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Farmácia APDP

Farmácia da APDP: pela saúde dos diabéticos

NAS INSTALAÇÕES DA ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS DIABÉTICOS DE PORTUGAL ESTÁ INTEGRADA UMA FARMÁCIA CUJO SERVIÇO E FARMACÊUTICOS ESTÃO ORIENTADOS PARA O ATENDIMENTO DE UTENTES QUE SOFREM DE DIABETES.

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Autor: Associação de Farmácias de Portugal

Foto: Luís Ribeiro

Quem passa na Rua Rodrigo da Fonseca, em Lisboa, é possível que nunca se tenha apercebido da existência de uma farmácia logo no início desta artéria no centro da capital. Não exibe a habitual cruz das farmácias, não tem montra nem porta aberta para a rua, daí a dificuldade de identificação. Mas há algo que a torna ainda mais distintiva face às tradicionais farmácias de rua. A farmácia está inserida no mesmo espaço que a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP), e orienta o seu serviço precisamente para o apoio aos portadores deste tipo de doença crónica.

Apesar de ter aberto portas há pouco mais de uma década, no final de 2010, a história desta farmácia “prende-se um pouco com a história da própria APDP”, tal como enquadra a sua diretora técnica, Filipa Cabral.

A origem da APDP remonta a 1926 quando surgiu a antecessora Associação Protetora dos Diabéticos Pobres, fundada pelo médico Ernesto Roma. O especialista em diabetologia esteve nos EUA na altura em que foram ministradas as primeiras injeções de insulina e decidiu trazer para Portugal este tipo de tratamento. Face ao elevado preço da insulina criou esta associação como forma de conseguir ministrar este medicamento gratuitamente aos mais

“Os utentes sabem que têm uma farmácia que é especializada em diabetes e, portanto, encontram ali muitos produtos e em maiores quantidades que são específicos para a sua doença crónica”

enorme em termos de variedade e quantidade de insulinas, dispositivos médicos, de cosmética associada ao tratamento da diabetes – como, por exemplo, o pé diabético e a neuropatia diabética – ou acessórios para conservar a insulina do frio. Portanto, tem uma série de produtos que são muito específicos”, concretiza.

Apesar dessa especificidade, quem se desloca à farmácia encontra a generalidade dos medicamentos e produtos que estão disponíveis em qualquer farmácia de rua. Até porque, como salienta Filipa Cabral, a

pobres, o que conseguiu com o apoio de mecenas, na maioria, grandes comerciantes da baixa de Lisboa ou doentes com mais posses.

Mais de oito décadas desde a fundação da APDP, surgiu então a farmácia gerida por Filipa Cabral, que se distingue das tradicionais farmácias comunitárias por ter um alvará de farmácia social privativa, razão pela qual não pode ter porta aberta para a rua e fazer publicidade dos seus serviços.

UMA GAMA ALARGADA DE PRODUTOS PARA DIABÉTICOS

Essa restrição não a impede, contudo, de prestar um apoio valioso sobretudo aos utentes que todos os dias se deslocam à APDP para recorrer ao vasto leque de serviços clínicos que são disponibilizados aos portadores de diabetes de tipo I e II.

O grosso dos utentes que frequentam a farmácia são os diabéticos associados da APDP que após as consultas periódicas – de três em três meses, seis em seis meses, ou de ano a ano, conforme os casos – vão lá aviar a sua medicação. Aí são servidos por uma equipa relativamente pequena, composta por duas farmacêuticas e uma técnica de farmácia, que diariamente fazem cerca de 100 atendimentos com utentes que vêm de diferentes pontos do País.

“Os utentes sabem que têm uma farmácia que é especializada em diabetes e, portanto, encontram ali muitos produtos e em maiores quantidades que são específicos para a sua doença crónica”, refere Filipa Cabral, sintetizando assim uma das principais vantagens do serviço prestado pela farmácia que gere desde 2014. “É uma panóplia UM PONTO DE RECOLHA DO AGULHÃO Um dos serviços que a farmácia da APDP presta é a disponibilização de um Agulhão, onde os diabéticos podem depositar as seringas usadas na administração de insulina. Lançado no final de junho de 2019 pela Associação de Farmácias de Portugal em parceria com a Stericycle, o projeto “Seringas Só no Agulhão” é uma iniciativa inovadora que procura dar resposta ao problema da falta de soluções seguras e ecológicas para a recolha deste tipo de seringas.

“Aquilo que nos distingue face às farmácias de rua é que, muitas vezes, estas são a porta de entrada do utente no Serviço Nacional de Saúde, e no nosso caso somos o fechar de um circuito”

diabetes é uma doença multifatorial, e quem tem este tipo de doença crónica pode também ter outras, como muitas vezes é o caso da pressão arterial alta ou da colesterolemia.

UMA FORMAÇÃO ORIENTADA PARA A DOENÇA

Para além disso, os seus farmacêuticos distinguem-se por ter uma formação específica em diabetes feita pela associação, o que acaba por ser também uma vantagem para os utentes que recorrem aos seus serviços.

Os utentes da farmácia sabem ainda que pelo facto de esta estar integrada na APDP é fácil o contacto com os profissionais de saúde que lhes prescreveram um dado medicamento, caso haja dúvidas. O cariz social que está na sua fundação também joga em favor dos clientes da farmácia. “A nossa farmácia tem um caráter social e não temos objetivos de vendas. Oferecemos um desconto de 5% a todos os utentes e fazemos sempre um grande esforço – naquilo que nos é permitido escolher – em ter os genéricos mais baratos do mercado, e nos produtos de preço livre usamos as margens mínimas”, enquadra Filipa Cabral.

O trabalho desta farmácia acaba por estar praticamente restrito à dispensa de medicamentos e ao aconselhamento, o que não é necessariamente uma desvantagem. “A nossa farmácia nunca é vista como um serviço isolado, mas como a complementaridade de uma equipa multidisciplinar que existe na APDP e há muitos serviços que não temos porque não são precisos”, salienta Filipa Cabral. Dá como exemplo tudo o que é a avaliação de parâmetros bioquímicos, valência que explica não fazer sentido a farmácia disponibilizar dado a APDP ter um laboratório de análises clínicas. O mesmo acontece com a administração de injetáveis que pode ser feita por um dos 20 enfermeiros que trabalham na APDP ou o aconselhamento de nutrição que pode ser disponibilizado pela equipa de nutricionistas da associação.

“Aquilo que nos distingue face às farmácias de rua é que, muitas vezes, estas são a porta de entrada do utente no Serviço Nacional de Saúde – já que é onde ele vai com as primeiras queixas e dúvidas – e no nosso caso somos o fechar de um circuito”, remata. •

FARMÁCIA DA APDP À LUPA Diretora Técnica: Filipa Cabral Nº de colaboradores: 3 Fundação: 2010 Morada: Rua Rodrigo da Fonseca, n.º 1 Lisboa Telefone: 213 816 113

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