INFORMAÇÃO
PARTICIPAÇÃO CIDADANIA
MOVIMENTO ASSOCIATIVO
Parque da Várzea
O Parque da Várzea, na Quinta do Conde, está a receber obras de requalificação, que incluem arranjo de caminhos, limpeza de vegetação e instalação de mobiliário e infraestruturas de apoio.
Bem-estar animal
No novo Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia de Sesimbra cães e gatos recebem cuidados e carinho, enquanto aguardam por um novo lar.
Cultura
Fazem parte da comunidade e são convidados a participar na programação do Cineteatro Municipal João Mota com o olhar do público. São os Olharápios.
n.º 3 ABRIL 2023 TRIMESTRAL _ Edição Câmara Municipal de Sesimbra
EDIÇÃO E PROPRIEDADE Câmara Municipal de Sesimbra DIRETOR Francisco Jesus (Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra) COORDENAÇÃO, REDAÇÃO, PAGINAÇÃO, FOTOGRAFIA, REVISÃO, SECRETARIADO, DISTRIBUIÇÃO E DESIGN GRÁFICO Divisão de Informação e Relações Públicas (DIRP) MORADA Avenida da Liberdade, n.º 7 - 2970-635 Sesimbra TELEFONE 21 151 72 67 E-MAIL informacao@cm-sesimbra.pt CAPA Bruno Campos
PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO Jorge Fernandes, L.da PERIODICIDADE Trimestral TIRAGEM 7500 exemplares DEPÓSITO LEGAL 134399/99 ISSN 1646-6632 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
06 OBJETIVA Carnaval de Sesimbra
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EDITORIAL
08 CURTAS
14 HISTÓRIA Máquina para toda a obra
20 EQUIPAMENTOS Bem-estar animal em primeiro lugar
10 HISTÓRIA As casas tipo-câmara
28 CULTURA Influenciadores culturais
34 ASSOCIATIVISMO Um Movimento Associativo cada vez mais forte
50 ENTREVISTA Rita Spider
42 AMBIENTE Parque Ecológico da Várzea
46 SABORES Vai um Queijo da Azoia?
54 ATÉ À PRÓXIMA
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ÍNDICE
EDITOR IAL
associativismo e habitação conquistas de abril
Quando estamos a iniciar o ciclo de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a revista Sesimbra recupera duas histórias que nos transportam até aos primeiros anos do Poder Local Democrático. Uma, as casas tipo-câmara, designação pela qual ficaram conhecidas as moradias de tipologias semelhantes que ainda hoje podem ser observadas em vários pontos da freguesia do Castelo. Logo após a Revolução, e ainda durante o período da Comissão Administrativa, a Câmara Municipal decidiu elaborar e disponibilizar projetos-tipo de moradias a famílias carenciadas e sem condições para suportar os custos administrativos e técnicos de uma construção. Com esta opção, garantiu-se a qualidade e habitabilidade das moradias, evitou-se a construção clandestina e apoiaram-se muitas famílias que, de outra forma, dificilmente teriam acesso a habitação própria. Com o passar dos tempos, este modelo de apoio foi-se alterando e deixou de fazer sentido, no entanto, mantém-se como um exemplo do trabalho das autarquias na área da habitação, que persiste, embora agora noutros moldes.
A segunda, recorda-nos uma pequena máquina que se tornou num autêntico símbolo do trabalho desenvolvido pelas autarquias. Numa altura em que estava tudo por fazer, desde a rede viária ao saneamento, passando pelo abastecimento público de água, equipamentos ou espaços de lazer, e quando as equipas de trabalhadores dos municípios tinham poucos meios mecânicos ao dispor, o pequeno dumper amarelo teve um papel essencial.
Afirmar que o associativismo é um pilar da nossa comunidade, e também um direito conquistado com o Poder Local Democrático, pode parecer um lugar-comum. No entanto, quando olhamos
para o número de coletividades do concelho, para a diversidade de atividades que disponibilizam e para o número de pessoas de todas as idades que envolvem diariamente, percebemos que a expressão é acertada e define bem o papel das associações locais na dinâmica concelhia. Desde a criança que aprende música ao sénior que ocupa os tempos livres, passando pelos jovens que cumprem o sonho de jogar futebol, fazer surf ou velejar, são inúmeras as propostas das dezenas de coletividades concelhias. Pela importância social que lhes reconhece, a Câmara Municipal disponibiliza, anualmente, um conjunto de apoios financeiros e logísticos a estas entidades para que continuem a oferecer à população atividades que de outra forma seriam inexistentes ou inacessíveis. Do desporto à cultura, passando pela natureza, referimos aqui três associações que são exemplo do trabalho que tem envolvido várias gerações nas três freguesias do concelho.
O bem-estar dos animais de companhia é atualmente uma preocupação bem vincada na maioria dos municípios. Em Sesimbra, o Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia abriu portas em 2021, e foi um contributo decisivo para a qualidade do trabalho desenvolvido diariamente pela equipa do posto médico-veterinário municipal, que passou a ter um espaço com condições excelentes, tanto para os animais como para os profissionais que ali exercem a sua atividade. Os números apresentados nesta revista são reflexo do imenso trabalho desenvolvido, que vale a pena conhecer.
Estes são alguns dos temas do terceiro número da revista Sesimbra.
5 editorial
Francisco Jesus Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra
Boas leituras!
c arnaval de s esimbra
Sesimbra tem um dos mais bonitos carnavais do país, que este ano voltou a atrair milhares de pessoas para assistir aos desfiles das escolas de samba e grupos de axé e dançar ao som dos trios elétricos que animaram as noites dos foliões. Na segunda-feira de Carnaval, cerca de 10 mil pessoas participaram no Corso de Fantasias de Palhaço, numa edição que superou todas as expetativas.
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TURISMO Conservar sabores
As conservas são atualmente reconhecidas como autênticas iguarias, que valem só por si ou como ingrediente para confeção de deliciosos petiscos. Sesimbra, terra ligada ao mar, à pesca e com história feita na indústria conserveira, tem conservas em nome próprio, com a marca Yes Sesimbra, produzidas com pescado local. No final de 2022 chegaram à loja Yes Sesimbra novas variedades para provar: Sardinha de Sesimbra em Azeite Virgem Extra, Cavalinha de Sesimbra em Azeite Virgem Extra e Filete de Cavala em Azeite Virgem Extra. Produtos locais que evocam a história de uma indústria que chegou a ter várias fábricas na vila durante o século XX.
URBANISMO Sem sair de casa
Agora é mais fácil e cómodo submeter pedidos aos serviços de Urbanismo da Câmara Municipal de Sesimbra, através da nova plataforma online, que permite solicitar o licenciamento de obras particulares, operações de loteamento, obtenção de autorizações de utilização, de viabilidades construtivas, entre outros pedidos previstos no Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE). Assim, o que até aqui representava a deslocação aos serviços da autarquia por diversas vezes para a entrega de todos os documentos relativos às várias etapas do processo, pode ser agora substituído pela submissão dos pedidos a partir de casa ou do escritório, evitando-se, igualmente, a utilização de uma quantidade avultada de papel gasto na impressão dos projetos e documentos que os acompanham. A nova plataforma facilita também o atendimento presencial acompanhado. Consulte em http://urbanismo.sesimbra.pt
PASSEIOS Pedalar, Caminhar e Navegar pelo Património
Caminhar da praia da Foz até à praia das Bicas, pelas Marmitas de Gigante e Roça do Casal do Meio, fazer um percurso de BTT pela Rota dos Dinossauros ou pelo Cabo Espichel ou aproveitar um passeio numa barca típica são as propostas do programa Caminhar e Navegar pelo Património até outubro. Para além de passar por paisagens únicas, estes passeios são acompanhados por técnicos de desporto e da área do património que, em cada paragem, fazem um enquadramento sobre o local e contam um pouco sobre a sua história. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas até dois dias antes da iniciativa para sergio. jorge@cm-sesimbra.pt. Datas e horários em sesimbra.pt.
