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desembocará no curso dessas peregrinações sobre um conjunto de lendas bem articuladas”. (2005, p. 88)
Essa transmissão geracional está em consonância com a definição de memória coletiva apresentada por Régine Robin:
(...) a memória coletiva funciona como a ‘madeleine de Proust’, por associações ou por mobilização de um sentido que já estava lá. O que conta, efetivamente, é o sentido a dar ao passado. De onde esse gosto pelos símbolos, as alegorias da memória coletiva, guardiã a seu modo das tradições e da interpretação que um grupo dá a seu passado. Se seu espaço-tempo é local, simbólico, cíclico e ucrônico, ela se torna elegia ou panegírico para representar sua própria epopeia, a menos que ela se passe na dispersão desordenada de associações de ideias tendo como ponto de apoio o vivido. A memória coletiva oscila entre o silêncio, a amnésia, a reconstituição imaginária e o detalhe intensamente revificado (ROBIN apud BERND, 2017, p. 14).
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Vestígios para uma transmissão transgeracional
De personagem histórica a personagem do imaginário popular, a lenda da Corriveau tratou de encobrir as falhas no julgamento dessa condenada para perpetuar a crença na punição de uma mulher transgressora da moral e dos bons costumes de uma comunidade predominantemente cristã. Sendo assim, a lenda oral transformou a história encobrindo qualquer dúvida diante da acusação e seu veredito. Foi dessa maneira que a lenda da Corriveau passou a dar destaque às razões que levaram à cruel punição atribuída. Ou seja, por que enforcar uma mulher e ainda expor seu cadáver até a putrefação de sua carne? As variantes da lenda nos respondem: tratava-se de uma bruxa, uma assassina de até sete maridos e também infanticida! Razão suficiente para torna-la o contraexemplo em uma comunidade que necessitava realizar a manutenção de suas práticas religiosas.
O primeiro registro escrito da lenda dA Corriveau é feito por Philippe Aubert de Gaspé, em 1864, na publicação de Les anciens canadiens. Essa obra, incontornável nos livros sobre a formação da Literatura do Quebec, é a primeira a reunir as lendas tradicionais da oralidade. Nessa transcrição, a Corriveau passa para o registro literário carregando o estereótipo da bruxa que assombra os bons cristãos.
No mesmo século de publicação de Les anciens canadiens, duas outras adaptações literárias da lenda oral foram registradas. Em 1877, o escritor britânico William Kirby publica o romance The Golden Dog, traduzido para o francês em 1884, para nele recuperar lendas tradicionais, incluindo a da
Corriveau. Em 1885, Louis Fréchette, publica “La cage de La Corriveau” em uma edição especial do jornal La Patrie. Posteriormente, em 1913, essa narrativa foi introduzida em um Almanaque quebequense sob o título “Une relique”. A adaptação de L. Fréchette volta ao cenário de investigação da morte do segundo marido e de condenação da suspeita. No inquérito da morte do segundo marido, descobre-se o assassinato do primeiro – vítima de chumbo derretido colocado em seus ouvidos. O perfil da acusada é o de uma mulher fria e meticulosamente perversa que não escapa do enforcamento. No ímpeto de desconstruir o elemento fantástico, dando maior veracidade à narrativa historiográfica, L. Fréchette deixa as pistas para novas investigações que mudarão o olhar direcionado a essa personagem.
Seguindo as pegadas de seus antecessores, o escritor e folclorista Luc Lacourcière reconstitui, em uma publicação feita para Les Cahier de Dix1 , nº 33, de 1968, o processo e o julgamento da Corriveau. Em seu texto, L. Lacourcière traz ao público outra interpretação dos fatos e revela elementos que transformariam o estereótipo daquela mulher pecadora.
Para esse folclorista, se Marie-Joseph Corriveau tivesse sido julgada em conformidade com a lei, teria escapado da forca. Para ele, um elemento é substancial: as provas de sua acusação eram circunstanciais e seriam rejeitadas por qualquer tribunal. L. Lacourcière também argumenta sob outra perspectiva: o júri foi composto por doze oficiais britânicos e o julgamento conduzido pelo advogado da coroa britânica que atuava também como secretário do governador britânico, James Murray – responsável por comandar a colônia francesa recentemente conquistada pelos ingleses. Outro detalhe de extrema relevância para o veredito foi o fato de o julgamento ter sido realizado em inglês, sem tradutor ou intérprete e sem a permissão da acusada para testemunhar. Nessa transmissão da história que virou lenda e da lenda que preservou elementos da história não oficial, encontramos a função da memória cultural nesse processo transgeracional que arquiva os traços constitutivos da identidade do povo quebequense. Zilá Bernd, ao relacionar memória cultural e transmissão, nos lembra:
Por que referir-se à Memória Cultural nessa abordagem sobre memória e transmissão? Inserir o debate sobre Memória Cultural torna-se pertinente na medida em que os autores que vêm abordando o tema, como Aleida e Jan Assmann e Andreas Huyssen, valorizam os estudos da memória não apenas em termos de armazenamento de dados em arquivos, mas de tudo
1 Les Cahiers des Dix [Os Cadernos dos Dez] é uma publicação interdisciplinar, considerada coleção patrimonial. Fundada em 1936 por dez pesquisadores, Os Cadernos são referência da história do Quebec voltada a sua economia, sociedade e cultura.
