a garantia da qualidade e oferecer ao cliente soluções ‘chave na mão’ que não criem problemas”. Para isso, sustenta, é preciso “misturar ainda mais as competências da indústria e trabalhar em equipas mais coesas, mais fortes, capazes de dar os inputs necessários ao cliente a montante”.
Lembrando a globalidade da indústria, Rui Tocha defende que “é preciso perceber o que está a acontecer no mundo”, frisando que “por um lado, o grosso das relações comerciais mudou da zona entre a Europa e os Estados Unidos para Oriente; e, por outro, as regras de mercado no Oriente são muito diferentes das regras Ocidentais. As grandes empresas investiram noutros mercados porque podem expandir-se e estão a exigir que as empresas fornecedoras passem esse conhecimento para os fornecedores locais”.
Joaquim Menezes defende, por seu turno, que a “competitividade é cada vez mais importante”. “O processo de desenvolvimento em curso não pode ser interrompido por ninguém. Nunca as tecnologias roubaram empregos, a necessidade de qualificação das pessoas é que está a aumentar, é o foco de preocupação. O foco não pode ser só o vizinho do lado, mas o concorrente internacional. Cada vez mais, o saber, o conhecimento para ‘o fazer’, são colocados em processos que recorrem à Inteligência Artificial. Torna-se mais premente a questão do conhecimento e do saber fazer”, explica, considerando que “temos de garantir essa competitividade por parte das empresas que fazem a indústria de moldes portuguesa porque, noutros países, elas, as nossas concorrentes, têm a mesma preocupação”.
“A entrega de projetos à escala global merece alguma atenção”, defende, considerando que “as nossas empresas têm de intervir mais cedo, apanhar os projetos mais cedo, ainda na parte da
Mas lembra que este é um sector de eterna juventude. “Os velhos nunca são velhos. Os que quiserem continuar na indústria têm de aprender e a renovar-se todos os dias”, sublinha.
Com o futuro sempre presente, cada “Semana de Moldes” não perde de vista, contudo, a realidade de cada ano. O presente. E que presente é este? Que desafios vive atualmente a indústria?
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A INDÚSTRIA DE MOLDES TEM DE PREPARAR-SE PARA AS TENDÊNCIAS DE FUTURO JOÃO FAUSTINO
Presidente da CEFAMOL
- Como diria que tem evoluído, ao longo do tempo, a “Semana de Moldes” e qual tem sido a sua aceitação pela indústria? Para esta edição, as minhas expectativas são altas, face aquilo que aconteceu nos anos anteriores, em termos do que foram os resultados das várias edições, seja a nível de projeção do sector, seja a nível de benefícios para a nossa indústria. Muitas vezes, a participação de técnicos fica um pouco condicionada com a atividade que as empresas têm no momento. Este ano, vamos apostar numa divulgação mais assertiva, de modo a que os técnicos da indústria possam participar neste evento. Sei que em determinadas alturas e de acordo com as necessidades de cumprir prazos, não é fácil reunir um conjunto de pessoas como desejaríamos. mas estamos a trabalhar para ter uma presença significativa do nosso sector. Relativamente à participação de estrangeiros, vamos ter delegações de vários países, muitos dos quais já marcaram presença em anteriores edições. Isso deixa-nos satisfeitos porque comprova e reconhecem que a “Semana de Moldes” é um evento cada vez mais considerado na agenda técnica internacional. - Destaca alguma das atividades do programa que considere que a indústria nacional não deve mesmo perder? O programa é vasto e as várias ações complementam-se. Quer os seminários técnicos, quer as diversas apresentações, quer a Conferência Internacional; todo o programa se complementa de forma a dotar a indústria de mais conhecimentos técnicos ou de conhecimento e preparação para o futuro. - Que benefícios têm as empresas em acompanhar este evento? A indústria de moldes, sendo um sector que está na base do lançamento de muitos produtos, sobretudo da indústria automóvel, tem todo o interesse em saber e preparar-se para o que são as tendências futuras, seja ao nível dos mercados, das tecnologias, dos novos conceitos de fabrico, etc. O conhecimento é sempre uma mais valia e é sempre um trunfo. Portanto, tudo aquilo que as empresas possam adquirir em termos de conhecimento, seja para a sua atividade atual, seja para o futuro, é uma salutar preparação. A indústria de moldes atravessa um momento delicado. Existe todo um conjunto de produtos que estão a ser lançados no mercado e que tem muita inovação, muita tecnologia, e é bom que as empresas (de moldes e não só) tenham conhecimento de quais são as tendências futuras. E ‘o futuro é já amanhã’, portanto, devemos estar atentos.
- Enquanto presidente da CEFAMOL quais diria que são, atualmente, os principais desafios com que se deparam as empresas de moldes? O principal desafio que todos nós temos é claro: produzir mais e melhor e em menos tempo. E para isso acontecer, existe todo um conjunto de atividades transversais a que devemos estar atentos. As empresas têm, cada vez mais, de conseguir interiorizar vários conceitos: zero defeitos, o lean, a otimização de recursos, os equipamentos, a inovação, a conceção… Tudo isto são temas que são desafiantes face à conjuntura atual. Todos nós sabemos que, e cada vez mais, o sector é dinâmico, mas também passa por um momento de grande agressividade em termos de preços. Competir passa pelas empresas terem capacidade de conseguir produzir mais e melhor e em menos tempo. Se o conseguirem, continuarão a ser competitivas. Neste momento, os nossos grandes concorrentes europeus, como a Alemanha ou a Itália, estão com preços muito agressivos e nós só conseguimos acompanhá-los com uma forte implementação de medidas que são fundamentais para otimizar a produção e aumentar a eficácia. - Mas esse é um desígnio antigo da indústria de moldes… É uma questão para a qual temos vindo a chamar a atenção há muito, sim. Mas vai continuar a ser um tema atual. Entretanto, estão a surgir soluções de mercado que passam por colocar os equipamentos a falar uns com os outros, passam pela internet das coisas, pela ‘Indústria 4.0’, pela maior taxa de ocupação dos equipamentos, pelo aumento significativo da qualidade do serviço… Estas novas ferramentas e conceitos de produção, serão cada vez mais evidentes: que a tecnologia está aí e as empresas têm de aproveitar os efeitos tecnológicos para conseguirem ser mais competitivas. - Mas há empresas que estão distraídas em relação a estas questões? Eu não diria isso. Aliás, o sector não permite que as empresas se distraiam. É evidente que tudo isto tem investimentos elevados e que têm de ser pagos. Portanto, a rentabilidade máxima é a prioridade número um. - Como é que está a encarar o futuro do sector? Sou muito otimista. O facto de ter havido alguma diminuição da atividade - porque está a sentir-se - penso que se deve sobretudo ao facto do nosso principal cliente, a indústria automóvel, não ter lançado, no último ano, a quantidade de modelos de automóveis a que estávamos habituados. Mas estão aí os novos paradigmas: condução autónoma e veículos elétricos. Penso, por isso, que esta quantidade de trabalho que existe vai sofrer alterações e as empresas têm de ter capacidade para fazer rápido e bem sob pena de virem a passar por graves problemas.
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“SEMANA DE MOLDES” ASSUME-SE COMO PONTO DE REFLEXÃO PARA O FUTURO DA INDÚSTRIA NUNO SILVA
Presidente do CENTIMFE - Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos
- Está aí a XI “Semana de Moldes”. O que podemos esperar desta edição? As minhas expectativas são muito altas. Este evento é um exemplo de que, quer o CENTIMFE, quer a CEFAMOL, temos tido um papel muito importante na dinâmica da indústria e do cluster, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Se considerarmos, por exemplo, as participações de portugueses que temos hoje nos órgãos das entidades internacionais, como é o caso de
Joaquim Menezes na European Factories of the Future Research Association (EFFRA) ou do José Carlos Caldeira na Manufuture Platform, temo-nos afirmado cada vez mais na cena internacional. Creio que vai ser uma edição muito participada, quer em termos nacionais, quer internacionais e que vai ter muita importância até porque estamos numa fase também de alguma mudança. O mercado está com alguma expetativa e estamos a assistir a alguma transformação quer da indústria, quer das próprias empresas e esses temas refletem-se e são abordados no programa definido para a “Semana de Moldes”.
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- Neste momento, quais são os desafios e as principais preocupações da indústria nacional de moldes? Acho que temos dois grandes desafios. O primeiro não está diretamente ligado com a “Semana de Moldes” até porque neste evento abordamos normalmente as temáticas mais ligadas às tecnologias, à inovação, às perspetivas futuras do sector. É que em Portugal, estamos a passar por uma fase em que uma série de empresas atingiu a sua maturação, no que diz respeito aos seus empreendedores e dos acionistas, e estamos a assistir a mutações de propriedade, de gestão e da forma de gerir as empresas. Este é, neste momento, um desafio muito grande para a indústria de moldes. Mas há um segundo desafio. Acho que a nossa grande preocupação tem a ver com esta mudança que é apresentada por esse chavão que se diz ‘Indústria 4.0’ e que tem a ver com as novas metodologias de produção que realmente são um grande desafio porque nos colocam numa posição em que temos de encontrar rapidamente soluções para melhorarmos a nossa performance. sermos mais competitivos e incorporarmos muito mais tecnologia nos nossos moldes. - Tendo em linha de conta essa prioridade que a “Semana de Moldes” dá à inovação e às tecnologias, como têm evoluído as edições até chegarmos até aqui? A estrutura da “Semana de Moldes” não tem mudado muito ao longo do tempo. Eu estou na administração do CENTIMFE há dois anos e antes acompanhava a “Semana de Moldes”. Acho que o figurino não muda muito porque, na realidade, está virado para o que são as preocupações especificas do sector. Considerando que estamos a falar do CENTIMFE, que é um centro tecnológico, e da CEFAMOL, associação que, acima de tudo, faz o apoio à internacionalização e ao desenvolvimento, mas numa vertente muito do produto e do mercado, a estrutura tem-se mantido porque é dessa que precisamos. - Do programa deste ano, o que destaca? Destaco aquilo que eu acho que sempre foi um dos pontos que suscitou mais interesse, e que é a Conferencia Internacional. Estamos a falar de uma conferência em que conseguimos juntar uma quantidade de entidades de vários países, pessoas muito importantes, que têm trabalhado muito sobre questões, como por exemplo as ‘fábricas do futuro’ ou ‘os desafios da economia global’, que são painéis que vamos ter no programa. Mas também vamos poder ouvir a opinião de técnicos sobre tendências e desafios.
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Acho que isto tem muita importância porque, no fundo, nos traça um caminho que é importante que os empresários da indústria entendam. - Esse tem sido o papel da “Semana de Moldes”: um caminho para guiar os empresários do sector? No fundo, sim. Tem como objetivo claramente criar um ponto de reflexão para o futuro. É um momento, um tempo de reflexão em que conseguimos juntar pessoas de vários pontos, de vários países, de várias áreas ligadas ao nosso sector e onde fazemos uma reflexão para o futuro e, no fundo, percebermos o que está a acontecer também noutros países. Dessa forma, podemos preparar-nos e criar condições para nos adequar aquilo que está a acontecer. Acho que é, acima de tudo, essa a função da “Semana de Moldes”. Menos procura - Como empresário, como diria que está a decorrer este ano de 2018, tendo em conta a evolução notável que o sector tem registado nos últimos anos? Como empresário, admito que este ano está a ser um bocadinho inferior ao ano anterior em termos de volume de trabalho. Nós não estamos a sentir a procura que sentimos, em igual período, nos últimos dois ou três anos. De qualquer maneira, o mercado é um mercado que temos muito consolidado e o ano não está a correr mal, está a correr bem. Está um bocadinho menos forte em termos de procura e acho que isso está a acontecer em todo o lado. É o que sinto em Oliveira de Azeméis, mas também acompanho muito da Marinha Grande e sinto que, em ambos, se está a notar que este ano estamos num dos ciclos menos fortes da procura. - Qual a explicação para essa diferença? Essencialmente, acontece porque há uma quantidade de projetos da indústria automóvel que está em stand by. As decisões de avançar atrasaram um bocadinho fruto da economia, quer com as questões relacionadas com os veículos diesel (nomeadamente depois da decisão da Alemanha de não produzir mais a diesel após 2020) e também devido às taxas alfandegárias anunciadas pelo Presidente Trump e que, felizmente, temos informação de que não vão acontecer. Vamos esperar. Mas creio que esta última questão pode ter influência na aceleração de alguns projetos que têm estado um bocadinho em stand by.
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A “SEMANA DE MOLDES” É UMA MONTRA DO MELHOR DA INDÚSTRIA DE MOLDES NACIONAL RUI TOCHA
Diretor-Geral da Pool-Net
- Quais são as expectativas para esta XI edição da “Semana de Moldes”? Muito altas. Esta “Semana de Moldes” vem num momento importante para as indústrias do nosso cluster que têm feito um percurso assinalável a nível de crescimento. Por outro lado, a preparação desta “Semana” começou um bocadinho mais cedo do que começa normalmente o que nos permitiu trazer oradores, entidades e empresas, de grande importância e relevância internacional. - Pode destacar alguns desses temas e oradores? Vamos ter, por exemplo, a presença do Presidente da aliança dos Fraunhofer (centros de investigação alemães), Bernhard Müller, que vai ser keynote de uma das conferências (no programa do RPD). Vem falar daquilo que a Alemanha - que é o nosso principal mercado concorrente - está a fazer, sobretudo no domínio da fabricação aditiva, das novas tecnologias. Vamos ter uma área ligada à produção inteligente bastante interessante. Um outro destaque é que vamos ter como keynote speaker o professor Paulo Bártolo, da Universidade de Manchester, a falar num tema que, no nosso cluster, tem sido assumido como fundamental e que tem a ver com a centralidade dos seres humanos na produção, ou seja, na fábrica. Mas logo na abertura na “Semana de Moldes”, a própria BMW vem falar da economia circular: os produtos e serviços da economia circular, num mercado que para nos é estratégico que é o mercado automóvel. - E isto apenas numa das atividades do programa, no RPD…? Exato. Isto apenas no RPD. Ainda vamos ter a Bosch, a Navigator, a Trumpf, a Autoeuropa, entre outras, todas grandes empresas que representam mercados importantes para nós. e que seguramente nos vão trazer as novidades sobre o futuro, do ponto de vista tecnológico. Depois, vamos ter ainda algumas conferências, nomeadamente o Brookerage Event, onde está prevista a vinda da diretora da ‘DG Research e Innovation’, Clara de La Torre. Vamos ter aqui em análise uma parte daquilo que é a atividade do cluster que é a inovação. Não nos podemos esquecer que o cluster tem, neste momento, em curso, mais de 43 milhões de euros de projetos de inovação, o que é muito significativo. Quanto à Conferência de encerramento, a ‘DG Research and Innovation’ marca presença com duas pessoas que vão falar dos desafios da investigação e da inovação associadas à indústria nos programas europeus. Portugal tem, neste momento, um
posicionamento muito interessante, porque está representado na liderança da EFFRA que é a associação eu gere os fundos comunitários para a indústria. E é muito interessante que a Comissão Europeia, pela primeira vez, tenha uma participação tão massiva na Conferência. Esta Conferência, que é, por hábito a mais agregadora da indústria, até por ser a mais transversal e que tem mais a ver com o mercado, vai ter alguns clientes como oradores e alguns fornecedores, como a Makino, a Tebis e a Hasco. - Qual a importância desta “Semana de Moldes” para a indústria? Sabemos que muitas vezes a pressão dos clientes, o trabalho, não permite às pessoas olharem para coisas que estão a acontecer aqui ao lado. E há até pessoas que vão a conferências lá fora e vão fazer encontros bilaterais. O que procuramos fazer foi um ponto de situação e dar uma perspetiva daquilo que são as grandes tendências, seja de mercado, sejam tecnológicas. Para isso, esta indústria que assenta na inovação tem de estar atenta: o que é que os clientes procuram, quais são as novidades tecnológicas que estão a ser desenvolvidas e a ser postas no mercado para a nossa indústria se poder posicionar com antecipação. Depois, acreditamos que esta é uma demonstração da força, competência e modernidade desta indústria. E isto é fundamental para que as nossas empresas continuem a integrar a cadeia de fornecimento global dos grandes clientes. Não nos podemos esquecer que os outros países também estão a investir muito e temos de dar visibilidade ao nosso esforço de investimento que é notório e é de um nível de excelência. E até de grande risco. Há muitas empresas que estão a fazer esforços de investimento muito consideráveis porque os têm de fazer se quiserem posicionar-se como fornecedores. Os clientes hoje já não compram moldes: compram soluções. E as nossas empresas têm de se afirmar. A “Semana de Moldes” é, no fundo, uma montra: uma forma de mostrar e dar essa visibilidade. Mas este evento é também de agregação e networking. A nossa indústria tem de continuar a trabalhar em cooperação, a criar mais sinergias para podermos ter mais projetos em conjunto. Estamos a fazer esse trabalho no contexto do cluster e isso é muito importante para podermos agregar outros laços de parcerias internacionais que abrem portas, muitas vezes, junto dos clientes. É um trabalho cujos resultados são difíceis de medir no curto prazo, mas que tem um impacto muito grande no médio e longo prazo. Por isso, definimos um ciclo de visitas às empresas para que possam planear os seus trabalhos e a participação na “Semana de Moldes” e também acolher os muitos jornalistas e parceiros internacionais que vêm visitar-nos. Nós estamos a ser olhados por muitos mercados que consideram que este ‘milagre tecnológico’ que tem sido conseguido permitiu um nível de crescimento que mais do que duplicou a produção em dez anos. Não é uma coisa normal no mercado internacional, e especialmente para o nosso país, pela sua dimensão.