MÚSICA E TRADIÇÃO Festa das Chagas
A Festa em Honra do Senhor Jesus das Chagas é uma dos momentos mais marcantes do concelho de Sesimbra. O acontecimento alia uma forte tradição e significado religioso, que decorre durante vários dias, e que tem o seu ponto alto no dia 4 de maio, com a grandiosa procissão pelas ruas da vila, a uma vertente mais lúdica que, de ano para ano, tem vindo a recuperar o brilho de outros tempos. Este ano, a festa começa na noite de 21 de abril, com a abertura do recinto junto à Avenida da Liberdade onde, durante duas semanas, há concertos, tasquinhas, artesanato e os carrosséis que fazem as alegrias dos mais novos. Em palco vão estar nomes como Tiago Nacarato, Los Romeros, Marco Rodrigues, Luís Taklin, Ricardo Chora. A festa encerra com o humor de Pedro Tochas, no espetáculo no dia 6 de maio.
CULTURA 10 anos a contar a história da Moagem
COMEMORAÇÕES
Três espetáculos para cantar Abril
A música volta a estar em destaque nas comemorações do 25 de Abril. O programa dos 49 anos da Revolução dos Cravos apresenta três grandes espetáculos Canções de José Mário Branco traz a Sesimbra, na noite de 24, JP Simões, Nuno Ferreira e Ruca Rebordão, numa homenagem a um dos cantores portugueses que mais marcaram a música portuguesa desde a década de 1960. No dia 25, a música fica a cargo de Sebastião Antunes e Quadrilha. Na Quinta do Conde, a tarde é marcada pelo concerto dos Luta Livre, o novo projeto do músico Luís Varatojo.
O Núcleo Museológico da Moagem de Sampaio comemora 10 anos no dia 25 de abril de 2023. O edifício, onde funcionou durante muitos anos a Moagem de Sampaio, foi construído no início do século XX, e é um marco da evolução industrial e tecnológica do concelho e da sua ruralidade. Inativa desde o final do século XX, a moagem foi adquirida e recuperada pela Câmara Municipal de Sesimbra, que a transformou num espaço de cultura em 2013. Ao longo de uma década, aqui tem sido contada a história do espaço e da importância que teve na produção de farinha para abastecer as padarias da região. Quem visita a Moagem de Sampaio consegue imaginar como seria quando estava a laborar em pleno, com as salas de moagem, os escritórios, zonas de armazenamento ou o motor original, recuperado e ainda a funcionar.
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As cAsAs tipo câmArA
Foram essenciais para que muitas famílias pudessem ter uma habitação própria. Ao mesmo tempo, permitiram disciplinar o território e evitar a proliferação da construção clandestina. Mais de meio século depois, os projetos das "Casas da Câmara", como eram designados, deixaram uma marca na paisagem da freguesia do Castelo que nos remete para os primeiros anos do Poder Local Democrático.
quem circula pela freguesia do Castelo com o olhar atento, repara num tipo de moradia cuja arquitetura se vai repetindo, embora com pequenas alterações. A explicação para este facto é simples. Nos primeiros anos após o 25 de Abril, e até ao início do século XXI, a Câmara Municipal de Sesimbra desenvolveu um projeto-tipo de habitação unifamiliar disponibilizado sem custos a famílias com baixos recursos económicos que tivessem um terreno e quisessem fazer a sua própria casa. Os tempos eram outros, a autoconstrução era uma realidade e a legislação que regulamentava a construção, tal como a conhecemos hoje, dava os primeiros passos. Aquilo que começou por ser um programa de apoio à habitação própria viria a revelar-se, ao mesmo tempo, uma forma de manter alguma disciplina no processo de construção, evitando proliferação de habitação clandestina, bem como alguma disciplina no território. Em paralelo era também assegurada a funcionalidade, habitabilidade e qualidade do edificado.
João Barateiro, presidente da Junta de Freguesia do Castelo entre 1983 e 1989, acompanhou de muito perto todo o processo de construção de habitações tipo-câmara em várias zonas da freguesia e recorda-se bem destes tempos.
«Na altura, o abastecimento público de água, a rede elétrica e a melhoria dos acessos viários, que estavam a mudar a face da zona rural, ajudaram a criar condições para a construção de novas habitações», explica. «Porém, uma parte das pessoas
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história
não tinha possibilidades financeiras para pagar os custos com o projeto», prossegue. «Mas como sabiam que a Câmara Municipal o disponibilizava gratuitamente, e podiam consultá-lo na Junta de Freguesia, dirigiam-se às nossas instalações para os conhecerem e escolherem aquele que mais se adequava às suas necessidades».
Tinham um, dois ou três quartos, alpendre e escada exterior para acesso à parte superior da casa, que podia servir de arrecadação e despensa. Quando a morfologia do terreno o permitia tinham cave, que servia para guardar as alfaias agrícolas e outros utensílios da vida do campo.
A construção e os custos ficavam a cargo dos proprietários que se apoiavam mutuamente, num espírito de entreajuda que se desenvolveu a seguir ao 25 de Abril. «Era normal os vizinhos e amigos, alguns deles pedreiros, colaborarem na construção das casas».
«Eu também cheguei a ajudar nas obras aos fins de semana, sobretudo nos dias de enchimento das placas», afirma. «Os que tinham mais dificuldades financeiras chegaram a receber apoio de empresas locais da área da construção civil, que ofereciam pedra para os caboucos, brita, areia, e até cimento», diz João Barateiro.
Ano após ano, as habitações foram surgindo e hoje são uma marca na paisagem da freguesia. Algumas mantêm ainda a traça original, com poucas ou nenhumas alterações, mas a maioria já sofreu remodelações e em muitos casos é habitada pela geração que nasceu e cresceu nestas casas. Apesar
disso, um olhar mais atento continua a conseguir identificá-las. É possível encontrar casas tipo-câmara na Aiana, Caixas, Aldeia do Meco e Zambujal, embora existam também noutras zonas. É o caso da habitação de Luísa Martelo, na Aldeia do Meco, construída no início da década de 80. «A minha casa é conhecida como “tipo Zambujal”, que difere de outras tipo-câmara, porque tem cave», explica. O projeto da casa de Luísa foi disponibilizado pela autarquia mediante apresentação de vários documentos. «Lembro-me, por exemplo, que as pessoas com poucos recursos tinham de ir à Junta de Freguesia pedir um atestado de pobreza e, com este documento, podiam levantar a licença e o projeto», recorda. Para os que viviam da agricultura, as casas com cave foram mesmo de grande utilidade, acrescenta Luísa. «As máquinas utilizadas na agricultura passaram a ser guardadas nas caves, em vez de ficarem em barracas, debaixo de telheiros ou, ainda pior, ao ar livre, debaixo de sol e chuva, como antes acontecia. Para nós, uma casa com cave foi muito bom».
A poucos metros desta habitação, ergue-se outra moradia tipo-câmara,
neste caso sem cave. Um pouco mais adiante identifica-se uma outra, semelhante à sua.
Com o passar dos anos, a legislação foi evoluindo e as questões de estabilidade, segurança, comportamento térmico, associadas ao ordenamento do território, foram-se afastando do modelo de autoconstrução que vigorava. As condições de vida das famílias também foram melhorando, e quem tinha possibilidades optava por projetos diferenciados, com recurso a técnicos especializados, arquitetos e engenheiros. O projeto, que durante décadas vigorou e foi salpicando de casas semelhantes parte do território de Sesimbra, deixava assim de ter preponderância, acabando por se perder há menos de 20 anos. No entanto, o seu resultado ainda hoje é bem visível, tanto na paisagem do município como nas várias gerações que nasceram e cresceram nestas moradias, que resultam de um projeto de apoio à habitação própria da Câmara Municipal de Sesimbra, mas também da solidariedade e de um forte espírito de entreajuda da comunidade.