Kelley Baptista Duarte
aquilo que escapa ao registro oficial, como o residual, o que foi obliterado ou o que se tentou apagar (BERND, 2017, p. 23-24).
Reapropriação do passado (contra o silenciamento)
Os vestígios da Corriveau perpassam gerações e atravessam os séculos incorporando, em cada releitura, novos modelos de identificação para interligar presente e passado. É dessa forma que cada reapropriação da lenda da Corriveau ganha um novo sentido que, por sua vez, vivifica o traço identitário enquanto modelo de identificação coletiva.
Nessa perspectiva está o conto “A Corriveau”, de Claude-Emmanuelle Yance. A narrativa, inserida na coletânea da autora, intitulada Cages [Gaiolas] (2011), recupera um detalhe interessante da história oficial de acusação; um detalhe pouco lembrado, por vezes ignorado, nas variantes da lenda e que aponta para uma assassina que teria matado o segundo marido em legítima defesa. É em torno desse elemento, hipótese de um crime, que C.-E. Yance dá voz a uma Maria Corriveau do século XXI e de uma atualidade marcada pelo modelo de luta e de insubmissão femininas.
A Corriveau moderna de C.-E. Yance, em seu compromisso transgeracional de afiliação, demarca a ruptura de um silenciamento frente à condição da mulher vítima de violência doméstica. Sendo assim, a Corriveau do conto expõe uma mulher que, subjugada aos maus tratos de um marido alcoólatra, decide por fim em seu cenário de agressões.
Logo nas primeiras linhas do conto, a personagem, impregnada de ódio por ter sido novamente espancada pelo companheiro, lança-se ao devaneio.
E ao tomar consciência do sobrenome que carrega, “Corriveau”, encontra a força necessária em uma descendência que a impulsiona a reagir:
Ela olhava pela janela. “Olhava” é uma palavra bem extensa. Ela estava era perdida em seu olhar. Pela primeira vez em sua vida, ela acabava de tomar consciência de seu sobrenome: Corriveau.
Talvez tenha sido o ódio que acendera essa fagulha em seu cérebro. Um ódio jamais nomeado antes, jamais acolhido no deserto de seu corpo até esta noite. “Tu deverias ter mais cuidado, Louis Dodier-Leclerc. Eu sou uma Corriveau, eu sou uma Corriveau !” (YANCE, 2011, p. 53) 2
2 Tradução livre do original : Elle regardait par la fenêtre. «Regardait » est un bien grand mot. Elle était plutôt perdue dans son regard. Pour la première fois de sa vie, elle venait de prendre conscience de son nom: Corriveau. C’était peut-être la haine qui avait allumé cette petite lumière dans son cerveau. Une haine jamais nommée, jamais accueillie dans le désert de son corps avant ce soir. “Tu devrais faire attention à toi, Louis Dodier-Leclerc. Je suis une Corriveau, je suis une Corriveau !”
Decidida a se vingar do agressor, ela alimenta seu sentimento relembrando o chute que a deixou desacordada e que a levou para o hospital:
Ela foi projetada pra baixo de sua cadeira pelo chute nas costelas que a fez girar sobre o piso. Ele se lançou com fúria sobre ela, que estava quase desacordada. Ela nem gritava, pois havia esquecido como gritar. (...) Ela se acordou três dias depois, no hospital 3 (Op. cit., p. 54-55).
Após a hospitalização, a protagonista de C.-E. Yance é encaminhada a um abrigo para mulheres vítimas da violência doméstica. Lá, recuperando-se do espancamento, ela se depara com a primeira situação que a desperta para o estigma de seu nome. Ao entrar na cozinha do abrigo, uma das mulheres que ali estava anuncia, para outra colega, a presença “d’A Corriveau”: “um dia, quando entrava na cozinha, ela ouviu murmurar uma das duas mulheres que lavava a louça: ‘A Corriveau’. E a Corriveau despertou nela, repentinamente, pronta, armada como se fosse para a batalha de sua vida.”4 (Op. cit., p. 58)
Esse foi o primeiro impulso para a consciência de sua “herança” e para a tomada de decisão em retornar à casa e reagir. Afinal, “De que serve chamar-se Corriveau se é pra ficar aí, sem fazer nada ?”5 (Op. cit., p. 54)
Consciente da necessidade de romper com o ciclo de violência, ela rememora uma ancestralidade regida pela moral, pela religião e pela impunidade das agressões domésticas:
Onde ela aprendera a história da Corriveau? Na escola? A mulher acusada de ter matado ao menos dois maridos. Sim, mas foi há muito tempo. Quando as pessoas estavam à mercê dos párocos, na campanha. Quando os homens tinham todos os direitos, quando todo mundo fechava os olhos para o que acontecia na casa dos outros. Mesmo se ouvissem gritos e choros, mesmo se de vez em quando um caixão saísse dali e fosse rápido levado para ser enterrado no cemitério com a benção de toda paróquia. Ao lembrar-se de sua mãe, ela disse a si mesma que aquele tempo tinha durado muito. E que bastava muito pouco para que ele não terminasse de fato 6 (Op. cit., p. 54).