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QUAL A IMPORTÂNCIA DA “SEMANA DE MOLDES” PARA A INDÚSTRIA? Nuno Mangas Presidente do IAPMEI
conseguido perceber os desafios, respondendo aos mesmos com valor acrescentado: para as empresas e para a economia nacional.
“UMA INICIATIVA DIFERENCIADORA”
Esta capacidade de conseguirem juntar-se, de refletir em conjunto, de perspetivar os desafios que surgem são claramente um fator diferenciador, extremamente positivo e que permite à indústria andar um passo sempre à frente, o que provavelmente não aconteceria se não tivessem esta capacidade de trabalhar em conjunto. Este trabalho de equipa é muito positivo.
A “Semana de Moldes” é uma iniciativa diferenciadora e que, provavelmente, e ao longo dos anos, permitiu à indústria de moldes andar sempre na linha da frente naquilo que é fazer um diagnóstico do que é a indústria, sobretudo do que são os desafios que tocam este tipo de sector. Esta é uma indústria que tem um conjunto de particularidades importantes, quer em termos de tecnologia, quer em termos de recursos humanos qualificados, quer em termos de ser uma indústria fortemente exportadora. Os seus empresários têm
Miguel Lima Moldoplástico
PARTILHA DE CONHECIMENTO TEM SIDO FUNDAMENTAL PARA CONSOLIDAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS” Tomando como ponto de partida a longevidade da Indústria Nacional de Moldes, especialmente focada na engenharia e fabrico de moldes para a injeção de termoplásticos, a componente de recursos humanos altamente especializada é fundamental para o ‘know-how’ necessário à sua competitividade e constante renovação. Desta forma, a partilha de conhecimento entre os empresários e os técnicos desta indústria tem sido fundamental para a consolidação de experiências num sector de sucesso, claramente demonstrado pelo aumento significativo de vendas e produção dos últimos anos.
Hugo Carlos Tecnimoplás
”UMA PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS BENÉFICA PARA TODA A INDÚSTRIA DE MOLDES” A “Semana de Moldes” permite uma partilha de experiências que é benéfica para toda a indústria de moldes. Creio que evoluímos todos com esta possibilidade de trocar opiniões, refletir e abordar questões com outras empresas, sejam nacionais ou internacionais e até com fornecedores. Já há muitos anos que tenho por hábito participar na “Semana
Esta indústria soube perceber que a competição é útil, mas que a cooperação também o é. E este balanço entre cooperação e competição é claramente uma mais valia que nem sempre se consegue encontrar noutros sectores de atividade. A realização da “Semana de Moldes” é claramente um exemplo disso.
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É neste âmbito que a “Semana de Moldes” se tem distinguido ao longo dos anos, através da sua experiência com conferências/ workshops pertinentes e estando especialmente bem localizada nos corações geográficos deste sector da indústria. As apresentações vão ao encontro das últimas tecnologias aplicadas no sector e promovem ao mesmo tempo um alargamento da rede de contactos entre os participantes, que incluem também Universidades, fornecedores e clientes Internacionais, principais compradores desta Indústria. É de salientar, como nota final, a importância da continuação desta iniciativa permitindo a consolidação de conhecimento científico e técnico, em especial para a sua aplicação nas empresas de moldes portuguesas. Um bem-haja à “Semana de Moldes”.
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de Moldes” mas não na semana inteira; escolho sempre dois ou três temas que considero os mais relevantes para a empresa. De entre o programa, vejo com especial importância a Conferência Internacional, na qual participam sempre vários oradores, muitos deles internacionais. Procuro estar presente neste evento porque encontro diferentes pessoas com diversas opiniões e expectativas e até outras formas de ver a indústria. É o evento que maior interesse tem porque permite-nos perceber o que se passa nos outros países e como estão as pessoas de fora de Portugal a ver a indústria e perspetivar o seu futuro. É sempre um momento muito enriquecedor. Esta junção de pessoas, de origem nacional e internacional, esta partilha de ideias e de saberes, é algo muito interessante.
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Recordo-me que há uns anos, fez-se uma análise ao sector e foi muito interessante. Por vezes, pensamos que estamos a fazer tudo bem e que vamos no caminho certo, mas ao trocarmos experiências com empresas maiores ou mesmo com as mais pequenas, verificamos que há questões que não ponderámos, que não valorizamos. Apesar de estarmos todos dentro do mesmo sector, fazemos coisas diferentes e de formas diferentes. Esta partilha permite-nos aprender com a experiência uns dos outros.
A “Semana de Moldes” é também muito interessante para, por exemplo, as novas empresas e as novas pessoas que acabam de chegar à indústria conhecerem os seus pares, as associações, os fornecedores. Temos sempre hipótese de conversar, de agendar encontros.
Quanto aos oradores internacionais que vêm para a Conferência, mesmo que não façam revelações bombásticas - porque não vêm fazê-lo - acabam por suscitar questões e reflexões ou até divergências de opiniões e isso acaba por ser bom porque permitenos perceber algumas das nossas falhas e evoluir. Por isso, considero que a Conferência Internacional é muito importante e algo do programa que deve, efetivamente, ser acompanhado.
E não podemos esquecer-nos também que a “Semana de Moldes”, pela sua importância e dinâmica, é um evento que figura na agenda internacional da imprensa especializada, seja nacional ou internacional. Todos nós temos a ganhar com essa visibilidade. Mas não podemos convencer-nos que é apenas uma questão de imagem. Pelo contrário. Para se afirmarem pela qualidade, os moldes nacionais têm de manter-se no topo”.
Costumo estabelecer um paralelo entre a “Semana de Moldes” e a participação numa feira internacional: não vamos vender moldes; vamos, sim, estreitar contactos, incrementar relações.
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Jorge Laranjeira Moldit
”MAIOR EVENTO DE REFERÊNCIA DA INDÚSTRIA” A “Semana de Moldes” é o maior evento de referência da indústria de moldes no nosso país, permitindo que as empresas tenham acesso a seminários, apresentações e opiniões de pessoas que dominam os diversos temas de extrema importância para o desenvolvimento do sector.
Rui Marques Gerente AES Moldes
Assim, este evento é uma janela para o desenvolvimento das principais tendências, quer ao nível das tecnologias, quer ao nível da organização do sector e dos seus mercados, bem como da inovação associada às empresas e à indústria. Além disto, esta Semana também funciona como espaço de conhecimento e networking de pessoas de diferentes áreas e proveniências.
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à indústria de moldes diz respeito.
”EVENTO PROMOVE UMA MAIOR LIGAÇÃO DENTRO DA INDÚSTRIA”
Por outro lado, permite-nos perceber melhor as tendências; aquilo que se perspetiva a nível do futuro. Depois, há sempre o espaço de networking mais próximo, o que é também muito positivo.
A “Semana de Moldes” é um evento muito benéfico para a indústria. Acho que uma das grandes mais valias é promover a conetividade. No fundo, permite uma maior ligação, que nos liguemos todos um bocadinho mais, através da partilha da informação, seja técnica, seja comercial, que é trazida pelos muitos oradores convidados. Traz-nos, de certa maneira, uma informação que nos põe a todos, mais ou menos, no mesmo patamar de conhecimento. Numa perspetiva estratégica vai dar-nos mais abrangência no que
Considero ainda que num momento em que a indústria tem novas empresas e novos quadros, este evento permite que todas estas pessoas novas possam ‘beber’ um bocado do histórico desta indústria. A “Semana de Moldes” traz sempre uma perspetiva de continuidade, mas vai dar também uma outra, mais histórica, do que aconteceu até aqui a todas estas novas pessoas que estão a chegar agora à indústria. Ficarão a perceber melhor onde nos posicionamos e também o que nos permitiu chegar cá. Sejam as que entram, sejam as que já estão na indústria há muito tempo, as pessoas vão todas beneficiar muito com este evento”.
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EMPRESAS REFLETEM SOBRE O FUTURO Empreendedores. Dinâmicos. Incansáveis. Na vanguarda da tecnologia e do bem fazer. Estas são algumas das principais caraterísticas dos empresários dos moldes em Portugal. Sempre empenhados em dar passos seguros e a procurar as melhores soluções para se manterem no topo de um sector exigente e que prima pela qualidade. As empresas portuguesas estão, já, a preparar-se para a indústria do futuro. Os produtores de moldes querem figurar, como até agora, e como sempre, entre os melhores do mundo.
de exceção e isso fez com que muita gente nova aparecesse com empresas. Não os critico, mas é preciso ver em que condições estão a trabalhar”, justifica.
Este é um sector que se tem pautado por um crescimento assinalável, nos últimos anos. Mas Manuel Novo, responsável da empresa Erofio, deixa um alerta: “O crescente número de empresas, assim como o aumento do volume de negócios de empresas existentes, não deve por si só servir de indicador de referência para o nosso sector”. Considera, contudo, que “pode beneficiar e fortalecer o mesmo, de forma a garantir a continuidade da sua afirmação no panorama nacional e internacional”.
“Apesar da evolução tecnológica, temos de garantir que o nosso knowhow sirva de ferramenta de aproximação aos nossos clientes, quando estes precisam de garantias de sucesso naqueles que são os desafios que também eles enfrentam”, defende Manuel Novo, lembrando que “a sociedade atual é muito exigente em relação ao tempo, tudo tem de acontecer mais rápido e o tempo de vida da maioria dos produtos é cada vez mais reduzido, pelo que também na indústria de moldes os prazos irão sofrer uma transformação de forma a dar resposta mais rápida. Fator igualmente importante é a especialização em tipo de molde. Só as empresas especializadas em determinado tipo de produto poderão ser competitivas e dar respostas rápidas em tempo útil às exigências a elas feitas pelos seus clientes”.
Defende que “o nível de qualidade espectável de um molde produzido em Portugal é grande. Fator este que acrescenta mais-valias ao sector, mas também responsabilidade acrescida para com o produto fornecido”. E deixa uma outra advertência: “um dos riscos do aumento de volume de negócio no nosso sector está associado à importação de componentes / moldes de países com custos de fabrico bastante inferiores, mas com qualidade duvidosa, pondo em causa todo o nosso posicionamento como bons fabricantes de moldes”. Como exemplo, conta que “verificámos algumas vezes junto dos nossos clientes, que acessórios standards de catálogos europeus incorporados nos nossos moldes apresentavam sinais de desgaste prematuro, por exemplo nos revestimentos. Esta poderá ser uma desvantagem, fica o fabricante defraudado em relação ao desempenho da ferramenta por ele fornecida, ou mais grave, caso o cliente final sinta que a qualidade ficou abaixo das suas expectativas”. Já António Febra, da Geco, chama atenção para duas outras questões que, na sua opinião, devem preocupar o sector: os preços dos moldes e a concorrência nem sempre leal entre fabricantes. “Um dos grandes problemas é que os moldes hoje têm um investimento muito grande, sobretudo os maiores, e o cliente não valoriza isso, em termos de preço”, afirma, sublinhando que para além disso, “há empresas a dar preços demasiado baixos, mesmo abaixo dos custos produtivos, numa concorrência que tem pouco de leal”. E que, esclarece, acaba por prejudicar outras empresas que primam por manter as contas a par com a realidade. “Não altero preços para ficar com clientes e até perco encomendas com isso, mas o orçamento tem de ter em conta o que precisamos para fazer o molde e pagar aos fornecedores”, esclarece. Apesar de discordar com a atitude de alguns produtores, admite que compreende como chegaram aqui. “O ano passado, 2017, foi um ano muito bom. Mas é para esquecer porque foi um ano
O futuro Contextualizado o presente, como estão estes dois reconhecidos empresários do sector a perspetivar o futuro?
Para António Febra, os desafios passam por reorganização e investimento permanente. “Tem de haver reorganização do sector, até pela dificuldade de encontrar mão-de-obra. Cada um tem de pensar em se reorganizar, de maneira a conseguir pagar ao pessoal, rentabilizar os equipamentos e por aí fora”, defende. Mas ressalva que é fundamental não parar nunca de investir em tecnologia. “Temos de nos atualizar sempre. As tecnologias têm evoluído com uma rapidez incrível e vão continuar a evoluir. Cada vez mais, as máquinas mais modernas fazem o trabalho mais rápido do que a maioria, mas não fazem tudo”, diz. E chama a atenção para uma outra questão que, no seu entender, é fulcral: olhar para o futuro a pensar em áreas alternativas à indústria automóvel. “Temos de conseguir seguir, sempre, as regras de qualidade na produção do molde. Portugal está num patamar importante no que diz respeito aos moldes. Somos dos melhores fabricantes do mundo e, para manter isto, temos de procurar alternativas porque se a indústria automóvel deixar de funcionar para nós como até aqui, temos de encontrar outras áreas”. E recorda que essa mudança tem sido, até, uma das principais características do fabrico de moldes em Portugal: “antigamente, quando começámos, o mercado eram outros produtos: os brinquedos, os aspiradores, as utilidades domésticas. Por isso, é preciso termos a mente aberta e olhar em volta à procura de alternativas”. Quer Manuel Novo, quer António Febra esperam que estas questões sejam abordadas na edição deste ano da “Semana de Moldes”. Têm, até, sobre o evento, expectativas elevadas. “A Semana de Moldes tem vindo, nos últimos anos, a conquistar um lugar cada vez mais importante no sector, uma vez que, para além da tradicional partilha de ideias e conhecimentos, é, cada vez mais, um palco de apresentação das novas tecnologias. As mesmas sãonos apresentadas de uma forma muito direcionada aos desafios da nossa indústria”, salienta mesmo Manuel Novo.
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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL ‘MOLDES PORTUGAL’ “OLHAR O MERCADO DE FORMA A PREPARAR O FUTURO” A Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’ é um evento promovido pela CEFAMOL e que encerra a “Semana de Moldes” na manhã do último dia, Este espaço de discussão de métodos e ideias tem sido, desde a sua primeira edição, em 1998, e ao longo dos anos, o evento que mais atrai os produtores de moldes, pela pertinência dos temas que, invariavelmente, suscitam troca de opiniões e discussões e ajudam a refletir sobre o futuro. “Tem tido como prioridade, desde sempre, a perspetiva de olharmos para o mercado: percebermos o nosso posicionamento, conhecer as tendências futuras e ouvir alguns daqueles que vão influenciar o desenvolvimento das empresas nos próximos anos, sejam clientes, fornecedores ou policy makers”, explica Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL. É, no fundo, o espaço de reflexão por excelência em todo o programa da “Semana de Moldes”. Mas uma reflexão muito centrada no futuro. “Tem essa perspetiva de falar um bocadinho à frente daquilo que é o momento atual, de forma a permitir-nos olhar mais à distância”, sublinha. Com oradores nacionais e internacionais, o evento destina-se, sobretudo aos produtores de moldes nacionais, mas não só. É direcionada a todos os que trabalham e se relacionam com esta indústria. E, ao longo dos anos, conquistou tal relevância que integra as principais agendas técnicas do sector a nível internacional e tem atraído um número crescente de presenças de fora de Portugal. “O que desperta o interesse internacional é a qualidade e a pertinência das intervenções dos oradores convidados”, explica Manuel Oliveira, frisando que “a nossa lógica não é, nem nunca foi, a de usar a Conferência apenas para promover Portugal e o que faz, mas antes de olhar com rigor para as tendências da nossa indústria”. “Obviamente que sendo a Conferência em Portugal, tem um valor acrescentado para a indústria nacional”, adianta. E uma das mais valias é, desde logo, a possibilidade de ouvir, sem necessidade de uma deslocação ao estrangeiro, alguns dos mais conceituados especialistas mundiais. Nas anteriores edições, já contou com a participação de, por exemplo, diretores de empresas como a Volkswagen, a Phillips, a BMW ou a Embraer. “Temos tido pessoas que estão em altos cargos de direção e gestão das empresas e que nos falam daquilo que vão
ser os desafios dos seus próprios negócios e, consequentemente, daquilo que se espera para a sua cadeia de fornecedores”, explica ainda Manuel Oliveira. Ora, esta partilha permite à indústria “perceber o que se espera no futuro, a que questões se vai dar destaque e as áreas que vão ser mais relevantes. Com isto, a Conferência tem permitido ajudar a definir a estratégia de intervenção no mercado”. E não apenas para as empresas, mas também para as instituições do sector. E como consegue a indústria em Portugal atrair, como oradores, todos estes conceituados técnicos? Manuel Oliveira explica que tal “tem muito a ver com a notoriedade que hoje Portugal tem no mercado internacional”, seja pelo reconhecimento das instituições que representam o sector e a sua capacidade de relacionamento e de interação com outras entidades, seja pela dinâmica e excelência reconhecida ao trabalho das empresas. “A nossa prioridade é encontrar pessoas que têm um conhecimento mais transversal e estratégico, não tanto operacional, porque temos, com frequência e até no decorrer da Semana de Moldes, outros seminários, outros workshops para falar daquilo que é o nosso dia a dia”, esclarece, frisando que a aposta é sempre “permitir à indústria perceber o que está a ser feito e o que se perspetiva no futuro”. Manuel Oliveira destaca ainda que, no decorrer da Conferência, há um painel atribuído aos fornecedores. “São pessoas que não vêm falar da questão das tecnologias ou da vertente comercial, mas vêm partilhar a sua visão, enquanto empresas que estão no mercado mundial, do que está a acontecer e da evolução que preveem que aconteça”, diz, considerando que se trata de “uma partilha muito interessante”. DESTAQUES DO PROGRAMA Em relação ao programa deste ano, destaca que, num primeiro momento, “vamos, através da intervenção do presidente da AICEP, olhar para o posicionamento de Portugal como um todo atrativo, quer em termos de investimento internacional, quer em termos de competências que oferece ao mercado”. Depois, salienta, “teremos uma visão sobre como vai ser o futuro em termos de apostas a nível da Inovação, do Desenvolvimento e da Intervenção no mercado, que nos vai ser apresentada pelos
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representantes máximos da Direção Geral de “Research and Innovation” da Comissão Europeia”. Um outro momento que acentua pelo interesse que vai despertar é relativo ao mercado norte americano. “É um mercado que tem uma tradição com Portugal. Durante muitos anos foi o principal mercado para o nosso país, e mantém-se como o maior mercado mundial de moldes e um dos maiores importadores a nível mundial. Temos feito, nos últimos anos, um esforço grande no sentido de recuperar algum posicionamento e havendo tantas transformações políticas, económicas e sociais ao longo dos últimos anos , é importante ouvirmos o que está a acontecer e o que se prevê para que nós, enquanto sector, e as empresas a nível individual possam definir a sua estratégia de intervenção no mercado. Por isso, trazemos uma consultora que trabalha muito de perto com a indústria, sobretudo automóvel, mas também de plásticos e conhece bem a indústria de moldes e tooling, e o seu posicionamento no mercado americano e internacional”. Por tudo isto, o secretário-geral da CEFAMOL considera que a Conferência “Moldes Portugal” é uma excelente ‘ferramenta’ para o sector, esperando que, a exemplo das anteriores edições, a indústria se interesse pelos temas e perceba os ganhos em participar. “As empresas vão ganhar muito, pois vão formar, de forma mais sustentada, a sua posição para o futuro”, afirma.