No livro 29 Meses de Trabalho uma edição da Câmara Municipal, de dezembro de 1976, que dá a conhecer o trabalho da Comissão Instaladora que existiu entre julho de 1974 e dezembro de 1976, altura em que se realizaram as primeiras eleições autárquicas, as casas tipo-câmara eram já referidas e anunciam-se 150 pedidos aprovados. A mesma publicação revela o interesse popular por um novo projeto, que estaria já a ser
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história
máquina para toda a obra
Onde havia uma obra, lá estava o pequeno dumper, pronto para todo o serviço. Era o primeiro a chegar e o último a partir. Carregava, puxava, empurrava e até transportava trabalhadores, se fosse necessário. A pequena máquina amarela, com formato caraterístico e motor à manivela, atravessou gerações e esteve presente nas grandes transformações que foram feitas nos municípios portugueses depois do 25 de Abril. Hoje, muitas câmaras e juntas de freguesia mantêm ainda exemplares deste verdadeiro ícone do trabalho autárquico dos primeiros anos do Poder Local Democrático.
15 14 DUMPER história
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ma das principais e mais significativas conquistas do 25 de Abril de 1974 foi a consagração das autarquias como parte integrante da organização do Estado. As primeiras eleições autárquicas, em 12 de dezembro de 1976, permitiram que a população de cada município escolhesse, pela primeira vez, os seus representantes locais. Câmaras municipais e juntas de freguesia avançaram então para um conjunto de obras em várias frentes, algumas das quais já iniciadas durante a vigência das comissões administrativas (19741976), para garantir, em primeiro lugar, as necessidades básicas da população, como água, saneamento, rede viária, e depois equipamentos de desporto, cultura e lazer, parques e jardins e espaço público. As condições de trabalho, bem como as ferramentas e maquinaria eram escassas, mas o empenho, e por vezes a criatividade dos trabalhadores municipais, contrariava as dificuldades e, a pouco e pouco, os municípios iam-se transformando. A rede de infraestruturas crescia, os espaços verdes iam surgindo, assim como os equipamentos desportivos e culturais. A qualidade de vida aumentava, dia após dia, e isso sentia-se no quotidiano dos cidadãos. No meio de toda esta azáfama, uma pequena máquina, fabricada em Portugal, era presença assídua em praticamente todas as obras municipais: o dumper. Destacava-se pelo amarelo forte e pela simplicidade das formas: uma caixa de carga que faz lembrar um carro de mão, lugar para o condutor, assento de ferro ou napa preta e motor. Havia modelos articulados, outros que curvavam com as rodas de trás. Nos modelos mais antigos, o motor pegava com ajuda de uma manivela, o que era uma particularidade que despertava sempre curiosidade.
Onde havia uma obra, lá estava o pequeno dumper, pronto para todo o trabalho. Era o primeiro a chegar e o último a partir. Carregava todo o tipo de materiais, até água. Puxava, empurrava
Na Câmara Municipal de Sesimbra existe ainda um dumper original, embora já com alguns "extras", que dá apoio a pequenas obras na freguesia do Castelo.
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u
história
e transportava os próprios trabalhadores se fosse necessário. A pequena máquina amarela, com o seu formato caraterístico, atravessou gerações e tornou-se num ícone popular das grandes obras que foram transformando os municípios portugueses depois do 25 de Abril. Hoje, as versões modernas do velhinho dumper, já mais tecnológicas, e com outras cores, continuam a apoiar as equipas de obras no terreno. No entanto, há ainda muitas câmaras municipais que mantêm os dumper originais ao serviço. A Câmara Municipal de Sesimbra teve várias destas pequenas máquinas, ao longo dos anos, algumas registadas em fotos de obras do Arquivo Municipal.
Hoje, mantém um dumper de 1998, já com alguns acessórios de apoio em
relação aos originais – caixa basculante, pá frontal e retroescavadora atrás -, que dá apoio a pequenas obras em Santiago e no Castelo, e um outro mais recente, com cerca de quatro anos, com pá frontal e retroescavadora, que o tornam muito polivalente no apoio a obras na freguesia da Quinta do Conde. São ambos da marca portuguesa Astel. Vítor Marques, encarregado de obras da Câmara Municipal há mais de três décadas, aprendeu a conduzir num destes veículos com 17 anos, quando trabalhava para um empreiteiro do Zambujal. «Era um veículo fácil de operar, mas não era nada confortável», atesta. Quando me pediram para pegar nele fiquei um pouco receoso porque ainda nem tinha carta de condução. Mas lá fui e correu bem». Apesar disso, eram poucos os que se atreviam a trabalhar com a máquina que servia para quase tudo. «Era, como se diz, uma “multifunções”, porque tan-
to a utilizávamos para carregar massa, entulho e ferramentas, como para limpar valas. Além do mais, chegava a locais inacessíveis a outros veículos, o que era uma vantagem», recorda. O dumper em que Vítor Marques aprendeu a conduzir era dos antigos. Tinha volante à direita e banco em ferro sem encosto, o que o tornava desconfortável, tração às rodas da frente e sistema de abertura da caixa com alavanca, e não hidráulico, como os que lhe sucederam. «E para o ligarmos tínhamos de dar à manivela, o que podia tornar-se perigoso caso não estivesse desembraiado e travado, pois podia arrancar sem o condutor», revela. Embora não alcançasse muita velocidade, requeria alguns cuidados. «No pouco tempo que o conduzi só tive um susto: vinha numa descida com o dumper carregado de lama e, de um momento para o outro, derrapou e fez um peão. Felizmente sem consequências», conta. Mas depois
de muito treino e destreza, «tornou-se fácil dominar a máquina», afiança.
A utilidade desta viatura é confirmada por Naprovílio Dias, que operou um dumper durante perto de 20 anos no Parque de Campismo do Forte do Cavalo e, por este motivo, conhece-o como poucos. Do modelo anterior, apresentava poucas diferenças, com exceção do volante à esquerda e banco almofadado.
«Era uma grande máquina. Mesmo já velhinho tinha muita força e não falhava. Fazia barulho, era um pouco desconfortável, mas isso não interessava muito. Foi uma grande ajuda para o meu trabalho», diz.
Com o passar dos anos o veículo emblemático foi conhecendo várias versões. Mas na memória coletiva fica a imagem daquele veículo barulhento de aspeto curioso, com duas rodas grandes à frente e duas mais pequenas atrás, que estava sempre presente onde houvesse uma obra.
história Foto: Arquivo Municipal de Sesimbra Foto:
Arquivo Municipal de Sesimbra
É pouco conhecido pela população o trabalho desenvolvido pelo Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia de Sesimbra. Os cães e gatos que ali vivem tiveram todos histórias de abandono ou maus-tratos, mas hoje estão tratados, são acarinhados e vivem felizes, aguardando por um novo lar. Fomos conhecer o dia-a-dia de um espaço que promove, acima de tudo, o bem-estar animal.
maxwell, um cão de grande porte, já velhote, vem esperar-nos, em passo lento, à entrada do Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia (CROAC) de Sesimbra. Foi encontrado abandonado no Cabo Espichel e, desde então, a sua casa é o CROAC. Por ser um dos mais velhos, e muito dócil, anda à solta pelos espaços comuns do equipamento e costuma dar as boas-vindas a quem chega. “Max” é um dos muitos cães e gatos recolhidos e tratados pelo CROAC, por terem sido abandonados, se terem perdido ou serem vitimas de maus-tratos. O equipamento, que substituiu o antigo canil da Fonte de Sesimbra, abriu portas em abril de 2021 e trouxe melhores condições para os animais mas também para toda a equipa.
Somos recebidos por Sofia Arvela, uma das médicas veterinárias do CROAC. Sofia assegura que, em termos do bem-estar animal, «se todos os municípios trabalhassem como Sesimbra a realidade em Portugal seria diferente».
Esta manhã já vacinou e chipou vários cães e
o bem-estar animal em primeiro lugar CROAC
equipamentos
Equipamentos Municipais
CROAC – Centro de Recolha
Oficial de Animais de Companhia
Posto Médico-veterinário da Quinta do Conde
fez tratamentos a animais necessitados, de famílias carenciadas.