3 Elle fut jetée en bas de sa chaise par un coup de pied dans les côtes qui l’envoya valser sur le plancher. Il s’acharna sur elle à moitié réveillée, impuissante. Elle ne criait même pas, elle avait oublié comment crier. (...) Elle se réveilla trois jours plus tard à l’hôpital.
4 (...) un jour qu’elle entrait dans la cuisine, elle entendit murmurer l’une des deux femmes qui lavaient la vaisselle : ‘La Corriveau’. Et La Corriveau se réveilla en elle, tout d’un bloc, prête, armée comme pour la bataille de sa vie.
5 À quoi ça sert de s’appeler Corriveau, si c’est pour rester là, à ne rien faire ?
6 Où avait-elle appris l’histoire de La Corriveau ? À l’école ? La femme accusée d’avoir tué au moins deux maris. Oui, mais c’était autrefois. Quand les gens étaient à la merci des curés, dans les campagnes. Quand les hommes avaient tous les droits, quand tout le monde fermait les yeux sur ce qui se passait dans les maisons des autres. Même si on entendait des cris et des pleurs, même si de temps en temps un cercueil en sortait qu’on allait vite enterrer au
Mesmo desaconselhada pelos profissionais do abrigo, ela insiste em voltar para o ambiente das agressões. É em casa que ela vai executar sua vingança. Aproveitando a ausência do marido, durante o dia, Corriveau inicia a construção de uma gaiola no porão. À noite, ela o embriaga para finalizar os detalhes dessa construção. Um dia, já desacordado pelos excessos de álcool, misturados aos medicamentos para tratar um ferimento no braço que o obrigara a voltar mais cedo pra casa, ela o arrasta até o porão e o tranca na gaiola:
Ela ficou um bom tempo olhando sua obra. Ele dormia, mas iria acordar. Então, agiria como uma besta feroz. A gaiola iria conter? A Corriveau que existia nela delirava de prazer. A Maria se sentia humilhada e estava com medo. Mas a Corriveau havia vencido. Ao menos, até aquele minuto7 (Op. cit., p. 63).
O embate contra esse homem agressor vai além dos limites do real. Impregnada de uma força comunal, atribuída à herança da assassina-bruxa, ela sabe que está enfrentando um homem também carregado de um fardo sobrenatural: “Ela conhece cada ruga daquele rosto, cada pelo daquela barba, cada fio de cabelo daquela cabeça que se assemelha à do diabo.” (Op. cit., p. 66) 8 Reconhecendo sua aparente vitória, a do aprisionamento, ela, então, se questiona: fazer o quê? Afinal:
É ela quem conduz agora e é ela quem segura as rédeas de um cavalo enfurecido. Ela permanece ali, olhando pra ele, mas também olhando pra ela mesma, naquela situação. Ela não acredita... ela ousou fazer isso? Ela é a mais forte, agora. Mas o que se faz quando se tem o poder de vida ou de morte sobre alguém, o que se faz?9 (Op. cit., p. 67)
O agressor do conto de C.-E. Yance, Louis Dodier-Leclerc – nome que faz menção àquele do segundo marido de Marie-Joseph Corriveau, incorpora a representação de todo opressor. Por vezes, nos delírios de Corriveau, personagem do conto, o marido-agressor também assume a face de seu pai para explicitar/ cimetière, avec la bénédiction de toute la paroisse. En pensant à sa mère, elle se dit que ce temps-là avait duré longtemps. Et qu’il suffisait de peu de choses pour qu’il ne soit pas tout à fait terminé. denunciar que sua condição de mulher oprimida, que se deixava espancar, é fruto de uma educação familiar humilhante; de um pai que batia na mãe e na filha.
7 Elle resta longtemps à regarder son oeuvre. Il dormait, mais il allait se réveiller. Et alors, il serait comme une bête féroce. La cage allait-elle tenir ? La Corriveau en elle délirait de plaisir. Marie se sentait toute petite et elle avait peur. Mais La Corriveau avait gagné. Au moins jusqu’à cette minute.