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PROGRAMA 08:30 — Receção dos participantes 09:00 — Abertura > João Faustino - CEFAMOL > Nuno Silva - CENTIMFE 09:15 — Portugal: Internacionalização e Competitividade > Luis Castro Henriques - AICEP 09:45 — Fábricas do Futuro e Desafios da Economia Global > Peter Droell - DG Research & Innovation (EU) > Jurgen Tiedje - DG Research & Innovation (EU) 10:15 — Plásticos e a Indústria Automóvel nos EUA > Laurie Harbour - Harbour Results 10:45 — Coffee-Break 11:15 — Tendências e Desafios na Indústria de Moldes > Hidehiko Yamamoto — MAKINO > Dirk Paulmann - HASCO > Julian Oddeh - TEBIS 12:30 — Conclusões 12:45 — “Moulds Event 2018” Encerramento > João Faustino - CEFAMOL > Nuno Silva - CENTIMFE
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CONFERÊNCIA INTERNACIONAL - OPINIÕES ”AS EMPRESAS TÊM DADO GRANDES PASSOS AO NÍVEL DO QUE DE MELHOR SE FAZ PELO MUNDO” Patrocinadora da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’, a Tebis espera que o conjunto de oradores e palestras previstos se constitua como uma autêntica “abertura de mentes para a indústria”. Quem o diz é Pedro Bernardo, responsável pela empresa em Portugal, salientando que um dos oradores é elemento de relevo na Tebis a nível internacional (já fez consultoria um pouco por todo o mundo, desde a China, aos Estados Unidos, no Canadá. na Alemanha, em Portugal ou em França), Julian Oddeh, e que centrará a sua intervenção precisamente no tema ‘Tendências e Desafios da Indústria de Moldes’. “Estamos numa indústria em que as pessoas estão habituadas a ver outras realidades e a viajar bastante, mas nunca é demais promover este tipo de reflexões”, defende Pedro Bernardo, considerando que, na Conferência, “vão participar pessoas com grande experiência e que estão a trabalhar e a pensar no que serão as tendências de futuro a nível internacional”. Por isso, considera muito importante que a indústria nacional aproveite “esse saber” que vai ser partilhado. Mas também que usufrua da presença de “alguns dos principais players nacionais e internacionais, académicos, pessoas do saber”. Para Pedro Bernardo, as empresas portuguesas, para além do conhecimento do que está a ser feito fora de portas, poderão, também, comprovar que “muito do bom que se faz pelo mundo já se faz em Portugal”. “A nossa indústria está a construir um caminho de excelência e algumas das empresas têm dado grandes passos ao nível do que de melhor se faz pelo mundo”, sustenta.
MENOS TRABALHO A Conferência, defende, é uma forma de todas aprenderem um pouco mais e ficarem mais bem preparadas. “Neste caminho de preparação e mudança, é importante que as pessoas saibam o que podem aproveitar, em termos de apoios, por exemplo, mas também daquilo com que podem contar no futuro, para se prepararem devidamente”, afirma. Por isso, e a exemplo do que têm sido as anteriores Conferências da “Semana de Moldes”, acredita que também esta se constitua como uma útil ferramenta de aprendizagem e partilha de conhecimento para as empresas, sejam nacionais, sejam internacionais. Pedro Bernardo diz estar a ver, neste momento, a indústria de moldes com uma preocupação moderada. O negócio da Tebis em Portugal está “muito positivo e tem vindo a crescer”, mas o responsável pela empresa espera, nos próximos meses, “um declínio de trabalho para os fabricantes de moldes”. As razões, no seu entender, prendem-se com “a indefinição, a nível internacional de alguns projetos, como os carros elétricos”. “Toda esta incerteza sobre os carros do futuro está a provocar alguma estagnação em algumas empresas”, afirma, adiantando que, no entanto, acredita que “não será nada de muito grave, nem muito prolongado no tempo”. Apesar disso, aconselha as empresas a ter isso presente, a rodearem-se de “alguns cuidados”. Um dos exemplos que aponta é a tentativa de esmagamento dos prazos de entrega e do preço, pelos clientes, o que “obriga à rápida adaptação da indústria a novos processos e ferramentas de fabrico como a aplicação da standardização aos processos de produção”. Mas acredita que toda esta situação “não passa de um ciclo” e sublinha que os fabricantes de moldes são pessoas habituadas e muito preparadas para lidar com essas situações.
Serviço exclusivo às empresas associadas.
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”PODEMOS MARCAR A DIFERENÇA PELA NOSSA QUALIDADE” Apoiar em termos de conhecimento do mercado tudo o que vai acontecendo, sejam as tendências, seja a própria obtenção de mais conhecimento sobre o sector. Este é, na opinião de José Silva, da Hasco, o principal objetivo que leva a empresa a ser uma das que patrocina a Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’. Dirk Paulmann, o vice-presidente da Hasco, é um dos oradores do evento e, na sua intervenção, procurará partilhar com a plateia a sua visão acerca do panorama internacional da indústria. “É uma pessoa que tem um conhecimento muito abrangente do sector a nível mundial e sobre as tendências de mercado na indústria de moldes”, explica José Silva, prevendo que vá protagonizar um momento muito interessante do programa. Para José Silva, os desafios dos produtores nacionais de moldes não são diferentes dos demais players desta indústria a nível mundial. “Podemos marcar a diferença pela nossa qualidade: o que produzimos, produzimos bem e está consolidado”, defende, apontando como exemplo a indústria automóvel. Mas considera que ainda há um caminho a percorrer. “Falta, por exemplo, uma certa consolidação a nível de outras áreas como o packaging ou a indústria médica”, afirma, frisando que “é uma pena não podermos abraçar esse tipo de mercados da mesma forma que abraçamos o sector automóvel”. Lembra, contudo, que na área automóvel, “debatemo-nos com um paradigma há mais de 10, 15 anos que é o tempo. Ou seja, à velocidade com que as coisas acontecem atualmente no mercado, o grande desafio que se coloca à indústria de moldes nacional é o tempo que vai desde a conceção até à concretização do produto final”. E defende que “os tempos para execução dos moldes estão cada vez mais apertados, nomeadamente no que toca à indústria automóvel. O cliente quer garantir a qualidade mas também quer que as coisas sejam feitas de uma forma muito mais rápida do que aquilo que é feito hoje e atualmente já se faz muito mais rápido do que há dez ou quinze anos”. Ou seja: “os desafios que tínhamos nessa altura acabam por ser um pouco os mesmos que temos atualmente”. Por isso, considera de extrema importância que a indústria pense de outra forma no seu processo produtivo, trabalhando na otimização de processos que permite, por exemplo, a standardização. “É um dos grandes desafios, não podemos abdicar da qualidade, mas temos de fazer mais rápido”, enfatiza. APRENDER E PARTILHAR Este tema será, no seu entender, incontornável no programa da “Semana de Moldes”. Um evento que classifica como “de enorme relevância para o sector”. E explica a razão: “na indústria de moldes, como em qualquer sector, do ponto de vista do empresário ou de um quadro técnico médio e superior, não devemos ser autistas. Deve haver uma participação que deve estar centrada na parte da aprendizagem e na parte da partilha”. Dois elementos que, acredita, serão assegurados pela participação na “Semana de Moldes”. Por isso, em jeito de conselho, considera que as empresas devem aderir ao evento. “Há sempre algo de novo e valor acrescentado no que as pessoas recebem ao participar, seja nos seminários, seja na Conferência ou nas demais atividades”, conclui.
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”AS FÁBRICAS HOJE SÃO AUTÊNTICAS ALDEIAS DE MOLDES”
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O FUTURO DO SECTOR
A multinacional Yudo, que está em Portugal desde 2007, é um dos patrocinadores da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’.
Entre as visões otimistas e pessimistas sobre o futuro do sector,
José Dantas, 56 anos, presidente da Yudo para a Europa e Oriente Médio e diretor mundial da parte comercial da empresa, explica que a maior expectativa que a empresa tem para esta edição da “Semana de Moldes” é “tentar criar um network com as pessoas que vão estar presentes, no sentido de divulgar a nossa marca e saber que tipo de perceção as pessoas têm dela”. Mas não só. A participação pretende também “perceber o movimento deste mercado”.
não é uma boa noticia para Portugal”, exemplifica, manifestando
José Dantas explica que, nos últimos tempos, tem mantido conversas com diversos clientes, seja na Alemanha, seja na Inglaterra, e tem percebido que “existem várias visões do que será o futuro do sector dos moldes e plásticos: algumas são muito otimistas e outras um bocado pessimistas”.
José Dantas mantém uma postura de expectativa. Diz olhar com alguma preocupação para a China, por exemplo. “Esse, que é o nosso grande concorrente, baixou novamente os preços e isso grande curiosidade em relação aquilo que os especialistas dirão sobre o assunto no decorrer na “Semana de Moldes”. Sobre o futuro, acredita que os fabricantes de moldes saberão manter o seu rumo de sucesso.”Sempre que temos oportunidade temos conseguido ir buscá-la. Creio que o continuaremos a fazer”, defende. Lembra, como exemplo, que “o sector passou por uma crise muito grande, mas os últimos dois ou três anos têm sido muito bons para os moldes”. Contudo, sublinha que essa dinâmica teve por base a indústria automóvel e a produção de modelos de automóveis com tecnologia tradicional, como o diesel e a gasolina. “Hoje já ninguém quer motores a diesel. As principais marcas debatem-se agora a introdução de tecnologias para carros
A “Semana de Moldes” será, por isso, uma oportunidade de excelência para “contactar com diversos especialistas, ouvir o que vão dizer e estabelecer vários contactos para entender a perceção que existe quer da nossa marca, quer da visão do mercado”. A Yudo tem sido parceira neste evento há vários anos e classifica-o como “muito positivo”.
elétricos e híbridos, o que vai gerar mudanças”, afirma.
“Os nossos clientes são os fabricantes de moldes. Este evento permite-nos, acima de tudo, olhar para dentro, para o mercado nacional, pois é uma excelente oportunidade para falar com vários empresários e fabricantes de moldes”. Este é, no seu entender, o objetivo principal.
vai haver uma fase de uma pequena travessia do deserto para os
Mas tratando-se de um evento internacional, possibilita também olhar para fora, ter uma visão mais ampla e global de todo o sector. “Em Portugal já existe uma aceitação grande da Yudo mas a decisão de optar ou não pelo nosso produto tem muito a ver os clientes desses fabricantes portugueses. Por isso, temos de ter um olho para fora, na expectativa de conseguir colocar o nosso produto, chegando mais próximo do cliente e da tomada de decisão final”.
“Sendo otimista, esta mudança gigantesca que está em curso vai precisar naturalmente de produção de moldes”, sustenta, para adiantar que, “por outro lado, “vai haver necessidade de fabricar os motores, mudar os modelos e, para lançar um novo carro, são necessários cerca de quatro anos de desenvolvimento. Ou seja, produtores de moldes que, segundo ouvi, pode estender-se até ao final do primeiro semestre do próximo ano”. A juntar a isso, lembra, há mudanças políticas e económicas introduzidas por situações como, por exemplo, o BREXIT. “Há muita expectativa sobre o que aí vem”, diz. Aos produtores de moldes aconselha, por isso, tranquilidade e atenção. “Há quem diga que é nos momentos de crise que devemos investir. A indústria portuguesa tem investido bem. As fábricas hoje são autênticas ‘aldeias de moldes’. Por isso, diria para não tirarem o pé do acelerador, para seguir o curso que estão a ter, apostando sobretudo em formação
É, no fundo, aquilo que classifica como “uma grande rede: o nosso cliente direto é o fabricante de moldes, mas existe um ‘segundo’ cliente, acima, que é quem compra o molde. Muitas vezes, é um grande fabricante alemão ou de outra nacionalidade, ou muitas um ‘tier one’ que comprou o molde e determina os seus componentes. Pode ser uma OEM como a Mercedes ou a BMW”.
para os recursos humanos”, diz, mostrando-se convicto de que
E se, até há pouco tempo, a Yudo centrou a sua prioridade dentro do país, nos fabricantes, agora “estamos focados em olhar para fora, de forma mais abrangente”, esclarece.
a totalidade da produção. O ano passado, as empresas estavam a
este período de “calmaria” será mais suave do que o período de crise entre 2005 e 2009. “As empresas podem aproveitar esta calmaria para formação de pessoas, para ‘limpar’ a casa, reorganizar. Se for uma calmaria curta, até pode ser bom. Penso que não estamos a falar de parar produzir a um ritmo de 120. Creio que estamos a falar, agora, de uma redução para 80%”, sustenta, mostrando-se convicto de que “a normalidade regressará no curto prazo”.
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“A SEMANA DOS MOLDES TEM, ANO APÓS ANO, GANHO MAIS PRESTÍGIO E NOTORIEDADE” Um dos “pilares” da atividade da DNC Técnica é a indústria nacional de moldes. Assim o considera Francisco Neves, administrador da empresa que justifica, desta forma, a principal razão que levou a DNC a ser uma das patrocinadoras da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’. “Servimos toda a indústria metalomecânica, mas o sector dos moldes tem um peso muito significativo no nosso dia a dia. Trata-se de uma indústria que está em crescimento. Que, nos últimos anos, tem crescido em volume de trabalho, em volume de negócios e em número de pessoas”, salienta, acrescentando que as empresas do sector “têm feito investimentos e achamos que ao associar-nos aos moldes e a esta dinâmica que representam, vamos
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crescer com os nossos clientes”. Por outro lado, considera, “a Semana dos Moldes tem, ano após ano, ganho mais prestígio e tem tido mais notoriedade, quer dentro do País (onde estão os nossos clientes alvo), quer a nível global”. Por tudo isto, as expetativas em relação ao evento “são grandes”. “Vamos ter no mesmo local os nossos atuais e os potenciais clientes, toda a indústria de moldes, e esperamos que consigam percecionar melhor que tipo de soluções é que podemos proporcionar, quer no âmbito da automação, quer no âmbito de equipamentos e da assistência técnica”, afirma. A atividade da DNC Técnica é direcionada sobretudo para o mercado nacional, mas a empresa presta serviço também para o estrangeiro.
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“EVENTO REÚNE AS MELHORES EMPRESAS E PROFISSIONAIS PARA DISCUTIR O SECTOR” Patrocinadora da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’, a S3D aguarda pela realização do evento “com expectativas elevadas”, segundo explica o seu responsável, João Ferreira. “Naturalmente é sempre com expectativas elevadas que aguardamos um evento que reúne as melhores empresas e profissionais para discutir o sector”, afirma. E este fornecedor da indústria admite está a ver o futuro da indústria de moldes com “otimismo moderado”. E isto porque, explica, “a inovação tecnológica está a acontecer todos os dias ao ritmo que sabemos e o investimento em capital humano não está a ser devidamente ponderado”.
João Ferreira adianta ainda que a empresa, fundada em maio de 1993 e que tem sede na Marinha Grande e filial em Oliveira de Azeméis, decidiu associar-se à Conferência Internacional “pela relevância que este evento tem para o sector que também é um dos nossos principais mercados”. A principal atividade da S3D é o fornecimento de soluções integradas de CAD, CAM e CAE. Dedica-se também à formação, serviços de engenharia, desenvolvimento de software de CAD para projeto de moldes e consultadoria. Conta com mais de 120 clientes em Portugal, englobando áreas como a indústria automóvel, moldes para plásticos, calçado, cunhos/cortantes e ferramentas.
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“A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA VAI CONTINUAR EM GRANDE VELOCIDADE” A Augusto Guimarães & Irmão (AGI) é um dos patrocinadores da Conferência Internacional ‘Moldes Portugal 2018’ porque, explica Rita Garcia, sendo uma “empresa de referência do sector, associa-se frequentemente a este tipo de eventos, não só numa perspetiva de apoio e de notoriedade, mas também aportando naquilo que podem ser temas da atualidade e de futuro da indústria”. E é precisamente nessa perspetiva, de olhos postos no futuro, que se juntam à “Semana de Moldes”. “A inovação tecnológica vai continuar em grande velocidade. A imediatez, o lançamento vertiginoso de novos produtos a isso vai obrigar, pelo que,
a velocidade da inovação será um fator crítico para o sucesso”, considera Rita Garcia, sublinhando que “as empresas que não acompanharem esta evolução não irão conseguir vingar num futuro não muito distante”. Presente no mercado português desde 1915, com sede em Vila Nova de Gaia, a AGI é uma empresa de larga tradição, mas sempre voltada para o futuro. Atualmente, a empresa dedica-se a três grandes áreas de negócio: a distribuição de matérias-primas e equipamentos para a indústria de plásticos, e a distribuição de materiais para o sector
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da construção civil.