A apoiar as tarefas diárias estão Paulo Morais, Hélder Parrinha e Sandra Santos, os três tratadores de serviço. O seu trabalho começa bem cedo, com uma ronda geral para verificar se está tudo em ordem. «Começamos por dar a medicação aos cães que precisam, depois limpamos as boxes e alimentamos os animais», conta Hélder Parrinha. «À tarde vamos ao gatil. Os gatos são mais asseados, mas temos de limpar os areões, dar comida e medicação», explica o tratador, lembrando que tem de ser feita ainda a manutenção do exterior do CROAC (espaços de circulação, recreios), bem como o tratamento da roupa ou acorrer a situações urgentes na rua. «Não conseguimos parar. Temos de estar sempre a trabalhar», diz.
Os cães saem para o recreio duas vezes por dia, o que é uma imensa vantagem para o seu bem-estar. São os tratadores que fazem a gestão do tempo e dos animais que podem ser soltos em simultâneo. «Permitir que os animais saiam, em vez de estarem nas boxes faz toda a diferença», considera Sofia Arvela.
«Todos os dias as boxes são abertas para que eles possam correr e esticar as pernas», certifica o vereador José Polido, que, pela forte ligação a esta área, faz questão de nos acompanhar na visita, realçando que o importante é que «os animais se sintam bem e felizes».
Para se ter uma ideia do trabalho feito neste espaço, só no último ano, passaram por aqui 223 animais, 172 cães e 51 gatos. «Uns foram restituídos aos donos, outros adotados, outros encaminhados para as associações com quem temos protocolos e outros ficaram alojados no Centro», esclarece Ana Sancho, coordenadora do CROAC. «Quase todos os dias entram animais».
Para dar resposta aos momentos
em que o espaço está lotado, a Câmara Municipal celebrou protocolos com o Cantinho da Milú, uma associação protetora de animais de Palmela, e com a associação Bianca, de Sesimbra, prevendo-se a continuação do acolhimento de animais por estas associações, dentro também das suas capacidades. «O que queremos é que o número de entradas seja igual ao de saídas, porque os CROAC devem ser locais de passagem», frisa Sofia Arvela.
Mais competências e melhores condições
O grau de competências do CROAC é muito maior do que o dos antigos canis municipais. «A alteração da legislação trouxe mais responsabilidades para estes centros, mas permitiu uma maior valorização dos serviços, com melhoria dos recursos físicos e humanos. Isto foi essencial tendo em conta um importantíssimo papel do Gabinete Médico-veterinário nas áreas de saúde pública e bem-estar animal», explica a veterinária Salomé Santos.
Sandra Santos está de acordo. «É um espaço limpo, agradável, bonito, com lavandaria, sítio para estender roupa e até espaço para recobro. E os animais têm melhores boxes e mais espaço», confirma.
Animais errantes
Para além de cuidar de animais abandonados ou perdidos, o CROAC é igualmente responsável pela captura de animais errantes no concelho e por controlar matilhas de cães e colónias de gatos. «Sempre que nos contactam a reportar alguma situação de animal em risco (errante, desorientado, perdido, possível causador de aci-
"camões"
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Gabinete Médico-veterinário de Sesimbra
equipamentos
O gato Camões é um dos animais do CROAC que aguarda por um novo lar
Foto: David Caretas
Maior Controlo
«Neste momento a identificação eletrónica é obrigatória para todos os cães e gatos. O registo no Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC) é uma mais-valia no caso de fuga do animal. Graças a isso, no ano passado foram restituídos 81 animais aos seus detentores», explica Salomé Santos.
dentes), tentamos agir de imediato», explica Hélder Parrinha.
O CROAC conta com apoio de vários voluntários que colaboram nas mais diversas áreas. «Cada animal que surge na rua significa passados uns meses sete ou oito e não podemos menosprezar isso», nota Clarisse Nascimento, assistente técnica. «Algumas capturas podem demorar meses», adianta. «Temos de estudar os hábitos do animal para o apanhar. É um trabalho que requer muita vigilância», explica.
Ao CROAC chegam muitas denúncias de maus-tratos, insalubridade, ataques de canídeos na rua, entre outras situações, quase sempre reportadas pelo Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR.
Adoção responsável
Todos os animais saem do CROAC «chipados, vacinados e esterilizados», assegura o vereador José Polido, cujo maior desejo é «arranjar um dono para todos». Mas o processo de adoção nem sempre é fácil. Salomé Santos frisa que quem quer adotar «tem de perceber que vai assumir um compromisso para a vida».
A maioria das adoções são bem sucedidas, sendo devolvidos apenas um ou dois animais por ano. «Existe um cão certo para a família certa», assegura Clarisse Nascimento. Quando é fei-
DADOS DE 2022
CROAC
Vacina contra a raiva ou colocação de microchip com identificação são duas das ações feitas no centro, e que podem ser marcadas. O chip é obrigatório e permite identificar o cão em caso de fuga ou de se perder.
ta a visita ao CROAC, «não se escolhe sem tirar o animal da box e ver qual a interação com o adotante», esclarece.
Todos os animais do CROAC têm nome, passeiam, recebem carinho, dormem com manta e nos dias de maior frio têm roupa. «Primamos pelo conforto e até compramos brinquedos para os animais», realça Clarisse Nascimento.
Apoios sociais
A crise económica tem agravado a situação financeira das famílias. Salomé Santos lembra, contudo, que «o município dá apoio a casos sociais e por isso as pessoas devem pedir ajuda».
O município de Sesimbra apoia, por exemplo, na alimentação de animais de colónias de gatos, dando ração aos cuidadores que estão devidamente identificados. «Em relação aos
MICROCHIP 614 (458 pelo município/156 pelos donos)
VACINAÇÃO 478
gatos de colónias do concelho, contamos com voluntários para os capturar e fazemos a esterilização como forma de controlar esta população. Depois são devolvidos ao seu habitat. Estas são as bases do programa CED (Captura - Esterilização - Devolução) que desde 2012 teve um crescimento significativo», explica Ana Sancho.
O CROAC não é uma clínica veterinária
«No CROAC é possível realizar as profilaxias obrigatórias. Para outros atos clínicos os munícipes devem dirigir-se ao seu veterinário assistente, esclarece Salomé Santos. «Fazemos alguns atos médicos veterinários, mas de forma alguma queremos competir com as clínicas privadas, às quais também recorremos», reforça José Polido. Vacina contra a raiva ou colocação de microchip com identificação são duas das ações feitas no centro, e que podem ser marcadas. O chip é obrigatório e permite identificar o cão em caso de fuga ou de se perder.
ABRIL 2023 SESIMBRA n.º 3 24 25 ENTRADAS NO CROAC 172 cães 51 gatos RESTITUÍDOS AOS DONOS 81 animais RESGATADOS DA RUA 168 animais ADOÇÃO 47 cães 18 gatos
ESTERILIZAÇÕES 654 gatos 134 cães
equipamentos
«Queremos promover uma adoção responsável»
José Polido, vereador do Pelouro da Proteção Animal, foi um dos grandes impulsionadores do Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia de Sesimbra. Hoje, quase dois anos depois da abertura, não esconde o orgulho pelo trabalho desenvolvido pela equipa e reconhece que o novo equipamento foi fundamental para melhorar a resposta do município ao nível do bem-estar animal. «O canil antigo, junto à fonte de Sesimbra, já não reunia as condições desejáveis para acolher os animais e, portanto, a Câmara Municipal lançou um concurso para construção deste espaço, onde conseguimos proporcionar condições das melhores que existem a nível nacional, quer para cães quer para gatos», garante.
continua a haver abandonos
«Como é óbvio não conseguimos acolher todos os animais que gostaríamos», lamenta. «Continua a haver falta de civismo por parte de alguns cidadãos que abandonam os seus animais, particularmente em período de férias», critica. «É o CROAC que tem a obrigação de acolher esses animais, cuidar deles, até serem adotados». Esta realidade faz com que muitas vezes o espaço seja pouco para tantos animais e que seja necessário encontrar alternativas. «Temos dois protocolos com associações. Um com a Bianca, que fica mesmo aqui junto ao CROAC, e outro com a associação Cantinho da Milú, que fica no concelho de Palmela.
