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Comércio carioca registra o pior desempenho dos últimos anos Centro do Rio foi a região mais afetada O comércio carioca registrou, em 2020, o pior desempenho dos últimos anos, com queda de 18% nas vendas, em comparação com o mesmo período de 2019. A estimativa é do CDLRio e do SindilojasRio, que levaram em conta os três meses de lojas fechadas devido à pandemia de covid-19. De acordo com Aldo Gonçalves, presidente das duas entidades, que juntas representam mais de 30 mil estabelecimentos comerciais, depois de mais de 100 dias de portas fechadas no ano passado devido à pandemia, o comércio carioca ainda não deu sinais de reação. Um exemplo foi o Natal, responsável por 30% do faturamento anual do comércio, que registrou queda de cerca de 8% nas vendas.
Revista O Lojista | Janeiro e Fevereiro de 2021
O presidente do CDLRio e do SindilojasRio recorda que, já no acumulado de 2019, as vendas recuaram 2,9% em relação a 2018, registrando resultados negativos em todos os doze meses. Mesmo em dezembro, mês do Natal, o varejo carioca registrou queda. Também em 2020, todas as datas comemorativas registraram resultados negativos.
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No contexto geral, o comércio do Centro foi a região mais prejudicada em 2020: nos nove meses do ano em que as lojas abriram (o comércio ficou fechado da segunda semana de março até a primeira semana de junho devido à pandemia), o movimento de vendas foi negativo: - 6,9% nos produtos do Ramo Mole (bens não duráveis) e - 9,2% no Ramo Duro (bens duráveis). Se for computado o desempenho zero dos três meses em que as lojas ficaram fechadas, por causa da pandemia de covid-19, os números sobem para - 31,9% no Ramo Mole e - 30,2% no Ramo Duro. Em 2019, o desempenho também foi negativo: - 5% no Ramo Mole e - 6,1% no Ramo Duro.
De acordo com os lojistas, além da pandemia e do desemprego, as principais causas do desempenho negativo foram a violência, o grande número de camelôs, o aumento de moradores de rua e a sujeira. Esses fatores afastaram o consumidor do Centro, que se tornou um verdadeiro deserto, o que influenciou o desempenho das vendas, além do fechamento de centenas de estabelecimentos comerciais. O presidente do CDLRio e do SindilojasRio ressalta que as entidades têm feito diversos pedidos às autoridades municipais e estaduais no sentido de coibir a violência, os camelôs e os moradores de rua que tomam conta do Centro, afastando o consumidor das compras e prejudicando o comércio. “Um choque de ordem poderia, mesmo com a pandemia, amenizar o prejuízo dos lojistas do Centro”, disse Aldo. “Apesar de institutos de pesquisa mostrarem uma tímida recuperação das vendas em algumas cidades do País, o comércio varejista do Rio não sentiu esta melhoria. A forte redução no consumo, seja pela não circulação das pessoas, seja pela queda generalizada do poder aquisitivo causada pelo desemprego e outros fatores, continua afetando o setor”, afirmou o dirigente. Ainda segundo ele, as expectativas para 2021 não são animadoras. “A revalorização do espaço urbano e do comércio de rua, a melhoria da segurança e mais eficiência no combate ao comércio ilegal, por meio de fiscalização e repressão à pirataria, às mercadorias de procedência duvidosa, com apoio do governo do estado, são medidas urgentes para promover a recuperação do setor”, concluiu.