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RPD 2018: TÉCNICA E CIÊNCIA INAUGURAM “SEMANA DE MOLDES”
O Rapid Product Development (RPD) abre a “Semana de Moldes 2018” no CENTIMFE, na Marinha Grande, decorrendo na tarde do dia 1 de outubro e na manhã do dia 2. É um encontro técnico e científico, durante o qual vão ser apresentados resultados de projetos de investigação e desenvolvimento, assim como casos de estudo. Rui Tocha, diretor-geral do Centimfe conta que o RPD foi criado já na quarta edição da “Semana de Moldes”, procurando responder ao que era uma necessidade da indústria que “tentou sempre posicionar-se a montante na cadeia de valor, na área do Rapid Product Development”. Em jeito de contextualização, recorda que, na época (final da década de 90), o Centimfe tinha os primeiros sistemas de Prototipagem Rápida (hoje designada por Fabrico Aditivo) e disponibilizou-os, em forma de rede, para a indústria, a nível nacional. O Centro Tecnológico era, então, muito visitado por congéneres internacionais que tentavam perceber o conceito dessa rede. “Portugal foi o primeiro país da Europa a ter uma cobertura nacional dessas tecnologias que eram colocadas ao serviço da indústria”, recorda.
tecnológicas para a nossa indústria. Contudo, ressalva que uma das características se mantém. “As pessoas não vêm apresentar produtos e nem marcas. Apresentam tecnologias, metodologias, apresentam soluções. Eventualmente, no meio disso, acabam por surgir produtos inovadores”, conta. E depois de uma fase em que os principais oradores eram pessoas, sobretudo, das academias, hoje o programa é mais eclético. “Temos mais interesse em ter cá grandes empresas, de áreas diversificadas, para que o nosso sector tenha contactos com essas empresas”, esclarece. “Por um lado, é um aglomerado de entidades muito importante para a indústria e, por outro, apresentam as tendências para onde estão a caminhar. Ora, as nossas empresas, para acompanhar os seus clientes e para se prepararem para o futuro, têm de saber quais são as tendências”, defende. Este ano, sublinha, os temas mais fortes são a ‘Economia Circular’, a ‘Indústria 4.0’ ou a ‘Human Centered Manufacturing’. No que diz respeito a participações, Nuno Fidelis explica que são esperadas cerca de duas centenas de pessoas. Muitos serão estrangeiros. “Há comitivas que vêm do Japão, mas também de Espanha e outros países”, esclarece. E sublinha que, para além do evento propriamente dito, todos os espaços de intervalo se constituem como grandes oportunidades de troca de contactos.
Nesse contexto surgiu, então, o RPD que, conta Rui Tocha, tinha uma particularidade nas primeiras edições: “foi a forma que encontramos para integrar as parcerias. Criamos um júri internacional que selecionava as apresentações e, para as poder fazer, os candidatos tinham de as submeter quase com seis meses de antecedência. O júri internacional escrutinava-as e os oradores pagavam para vir falar e as pessoas pagavam para assistir”.
Por isso, defende que as empresas nacionais têm todo o interesse em participar: “seja no RPD ou em qualquer outra ação desta Semana dos Moldes, este é um espaço excelente de troca de conhecimentos com uma série de entidades nacionais e internacionais, que é muito útil para as nossas empresas”.
REFLEXÃO DE TENDÊNCIAS Hoje, o funcionamento do RPD é diferente. Nuno Fidelis, organizador do evento, conta que “nós agora convidamos várias entidades a virem cá apresentar e falar sobre os temas que estão na ‘berra’ e que são importantes para o nosso sector”. É, no fundo, uma reflexão mais alargada de tendências
E lembra que os participantes são, na maioria dos casos, pessoas com grande responsabilidade nas empresas, sejam nacionais ou internacionais.
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PROGRAMA 1 de outubro, CENTIMFE 13h00 - “Moulds Event 2018” Opening Lunch 14h30 - CIRCULAR ECONOMY > Keynote Speaker - BMW - Rui Bica 14h50 - Universidade de Coimbra / Centimfe - Renata Ataíde / Gonçalo Feio > reGrafiti - from graphite residue to graphene reinforcement
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2 de outubro, CENTIMFE 09h30 - HUMAN CENTERED MANUFACTURING > Keynote Speaker - Manchester University – Paulo Bártolo 09h50 – IBER-OLEFF – José Valente > Working Together – The benefits of collaboration between humans and robots
15h05 - THE NAVIGATOR COMPANY – Tomé Pereira Canas > Innovation as a promoter of Circular Economy
10h05 - AUTOEUROPA - Carlos Fujão > Ergonomics in the Automotive Industry - A vision of the Future
15h20 - IPT Fraunhofer – Marcel Wilms > Adaptive process chains to reduce lead times in manufacturing
11h00 - NEXT GENERATION PRODUCTS > Keynote Speaker – NOS - João Ricardo Moreira
15h35 - NISSEI PLASTICS - Hozumi Yoda > Biodegradable Resin and the environment 16h00 - SMART PRODUCTION > Keynote Speaker - IPT Fraunhofer - Bernhard Müller 16h50 - TRUMPF - Christoph Dörr >3D-printing in the tooling industry - challenges of the die casting process with conformal cooling 17h05 - TEBIS AG - Julian Odeh > Future manufacturing process 17h20 – EURECAT – Xavier Planta > Innovation in materials processing applying technology integration and holistic methodologies
11h20 – BOSCH – Pedro Bernardo > Polymer Applications in Innovative Products 11h35 - CENTI - Miguel Ribeiro > Integration of sensing and haptic systems on thermoplastic automotive components 11h50 - EMBRAER – Ricardo Reis > Technology challenges for Aircraft New Generation 12h05 - MAKINO – Lluc Castellano > Machine to Machine Communication
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BROKERAGE EVENT: FÓRUM PARA A APRESENTAÇÃO DE PROJETOS E TROCA DE SINERGIAS Brokerage Event decorre na tarde do dia 2 de outubro. Trata-se de um fórum direcionado para a promoção de reuniões bilaterais, mas também de apresentação e partilha de oportunidades de candidaturas a programas de apoio para projetos do sector, possibilitando oportunidades às empresas de constituir parcerias, no âmbito de programas europeus de financiamento. Rui Soares, responsável pela organização, conta que o evento - que se realiza desde a primeira edição da “Semana de Moldes” surgiu “numa perspetiva de auxiliar, a nível nacional, a ligação entre as empresas e as instituições de I&D: a reunirem, discutirem e, acima de tudo, prepararem projetos europeus”. Esta sessão de esclarecimento sobre as oportunidades que ainda existem a nível de financiamento para projetos é, no seu entender, um dos aspetos pertinentes deste evento. A título de exemplo lembra que “têm existido vários programas-quadro da Comissão Europeia e, neste momento, estamos ainda naquele que se chama ‘Programa Quadro Horizonte 2020’, mas já está em preparação um novo quadro comunitário”. É, pois, importante que as empresas e instituições percebam que “ainda há algumas oportunidades” e o evento vai ajudar os participantes a esclarecer isso. Rui Soares sublinha, até, que “muitos dos projetos que o CENTIMFE tem tido ao longo dos anos surgiram destes Brokerage Events”. No fundo, sintetiza, “assume-se como um ‘startup’ de uma ideia que, por vezes, já existe mas para a qual é preciso identificar parceiros. Outras vezes, é uma oportunidade de várias pessoas com interesses comuns se juntarem, discutirem e daí surgirem boas ideias”. REUNIÕES BILATERAIS Estas oportunidades de candidaturas são divulgadas por um conjunto de entidades convidadas, seja a nível nacional, seja a nível internacional. Mas esta é apenas uma das partes em que se divide o Brokerage Event. É composto também pelo ‘B2B’, um espaço dedicado a reuniões bilaterais.
Rui Soares explica que, aqui, se segue o modelo criado já há vários anos e que tem contado com a colaboração da Agência Nacional de Inovação (ANI). “Há um website de ‘matchmaking’ e há uma abertura de submissão de ideias. As entidades são contactadas por nós, colocam as ideias e a necessidade de parceiros ou do que precisam. Funciona tudo numa via online onde são submetidas ideias e necessidades. Depois, em articulação com a ANI, são organizadas reuniões com as pessoas certas”, explica, sublinhando que os contactos não se esgotam nessa sessão. “Há sempre flexibilidade, durante o dia, de trocar contactos e ideias com quem está”, explica, adiantando que “a experiência diz-nos que muitos projetos surgem daqui”. Muitos destes participantes são estrangeiros. Tem sido assim desde há muitos anos a esta parte. E, para além do ‘B2B’, há ainda um evento de ‘Pitching’ (a apresentação, num curto espaço de tempo, seja de novos projetos ou exemplos de projetos em curso). “Vai ser um evento marcado por uma grande variedade e dinâmica”, considera Rui Soares, acreditando que esta edição vá saldar-se pela positiva. “Esta criação de sinergias tem resultado muito bem. Tem dado frutos e os participantes já se habituaram a isso. É o que esperam e procuramos corresponder aos seus anseios”, diz.
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PROGRAMA Dia 2 de outubro, CENTIMFE 12h30 – Registration of attendees 13h00 - Official Lunch and Opening Session 14h30 - European Tooling Platform and Roadmap 2020-2030 > Rui Tocha - European Tooling Platform 15h50 - SMART EUREKA Cluster Program on Advanced Manufacturing > Joseba Bilatua – SMART Director 15h10 - Pitching Session > Brief presentations of projects results 15h30 – Closing Session 16h00 - B2B MOULDS 2018 (bilateral meetings) 20h00 - Moulds Event 2018 Official Dinner - Oliveira de Azeméis
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SEMINÁRIOS TÉCNICOS “SEMANAS DE MOLDES” 2018 À semelhança de edições anteriores, a CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes irá organizar durante a SEMANA DE MOLDES 2018, em Oliveira de Azeméis, Seminários Técnicos, para analisar e refletir com empresários e quadros técnicos da indústria alguns dos principais desafios tecnológicos que o sector atualmente enfrenta. Esta iniciativa, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, está agendada para os dias 1, 2 e 3 de outubro de 2018, tendo as sessões lugar no Centro de Negócios da área de Acolhimento Empresarial de Ul/Loureiro. Estas sessões permitirão reforçar o conhecimento técnico e tecnológico dentro do sector, promovendo a partilha de informação e ideias e o debate de propostas para um desenvolvimento sustentável da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos.
A entrada é gratuita e destina-se prioritariamente a empresários e quadros técnicos do sector.
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O programa de sessões será o seguinte: Dia 1 outubro 14h00 – Máquinas de injeção e inteligência artificial 17h00 – Redução de tempos de produção e otimização da ferramenta na maquinação de moldes Dia 2 outubro 14h00 - Garantia de qualidade na produção de Moldes 17h00 - Gestão de ciclo de vida de produto na indústria de moldes Dia 3 outubro: 14h00 – A standardização como fator-chave para a competitividade 17h00 – A Indústria de Moldes 4.0 – Robótica e 5 eixos
“MÁQUINAS DE INJEÇÃO E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL” Dia 1 de outubro >> 14h00 Rita Garcia* * AGI
- A quem se destina este seminário? O que esperam em relação à participação? Este seminário destina-se a empresas do sector, tanto dos moldes, como da injeção pois ao ser um tema de futuro interessa a todos os que estão nesta área de atividade. Em relação à participação esperamos, como sempre, uma assistência interessada, e abranger mais empresas destes sectores de atividade. Em traços gerais, qual principal mensagem que vão deixar à indústria de moldes nesta vossa apresentação? A apresentação que faremos vai abordar a Inteligência Artificial no processo de Injeção, mais concretamente nas máquinas de injeção totalmente elétricas.
Hoje em dia, no âmbito da ‘Indústria de 4.0’, várias empresas dispõem de soluções que permitem assegurar esta garantia de qualidade no processo. Qual a diferença em relação à vossa? No mercado sempre nos posicionamos com tecnologias de ponta, mesmo quando o sector ainda estava pouco recetivo a elas, mas estamos certos de que este é o caminho que permitirá (às empresas) continuar a desenvolver-se com inovação, rapidez e velocidade numa área industrial em que todos estes pontos estão cada vez mais na ordem do dia, quer de hoje e quer do futuro. Como classifica a forma como as empresas de moldes veem, hoje em dia, as tecnologias que apoiam a gestão e melhoram a qualidade na produção dos moldes? As empresas estão mais atentas e muito recetivas a novas tecnologias e formas de trabalho inovadoras, pois estas são uma ajuda importante para uma maior sofisticação e valor acrescentado no produto final.
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“REDUÇÃO DE TEMPOS DE PRODUÇÃO E OTIMIZAÇÃO DA FERRAMENTA NA MAQUINAÇÃO DE MOLDES” dia 1 de outubro >> 17h00
Bruno Gonçalves*
* Administrador da Tecnirolo
neste
Naturalmente que ganhando tempo, as empresas traduzem-no em dinheiro.
A nossa apresentação vai ser feita em conjunto com a MMC Hitachi que é uma marca de ferramentas. A ideia é aproveitar as ferramentas perfiladas de luneta e barril que têm, que são novas, com novas geometrias, e vão ser aplicadas aos nossos novos algoritmos do software. No conjunto, software e ferramentas vão ser utilizados para melhorar o desempenho de produção, sejam os tempos de fabrico, seja a qualidade das peças. Trata-se de uma ferramenta para a maquinação para introduzir melhorias nas zonas moldantes.
A indústria de moldes está sempre em busca da otimização do processo produtivo para conseguir fazer maior rapidez e, consequentemente, reduzir custos. Ganhar competitividade. Estas tecnologias vêm permitir melhorar. É esta a filosofia das duas empresas e é neste sentido que queremos apresentar este produto, uma ferramenta que vai entrar em comercialização em 2019 com um software que já existe no mercado e já está em utilização.
- Que produto seminário?
vão
apresentar
- O seminário foi escolhido para fazer a primeira apresentação desta ferramenta? É a primeira vez que fazemos a apresentação. As ferramentas são totalmente novas, estão a ser desenvolvidas no Japão. Neste momento, estão ainda a ser feitas experiências pelo que ainda não estão em comercialização. No seminário, vamos levar algumas. Até lá, nesta fase de estudo, estamos a aplicá-las em moldes reais. - Quando esperam começar a comercializar esta ferramenta? Esperamos começar a comercializar a partir do próximo ano. O software já está implementado em alguns clientes e já tem esse algoritmo em testes para a produção. Será rentabilizado em quando as ferramentas estiverem testadas e aprovadas. - Que ganhos permite esta ferramenta às empresas? O sistema permite reduzir tempos de produção. Estamos a fazer ainda testes e vamos ter resposta concreta em relação à percentagem de redução desses tempos na “Semana de Moldes”.
- A sua aplicação não obriga a mudanças na estrutura das empresas? Não, de todo. É uma ferramenta aplicada aos meios tecnológicos já existentes, com as máquinas que a empresa já detém. A única particularidade é a geometria da ferramenta. O software vai aproveitar essa geometria em melhores condições. Saliento que isto não é aplicado em todo o tipo de peças, mas há um número muito grande que permite esses ganhos. - Que adesão esperam por parte das empresas? É a primeira apresentação que vamos fazer. Temos falado com os clientes que estão a participar nos testes e a resposta tem sido muito positiva. Esperamos que as pessoas abram a sua mente para outros processos que não os clássicos de acabamento e ataque a uma peça, conseguindo ganhar tempos em alguns tipos de peças. E não perdendo qualidade que é um dos pontos importantes. O que estamos a falar é em ter uma peça fresada, de qualidade necessária e suficiente. Há situações em que se abusa no acabamento quando se pode relaxar um bocadinho e tirar resultados de qualidade, ganhando tempo. Este processo permite a maior parte dos acabamentos, exceto os espelhados.
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“GARANTIA DE QUALIDADE NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE MOLDES” Dia 2 de outubro >> 14h00 João Ferreira* * S3D
- Que expectativas tem em relação a este seminário e a quem se destina? À semelhança de edições anteriores, vamos realizar um seminário técnico. Este ano terá como tema ‘Garantia de Qualidade no Processo de Produção de Moldes’. Este seminário destina-se a responsáveis dos departamentos de Qualidade e Engenharia, assim como a decisores de processo. A nossa expectativa é alta, pois esperamos um público participativo que permita a discussão do processo que vamos apresentar e também a troca de conhecimentos. - Em traços gerais, de que trata esta vossa apresentação (software? máquinas? ferramentas?) A nossa apresentação “Garantia de Qualidade no Processo de Produção de Moldes” apresentará soluções de metrologia ótica 3D, tanto software como hardware, que visam a garantia de qualidade em todas as etapas do processo de produção de moldes, desde as peças maquinadas, aço e elétrodos, até à peça final em plástico. - Numa perspetiva da ‘Indústria de 4.0’ qual é a mais valia da vossa solução? A garantia de qualidade no processo já existe em muitas
empresas, mas com processos estabelecidos há décadas, a que foi adicionada a evolução normal do processo, aliada à evolução dos equipamentos. Mas os responsáveis do processo devem perguntarse sobre ‘que meios humanos e materiais estão envolvidos’? ‘Quão interativa é a partilha de informação, primeiro dentro de casa, e depois com fornecedores e clientes’? ‘Em que tempo temos acesso à informação’? A nossa solução vem justamente dar resposta a estas questões, porque dá mais informação não só a pontos, mas à forma, e, por essa razão, com maior qualidade e mais rapidamente. Isto porque conseguimos inspecionar desde uma fase muito inicial da produção do molde, passando pela peça em plástico e até à estabilização dos parâmetros e condições de enchimento na máquina de injeção. Esta informação pode de imediato ser partilhada, desde logo mais cedo, ficando disponível para análise e discussão, com recurso a meios digitais com toda a estrutura interna assim como intervenientes externos.