Fizemos esses protocolos dada a necessidade de
transferir alguns animais. Quisemos alargar o leque de possíveis contactos de adoção para que os nossos animais encontrem um lar em condições para terem uma vida digna».
o croac não é um gabinete veterinário
Há quem contacte ou se desloque ao CROAC julgando tratar-se de uma clínica que presta serviços veterinários. No entanto, o âmbito do equipamento e do serviço é bem diferente.
«Fazemos alguns tipos de atos médicos veterinários, mas sobretudo aos nossos animais», explica José Polido. «Não queremos competir com as clínicas privadas, às quais também recorremos. Quando há necessidade de fazer algum tipo de intervenção cirúrgica para o qual não temos os meios necessários e suficientes socorremo-nos de clínicas privadas do concelho e, eventualmente, de concelhos vizinhos», esclarece.
adoção responsável
O vereador destaca a importância da adoção responsável. «Aquilo que eu gostava é que as pessoas viessem ao CROAC e adotassem um animal, e que nos ajudassem a passar a mensagem para que os nossos animais consigam ter um lar onde se sintam felizes», afirma. «É esse o nosso grande objetivo, e é para isso que estamos a trabalhar».
um cabaz alimentar para animais
Este serviço municipal tem promovido e apoiado o bem-estar animal de diversas formas.
Uma delas é a disponibilização de ra ção,
tanto para as colónias de animais existentes no concelho, como para as famílias carenciadas que têm animais de companhia. «Há uns anos apercebi-me que alguns dos nossos voluntários compravam comida para dar às suas colónias», conta José Polido. «É uma obrigação que deve ser assegurada pelo município, pelo que começámos a garantir o alimento para essas colónias», assume. Para além disso, aquando da pandemia, algumas pessoas atravessaram dificuldades financeiras e não tinham alimentação para si próprias, nem para os seus animais de companhia. «Através do serviço de Ação Social identificámos esses casos e começámos a apoiá-los com a atribuição de um cabaz com alimentos para os animais», revela o responsável máximo pelo serviço.
Investir no bem-estar animal
O investimento na compra de alimentação e medicação para os animais que vivem no CROAC é de cerca de 40 mil euros por ano. «São uns bons milhares de euros que investimos no bem-estar animal», frisa o vereador José Polido. Em 2022, foram cerca de 16 mil quilos de ração seca para cães e 2,5 mil quilos para gatos. Para os apoios sociais foram disponibilizados cerca de 860 quilos de ração seca para cães e a ração doada a cuidadores de colónias de gatos ultrapassou os 3 mil quilos.
Para José Polido, todo este investimento no bem-estar animal só é possível graças ao empenho e à cooperação dos funcionários do CROAC. «É uma equipa empenhada, composta por pessoas que tratam destes animais como se fossem seus filhos ou familiares. Vivem 24 sobre 24 horas toda esta problemática. E tudo isso é feito com carinho», salienta.
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equipamentos
São professores, engenheiros, empresários, estudantes, designers. Encontram no seu próprio olhar a inspiração para escolher espetáculos para o palco do Cineteatro Municipal João Mota. Têm idades, interesses, histórias de vida diferentes. São os Olharápios, espectadores ativos do Cineteatro, verdadeiros embaixadores culturais na comunidade.
Influenciadores culturais
cultura
Susana Pires
Pedro Alves
Patrícia Agostinho
Lara Matos
Gonçalo Almeida
Vera Gaspar
Rute Carvalho
Júlio Vaqueiro
João Proença
Alexandre Martins
Alfredo Ferreira
Veja o vídeo:
sentado numa das cadeiras da plateia, Alfredo Ferreira, 61 anos, explica o gosto que lhe dá trazer ao Cineteatro Municipal João Mota espetáculos menos conhecidos, que podem não esgotar, mas marcam a diferença, uma explicação dada numa rápida conversa, porque daí a poucos minutos tem de ir aos bastidores acompanhar os artistas que se vão apresentar em Notas de Contacto – Barreiras Inimagináveis. De seguida tem de subir ao palco para agradecer ao público e explicar quem são os Olharápios.
Até há bem pouco tempo, ir a espetáculos no Cineteatro Municipal João Mota, coisa rara nas rotinas deste empresário do concelho, significava comprar o bilhete, entrar anonimamente na sala, sentarse na plateia e não pensar mais no assunto. Uma vivência muito diferente da que tem como espectador ativo. Faz parte dos Olharápios, um grupo com perto de 20 pessoas, que desde 2017 se reúne voluntariamente para pensar parte da programação da temporada. Em novembro de 2022 foram deles as escolhas de todo o cartaz. Programaram, acolheram artistas, indicaram os lugares, asseguraram a frente de casa e todo o apoio à produção. E adoraram. «Os bastidores são uma experiência indiscritível porque nós, enquanto consumidores de cultura, não fazemos a mínima ideia de todas as etapas, de todos os procedimentos, burocracias, para se efetivar um espetáculo», reconhece Rute Carvalho, professora na Escola Secundária de Sampaio e uma das «olharápias». «Permitenos ter uma maior tolerância face a situações
que julgamos à partida, enquanto público», acrescenta, «muitas vezes apenas exigimos».
A complexidade e o trabalho necessários para pôr de pé um espetáculo foi também uma surpresa para a designer de 27 anos, Cláudia Leonardo. «O processo de programação, o que envolve trazer artistas, a questão do orçamento, da logística, não pensarmos só no nosso gosto pessoal, mas em ofertas culturais que atraiam outro tipo de público, são etapas que desconhecia». Estar com os artistas nos bastidores tem sido um verdadeiro privilégio, conta Júlio Vaqueiro, de 31 anos, assíduo consu midor de cultura, «vejo tudo o que consigo». «É desafiante, mas é tam bém uma oportunidade única», des taca Vera Gaspar, que trabalha no setor energético e a experiência que tem na área da cultura passa pela di namização das Bibliotecas Frigorífi cas do Grupo Desportivo de Alfarim. Apesar de não ser professora, Vera Gaspar está no grupo que faz as su gestões a pensar no público escolar, onde dá a sua visão enquanto encar regada de educação.
Já Rute Carvalho foi convidada como professora, mas rapidamente «saltou» para o grupo que pensa a programação dedicada às famílias. Não coube em si de orgulho quando viu o palco do Cineteatro preenchido com pais, mães, avós e crianças, com menos de três anos, que dançaram e brincaram ao som de Mozart, Bach e Monteverdi, num concerto onde os bebés foram a plateia e parte do pró prio espetáculo. Um momento ines quecível que conseguiu trazer até ao público de Sesimbra.
A cultura da comunidade
Os Olharápios encontram aqui a possibilidade de saírem da sua zona
de conforto e fazerem coisas novas, desligadas dos seus percursos profissionais.
É o que acontece com Pedro Alves, 29 anos, engenheiro, professor de matemática, apaixonado pela natureza, que chegou aos Olharápios através de um espetáculo no Grémio, onde conheceu Alexandre, o único ator amador do grupo.
Quando a 12 de novembro subiram ao palco juntos para apresentar o projeto e antecipar o concerto de Joana Cármen, a forte pronúncia alentejana de Pedro deixou adivinhar as suas origens. Está nos Olharápios de corpo e alma, porque a viver há pouco tempo no concelho decidiu: «já que cá estou é para viver na comunidade».
Comunidade é também a palavra-chave
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cultura
Cláudia Leonardo
Espetáculo Notas de Contacto
Quando os espetáculos se tornam nossos
Os Olharápios são a versão local do projeto Visionários, lançado em 2017 pela Associação Cultural Artemrede, da qual o município de Sesimbra é associado. Trata-se de um modelo que pretende aproximar espectadores, artistas e instituições culturais, através de grupos de debate em que o espectador abandona o seu papel tendencialmente passivo e participa ativamente nos processos de escolha e programação. A inspiração veio no projeto italiano Visionari Durante a edição do terceiro Festival Kilowatt, dedicado à arte contemporânea, em Sansepolcro, Itália, a organização tinha vendido poucos bilhetes. Numa noite, um técnico referiu que talvez fosse melhor acabarem com o festival, a não ser que se encontrasse uma forma da cidade o sentir como “algo seu”. Foi então que decidiram convidar a população a participar na escolha dos espetáculos. Uma experiência que vai continuar em Sesimbra, onde um espetáculo com o selo «escolha Olharápios» é, certamente, uma proposta feita com o olhar do público.
tava muito atento», reconhece. Com reforçado sentimento de pertença, garante que nos Olharápios «há vontade de fazer do Cineteatro uma coisa de todos, um espaço onde toda a gente tem uma voz». E resume: «as conversas que temos nos cafés sobre estes assuntos podemos ter aqui e, pelo menos aqui, vão ouvir-nos». É esta a caraterística que transforma estes meros espectadores em Olharápios: a sua participação ativa e comprometida com a comunidade.