8 Elle connaît chacune des rides de ce visage, chacun des poils de cette barbe, chacun des cheveux de cette tête qui se confond en elle avec celle du diable.
9 C’est elle qui conduit maintenant et elle tient entre ses mains la bride d’un cheval fou. Elle reste là à le regarder, mais à se regarder elle aussi dans cette situation. Elle n’en revient pas… elle a osé faire ça ? C’est elle la plus forte, maintenant. Mais qu’est-ce qu’on fait quand on a pouvoir de vie ou de mort sur quelqu’un, qu’est-ce qu’on fait ?
No desfecho dessa história, os elementos da lenda tradicional não são esquecidos e a transmissão transgeracional cumpre com o papel de perpetuar a história e trazer à luz, nessa releitura, o que foi dito, mas também o que foi silenciado.
A todo o momento, os traços dessa memória cultural, perpetuada predominantemente na oralidade, são retomados e atualizados nesse novo contexto narrativo: 1) o fantástico, característica da lenda oral, confundese com os delírios causados pelo medo e pela abstinência alcoólica dessa mulher – também condicionada aos vícios de seu agressor; 2) os elementos que figuram a punição, tais como a degradação moral e física, representada pelo confinamento na gaiola e, principalmente, 3) os nomes das personagens, históricas e lendárias, que, nesse novo contexto, servem também para relembrar o leitor do compromisso da transmissão, tanto por parte da autora quanto daquele que lê e se apropria da atualização da narrativa tradicional.
Ao longo dessa explanação, que persegue a linha evolutiva e de transmissão da figura histórica e lendária da Corriveau, percebe-se que as lacunas deixadas ao longo do grande percurso geracional são fecundas no imaginário de uma escritora comprometida com a manutenção da memória cultural de sua comunidade. C.-E. Yance, quando recupera a Corriveau do imaginário popular, não só enaltece a tradição popular da literatura oral do Quebec, como também ressignifica a imagem de uma protagonista em uma atualidade marcada pela insubmissão feminina e pela luta em defesa dos direitos da mulher.
A Marie-Joseph Corriveau dos arquivos e das lendas tradicionais, figura historicamente depreciada pela História Oficial do Canadá, representa também o feminino subalterno frente ao poder opressor em três instâncias: política, religiosa e cultural. Sendo assim, a Corriveau resgatada por C.-E. Yance, não só caracteriza a filiação simbólica e coletiva da comunidade quebequense, mas a afiliação por identificação de gênero, uma vez que a mulher, e somente ela, pode ser submetida a um relacionamento conjugal abusivo de violência física. Não se pode ignorar que a protagonista de C.-E. Yance é herdeira de uma Corriveau do século XVIII, cujo destino foi a morte por decisão dos opressores de seu tempo. Isso talvez justifique o desfecho surpreendente narrado pela autora; desfecho revelador de que toda mulher moderna, mesmo amparada por leis e instituições que a protegem, mesmo reagindo em legítima defesa, pode estar fadada ao mesmo destino de Marie-Joseph Corriveau.
Kelley Baptista Duarte
A protagonista moderna de C.-E. Yance, cumpre com a promessa de vingança: engaiola o companheiro agressor – deteriorado pelo mal cheiro das fezes, da urina, do suor e alimentado apenas pelo ódio e desejo de, em um descuido, agarra-la por entre as grades e matá-la. A Corriveau do conto, mesmo regozijada pela condição humilhante do marido, sabe que jamais apagara seu passado de violência – iniciada pelo pai, continuada pelo companheiro. Impulsionada por essa consciência perturbadora, ela decide libertar-se definitivamente aproximando-se, de forma espontânea, das grades da gaiola e se entregando à morte nas mãos do agressor.
Referências
BERND, Zilá e MANGAN, Patrícia K.V. (Orgs.). Memória cultural, herança e transmissão. Canoas: Editora Unilasalle, 2017.
BERND, Zilá. A Persistência da Memória – romances da anterioridade e seus modos de transmissão intergeracional. Porto Alegre: Besourobox, 2018.
DION, Sylvie. A legentificação do ‘Fait divers’ – o caso de Marie-Joseph Corriveau: a enforcada e engaiolada. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 36, n. 48, p. 83-93, 2005.
GUILBAULT, Nicole. Il était cent fois La Corriveau. Québec: Nuit Blanche Éditeur, 1995.
ROBIN, Régine. Memória coletiva, memória cultural e romance memorial. In : BERND, Zilá e MANGAN, Patrícia K.V.(Org.). Memória cultural, herança e transmissão. Canoas: Editora Unilasalle, 2017.
YANCE, Claude-Emmanuelle. La Corriveau. In: YANCE, Claude-Emmanuelle. Cages. Québec: Lévesque Éditeur, 2011.