Como classifica a forma como as empresas de moldes veem, hoje em dia, as tecnologias que apoiam a gestão e melhoram a qualidade na produção dos moldes? Com alguma preocupação. A cultura portuguesa é muito resistente à mudança. O investimento em tecnologia que ajude a prevenir os problemas ainda é escasso, apesar de obrigar a gastos maiores na resolução de problemas numa fase posterior.
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“GESTÃO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO NA INDÚSTRIA DE MOLDES” Dia 2 de outubro >> 17h00
Bruno Sousa* * TCA
- A quem de destina este seminário? Que expectativas tem em relação à participação? Os moldes são dos sectores mais competitivos na nossa indústria. Só com excelência, tecnologia e inovação é que podemos enfrentar as ameaças externas que nos chegam dos quatro cantos do mundo. Este seminário destina-se às empresas que veem na inovação e na melhoria de processos o caminho para o sucesso. Sendo uma temática que aborda precisamente essa melhoria de processos, julgo que todos os empresários responsáveis irão querer estar presentes. - Em traços gerais, de que trata esta vossa apresentação? Acima de tudo iremos falar de estratégia. Mais do que uma abordagem técnica, preferimos falar de processos e conceitos. Como podem as nossas empresas tornar-se mais competitivas com base na utilização consciente da tecnologia? Que desafios enfrentam todos os dias e que são críticos para a sua produtividade? Que processos podem ser otimizados com impacto claro na competitividade? Que importância tem a rastreabilidade da informação na comunicação interna? E ao nível externo, com clientes, fornecedores e parceiros de desenvolvimento? Será que está no momento de rever alguns dos procedimentos atuais com base na evolução tecnológica que estamos a viver? Resumindo, estaremos preocupados em transmitir uma visão diferente de competitividade tecnológica, baseada em processos e estratégias. - Hoje em dia, no âmbito da Indústria de 4.0 várias empresas fornecedoras dispõem de soluções que permitem fazer esta gestão do ciclo de vida do produto. Qual a diferença em relação à vossa? A Indústria 4.0 não é mais que um enorme chavão que veio trazer a discussão para aquilo que a generalidade das nossas empresas de moldes faz há alguns anos. O impacto deste conceito na nossa organização não fez mais que corroborar o bom caminho que estamos a percorrer há já vários anos, e a principal diferenciação que sentimos face aos processos que muitas destas empresas já utilizam prende-se com a adequabilidade das nossas soluções. Em poucas semanas podemos implementar soluções à medida que, comparativamente com os processos tradicionais, poderiam levar anos a desenvolver. A nossa indústria atingiu níveis de competitividade tão exigentes que não se compadecem com estes processos morosos e difíceis. Julgo que temos de ser mais
agressivos, exigentes e cautelosos com a utilização dos nossos recursos, por forma a canalizarmos todos os esforços e know-how para o core da atividade.
- Como classifica a forma como as empresas de moldes veem, hoje em dia, as tecnologias que apoiam a gestão na produção dos moldes? Antigamente, cada empresa tinha uma carteira curta de moldes para executar, com complexidades reduzidas e com uma gestão muito próxima feita pelo próprio responsável da empresa. A mesma pessoa negociava com o cliente, acompanhava a produção do molde, ia aos primeiros ensaios e às vezes ainda ia à bancada mostrar ao operador como se fazia. Hoje a competitividade obriga a organizações muito mais profissionalizadas, com outro tipo de agentes que têm de comunicar entre si e ser perfeitamente consentâneos com o planeamento da produção. Este planeamento já não pode estar na cabeça de um diretor, tem de ser conhecimento partilhado entre todos os intervenientes e gerido de forma profissional e automatizada. Hoje o número de moldes, prazos e principalmente a sua complexidade mudou radicalmente e as empresas têm de acompanhar essa mudança com base na utilização de soluções tecnológicas que lhes permitam ser mais competentes.
- Como encara o futuro deste sector, sobretudo a nível de inovação tecnológica? O sector dos moldes está presente em tudo nas nossas vidas desde a simples escova de dentes quando nos levantamos de manhã até aos componentes mais exigentes do avião que nos transporta aos quatro cantos do mundo. Esta abrangência de soluções e complexidade de alguns componentes obrigam constantemente a rever processos e a procurar soluções cada vez mais avançadas tecnologicamente. A própria comunicação e exigências com o mercado obrigam igualmente a uma constante inovação. Os clientes já não pretendem receber um desenho por email, querem poder consultar o seu projeto e ter imediatamente uma imagem virtual do seu produto, com toda a informação disponível. A inovação faz parte desta indústria e à medida que se vão aumentando as exigências e a complexidade dos produtos, maior será a preponderância do avanço tecnológico.
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“A STANDARDIZAÇÃO COMO FATOR-CHAVE PARA A COMPETITIVIDADE” Dia 3 de outubro >> 14h00 Pedro Bernardo*
José Silva*
* Tebis
* Hasco
- Qual a principal mensagem que a Tebis pretende passar ao sector com este seminário?
- Este é uma seminário que vai ser falado a mais do que uma voz. Que principal mensagem vai a Hasco deixar?
Em traços gerais, o seminário vai tentar demonstrar a facilidade que existe em aproveitar toda a informação que está no mercado, nomeadamente na indústria de moldes, na ‘cloud’ da Hasco através da internet, e com o software da Creo da PTC. A importância da interpretação desses dados e depois a passagem ao Tebis para a sua maquinação em automático. No fundo, a demonstração da standardização dos processos de uma forma eficiente e eficaz na sua aplicação.
Os três, em conjunto, vamos apontar as vantagens da standardização. No caso da Hasco, vendemos os componentes standard, mas vamos explicar que apenas isso não é suficiente. As pessoas, para terem a plenitude do benefício da standardização, têm de escolher e utilizar também os processos standard. Nós, Hasco, tentamos apoiar o sector da forma como vamos conseguindo: facultando e aplicando toda a informação que vamos recebendo da casa-mãe, no sentido de ajudar os clientes. Neste seminário, vamos mostrar ao mercado um exemplo do benefício da utilização do standard, seja nos processos, seja nos componentes. E vamos demonstrá-lo recorrendo a muitos casos práticos.
- É um tema para o qual a indústria está sensível? Sim, acredito que neste momento é um tema muito importante para o sector. A indústria tem muito trabalho feito, mas há muito a fazer no sentido de convencer as pessoas para que elas vejam que é possível fazer melhor. Ou seja, há muito trabalho para fazer, para ser implementado e há muito trabalho para fazer na crença das coisas acontecerem, de mudarem. E isto porque ainda existe a mentalidade de que o molde é uma peça individual e única (e é) e que é extremamente difícil fazer standardização quando estamos a falar em peças exclusivas. Quando se fala em standardização, as pessoas ainda pensam em peças todas iguais, mas o que estamos a dizer é que são os processos que são iguais, são processos standard, independentemente da peça ou do tipo de peça que estamos a trabalhar. - Já há muitas empresas a adotar a standardização ou há ainda um longo caminho pela frente? Ainda há uma parte considerável que é preciso convencer. Por isso, este seminário destina-se essencialmente a utilizadores do dia a dia para que, numa primeira fase, possam perceber que é fácil executarem as tarefas diárias, mas também para os diretores de produção para que percebam que através da standardização podem cumprir melhor os prazos e ter uma garantia mais estável dos processos. E é um seminário importante também para o diretor da empresa ou do planeamento porque sabem o caminho e percebem a maior facilidade que têm para lá chegar. No fundo, para atingir esses objetivos e preparar a sua empresa para o futuro. Sem a standardização não podemos dar o passo para a ‘Indústria 4.0’.
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- Para o mercado a standardização e as suas vantagens não são novidade…? Pois não. Mas vamos mostrar ao mercado o real benefício do cruzamento da utilização de processos standard com componentes standard. Muitas vezes, assistimos a que os clientes não compreendem bem a vantagem deste cruzamento porque, por vezes, estão a ganhar tempo por comprar e aplicar os componentes standard nos moldes, mas os reais benefícios (poderiam ganhar mais dinheiro, por exemplo) de utilizar também os processos, não os aplicam. Vamos então mostrar desde a parte do conceito, o standard integrado no projeto de molde e depois a forma de conciliar com a otimização dos processos de produção, que vai desde a fresagem e por aí fora. - Pela sua experiência, há muitas empresas que já adotam a standardização? As empresas conseguem compreendê-la e até veem os seus benefícios, mas daí até à adoção… Por vezes, é um caminho longo. É preciso que as empresas passem por quebrar hábitos de trabalho e essa é a parte que é, realmente, um grande desafio para a indústria. Este sector é constituído por pessoas que trabalham há muitos anos da mesma forma e aquilo que sempre fizeram e como fizeram é tido como uma verdade absoluta. - Há resistência à mudança… Exatamente. E, por vezes, essa resistência até nem está do lado dos empresários, está do lado do sector produtivo, no chão de fábrica. E aí é que é preciso chegar e conseguir implementar a mudança.
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“A INDÚSTRIA DE MOLDES 4.0 - ROBÓTICA E 5 EIXOS” Dia 3 de outubro >> 17h00 Francisco Neves* * DNC Técnica
- A quem se destina e no que vai consistir este vosso seminário técnico? Este seminário destina-se, sobretudo, aos fabricantes de moldes, quer aos técnicos de produção, quer aos técnicos de projeto. Queremos apresentar algumas novidades no que diz respeito à maquinação na abordagem dos cinco eixos, sobretudo a nível da precisão. Fala-se muito dos cinco eixos mas vamos fazer uma abordagem a essa temática ligada à precisão da maquinação com estas técnicas, também na parte da automação e robotização, seja de células ou pequenas automatizações. Vamos procurar desmistificar algumas ideias que existem. Por exemplo, quando se pensa em automatização pensa-se em células fechadas e produções massivas, mas existem muitos passos que, no nosso entender, podem ser automatizados sem colocar muitos automatismos. São soluções simples, mas que ajudam a cadeia da produção dos moldes. - Qual é a essência desta vossa apresentação: máquinas, ferramentas, software…? No caso dos cinco eixos, apresentamos máquinas e soluções específicas. Na parte da automação e da robotização, falamos de vários módulos de software que são desenvolvidos por nós e que podem ser aplicados no todo ou parcialmente. Por exemplo, na erosão, na maquinação de peças ou no controlo e que envolve software e aparelhos de medida. - As vossas soluções podem ser aplicadas em máquinas que as empresas já tenham ou é necessário que adquiram novos equipamentos? São soluções que podem ser aplicadas em equipamentos que as empresas já têm. Neste momento, por exemplo, temos um projeto para automatizar uma máquina que já existe. Vamos fornecer e instalar o robot e fazer o mesmo com o software que gere o robot e a máquina que já existe no cliente. - Hoje em dia, há muitas empresas fornecedoras que no âmbito da ‘Indústria 4.0’ dispõem de várias soluções deste tipo. Qual é a principal diferença em relação à vossa solução? A principal diferença que podemos aportar à indústria é que, no nosso departamento de automação e robótica, temos uma pessoa
com muita experiência nos moldes, que conhece bem o processo no terreno. O software foi desenvolvido mas acompanha o processo produtivo que é evolutivo. Hoje não se produz um molde como se fazia há dez ou cinco anos. Conhecemos bem a realidade dos moldes e rapidamente podemos adaptar e sugerir melhorias no processo. Existem muitas soluções standard, nós também as temos, mas que depois pecam por não se adaptarem às características de determinadas empresas. É essa a diferença que queremos fazer nas soluções que estamos a implementar. - Enquanto fornecedor, como é que está a acompanhar a adesão às novas tecnologias pela indústria de moldes? A indústria está a dar passos, está a fazer grandes investimentos e está muito atenta às soluções tecnológicas que existem, quer de maquinação, quer de software, quer de projeto. No entanto, a nível do processo achamos que - e é aí que queremos marcar um pouco a diferença - há empresas que descuram alguns detalhes quando fazem os investimentos. Os equipamentos que adquirem são bons só que a curva de ‘payback’ pode demorar muito mais tempo por pequenos aspetos que são descurados no processo produtivo. É nesta questão que conseguimos fazer a diferença, com o know how que temos. Podemos, efetivamente, apoiar a indústria a melhorar nesses pequenos detalhes, ganhar muito tempo e rentabilizar melhor os investimentos. - Como encara o futuro do sector dos moldes? Tudo indica que este sector vai continuar a crescer e a evoluir. Claro que estamos muito dependentes de fatores externos que não controlamos, até porque a indústria de moldes é uma indústria exportadora a mais de 90%. Portanto, estamos muito dependentes dos grandes players e dos grandes clientes dos moldes a nível mundial, nomeadamente a indústria automóvel. se não houver nenhum fator externo, seja político ou de mercado geral, que afete a indústria como um todo - seja dos moldes, seja das restantes áreas - penso que o sector tem espaço para crescer. Claro que não nos podemos esquecer que tem a concorrência da Ásia ou do Leste da Europa, mas a nossa indústria tem demonstrado, ano após ano, que Portugal consegue ser competitivo e consegue aumentar a quota de mercado e o volume de negócios. Portanto, estamos a fazer bem e no bom caminho.
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A NOVA MAKINO D200Z Elevada qualidade de superfície e precisão a partir de um centro de maquinação vertical de 5 eixos ultra-compacto facilmente automatizado Qualidade superior de superfície, exatidão, tamanho compacto e produção facilmente automatizada são as principais características do novo D200Z, o mais recente modelo de 5 eixos da Makino na bem-sucedida série D. ELEVADA QUALIDADE DE SUPERFÍCIE E EXATIDÃO EM 5 EIXOS As máquinas da Makino são conhecidas pela sua rigidez, estabilidade e precisão. O D200Z não é exceção, com a sua base compacta, suporte em 3 pontos e baixo centro da coluna de gravidade. A configuração em forma de Z do eixo B permite um efeito mínimo do peso da peça a maquinar independentemente do ângulo de posicionamento. Além disso, garantese uma alta rigidez através de um curso otimizado e circuito de força minimizado. Em combinação com um sofisticado controlo térmico para garantir uma remoção eficaz do calor, a estrutura rígida da máquina possibilita o elevado grau de exatidão de maquinação.
Vista frontal do D200Z
A função inteligente GI-Smoothing, uma função standard com o mais recente controlador Professional 6 da Makino, otimiza o curso quando as tolerâncias CAM são demasiado aproximadas para um corte simultâneo em 5 eixos e, consequentemente, elimina as marcas indesejadas nas superfícies a maquinar, alcançando uma qualidade de superfície excelente e até então desconhecida. MAIOR PRODUTIVIDADE O aumento de exatidão e qualidade de superfícies foi alcançado sem comprometer a velocidade e produtividade. O D200Z oferece avanços rápidos de alimentação e corte – X, Y, Z: 60 000 mm/min e acelerações de 1,5 g nos eixos X- e Y e 2,0 g no eixo Z. Mais, um sistema de fixação de ponto zero está integrado na mesa para reduzir tempos de preparação, permitindo uma redução do tempo de processamento geral. FUNCIONALIDADE INTELIGENTE Com o mais recente controlador Professional 6 (PRO 6) da Makino, o D200Z está equipado com várias funções inteligentes para aumentar a produtividade da máquina. O controlador foi desenvolvido para responder às necessidades dos clientes de melhorar os processos de maquinação através de uma segurança melhorada, facilidade de operação, fiabilidade e produtividade. PROTEÇÃO CONTRA COLISÕES – SISTEMA DE PREVENÇÃO CONTRA COLISÕES EM TEMPO REAL
Mesa de 5 eixos rígida e dinâmica semelhante ao design do popular D800Z da Makino
Toda a produtividade potenciada vem com medidas de segurança de alta tecnologia, graças à “Proteção contra Colisões”, um sistema de prevenção contra colisões em tempo real muito avançado que é particularmente importante e eficaz em aplicações de 5 eixos. Em termos estatísticos, a causa mais frequente de danos em veios é uma colisão.
Os principais fatores de contribuição são erros humanos na operação, instalação, edição, utilização de ferramentas e fixação – todos erros que ocorrem na própria máquina. A proteção contra colisão leva em consideração condições de maquinação reais para evitar colisões. LAYOUT ULTRACOMPACTO A máquina oferece cursos dos eixos X, Y e Z de 350 x 300 x 250 mm e pode suportar peças até 300 mm de diâmetro, 200 mm de altura e 75 kg de peso. E tudo isto numa presença ultracompacta de 1500 x 2200 mm. CONCEBIDO PARA TRABALHAR SEM OPERADOR D200Z com carregador de matriz de 100 ferramentas
O D200Z está apto tanto para o manuseamento de paletes como de peças com a porta de persianas robotizada facilitando o caminho até à automação. As soluções de automação inteligentes da Makino incluindo sistemas complexos com robôs de 6 eixos, bem como sistemas de automação standard disponíveis no mercado, podem ser facilmente integradas com a máquina. MELHOR EM TERMOS DE ESCALABILIDADE
D200Z com sistema de paletes Microbo Mi15 e ATC100
O D200Z foi construído tendo em mente a produtividade e rentabilidade. A máquina oferece a melhor solução em termos de escalabilidade para fazer face às várias exigências de produção, permitindo à máquina crescer com as necessidades de negócio. Além do ATC standard de 20 ferramentas, também estão disponíveis o ATC de 40 ferramentas e o carregador de matriz de 100 ou 300 ferramentas para retro ajuste. Tanto o ATC standard de 20 ferramentas como o ATC de 40 de dupla capacidade podem ser acedidos a partir da parte da frente e comodamente montados dentro do mesmo protetor contra salpicos, mantendo a máquina ultracompacta. Lançado na Europa no Fórum Die & Mould da Makino, em janeiro de 2017, o mais recente membro da família da série D é certamente uma proposta atrativa, em particular quando existem grandes exigências relativamente à qualidade de superfícies, exatidão, produtividade e tamanho.
