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O acompanhamento do doente crónico pelas farmácias comunitárias
from Infopharma nº3
by editorialmic
EM TEMPOS COMO OS QUE ATUALMENTE SÃO VIVIDOS PELA POPULAÇÃO, AS FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS SÃO OS PRIMEIROS ESTABELECIMENTOS AOS QUAIS OS DOENTES RECORREM POR FORMA A GARANTIREM A CONTINUIDADE DA SUA MEDICAÇÃO E A QUALIDADE DA SUA SAÚDE.
Autor: Carolina Simão, Presidente da Associação de Estudantes de Farmácia - APEF
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De acordo com o inquérito conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, cujos dados foram apresentados no ano de 2019, 3,9 milhões de portugueses revelam ter pelo menos uma doença crónica de uma lista de 20 doenças citadas.
Fruto da preocupação com a saúde dos doentes, a GFK Metris realizou um estudo no âmbito de uma iniciativa criada conjuntamente pela Ordem dos Médicos e a Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH) denominada ‘‘Saúde em Dia – Não mascare a sua Saúde’’ que demostrou que mais de metade dos portugueses, com especial incidência nos idosos e nos doentes crónicos, considera que a pandemia dificultou o seu acesso aos cuidados de saúde. O referido estudo também indica que cerca de metade da população não se sente segura para usufruir dos cuidados de saúde, por receio de contágio. No entanto, demonstra que 83% dos inquiridos confirma a confiança nas deslocações às farmácias para adquirirem os seus medicamentos, evidenciando que, principalmente em tempos como os que atualmente são vividos pela população, as farmácias comunitárias são os primeiros estabelecimentos aos quais os doentes recorrem por forma a garantirem a continuidade da sua medicação e a qualidade da sua saúde.
O despacho publicado no dia 7 de abril pelo Ministério da Saúde, o qual autorizava o fornecimento de medicamentos hospitalares aos doentes em regime ambulatório através das farmácias comunitárias, permitiu que estes estabelecimentos estivessem, como já é habitual, na linha da frente no tratamento dos doentes crónicos. É, através das farmácias comunitárias, que é assegurada a monitorização contínua do tratamento destes doentes que viram, e
continuam a ver, por fruto da pandemia, o acesso aos cuidados de saúde condicionados. Assim sendo, esta revela-se essencial para a manutenção do bem-estar e estabilidade clínica da pessoa que vive com doença.
Também as farmácias comunitárias estiveram presentes no sucesso da ‘‘Operação Luz Verde’’ criada com o intuito de garantir a continuidade da terapêutica em doentes com inúmeras patologias que requerem um tratamento contínuo. Em articulação com os farmacêuticos hospitalares, os distribuidores farmacêuticos e, com o apoio da Ordem dos Farmacêuticos e da Ordem dos Médicos, as farmácias comunitárias proporcionaram cuidados de saúde de qualidade, evitando a deslocação desnecessária dos doentes às instalações hospitalares, diminuindo o risco de estes contraírem a infeção causada pelo SARS-CoV-2.
Tais iniciativas permitiram reiterar aquilo que já era dado adquirido: a disponibilidade e a centralização da ação das farmácias comunitárias e dos farmacêuticos que nelas exercem funções, na pessoa com doença. Mantendo sempre as suas portas abertas, com um esforço heróico e extraordinário daqueles que são especialistas na área do medicamento, foi possível a adaptação, quase imediata, à situação que, em março de 2020, era nova para todos.
Adicionalmente, numa altura em que os centros de saúde e os hospitais, fruto da pandemia de COVID-19, continuam saturados e sobrelotados, as farmácias comunitárias continuam a exercer um papel exemplar na monitorização de parâmetros bioquímicos essenciais para os doentes crónicos, não só possibilitando um maior controlo da evolução da patologia, mas também permitindo que o doente se sinta seguro e acompanhado, contribuindo para a manutenção da qualidade da sua saúde física e mental.
Por outro lado, e conscientes da ligação entre o estilo de vida da população e os fatores de risco das principais doenças crónicas, os farmacêuticos comunitários assumem um papel de promotores de saúde, garantindo que, numa altura que requer distanciamento físico, os hábitos alimentares e de exercício físico, dos doentes crónicos, e da população em geral, se mantêm alinhados com as recomendações. O contributo destes profissionais é assim uma força motriz no combate à tendência ao sedentarismo e hábitos de vida pouco saudáveis que a situação que vivemos comporta.
Os farmacêuticos comunitários privilegiam de um contacto próximo com a comunidade e têm, continuamente, assegurada a manutenção da terapêutica dos doentes com patologias crónicas, a manutenção de um estilo de vida saudável de toda a população e, acima de tudo, têm provado que aconteça o que acontecer, nunca deixarão sozinhos aqueles que mais precisam deles: os doentes. •