Fazer do Cineteatro casa
Os Olharápios têm espaço para ser escutados por quem programa, mas também pelos seus pares, que os olham como referências, como verdadeiras agendas culturais. O passa-a-palavra entre a comunidade está a ter resultados. No mês programado pelos Olharápios as sessões estiveram praticamente todas esgotadas. Para Rute Carvalho, a proximidade é essencial para chegar às pessoas. «Quando se cruzam comigo já me perguntam o que está previsto no cineteatro», o que a deixa muito feliz. Não
é por acaso que faz sugestões para famílias, pois acredita que é de pe quenino que se adquirem hábitos culturais.
O cartaz com as escolhas dos Olharápios em 2022 abriu precisa mente com uma peça para crian ças, No Início era um Jardim mágico, superou todas as minhas expectativas, queria muito que este espetáculo chegasse a Sesimbra», e conseguiu, partilha a «olharápia» que o sugeriu, a designer Raquel Santana, 37 anos. É com emoção que recorda essa sessão, onde teve a responsabilidade de estar em palco a apresentar os Olharápios, o que foi «um bocadinho assustador». Mas todo o nervosismo foi compensado com o prazer de assistir sentada ao lado da filha, na sua terra, a um es petáculo «lindo», que lhes «encheu a alma».
A condição de mãe de três meni nas, que anda sempre à procura de uma agenda com atividades para crianças, faz com que a participação neste projeto seja ainda mais gra tificante. Em criança e adolescente
já era uma apaixonada pelo mundo das artes e da cultura, mas quando entrava nas salas de espetáculos sentia que não fazia parte, que era um elemento externo, como se o acesso fosse reservado apenas a uma elite, «eram equipamentos intocáveis e nada acolhedores». Já as suas filhas «sentem que o Cineteatro é casa, porque sabem que pelo menos de 15 em 15 dias vão lá, sentem que fazem parte». No dia da apresentação foi com espanto que viram a mãe, Raquel, em palco. «Vais falar para tanta gente?» perguntaram, preocupadas. No final Raquel só tinha um desejo, «tê-las cativado». Porque é este o grande propósito dos Olharápios, através do seu olhar cativar o público do Cineteatro Municipal João Mota.
ABRIL 2023 SESIMBRA n.º 3 32 cultura
Raquel Santana
Concerto para Bebés
Memórias de Uma Falsificadora
Diogo Pinela
um movimento associativo cada vez mais forte
São um pilar social e de desenvolvimento. A base do seu trabalho reside na dedicação de centenas de pessoas que todos os dias dão o máximo por aquilo em que acreditam. As suas conquistas são o lado mais visível de um contributo inestimável para o bem-estar de todos.
o desporto à cultura, passando pela solidariedade social, promoção da cidadania e proteção de pessoas e bens, são muitas as áreas de intervenção do movimento associativo, cujo papel na coesão social e desenvolvimento do concelho é ampla e merecidamente reconhecido, tal como é o seu contributo inestimável para a projeção e prestígio de Sesimbra em Portugal e no estrangeiro.
Parceria entre a autarquia e o movimento associativo
A Câmara Municipal de Sesimbra assegura, há muito, um conjunto de apoios ao abrigo do programa de Apoio ao Associativismo Sesimbrense, essenciais para que estas estruturas possam desenvolver as respetivas atividades.
Estes apoios estão suportados em protocolos de cooperação ou, no caso do desporto, em contratos-programa de desenvolvimento desportivo, enquadrados do Regulamento Municipal de Apoio Financeiro ao Asso ciativismo Des portivo.
As Instituições Particulares de Solidariedade Social e associações que operem na área da ação social beneficiam igualmente de parcerias com a autarquia ao abrigo do Programa de Apoio a Associações Promotoras de Atividades de Âmbito Social.
Os apoios financeiros destinam-se, por exemplo, à beneficiação e construção de instalações, aquisição de equipamentos, viaturas e material didático, dinamização de atividades regulares e não regulares, ou ainda, à formação de técnicos e dirigentes.
As doações podem ir desde materiais para obras de conservação ou melhoramento, a ma-
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associativismo
terial didático ou destinados ao desenvolvimento da função sociocultural da instituição. Nas cedências estão incluídos terrenos para construção de equipamentos, instalações, ou ainda, serviços de viaturas e máquinas. Estes apoios podem ir até aos 75 por cento, dependendo do fim a que se destinam, e são concedidos mediante o cumprimento de um conjunto de requisitos. Para a implementação de novas atividades de caráter cultural, desportivo ou social no concelho de Sesimbra, o apoio pode ser superior. Anualmente as contribuições da autarquia para o movimento associativo representam centenas de milhares de euros. É, com certeza, um investimento seguro na comunidade.
Associativismo em números
Das 140 associações apresentadas no Estudo de Caraterização do Movimento Associativo, em 2022, perto de 70 estão sediadas na freguesia da Quinta do Conde. No Castelo são mais de 40 e, em Santiago, mais de 30. Entre elas, destacam-se as de natureza desportiva, cultural e social que, em conjunto, representam quase 80 por cento do total. Cerca de 35 por cento tem instalações próprias e viaturas.
Pelo que foi possível apurar neste estudo, e tendo em conta as respostas obtidas que representam, aproximadamente, 80 por cento do universo total de coletividades, estas envolvem mais de 530 dirigentes, dos quais, 312 do género masculino e 219 do género feminino. No plano desportivo, movimentavam quase 3400 atletas, 56 por cento dos quais, federados.
Gabinete de Apoio ao Movimento Associativo
Criado em 2020, o Gabinete de Apoio ao Movimento Associativo e Freguesias veio reforçar a proximidade e a articulação entre as associações e os vários serviços da autarquia, o que contribuiu para responder mais eficazmente às necessidades destas instituições.
Uma das primeiras medidas foi a dinamização de reuniões com coletividades de todo o concelho, que serviu, por um lado, para apresentar este novo serviço, e, por outro, para conhecer as instalações, atividades e dificuldades de cada uma, permitiram traçar um retrato mais fidedigno da realidade.
Deste trabalho resultou a elaboração do Estudo de Caraterização do Movimento Associativo do Concelho de Sesimbra, dado a conhecer no início de outubro de 2022, no âmbito do Fórum Associativo do Concelho de Sesimbra.
Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde, Clube Sesimbrense e Núcleo de Espeleologia da Costa Azul são alguns exemplos desta diversidade, e refletem a vastidão de atividades oferecidas pelo movimento associativo. Têm aspirações e públicos distintos mas, a uni-las, o objetivo comum de contribuir para o bem-estar da comunidade.
ADQC Papel interventivo na comunidade
Ultrapassar barreiras é um desafio diário e permanente do movimento associativo, ainda mais quando falta tudo, ou quase tudo. Foi essa a realidade com que se depararam os fundadores da Associação para o
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Desenvolvimento da Quinta do Conde (ADQC), há quase 50 anos.
«Nos primeiros tempos, a coletividade foi uma voz ativa para transmitir as preocupações da comunidade com a falta de escolas, espaços desportivos e de lazer, estação de correios, estradas, saneamento ou abastecimento público. A associação foi mesmo o grande elo de ligação entre a população e as instituições que tinham o poder de criar essas condições. Este era o seu propósito», atesta Joaquim Tavares, presidente da direção da ADQC, para reforçar que a coletividade que atualmente dirige «é a instituição mais antiga da freguesia, e a sua história confunde-se com a própria história da Quinta do Conde».