D200Z com o robô Fanuc CR-35iA
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NEGÓCIOS BUSINESS Economia, mercados, estatísticas Economy, market information, statistics
Ano de 2018 – exportações: que evolução?
Gestão de Recursos Humanos e o princípio de Peter
Indonésia - um mercado em crescimento
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ANO DE 2018 – EXPORTAÇÕES: QUE EVOLUÇÃO? JOSÉ FERRO CAMACHO *
*IADE / Universidade Europeia e BIID
1. COMÉRCIO INTERNACIONAL DE TOOLING A nível mundial, entre 2010 e 2017, as exportações de bens progrediram a uma taxa composta de crescimento anual de 4,6%, em Euros correntes. No mesmo período as exportações da UE28 desenvolveram-se a uma taxa equivalente de 4,5%. Esta proximidade evidencia a redução do contributo nos últimos anos para o crescimento das exportações das economias asiáticas. Embora com um padrão com semelhanças, as exportações de TDM (todas as categorias1) cresceram a taxas correspondentes superiores, 8,2% à escala mundial e 7,8 % na UE28. Os cinco principais exportadores contabilizaram em conjunto USD 8,5 mil milhões e 58,7%. Em conjunto com os cinco principais seguintes exportadores totalizaram 79,9%, em 2017. Neste período em análise, a China é o principal exportador, embora sem evolução da quota de cerca de 25% a seguir a 2015. Neste período, o principal perdedor em valor e relativo parece ser o Japão, recuando de uma quota de 12% em 2008 para 6% em 2017. Após um crescimento anterior, a Coreia recuou um pouco desde 2014. A Alemanha e a
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F1 – Exportações Mundiais e UE28, Todas as Categorias, EUR milhões de milhões, 2008 – 17
F2 – Exportações Mundiais e UE28, Todas Categorias TDM, EUR mil milhões, 2008 – 17
Itália mantiveram a sua quota e aumentaram em valor absoluto – 8,6% e 7,3% e USD mil milhões 1,3 e 1,1, respetivamente. O Canadá cresce a partir de 2011, embora direcionado ao mercado da NAFTA.
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Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F3 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Exportadores, USD mil milhões, 2008 – 17
F4 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Exportadores, USD mil milhões, 2008 – 17
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F9 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Importadores, %, 2008 – 17
F10 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Importadores, %, 2008 – 17
2. EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS A nível da UE28, entre 2010 e 2017, as exportações de TDM bens progrediram a uma taxa composta de crescimento anual de 7,8%, em Euros correntes. No mesmo período as exportações da UE28 de moldes para plástico ou borracha (MPB) desenvolveram-se a uma taxa equivalente de 7,6 %. Nestes anos, as exportações portuguesas cresceram a taxas correspondentes superiores, 8,2% para TDM (todas as categorias) e 11,7 % para MBP.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F5 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Exportadores, %, 2008 – 17
F6 – Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Exportadores, %, 2008 – 17
No capítulo das importações, os EUA e o México são os principais destinos das importações em 2017, com USD mil milhões 3,9 e 2,5, respetivamente. Assiste-se igualmente a uma redução absoluta e relativa das importações da China. As importações por parte da Alemanha e do Japão cresceram igualmente em termos absolutos para USD mil milhões 2,0 e 1,2. No domínio dos mais pequenos, o Vietname e a Índia merecem destaque, embora neste segundo caso se assista a uma redução após 2015.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC – Trademap; Nota: MPB – Moldes para Plástico ou Borracha
F11 – Exportações UE28, TDM e MPB, EUR milhões, 2008 – 17
F12 – Exportações Portuguesas, TDM e MPB, EUR milhões, 2008 – 17
As exportações portuguesas têm apresentado como destinos principais a Alemanha, a Espanha e a França. Embora de forma lenta, a quota conjunta dos três maiores mercados têm vindo a decair de 65% no início do intervalo para 55% em 2017. Neste ano, a Rep. Checa (6,0%), a Polónia (5,2%), os EUA (4,8%), o México (4,4%) e o Reino Unido (3,2%) constituem os cinco maiores destinos seguintes.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F7 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Maiores Importadores, USD mil milhões, 2008 – 17
F8 – Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, 5 Seguintes Importadores, USD mil milhões, 2008 – 17 Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC – Trademap; Nota: MPB – Moldes para Plástico ou Borracha
F13 – Exportações MPB em Con- F14 – Exportações Portuguesas junto para Alemanha, Espanha MPB, Quota por País, %, 2017 e França, % do total, 2008 – 17
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3. PERSPETIVAS PARA 2018 O resultado deste ano é perpectivado a partir da informação mensal já existente, até ao mês de maio, e dos dados históricos de anos anteriores. A avaliação inclui três instrumentos: 1. A análise do volume acumulado de exportações dos meses com dados existentes de 2018, de janeiro a maio, comparados com o valor acumulado dos anos anteriores; 2. A análise do volume acumulado dos 12 meses anteriores, isto é, de junho de 2017 a maio de 2018, quando comparado com períodos idênticos de anos anteriores;
Da mesma forma, a avaliação do valor acumulado nos últimos doze meses – Junho de 2017 a maio de 2018 – é superior a anos anteriores avaliados da mesma forma. Na comparação de meses homólogos, apenas março de 2018 exibe um valor inferior a Março de 2017. Todos os restantes meses exibem valores iguais ou superiores. Perspetiva: com os dados actuais, 18% a 21% superior a 2017.
3. A comparação de meses homólogos nos 12 meses prévios. 3.1 PRINCIPAIS MERCADOS
Alemanha As exportações para a Alemanha exibem um comportamento positivo, qualquer que seja o instrumento de análise. O valor acumulado nos primeiros cinco meses é superior aos anos anteriores.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F15 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, EUR milhões, 2014 a 2018
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F16 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F17 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
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Espanha As exportações para a Espanha exibem um comportamento negativo, qualquer que seja o instrumento de análise. O valor acumulado nos primeiros cinco meses é inferior ou igual ao ano de 2014. Da mesma forma, a avaliação do valor acumulado nos últimos doze meses – Junho de 2017 a Maio de 2018 – é apenas Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat superior ao ano de 2015_16. F18 – Exportações Mensais Na comparação de meses Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, homólogos, todos os últimos EUR milhões, 2014 a 2018 12 meses exibem valores inferiores aos de meses homólogos. Uma avaliação complementar a partir dos dados de importação de Espanha (gráfico não apresentado) mostra Portugal e a China penalizadas em valores semelhantes durante estes meses de 2018. Perspetiva: com os dados actuais, 58% a 70% do valor de 2017.
Perspetiva: com os dados actuais, 4,7% superior a 2017 ou a 97% do valor de 2017.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F22 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F23 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
Uma avaliação em conjunto dos três principais mercados permite uma caracterização próxima do padrão histórico dos últimos anos: uma tendência crescente do mercado alemão, que poderá até acentuar-se ligeiramente; um padrão oscilante dos valores referentes aos mercados francês e espanhol, eventualmente associado a ciclos de lançamento de produtos. Os valores previstos, superior e inferior, estão de acordo com a evolução dos últimos anos. Embora, neste ano de 2018, exista uma coincidência dos valores inferiores nos dois mercados. Poderemos igualmente estar a assistir a um compasso de espera associado a decisões sobre o lançamento dos novos modelos eléctricos. Deste modo, e unicamente pelos dados actuais existentes, não é possível caracterizar estes valores inferiores como uma tendência a permanecer.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F19 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F20 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
França As exportações para a França apresentam um comportamento neutro, com uma relativa ambiguidade de resultados, em qualquer das vertentes em análise. O valor acumulado nos primeiros cinco meses é igual ou ligeiramente superior ao do ano de 2017. Da mesma forma, a avaliação do valor acumulado Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat nos últimos doze meses – F21 – Exportações Mensais Junho de 2017 a Maio de 2018 Acumuladas, Moldes para Plástico – é ligeiramente inferior ao de ou Borracha, Início em Janeiro, EUR milhões, 2014 a 2018 2016_17. Na comparação de meses homólogos, todos os últimos 12 meses exibem valores oscilantes.
Fonte: Cálculos próprios
F24 – Avaliação em Conjunto dos Três Principais Mercados, EUR milhões, 2008-2018
3.2 MERCADOS DO LESTE EUROPEU Europa do Leste Rep. Checa, Polónia, Eslováquia, Hungria, Roménia A análise conjunta das exportações para este grupo de países tem em conta que a maioria das encomendas ser dirigida à indústria automóvel e de as indústrias destes países fazerem parte dos sistemas produtivos automóveis europeus. No conjunto, as análises apresentam um recuo relativamente a 2017, embora com valores iguais ou superiores a 2016. Contudo, existem evoluções diferentes. Enquanto a Rep. Checa e
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a Hungria estão em linha com os valores de 2017 ou até um pouco superiores, a Polónia e a Eslováquia apresentam reduções significativas, embora com valores próximos aos das exportações de 2015. A Roménia apresentava valores em linha com 2017. Contudo, os valores das exportações de maio são de forma clara inferiores, que podem ser um erro ou uma descida real.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F25 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, Início em Janeiro, EUR milhões, 2014 a 2018
Perspetiva conjunta: com os dados actuais, entre 79% e 72% do valor de 2017.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F26 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F27 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
3.3 MERCADOS DA AMÉRICA DO NORTE América do Norte EUA, México e Canadá A análise conjunta das exportações para este grupo de países tem em conta a integração industrial existente. Contudo, as exportações portuguesas para o Canadá são marginais. No conjunto, as análises apresentam um crescimento Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat relativamente a 2017. F25 – Exportações Mensais Contudo, existem evoluções Acumuladas, Moldes para Plástico diferentes. Por um lado, as ou Borracha, Início em Janeiro, EUR milhões, 2014 a 2018 exportações para os EUA apresentam uma dinâmica fortemente crescente em todas as análises, com a perspetiva de terminar 2018 com valores 50% a 70% superiores a 2017. Por outro lado, a perspetiva para o México é difícil de estabelecer. Se a perspetiva a 12 meses é positiva (30% acima), a realidade de curto prazo – novembro de 2017 a maio de 2018 – é a oposta com uma redução para 34% do volume do ano de 2017. Deste modo,
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a avaliação dos resultados finais para 2018 fica muito dependente das exportações para o México. Perspetiva conjunta: com os dados actuais, entre 56% e 7% superior ao valor de 2017.
Fonte: Cálculos próprios - dados Eurosat
F29 – Exportações Mensais Acumuladas, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, EUR milhões, 2014 a 2018
F30 – Comparação Exportações Mensais, Moldes para Plástico ou Borracha, 12 Meses, Mês Homólogo, EUR milhões, 2014 a 2018
3.4 OUTROS MERCADOS
fatores mais contingentes, como a renovação de modelos, ou mais estruturais, como a introdução dos modelos eléctricos podem estar ligados a outras incertezas relatadas. Com os dados actuais, a Figura 31 apresenta os resultados agregados das avaliações individuais realizadas. No primeiro caso, o limite superior poderá apresentar um ganho de 1% a 2%. Na segunda situação, o limite inferior representa cerca de 88% do valor final de 2017. A concretizar-se, esta situação colocaria os resultados de 2018 com valores superiores aos de 2015 mas abaixo dos obtidos em 2016. Em conclusão, se se mantiverem as actuais tendências é provável que o resultado final se situe entre estes valores. Contudo, mais do que obter um resultado final “certo”, que nesta altura do ano, em finais de Julho, pela natureza do negócio estará mais ou menos determinado, embora não totalmente conhecido, interessa avaliar tendências, principal objectivo deste artigo. Deste ponto de vista, interessa sublinhar o bom comportamento dinâmico em dois dos principais mercados importadores – Figuras 7 e 9 – como nos casos dos EUA e da Alemanha. O ano de 2018 e os próximos apresentam-se como os mais incertos, como resultados de potenciais ruturas que não esperávamos. Interessa reforçar a base e abrir oportunidades de diversificação.
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Para completar a lista dos países apresentada na figura 12, faltam o Reino Unido, a África do Sul e o conjunto representado pelo Resto do Mundo. O Reino Unido (gráficos não apresentados) apresenta em todas as análises uma perspetiva de ligeiro crescimento em torno dos 4% ou 5%. A análise mensal das exportações para a África do Sul está muito condicionada pela natureza irregular mensal e pela existência de meses com excelentes performances em 2017 que não se confirmam nos dados já conhecidos de 2018. A avaliação conjunta do Resto do Mundo exibe indicadores em linha com 2017.
4. CONCLUSÕES De forma singular, não é possível atribuir um sentido único ao valor final das exportações portuguesas em moldes para plástico ou borracha para 2018. Esta incerteza é resultante da coincidência de diversos fatores e do comportamento das exportações para os países de destino. Em primeiro lugar, a coincidência de valores em baixa para Espanha e para França que não é totalmente compensada pela continuação do crescimento das exportações para a Alemanha. Em segundo lugar, a incerteza quanto ao comportamento de alguns mercados mais dinâmicos dos últimos anos, como é o caso não só do México, mas também da Polónia e da Eslováquia. Por hipótese, o primeiro caso pode eventualmente estar associado à incerteza do destino da zona de comércio livre da América do Norte – NAFTA. Os
Fonte: Cálculos próprios
F31 – Perspetiva Integrada de Evolução para 2018, EUR milhões, 20082018
___________________ 1 - Categorias HS comtempladas: 820730: Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar, intercambiáveis; 848010: Caixas de fundição; 848020: Placas de fundo para moldes; 848030: Modelos para moldes; 848041+49: Moldes para metais ou carbonetos metálicos; 848050: Moldes para vidro; 848060: Moldes para matérias minerais; 848071+79: Moldes para borracha ou plástico
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GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O PRINCÍPIO DE PETER VÍTOR FERREIRA *
* Dom Dinis Business School
Selecionar e promover colaboradores é algo que nem sempre é bem entendido nas empresas portuguesas. Na indústria de moldes o mérito técnico dos bancadeiros e a qualidade da tecnologia reinaram durante décadas. Contudo, as bases de conhecimento complexificaram-se e uma “empresa de moldes” passou a ser uma empresa de engenharia, de desenvolvimento de produto, onde o conhecimento tácito acumulado pelos técnicos (o “saber fazer”) é agora apenas uma peça de um complexo puzzle que exige conhecimentos de engenharia mecânica, de CAD/ CAM, de engenharia de materiais, de qualidade e otimização, de design, de marketing, de gestão de projetos, de gestão financeira, de estratégia, de controlo orçamental e, crescentemente, de programação/ engenharia informática. Esta complexidade conhecimento, de tarefas e de funções exige aos empresários e gestores um tipo de gestão mais moderna, centrada nas pessoas e na transformação do seu conhecimento e motivação em outputs que acrescentam valor. As pessoas dentro da organização devem ser escolhidas de acordo com cada função (para isso é necessário identificar e estudar as várias funções da organização, de modo a obter uma estrutura organizacional otimizada). Desta forma, a seleção, avaliação e análise da função são parte da mesma equação fundamental para a correta gestão das pessoas dentro de cada organização. É precisamente no meio desta equação que se intromete de forma negativa o famoso “princípio de Peter”. Ninguém sabe se em 1968 Laurence J. Peter estava a brincar quando formulou o seu famoso princípio: “Numa hierarquia cada empregado tende a subir ao seu nível de incompetência”. Se um empregado tem um bom desempenho, deve ser recompensado com uma promoção. Se ele tem novamente um bom desempenho, será promovido novamente. E este processo de promoção continua até ao ponto em que as suas competências deixam de estar ajustadas em relação à sua função. Desta forma, no âmbito da gestão de recursos humanos, é tradicional enfatizar que alguém deve ser promovido de acordo com a sua capacidade de desempenhar as novas funções e não pelo seu excelente desempenho nas anteriores. De forma redutora, um exemplo da área comercial pode ilustrar esta questão. Se um diretor-geral tiver de promover alguém para o cargo de diretor comercial pode ser tentado a escolher o vendedor com a melhor performance. Contudo, um excelente vendedor pode não ser um bom organizador, líder, motivador e “controlador” de uma equipa de vendas. Desta forma, a empresa pode perder um excelente vendedor e ganhar um mau diretor. Recentemente, Alan Benson, da Universidade de Minnesota, Danielle Li, do MIT, e Kelly Shue, de Yale, analisaram o
desempenho de 53.035 funcionários de vendas em 214 empresas americanas de 2005 a 2011 e conseguiram verificar que afinal este princípio é de facto verdadeiro (em tendência e não de forma absoluta, como sempre acontece na gestão e na economia). Os investigadores conseguiram identificar a repetição do padrão de promoção de colaboradores com base em desempenhos de vendas que posteriormente apresentavam dificuldades em funções e ordem diferente. O trabalhador mais produtivo nem sempre é o melhor candidato a gestor, e, no entanto, as empresas têm maior probabilidade de promover os melhores vendedores para cargos de gestão. Uma empresa que confia demasiado nas vendas como critério de promoção paga assim duas vezes pelo erro. A remoção de um vendedor de alto desempenho da “linha” pode prejudicar o relacionamento com os clientes e colocar em risco a receita dessas contas. A equipa que estará sob sua direção está em maior risco de baixo desempenho. Estas descobertas salientam a possibilidade de que a promoção baseada em habilidades profissionais de nível mais baixo, em vez de habilidades de gestão é extremamente cara. Sendo assim, a correta promoção deve ser sempre baseada num “matching” entre experiência, competências relacionais, competências técnicas, perfil, conhecimentos adquiridos, formação, personalidade, motivação e as caraterísticas da nova função (entrevistas, psicotécnicos, avaliações “on the job”, serão assim essenciais, mesmo num processo de promoção interna). Deste modo, a recompensa de um excelente vendedor (ou de outro colaborador) não tem de ser a promoção (quando este não é adequado à nova função), mas pode ser sim a existência de prémios e/ou outras recompensas não monetárias. Este princípio tem ecos em outras áreas, quando em organizações (empresas familiares, partidos, instituições públicas) as pessoas são promovidas por motivos de confiança (política, institucional, familiar) e não pela sua capacidade de desempenhar o cargo. Ora, se em alguns cargos/funções existem técnicos para auxiliar os recémpromovidos, outras tantas organizações não têm esses técnicos ou confiam demasiado nas pessoas escolhidas, com um impacto negativo na produtividade, qualidade das decisões ou no próprio rumo estratégico. Claro, podemos argumentar que a maioria das pessoas com tempo, experiência, formação, treino, poderão vir a ser melhores diretores e decisores, mas a verdade é que o tempo e custo de adaptação estão sempre lá. Se é liderado por pessoas genuínas e inspiradoras, lembre-se de que é um estado um tanto raro e frágil que não deve ser dado como garantido, porque, por vezes, a incompetência é a norma.
