Comentário Esperança Antigo Testamento - Êxodo - Hansjörg Bräumer

Page 40

Êxodo 1.11-12

40

10

do outro, de prejudicá-lo de alguma forma, de perturbar, e tenderá a formular desculpas para aquilo que não conseguiu, e a acusar outros”.115 Em seu empenho para impedir maior crescimento dos israelitas, o faraó Seti I decide proceder sabiamente. Pretende atingir seu objetivo não com violência explícita, mas com astúcia.116 Por isso ele discute seu propósito com os sábios do país.117 O resultado é: os israelitas precisam ser confinados aos seus limites, caso contrário algum dia eles ainda se apossarão de toda a terra.118 Se – argumenta o faraó – seu crescimento continuar como nas décadas e nos séculos passados, será mera questão de tempo até que vindo guerra, os descendentes de Jacó transformados em povo se ajuntem com os nossos inimigos. Para dirimir o perigo emergente dos filhos de Israel e evitar prejuízos para o seu povo, Seti I torna-se o primeiro na História a promulgar assim chamadas “leis sobre judeus”.119 Trata-se de quatro instruções e ordens, das quais cada uma é mais radical que a anterior.120 1. A servidão: 1.11-12 11 E os egípcios puseram sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés. 12 Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais se espalhavam; de maneira que se inquietavam por causa dos filhos de Israel;

11 a Êx 1.11; 2.11; 5.4s; 6.6s

Servidão (hebraico: mas) é um tipo de trabalho ao qual se é “forçado” sem que se trate formalmente de “escravidão”.121 O serviço de carregador (hebraico: sebalôt) deriva do verbo “carregar” (hebraico: säbal). O conceito nesta forma aparece apenas em Êxodoa. Enquanto a servidão se refere principalmente a trabalhos de construção, o serviço de carregador é um trabalho de carregamento organizado que assume o transporte dos insumos necessários à obra.122 Os trabalhos na obra e no transporte são supervisionados por feitores. Longe de ser incomum no antigo oriente, a imposição de serviços a estrangeiros é algo óbvio.123 O Egito, em particular, há muito era um país “no qual, por princípio, todo trabalho era realizado por uma população de súditos não livres a serviço do rei”.124 Para Seti I, os descendentes de Jacó não se enquadravam mais entre os cidadãos livres e respeitados do país, mas entre os “estrangeiros que não pertencem à terra”. Deles podia-se cobrar o que se quisesse “pelo ar que se lhes permitia respirar”.125 115 Adler; citado segundo Rattner, pg. 84. 116 Cf. Schmidt, Exodus, pg. 33. 117 Hertz enxerga na formulação “usemos de astúcia” um acordo entre o rei e seus conselheiros. Hertz (Hrsg.), pg. 207. 118 Cf. o original alemão. A versão ARA diz: ... saia da terra. (N. de Tradução) 119 Hirsch, Exodus, pg. 5. 120 Cf. Schmidt, Exodus, pg. 7 121 Noth, mas, col. 1007. 122 Cf. Kellermann, säbal, col. 747s. 123 Cf. Schmidt, Exodus, pg. 35. 124 Noth, Das zweite Buch Mose, pg. 10. 125 Hirsch, Exodus, pg. 7.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.