Com o passar dos anos, a ADQC apontou baterias para a promoção do desporto. «Era outra das grandes necessidades da freguesia, porque não havia nada cá», afirma. A doação, à associação, por parte de António Xavier de Lima, dos terrenos junto à Estrada Nacional 10, onde ainda se mantém, impulsionou este objetivo e foi decisiva para a “viragem de rumo”, que veio a torná-la na maior coletividade desportiva da freguesia.
«Hoje, temos quase 500 praticantes nos vários escalões de futebol e futsal, masculino e feminino, o que nos enche de satisfação, mas dá-nos uma grande responsabilidade para manter a máquina em movimento, porque as limitações financeiras das
associações e a exigências são muitas e cada vez maiores.
Joaquim Tavares afirma que os resultados desportivos são objetivos pelos quais trabalham diariamente, mas reforça que existem outras conquistas que marcam a vida dos que formam as equipas coesas que estão na base do sucesso das associações. «O nosso dia-a-dia também é feito de convívio e amizades para a vida que nos dão alento para continuarmos. E esse é também o espírito do movimento associativo», conclui.
Grémio Novas ideias para a cultura
A capacidade do movimento associativo se reinventar está bem espelhada no Clube Sesimbrense - Grémio, coletividade com mais de 170 anos que, depois de décadas de relevante e intensa atividade nos planos social e cultural, enfrentou períodos de incerteza que quase paralisaram a atividade da instituição centenária e impulsionadora do ensino da música. A vontade de não deixar cair no esquecimento o clube e a determinação em dar-lhe uma “nova vida” partiram de um grupo de jovens. Uns são descendentes de antigos membros do Grémio, alguns recordam momentos que jamais esquecerão, como os bailes de Carnaval, outros vieram para partilhar ideias e trazer novos contributos. Comum a todos
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eles, a aposta na cultura e o respeito pela história e identidade da instituição que representam.
Sara Pereira, João Cruz, Maciel Santos, Alexandra Patuleia e João Dias são alguns dos rostos desta equipa disposta a fazer a diferença, em Sesimbra. «O nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento social através da cultura e fazer do Grémio um ponto de encontro e espaço de produção cultural, promovendo a criatividade através da arte, da partilha e da reflexão», dizem.
Algo que, assumem, «passa pelo acolhimento e coprodução de projetos artísticos, sociais e ambientais, porque, para nós, Sesimbra tinha lacunas nesta matéria».
A renovação da imagem e do próprio espaço, a que não é alheia uma nova abordagem ao serviço de bar, que incluiu a reposição da esplanada no largo, acompanharam as premissas da direção que vê o seu projeto ir ao encontro da comunidade.
«Temos o ensino da música, claro está, mas também do ballet, oficina de teatro, tertúlias de poesia e danças de salão, para além de realizarmos, exposições, espetáculos, atividades para cri an ças e stand up, outra grande aposta de sucesso», concluem com otimismo visível.
NECA À descoberta da natureza
Fundado em 1995, o NECA, membro mais novo desta tríade, nasceu com o desígnio de dar a conhecer e contribuir para a preservação dos valores naturais do território que, melhor do que ninguém, conhece por cima e, principalmente, por baixo. Estatuto conquistado pelas investigações que trouxeram à luz a assombrosa beleza das cavidades subterrâneas da Arrábida. A Gruta do Frade é o expoente máximo destas descobertas, dada a conhecer através de publicações e exposições ao longo dos anos. «Nem queríamos acreditar no que víamos quando nos deparámos com o que encontrámos nas galerias subterrâneas. Foram momentos de um misto de felicidade, espanto e contemplação indescritíveis», recorda Francisco Rasteiro, pioneiro do NECA.
O complexo sistema de grutas viria ainda a surpreender os elementos desta associação por outro motivo: a descoberta da Anapistula atecina, nada mais, nada menos que a aranha mais pequena da Europa, encontrada na Lapa do Fumo, que foi largamente propagada pela comunidade científica.
«Foi outra descoberta inesperada e espantosa que despertou em nós uma vontade ainda maior de conhecer mais profundamente a flora e fauna da Arrábida, o que veio a constituir outra das nossas atividades», diz. O conhecimento adquirido nestes anos revelou-se um capital de valor inestimável que o NECA passou a partilhar com a comunidade. Ou melhor, transformou-o num um recurso educativo essencial para proporcionar uma formação mais abrangente das novas gerações, numa altura em que o espectro das alterações climáticas exige mais ações do que palavras. «Esta é também a nossa missão, porque o nosso lema é desfrutar, conhecer e consciencializar», enfatiza o espeleólogo.
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associativismo
Parque e cológico da Várzea
“Tão perto e tão longe”. Aplicado ao Parque Ecológico a Várzea, o chavão poderia fazer sentido há alguns anos, quando este espaço estava desaproveitado e os seus valores ambientais eram desconhecidos. Em pouco mais de uma década, o envolvimento da autarquia e da comunidade operou uma profunda transformação da maior área verde da freguesia da Quinta do Conde, que ganhou nova vida. Preservá-la e respeitá-la é, pois, uma prioridade de todos.
ambiente
á pouco mais de uma década, a zona da Várzea da Quinta do Conde, junto à Estrada Nacional 10, era um local praticamente ignorado. Poucos estavam conscientes das suas potencialidades e, muito menos, da importância ambiental deste corredor ecológico que “clamava” por uma intervenção de fundo na mancha florestal, fundamental para valorizar a biodiversidade da maior área verde integrada num extenso corredor ecológico onde em tempos fluía o Rio Coina.
Um dos primeiros passos para a valorização desta extensa área foi dado em 2010, Ano Internacional da Biodiversidade, com a ideia de criação de um corredor ecológico que abrangesse toda esta zona.
Desde então, e durante mais de uma década, este espaço conheceu intervenções a vários níveis que vieram a proporcionar o seu usufruto por parte da comunidade. Atenta a esta realidade, a Câmara Municipal assegurou a manutenção do espaço e preparou uma série de intervenções, concretizadas em 2022, com a requalificação dos caminhos, instalação de sanitários e de uma nova picota para apoio à rega.
Em simultâneo, a autarquia apresentou uma candidatura pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização - COMPETE 2020, aprovada recentemente, que permitiu dar início a diversas obras de qualificação das zonas verdes de uso público no Parque da Ribeira e no Parque Ecológico da Várzea.
Assim, quem hoje visita o Corredor Ecológico da Várzea apercebe-se das obras em curso, que englobam a substituição de pontes, bancos
As obras em curso englobam substituição de pontes, bancos e cercas delimitadoras, instalação de um “anfiteatro”, pérgula de ensombramento, ecopontos, pórticos de receção nos acessos pedonais e renovação de painéis informativos e placas direcionais.
e cercas delimitadoras que se encontravam vandalizadas, instalação de um “anfiteatro”, bancos, uma pérgula de ensombramento numa parte do estacionamento, ecopontos, pórticos de receção nos acessos pedonais e renovação de toda a sinalética, que inclui painéis informativos e placas direcionais.
O objetivo é melhorar as condições de visitação de todo este corredor verde. Para além da renovação dos equipamentos e da sinalética, esta candidatura prevê ainda a limpeza de árvores e ramos em risco de queda, podas, desmatação, erradicação de espécies vegetais infestantes, limpeza de margens, leito da ribeira e charcas, melhoria dos acessos pedonais e plantação de mais árvores e arbustos, que se enquadram no objetivo de contribuir para a preservação dos valores ambientais e, ao mesmo tempo, permitir que todos possam usufruir da sua beleza.
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h
vai um queijo da azoia?
Fresco, seco ou amanteigado, o Queijo da Azoia é um dos sabores mais conhecidos de Sesimbra, e tem apreciadores de todo o mundo. A tradição e o saber fazer continuam bem vivos pelas mãos de duas famílias da aldeia da Azoia, que mantêm a produção desta iguaria de forma artesanal.
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sabores
éna Azoia, aldeia do concelho mais próxima do Santuário do Cabo Espichel, que se faz o famoso queijo que conquistou muitos apreciadores.