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NEGÓCIOS BUSINESS
INDONÉSIA: UM MERCADO EM CRESCIMENTO JOSÉ FERRO CAMACHO *
* IADE / Universidade Europeia e BIID
1. INTRODUÇÃO O artigo apresenta um resumo do “Estudo de Oportunidades na Indonésia” integrado no projeto “Engineering & Tooling from Portugal 2017-18”. Este trabalho, num total de 130 páginas, 176 figuras e 33 tabelas, inclui ainda, entre outros aspectos, uma avaliação da evolução das Cadeias Globais de Valor na região, o papel das transformações em curso na economia chinesa e o potencial de impacto sobre a economia da Indonésia. No domínio das TDM1 inclui, adicionalmente ao país em estudo, uma análise dos principais intervenientes da ASEAN: a Malásia, Singapura, a Tailândia e o Vietname. 2. A INDONÉSIA – PAÍS JOVEM E COM ELEVADO POTENCIAL A Indonésia constitui a 16ª maior economia mundial, em termos nominais. O actual crescimento tem como base um aumento do consumo doméstico e um ganho de competitividade. Até 2030, o país poderá tornar-se a 7ª maior economia do mundo, superando a Alemanha e o Reino Unido. Em simultâneo, o país continua a desenvolver a sua posição no comércio internacional, quer com base na integração na ASEAN2, quer com o desenvolvimento resultante de acordos da ASEAN com a China3 ou a Austrália, por exemplo. Desde a crise asiática de 1997-8, o país tem crescido a taxas anuais iguais ou superiores a 5% do PIB. Uma pirâmide etária jovem, cerca de 42% para população com uma idade inferior a 24 anos, e um crescimento contínuo da população, atualmente 267 milhões, coloca, por um lado, uma importante pressão para a criação de emprego e sobre os serviços de educação mas, por outro, tenderá a fazer chegar ao mercado um número substancial de novos consumidores, adicionando cerca de 30 milhões até ao ano 2030. Apesar desta pressão demográfica, o país apresenta taxas de desemprego de cerca de 4%. Durante a crise financeira global, a Indonésia superou os seus vizinhos regionais e juntou-se à China e à Índia como os únicos membros do G20 a crescerem. O deficit orçamental anual da Indonésia é limitado a 3% do PIB, e o governo reduziu o rácio dívida / PIB de um máximo de 100% logo após a crise financeira asiática de 1997-8 para 34%, actualmente. Contudo, o país ainda luta contra a pobreza, infraestruturas inadequadas, a corrupção, um ambiente regulatório complexo e a distribuição desigual de recursos entre as suas regiões. 3. O ENQUADRAMENTO REGIONAL O ajustamento económico da RPC (República Popular da China) e a sua ascensão nas CGV (Cadeias Globais de Valor) estão a abrir novas oportunidades comerciais para a própria RPC e para outros países da região. Dados sobre a produção da China confirmam que segue um modelo de maior valor acrescentado, que acompanha com o
desenvolvimento de uma capacidade de inovação. Isto implica o desenvolvimento de cadeias de valor regionais tecnologicamente mais sofisticadas e de serviços relacionados na Ásia Oriental, que podem impulsionar uma nova fase de crescimento do comércio regional e global. Os recentes passos protecionistas introduzidos pelos EUA do Presidente Donald Trump poderão contribuir para acelerar e aprofundar este processo regional. O aumento do IDE em produção na região por parte da RPC traduziu-se num aumento do rácio de importações de bens intermédios em relação às exportações de bens produzidos para outras economias regionais, de 62,9% para 73,4% entre 2000 e 2015. Existem poucas dúvidas sobre o forte papel que a China desempenhará nas relações comerciais da Indonésia com o mundo exterior num futuro próximo. 4. A EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERNO A participação da Indonésia nas CGV através das exportações é principalmente impulsionada por ligações a jusante, à medida que outros países utilizam intensivamente os produtos intermédios do país nas suas exportações. Este alto grau de participação direta está, entre outros, intimamente ligado às exportações de recursos naturais da Indonésia. Contudo, podemos incluir igualmente o ainda recente mas crescente papel desempenhado na indústria automóvel e na exportação de componentes.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F1 –Exportações de Bens, 5 Maiores Destinos, USD mil milhões, 2008 – 17
F2 – Exportações de Bens, 5 Maiores Destinos, % Total, 2008 – 17
No domínio das exportações assiste-se a uma acentuada perda de influência do Japão como destino dos fluxos comerciais da Indonésia. Em 2017, a China (13,7%) tornou-se o principal destino das exportações de bens. Seguem-se os EUA (10,6%), o Japão (10,5%), a Índia (8,3%) e Singapura (7,6%). A Malásia, a Coreia do Sul, as Filipinas, a Tailândia e o Taipei são os seguintes destinos, embora com quotas inferiores a 5% em 2017. Esta distribuição saliente a forte componente asiática e regional.
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Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F3 – Importações de Bens, 5 Maiores Parceiros, USD mil milhões, 2008 – 17
F4 – Importações de Bens, 5 Maiores Parceiros, % Total, 2008 – 17
Desde 2011, a China é a principal origem das importações de bens da Indonésia. Em 2017, esse valor ascendeu a 21,9%. Seguem-se, por ordem decrescente, Singapura (10,8%), o Japão (9,0%), que têm perdido volume e quota, e a Malásia (5,8%) e a Tailândia (5,7%). Nas 5 posições seguintes encontram-se os EUA, a Coreia do Sul, a Austrália, a Índia e a Arábia Saudita.
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC - Trademap
F5 – Exportações de Bens, 5 Principais Produtos, USD mil milhões, 2008 – 17
F6 – Exportações de Bens, 5 Principais Produtos, % Total, 2008 – 17
Os três primeiros produtos exportados pertencem à categoria 27, combustíveis minerais, num total de 18,9% em 2017. O minério de cobre (2603) é o produto seguinte, com 2,0% do total em 2017. Contudo, combustíveis e minério têm reduzido o seu peso no total. No quinto lugar emerge um produto industrial, automóveis de passageiros (8703), que representou, em 2017, 1,8% do total das exportações, embora com um crescimento acelerado como veremos posteriormente.
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC - Tradema
F7 – Importações de Bens, 5 Principais Produtos, USD mil milhões, 2008 – 17
F8 – Importações de Bens, 5 Principais Produtos, % Total, 2008 – 17
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Três das principais importações (16,5% do total de bens) continuam no capítulo 27 dos combustíveis minerais, evidenciando as dificuldades operacionais de um país produtor. Contudo, emergem também as importações crescentes de componentes para automóvel (8708) que sinalizam a posição do país na cadeia de valor regional. 5. RELAÇÕES COMERCIAIS PORTUGAL - INDONÉSIA As relações comerciais de Portugal com a Indonésia apresentamse muito limitadas: em 2017, correspondem a 0,2% dos bens importados por Portugal e a 0,03% das exportações de bens. Neste domínio, a balança comercial evidencia uma tendência desfavorável, com um saldo negativo de USD 159 milhões em 2017. Principais fluxos em 2017: Exportações - máquinas e aparelhos mecânicos (29,3%), máquinas eléctricas (11,1%), madeira e obras de madeira Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC - Trademap (5,2%), instrumentos de óptica F9 – Comércio Portugal – (5,2%) e fibras sintéticas Indonésia, USD milhões, 2008 – 17 (4,9%); Importações - calçado (30,4%), fibras sintéticas (19,8%), borracha (12,9%), peixe, crustáceos e moluscos (5,1%) e algodão (5,0%). 6. DINÂMICAS NO TOOLING 6.1. ASEAN - Importação de Moldes para Plástico ou Borracha
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Em 2017, a Malásia com 51,0% foi o principal destino das nossas exportações, seguida do Vietname com 34,6%. No mesmo ano, o Vietname, com 70,6% foi dominante no capítulo das importações, seguida da Tailândia (17,1%) e da Malásia (11,1%). Os moldes para plástico ou borracha é a principal categoria exportada em 2017, com uma participação de 86,7%, seguida das ferramentas para estampar com 9,1%.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC Trademap
F11 – TDM – Portugal – ASEAN, Comércio Internacional, USD milhões, 2008-17
No capítulo das importações, a imagem inverte-se. As ferramentas para estampar são maioritárias (77%) seguidas da categoria de moldes para plástico ou borracha (20%). No capítulo das TDM o comércio com a Indonésia é residual com um valor máximo de exportações de USD 615 milhares em 2012 e USD 110 milhares em importações no ano de 2014. 6.3. Indonésia – Comércio Internacional de TDM 6.3.1. TDM – Todas as Categorias No conjunto, as importações de TDM cresceram de forma significativa entre 2009 e 2013, de USD 176 para 523 milhões. As exportações mantiveram-se na generalidade dos anos em valores inferiores a USD 50 milhões. Entre 2010 e 2017, as importações de moldes para plástico ou borracha cresceram 183% para USD 225,4 milhões, e exibem o potencial do país.
No caso dos moldes para plástico ou borracha, em 2017, a Tailândia e o Vietname apresentam valores semelhantes de importação, um pouco superiores a USD 400 milhões, Evidenciam contudo comportamentos divergentes, com o Vietname a crescer e a Tailândia a reduzir. A Indonésia e a Malásia apresentam-se estáveis desde 2012 em torno dos USD 200 milhões.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC
F12 – Indonésia, Importações e Exportações, Todas as Categorias, USD milhões, 2008 – 17
F13 – Indonésia, Importações e Exportações, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F10 – Países ASEAN, Importações, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
6.2. Comércio Portugal – ASEAN – Todas a Categorias As trocas comerciais em TDM, todas as categorias4, para os países constituintes da ASEAN são limitadas, com valores máximos em 2016, importações da ASEAN de USD 3,2 milhões e de exportações para a ASEAN de USD 3,4 milhões.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F14 – Indonésia, Importações, Distribuição por Categorias, %, 2008 – 17
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Nos anos em análise, a maioria das importações teve lugar na categoria de moldes para plástico ou borracha (47%, em 2017), seguida das ferramentas para estampagem – 820730 (22%, em 2017). O Japão mantém-se como a principal origem das importações em TDM, embora com uma tendência decrescente. Entre 2009 e 2017, a China cresceu de um valor reduzido de USD 24,7 milhões para USD 127,4 milhões no final do período. Em quota, representa um crescimento de 9,9% para 26,6%. A Coreia exibe uma participação entre 10% e 15% e Taipei e a Tailândia com valores perto de 5%. Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F17 –Indonésia, Exportações, Países, Todas as Categorias, USD milhões, 2008 – 17
F18 – Indonésia, Exportações, Países, Todas as Categorias, %, 2008 – 17
As exportações exibem valores baixos. Como principais destinos aparecem a Malásia, o Japão, a Tailândia, a China e Singapura. Contudo, nenhum deles ultrapassa os USD 8 milhões em 2017, com uma grande dispersão em quota. 6.3.2. Moldes para Plástico ou Borracha Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F15 – Indonésia, Importações, Países, Todas as Categorias, USD milhões, 2008 – 17
F16 – Indonésia, Importações, Países, Todas as Categorias, %, 2008 – 17
No capítulo da importação de moldes para plástico ou borracha, a China emerge com uma grande dinâmica e uma taxa de crescimento médio anual de 21,67% entre 2009 e 2017. Fecha o período com uma quota de 32,9% das importações e USD 74,2 milhões. Após um período de redução, a Coreia cresceu nos últimos dois anos (USD
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48,5 milhões e 21,5%, em 2017). Nesta competição o Japão aparece como o grande perdedor, em queda desde 2012 e termina o período com USD 41,4 milhões e 18,3%, quase metade da quota de mercado que exibia em 2012. Os valores de exportação são muito limitados e não ultrapassaram um total de USD 12 milhões em 2017.
se que somente em 2012, as exportações de novos automóveis atingiram quase 200.000, com um volume de exportação esperado para atingir mais de 30% da produção total até 2017. Contudo, ainda são importados cerca de 70% dos componentes, uma situação que é suposto mudar nos próximos anos com a política industrial em desenvolvimento. 7.1. Exportações Veículos e Componentes A exportação de veículos evidencia uma mudança de direcção, com uma integração regional, à medida que o seu crescimento tem lugar. As Filipinas tomam o lugar da Arábia Saudita e alcançam 40% do valor exportado. O Vietname, embora muito atrás, exibe igualmente uma tendência crescente.
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F19 – Indonésia, Importações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
F20 – Indonésia, Importações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, %, 2008 – 17
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC
F23 – Exportações de Veículos e Componentes, USD mil milhões, 2008 – 17
Fonte: Cálculos próprios - dados de ITC - Trademap
F21 – Indonésia, Exportações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, USD milhões, 2008 – 17
F22 – Indonésia, Exportações, Países, Moldes para Plástico ou Borracha, %, 2008 – 17
F24 – Exportações de Veículos e Componentes, % do Total Automóvel, 2008 – 17
No capítulo dos componentes, a Tailândia alcança cerca de 25% do total e USD 500 milhões em 2017, constituindo o destino que mais beneficiou do aumento das exportações. Seguem-se o Japão e a Malásia, com 13,2% e 12,3% em 2017, respetivamente. Nas posições seguintes aparecem o Brasil e o México, com uma participação um pouco acima dos 5% e dos USD 120 milhões.
7. OPORTUNIDADES NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL A Indonésia é o maior mercado automóvel da ASEAN - com mais de 260 milhões de pessoas e, com um rácio de veículos de apenas 40 carros por mil habitantes, revela um potencial significativo de crescimento. As OEM japoneses dominam o mercado indonésio com a Daihatsu e a Toyota como líderes de mercado e o Mini MVP (Veículo Polivalente) como o segmento preferido. A indústria automóvel é o terceiro maior sector e contribui com 10% do PIB do país. O sector concorre para as exportações e as importações criando um fluxo comercial assinalável. As empresas globais têm investido para aproveitar o forte crescimento da maior economia do Sudeste Asiático A indústria é dominada principalmente por veículos orientados para a família. Existem outros tipos de veículos que despertam o interesse do consumidor indonésio, veículos vendidos no país são típicos veículos familiares 4x2, com as pick-up em segundo lugar. A Indonésia é também uma grande base de produção para fabricantes internacionais de todo o mundo, incluindo alguns dos líderes mundiais como a Honda, a Toyota e a Daihatsu. Estima-
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC
F25 – Exportações de Veículos, Por País, USD milhões, 2008 – 17
F26 – Exportações de Componentes, Por País, USD milhões, 2008 – 17
7.2. Importações Veículos e Componentes O ganho na importação de componentes está em linha com uma maior montagem doméstica. Novamente, a Tailândia e o Japão disputam a liderança, embora com um ganho claro do Japão (45%).
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que consiste nas províncias de Banten, Jakarta e Java Ocidental. No entanto, existe também um pequeno número de empresas localizadas na Java Central e Oriental. Os fornecedores5 de primeiro nível e os OEM dominam o mercado de peças de marca ou genuínas, concentrando-se na produção de produtos de maior valor, como sistemas elétricos, motorizações, sistemas de freios, sistemas de resfriamento e componentes de estrutura e sistemas de suspensão, e uma grande variedade de produtos de plástico, borracha e aço forjado. Fonte: Cálculos próprios a partir de dados de ITC
F27 – Importações de Componentes, Por País, USD milhões, 2008 – 17
F28 – Importações de Componentes, Por País, % do Total Automóvel, 2008 – 17
7.3. Produção Em número de unidades produzidas, a Indonésia em 2017 situou-se entre a República Checa (1.419.993) e a Itália (1.142.210) de acordo com dados da OICA.
Os fornecedores de componentes de primeiro nível são tipicamente joint-ventures entre empresas locais e estrangeiras (muitas vezes japonesas), como por exemplo a Astra International ou o Indomobil Group. Estas empresas estão principalmente envolvidas na produção de peças para o mercado de montagem de primeiro nível, que são vendidos sob marcas OEM conhecidas. Os principais intervenientes da indústria de componentes automóveis indonésios são a PT. Astra Otoparts, o Grupo Indospring, o Grupo Pako, a Bakrie Tosanjaya e o Dharma Polimetal Group. A GIAMM (Gabungan Industri Alat-Alat Mobil dan Motor, a associação da indústria de componentes para automóveis da Indonésia) conta com 161 membros, consistindo em 95 jointventures (70 com empresas japonesas); principalmente para fabricação de componentes do motor e de componentes do corpo do veículo. 8. OPORTUNIDADES NA INDÚSTRIA AERONÁUTICA 8.1. PT Dirgantara Indonesia (Persero)
Fonte: Cálculos próprios a partir de dados da OICA
F29 – Indonésia, Produção de Veículos, Unidades, 2008 – 17
No domínio da ASEAN, com 1.216.615 veículos produzidos, a Indonésia posicionou-se no segundo lugar (30,1%) dos países da ASEAN, depois da Tailândia (1.988.823 e 49,1%) e antes da Malásia (499.639 e 12,3%). As marcas asiáticas dominam completamente a produção. A Toyota (45,6%), a Honda (16,6%), a Daihatsu (15,7%), a Suzuki (9,6%), a Mitsubishi Motors (3,1%) constituíram as primeiras cinco OEM em produção em 2016 e um total 90,6% em quota. A indústria na Indonésia é centrada na região de Java Ocidental,
A empresa estatal indonésia, a PT. Dirgantara Indonesia (PTDI) é o primeiro e o maior fabricante de aeronaves na Indonésia, criado em 1976. A PTDI tem competência no projecto e no desenvolvimento de aeronaves, na fabricação de estruturas, na montagem e nos serviços para aviões de médio porte, civis ou militares. As Unidades de Negócios de Serviço para Aeronaves da PTDI também incluem MRO6, alterações e logística para certos tipos de aeronaves: CN235, NC-212-100 / 200/400, NC212i, Bell412EP, BO-105, NAS332 Super Puma, B737-200 / 300/400/500, A320, Fokker 100 e Fokker 27. A empresa7 produz várias aeronaves e helicópteros: N219, NC212i, NC212-200, C212-400, CN235-220MPA, CN235-220M, CN 295, bem como helicópteros NAS-332 C1, AS725-Cougar, e AS365N3+. A PTDI também fabrica componentes, ferramentas e acessórios para aeronaves, principalmente para produtos da Airbus, como componentes de asa de A380, A350, A320-A321. A PTDI é um subcontratante certificado para o Helicóptero Bell Textron Incorporated, a KAI, o Spirit Aero System UK. Fornece, igualmente, componentes para o F-16 e o Fokker 100. Atualmente, a PTDI está empenhada no desenvolvimento do N219, que é em particular adaptada ao terreno montanhoso da Indonésia. Esta aeronave é projetada para as características geográficas extremas em áreas isoladas, onde os aeródromos são limitados. 8.2. PT. Regio Aviasi Industri (RAI)
Fonte: Indonesia Investment Coordination Board, GAIKINDO, AISI, GIAMM
F30 – Indonésia, Localização do Cluster automóvel
A empresa PT. Regio Aviasi Industri (RAI) planeia desenvolver aeronaves comerciais, o Regio 80 (R80). A empresa foi concessionada pelo filho do ex-presidente B.J Habibie, Dr. Ilham Akbar Habibie. Cada aeronave terá uma capacidade de 80 a 90 passageiros e está projetada para poder voar 1.000 milhas.
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Espera-se que os aviões façam o seu voo inaugural em 2018. Três companhias aéreas, nomeadamente Kalstar, Trigana Air e NAM Air encomendaram 155 aviões do tipo RAI, cada um com um preço entre 22 e 25 milhões de dólares. 9. OPORTUNIDADES NOS PLÁSTICOS E EMBALAGENS O consumo8 de plástico na Indonésia, segundo a Associação Indonésia de Olefina, Aromáticos e Plásticos (INAplas) ainda é relativamente baixo per capita em pouco mais de 17 kg por ano, comparado com cerca de 35 kg na Malásia, 40 kg na Tailândia e Singapura e cerca de 100 kg na Europa Ocidental. Isso destaca a possibilidade de crescimento futuro, à medida que os rendimentos das famílias continuarem a aumentar na Indonésia. A oferta da indústria nacional contribui com 3,6 milhões de toneladas de plásticos por ano para a procura total de 4,3 milhões de toneladas, com o restante do material importado. Além da indústria de alimentos e bebidas, que representa a maior parte do uso de plástico na Indonésia, a agricultura e o sector de construção, bem como as indústrias automóvel e eletrónica, são os principais compradores de plásticos. Os fabricantes de produtos plásticos locais dependem de importações devido à escassez de matéria-prima na Indonésia. Atualmente, mais de 40% dos petroquímicos utilizados na indústria de plásticos vêm do exterior. A maioria das importações de plásticos do país, compreendendo principalmente propeno e polietileno, vem de países vizinhos, incluindo Singapura, Malásia e Tailândia, assim como da Europa, dos EUA e do Oriente Médio. Com uma procura em alta por matérias-primas, as empresas locais estão cada vez mais interessadas no processo de reciclagem e uso de material reciclado na sua produção. A indústria de embalagens de plástico da Indonésia cresceu 8% para cerca de USD 5,3 mil milhões em 2013, segundo a Indonesian Packaging Federation (FPI). A mudança dos mercados tradicionais para supermercados modernos e para lojas de conveniência cria muita procura por embalagens de bens de consumo de alta rotatividade (FMCG), especialmente alimentos e bebidas. Quase 70% do uso total de plásticos foi contabilizado pelos sectores de embalagens de alimentos e bebidas. As vendas serão impulsionadas principalmente pela procura do sector industrial, principalmente a indústria de alimentos e bebidas. A indústria de alimentos e bebidas representaria 40% das vendas do sector neste ano, seguida por embalagens agrícolas (15%), fabricantes de automóveis e produtos eletrónicos (7,5%) e o sector de construção (7,5%) (INAplas). 10. CONCLUSÕES A Indonésia apresenta um elevado potencial de desenvolvimento nos próximos 10 anos. Este progresso, a concretizar-se, resultará 1) das condições domésticas, com a conjugação entre fatores demográficos, com a expansão de mercados resultante de uma crescente procura jovem e ambiciosa, e do reforço da oferta em sectores industriais e 2) da integração nas cadeias de valor globais, em particular em articulação com os passos em curso na China e na perspetiva de uma maior integração económica no domínio da ASEAN.
NEGÓCIOS BUSINESS
As oportunidades integradas neste relatório espelham este potencial: o sector automóvel, com a passagem da mobilidade da motocicleta para o automóvel familiar, embora modulado pelo compromisso verde; o sector das embalagens e dos artigos em plástico, resultante da expansão dos mercados de consumo; e a aeronáutica, projectando a mobilidade nacional, num país com 17.504 ilhas, e regional, na área do globo com maior expansão de viagens de avião. Contudo, o negócio do tooling é largamente asiático. Do conjunto dos países da ASEAN, incluindo a Indonésia, são residuais os valores estatísticos referentes a importações de origem nãoasiática. Independentemente da exploração e da caracterização comercial indispensável, parece adequado identificar o potencial do modelo de internacionalização em cooperação, já elaborado anteriormente, como o mais apropriado para a exploração e desenvolvimento de mercado, com forma de lidar com as barreiras de diversa natureza existentes e como modo de partilhar riscos e gestão. No domínio da redução da distância psicológica e cultural, poderá ser interessante explorar o potencial de desenvolvimento de um projecto integrando uma componente de educação e formação e uma vertente industrial em Timor-Leste, como base para as relações com os países da ASEAN. O processo de integração do país na ASEAN segue actualmente o seu curso e um projecto neste domínio pode revelar a prazo repercussões positivas para todos os envolvidos, numa fase em que a redução dos rendimentos provenientes do hidrocarbonetos impõe a diversificação e a necessidade de criação de emprego jovem é urgente.
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_______________ 1 - TDM – Tools Dies and Molds no original. 2 - A Association of Southeast Asian Nations, foi fundada em 8 de agosto de 1967 (Declaração de Bangkok) pelos fundadores, Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia, a que se juntaram o Brunei, o Vietname, o Laos, o Mianmar e o Camboja. A criação da Comunidade Económica da ASEAN (AEC) em 2015 é um marco importante na agenda regional de integração económica na ASEAN, oferecendo oportunidades na forma de um enorme mercado de USD 2,6 triliões e mais de 622 milhões de pessoas. Em 2014, a AEC era coletivamente a terceira maior economia da Ásia e a sétima maior do mundo. 3 - ACFTA - ASEAN – China Free Trade Area. 4 - No Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, 820730: Ferramentas de embutir, de estampar ou de puncionar, intercambiáveis; 848010: Caixas de fundição; 848020: Placas de fundo para moldes; 848030: Modelos para moldes; 848041+49: Moldes para metais ou carbonetos metálicos; 848050: Moldes para vidro; 848060: Moldes para matérias minerais; 848071+79: Moldes para borracha ou plástico 5 - Baseado em The EU-Indonesia Business Network (EIBN) (2015), EIBN Sectors Report: automotive, tradução livre http://www.eibn.org 6 - Maintenance, Repair, Operations 7 - Portfolio completo: www.indonesian-aerospace.com/portfolio 8 - Baseado em BRITISH PLASTICS FEDERATION (2015), Plastics Industry in Indonesia, BPF Report, tradução livre
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REFLEXÕES
JOÃO FAUSTINO *
* Presidente da CEFAMOL
SACRIFÍCIO & PONDERAÇÃO “Sacrifício” e “Ponderação” são duas das atitudes preponderantes, para o alcance da vitória. “Sacrifício”, neste caso concreto, significa esforço, empenho ou espírito de sacrifício para se conseguirem objetivos. “Ponderação” está relacionada com a atenção e a importância da reflexão nos momentos em que as coisas estão a acontecer.
Estes fatores foram importantíssimos para superar os problemas e as crises da indústria nos anos 70 e 90 do século passado, assim como as mais recentes, implicando alterações nos paradigmas da tipologia dos sectores clientes, da forma de fabricar, agir, negociar, entre muitos outros fatores diretamente imputáveis, mas que estão conectados com sacrifício e ponderação.
Estes dois atos, quando associados, podem fazer a diferença nos comportamentos e nas atitudes em tudo quanto fazemos, quando colocamos todo o nosso saber em algo que desejamos ou aspiramos, quer na vida privada, quer na vida profissional.
O mundo vive momentos com interesses e cenários que se aproximam, nas palavras, aos dos gladiadores. Esta encruzilhada, instalada nas relações comerciais entre os vários continentes, cria graus de incerteza económica que podem ser muito preocupantes para as atividades industriais que geram o rendimento para muitos milhões de famílias. Afirmações de poder para uns, proteção de propriedade industrial para outros e exuberância para muitos, são “espadas” mais ou menos afiadas que não alvitram bons desfechos se não existir Sacrifício e Ponderação.
Durante a nossa educação, sinónimos de sacrifício e ponderação estiveram sempre presentes com maior ou menor intensidade nos objetivos da formação académica, cívica e profissional de cada um. No entanto, a evolução no tempo e dos tempos obrigam a repescar os ensinamentos adquiridos, as experiências acumuladas e a análise das ambições que colocamos em cumprir (e fazer cumprir) metas e objetivos ajustados às realidades atuais. Estes cenários devem ter e estar rodeados de outros que propiciem as vontades desejadas. Se assim não for, as expectativas poderão estar comprometidas, independentemente do esforço, empenho e ponderação que se tenha colocado para conseguir tais objetivos. A indústria de moldes é um exemplo vivo de sacrifício e ponderação. Desde há muitos anos, que as duas ou três gerações que esta indústria tem, conseguiram idealizar e colocar em prática estratégias capazes de enfrentar os desafios colocados pelos clientes em todas as vertentes. Mais, se analisarmos, verificamos que temos conseguido uma dinâmica ímpar na indústria para ultrapassar os constrangimentos de percurso. Com sacrifício e ponderação aprendemos línguas, aprofundamos conhecimentos técnicos, estudamos processos, inovamos, investimos em tecnologia de ponta, deslocamo-nos para todos os sítios, ampliamos instalações, aumentamos a capacidade produtiva, conquistamos novos mercados e, não menos importante, temos conseguido corresponder aos desafios dos clientes e superado crises.
A indústria de moldes vive um novo momento de modernização tecnológica e de aumento da capacidade produtiva. Este acréscimo de competências é (e será) sustentável se fatores externos ao nosso negócio, não baralharem as estratégias definidas por muitas empresas. Ora os recentes acontecimentos associados à pressão desmedida dos preços de fabrico, leva a que as margens das empresas tendam a ser fortemente esmagadas ou negativas para manter os níveis de atividade normais. Hoje dependemos em mais de 80% da indústria automóvel, temos como nossos principais clientes quatro países que compram mais de 60% da nossa capacidade produtiva. Esta realidade diz que, por muito sacrifício e ponderação que façamos, estaremos sempre dependentes do lançamento de novos projetos na indústria automóvel e do refrear de emoções e acusações entre continentes relativamente a taxas de Importação mais ou menos controversas, onde estão incluídos, precisamente, os automóveis. Afinal “Sacrifício” e “Ponderação” são preponderantes e necessários para o alcance das vitórias individuais ou coletivas.
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O MOLDE N119 | 10.2018
REFLEXÕES
JOÃO FAUSTINO *
* Presidente da CEFAMOL
CICLO & CONTRACICLO Ciclos e contraciclos são temas que, quando aplicados ao nosso dia a dia, podem fazer toda a diferença nas atividades das empresas, no geral, e nas pessoas que nelas operam, em particular. Se considerarmos que um ciclo é um período de tempo ao qual podem estar associados temas diversos, tais como os económicos, laborais, de fabrico, conjeturais ou de saúde, entre outros relacionados com o mundo que nos rodeia, pode-se então deduzir pela diversidade dos mesmos que estes poderão ser bons quando existe progresso e dinâmica e menos bons ou contraciclos quando existe retração ou algo que contrarie a atividade normal. A indústria de moldes vive, e está cada vez mais dependente, de ciclos. Os ciclos externos, não controláveis, o ciclo de vida útil dos produtos dos clientes e, considerando o nosso caso em particular, a duração dos modelos de automóveis ou a velocidade da renovação dos mesmos. Internamente, os ciclos controláveis, que passam pela capacidade de se fabricar continua e repetidamente, sem falhas, as tarefas que dão origem ao produto final. Estas análises permitem perceber qual o ciclo que nos acompanha. Os ciclos produtivos dos produtos para os quais trabalhamos (peças de plástico) têm elencados um conjunto de parâmetros fundamentais, preponderantes e determinantes para o cálculo do preço de venda e para a qualidade pretendida que, associados, determinam o sucesso ou insucesso das operações. Velocidades, pressões, temperaturas, tempos, pesos, materiais e mecanismos são alguns dos parâmetros técnicos que determinam o ciclo produtivo de uma peça de plástico. A nossa indústria estando cada vez mais exposta aos ciclos externos que, de um momento para o outro, podem baralhar a otimização dos ciclos produtivos internos, tem e deve estar informada, sobre os ciclos de crescimento orgânico da economia, os ciclos da estabilidade económica e política, os ciclos de inovação, os ciclos de lançamento de novos produtos etc. São estes os fatores que podem condicionar e provocar os chamados contraciclos, que com certeza são negativos para a atividade normal das empresas e consequentemente para todos os stakeholders. Guerras económicas entre Estados e Continentes, indefinição das melhores opções da locomoção automóvel (gasolina, diesel, elétrica, hidrogénio, entre outras) e mais algumas “tormentas nefastas”, são o suficiente para se criar um contraciclo capaz de contrariar as taxas de crescimento a que fomos habituados há alguns anos atrás. A indústria de moldes vive um ciclo de modernização das infraestruturas e modernização tecnológica. A esta realidade,
desenhada num passado recente, devem estar imperativamente associados ganhos de competitividade capazes de enfrentar os resistentes e grandes desafios atuais, assentes numa política de preços descontrolada e dramática, imposta por quem compra o que produzimos. Pressões, contrapressões, velocidades, tempos e temperaturas continuarão a ser parâmetros técnicos usados naquilo que produzimos, mas são também (e cada vez mais), parâmetros com efeitos psicológicos diretos no relacionamento da atividade do diaa-dia, que relacionam as mentes disponíveis para encararem os ciclos e contraciclos com a seriedade necessária de quem “luta” pelo desenvolvimento de relações fortes e duradouras. Resiliência e persistência dizem uns, dedicação, flexibilidade e inovação dizem outros para que se encontre a solução ou soluções a considerar para se ultrapassar os efeitos de contraciclo. Nestes momentos todas as teorias, opiniões e soluções inovadoras transversais, específicas ponderadas são fundamentais para que o ponto de equilíbrio, a razoabilidade e as éticas comportamentais sejam a alavanca da sustentabilidade perante a sociedade agora e no futuro. A nossa indústria, e todos os que têm acompanhado o seu desenvolvimento, conheceram, viveram e conviveram com os vários ciclos pelos quais fomos passando. Ciclos e contraciclos foram muitos, mais ou menos duradouros, mais ou menos penalizantes, mais ou menos desgastantes, mas e sempre suportados com atitude, perseverança, responsabilidade e sentido de sacrifício. Também, e tal como na injeção de uma peça de plástico, as velocidades, os tempos, as pressões, as contrapressões, o molde e as características da máquina são fatores indissociáveis para o sucesso ou insucesso perante o cliente. Temos de estar vigilantes! Estamos numa fase onde também a modernização das infraestruturas e a modernização tecnológica permite olhar para o futuro com uma atitude positiva, independentemente do ciclo ou contraciclo. A velocidade, a intensidade e o tempo de alterar, inovar e modernizar urge para que possamos estar mais habilitados a suportar as pressões e contrapressões, venham elas de onde vierem. O “Molde”, esse é o produto final, que serve de embrião à vontade que se coloca na aplicação de novos métodos e processos para o fabrico do mesmo. Não existe margem para protelar o que não é protelável, sob pena de entrarmos de novo em contraciclo e isso não é desejável para ninguém. Vontade, dinamismo e saúde são as bases para os alicerces do futuro, que todos merecemos.
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2018 PavilhĂŁo 6 - Stand 6A 14
aNo 29 10.2018 Nº 119
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1 - 4 OUTUBRO
ENTREVISTA A BOB WILLIAMSON PRESIDENTE DA ISTMA
ANO DE 2018 – EXPORTAÇÕES: QUE EVOLUÇÃO?
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