Produzido há mais de um século para consumo próprio por várias famílias, que tinham na agricultura e na pastorícia as suas principais fontes de sustento, o Queijo da Azoia acabou por vir a tornar-se muito justamente, numa das referências da gastronomia sesimbrense.
Hoje, este apreciado produto feito com leite de ovelha, cuja alimentação provém essencialmente dos prados verdejantes da zona rural, continua a ser produzido artesanalmente por duas famílias, que souberam conservar a tradição e o saber fazer herdados ao longo de várias gerações, e que são, afinal, os grandes obreiros do sucesso deste delicioso queijo.
Há quem o prefira fresco. Outros preferem-no amanteigado. Outros ainda, não dispensam o queijo seco. Seja ele qual for, existe a certeza de que todos são muito saborosos.
Para além de poder ser adquirido nos mercados municipais, e em várias superfícies comerciais, o Queijo da Azoia é hoje presença obrigatória, juntamente com outros produtos locais, na feira Sabores da Nossa Terra, que se realiza aos sábados e domingos, na Moagem de Sampaio.
É passar por lá e provar os melhores sabores de Sesimbra. Queijo da Azoia incluído.
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rita spider inspiração para jovens artistas
Dançar é-lhe tão natural como andar. Em criança idealizava ao pormenor espetáculos, coreografias e cenários. A criatividade, desassossego e trabalho levaram-na a palcos como o Cirque du Soleil. Pelo meio de uma vida em constante movimento, que passa por West End ou Hollywood, Rita Spider volta a Sesimbra para partilhar a sua experiência com jovens que têm a mesma paixão pela dança.
desde miúda que dança, em casa, na escola, na rua, em qualquer lado onde existe espaço. No recreio era reconhecida por andar sempre de auscultadores, a ouvir música e com a cabeça nas nuvens, a idealizar espetáculos. «Sempre a praticar tudo aquilo que aprendia nas aulas de dança, tinha uma vontade constante de me mexer, de explorar, de criar», recorda Rita Spider, coreógrafa, bailarina e professora de dança que tem no currículo espetáculos em West End, Hollywood e no Cirque du Soleil.
Desde janeiro, passou vários fins de semana a trabalhar com 20 jovens de Sesimbra que tiveram o privilégio de participar numa formação intensiva no âmbito do projeto Loop Gate Fest, que culminou com o espetáculo Vortexxx no Cineteatro Municipal João Mota.
Primeiros passos
Quem conhece de perto Rita Spider sabe que sempre foi determinada, trabalhadora e de sorriso aberto, para quem dançar sempre foi natural, a sua forma preferida de brincar.
Em criança saía da escola a correr para o trabalho da mãe, um centro de estética e ginásio, que era o maior espaço dedicado à atividade física da zona de Sintra «e um pouco revolucionário para a altura». Aqui passava os dias a dançar, fazer ginástica e até artes marciais. O movimento sempre foi a sua principal forma de expressão.
«Fiz ginástica acrobática de competição e muitas outras atividades desportivas, para além da dança». Com uma mãe apaixonada pelas artes e um pai músico, ir a espetáculos fazia parte da rotina fami-
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liar. «Comecei desde muito cedo e muito intuitivamente a fazer as coisas nesta direção.o», const
Voar no Cirque du
Soleil: a artista
Um caminho que a levou a palcos em Nova Iorque, a sua segunda casa, Los Angeles ou Londres e a trabalhar com companhias internacionais.
«Fui crescendo, até chegar ao Cirque du Soleil, um sonho de criança. A primeira vez que vi fascinou-me, pensei “isto para mim é o espetáculo com que me identifico”, porque aborda várias áreas, começa por ser circo, mas também é música, dança, acting», explica. Entre 2011 e 2015, o sonho concretizou-se, quando foi a única artista portuguesa a participar na digressão da companhia canadiana com o espetáculo Immortal, de homenagem à carreira de Michael Jackson. «Estava
no Cirque du Soleil e logo com a equipa que trabalhou durante anos com Michael Jackson. Foi ouro sobre azul», confessa.
A internacionalização começou cedo. «Entrei muito nova para um grupo ligado ao hip-hop, os 3F - Funky for Fun, com 11 anos, era a mais nova, e foi aí que comecei a pisar palcos maiores como o Coliseu», recorda. Aos 17 anos foi para Londres estudar Dança e trabalhar. «Entrei numa outra viagem, diferente, com outra dimensão, porque existe dinheiro para as produções, e em Portugal ainda continuamos nesta luta, apesar de já existir um investimento que não existia nos anos 80 e 90».
Criar fora de palco: a coreógrafa
Nunca mais parou de dançar profissionalmente e, para si, o mais importante, nunca deixou
cesso até lá. O que mais me fascina é mesmo o processo criativo, até ao momento final. Quando estreia preciso de outro processo criativo.»
Inspirar jovens artistas: a formadora
dois grupos de jovens, um com experiência profissional de dança, e outro de alunas que não sabem se querem seguir profissionalmente esta área, mas sabem que a dança faz parte das suas vidas. Ao longo de vários fins de semana encontravam-se
onde encontra uma cultura que «abraça» todos sem distinção, como sentiu no Bronx, onde conheceu alguns dos pioneiros deste género.
Entre viagens, volta sempre a Portugal, onde tem a família, o sol, o mar e o calor do público
de criar. «A parte criativa sempre foi a que mais me fascinou. Acabei por me tornar diretora criativa de vários espetáculos».
Reconhecida pelo seu talento, técnica e capacidade de trabalho, tem sido convidada por encenadores, que contam consigo para coreografar peças como Chicago ou Noite de Reis, no Teatro da Trindade, para além dos espetáculos que cria em nome próprio, como Smile, onde Charlie Chaplin é uma clara inspiração. Um sucesso alcançado com um grande investimento pessoal e financeiro em formação.
«Estudei várias áreas artísticas. A que explorei com mais dedicação foi a dança, embora tenha passado pela música, pelo circo, pelo teatro». Fez formação nos Estados Unidos, em França ou Inglaterra. «Trabalho para estudar», resume.
«As pessoas só veem o produto final, mas há todo um pro-
Rita Spider trabalha com co reógrafos e companhias de nível internacional, um sonho de mui tos bailarinos ou diretores artísti cos, mas volta sempre a Portugal. A sua realização passa por aprender, idealizar espetáculos, pensá-los ao pormenor. Passa de igual forma por mostrar que é possível viver da arte, por ins pirar jovens e fazê-los acreditar que podem chegar mais longe na dança. É uma tarefa «às ve zes mais exigente do que estar em palco». Também aqui começou cedo. Aos 14 anos já era convidada pa ra partilhar o que sabia. «Não me considerava professora ou instrutora, e ainda não me considero, transmito ape nas aquilo que me foi passado e depois coloco mais um tempero por cima», diz, numa analogia com a cozinha para explicar de forma simples o processo cria tivo.
Foi através de um destes convites para dar formação que chegou à Quinta do Conde, ao grupo de hip-hop 14 anos. «As aulas eram numa coletividade e correu muito bem». Tão bem que voltou ao longo de vários anos, e foi ins piração para alguns alunos que seguiram profissionalmente esta área.
Em 2023, aceitou o convi te para voltar a Sesimbra, para o Loop Gate Fest
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Castelo e Quinta do Conde Investimento na Comunidade
A construção de um novo pavi lhão desportivo municipal em Sampaio e de uma biblioteca mu nicipal na Quinta do Conde, a requalificação do Anfiteatro da Boa Água e da Escola Básica do Casal do Sapo, ou o melhorara mento dos relvados dos campos de futebol na Maçã, em Alfarim, no Zambujal e na Quinta do Con de são algumas das obras que vão acontecer nas freguesias do Castelo e da Quinta do Conde, financiadas pelo Plano de Recu peração e Resiliência (PRR) no âmbito da candidatura apresen tada pela autarquia ao Plano Me tropolitano de Apoio às Comu nidades Desfavorecidas da Área Metropolitana de Lisboa.
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