Êxodo 1.11-12
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do outro, de prejudicá-lo de alguma forma, de perturbar, e tenderá a formular desculpas para aquilo que não conseguiu, e a acusar outros”.115 Em seu empenho para impedir maior crescimento dos israelitas, o faraó Seti I decide proceder sabiamente. Pretende atingir seu objetivo não com violência explícita, mas com astúcia.116 Por isso ele discute seu propósito com os sábios do país.117 O resultado é: os israelitas precisam ser confinados aos seus limites, caso contrário algum dia eles ainda se apossarão de toda a terra.118 Se – argumenta o faraó – seu crescimento continuar como nas décadas e nos séculos passados, será mera questão de tempo até que vindo guerra, os descendentes de Jacó transformados em povo se ajuntem com os nossos inimigos. Para dirimir o perigo emergente dos filhos de Israel e evitar prejuízos para o seu povo, Seti I torna-se o primeiro na História a promulgar assim chamadas “leis sobre judeus”.119 Trata-se de quatro instruções e ordens, das quais cada uma é mais radical que a anterior.120 1. A servidão: 1.11-12 11 E os egípcios puseram sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés. 12 Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais se espalhavam; de maneira que se inquietavam por causa dos filhos de Israel;
11 a Êx 1.11; 2.11; 5.4s; 6.6s
Servidão (hebraico: mas) é um tipo de trabalho ao qual se é “forçado” sem que se trate formalmente de “escravidão”.121 O serviço de carregador (hebraico: sebalôt) deriva do verbo “carregar” (hebraico: säbal). O conceito nesta forma aparece apenas em Êxodoa. Enquanto a servidão se refere principalmente a trabalhos de construção, o serviço de carregador é um trabalho de carregamento organizado que assume o transporte dos insumos necessários à obra.122 Os trabalhos na obra e no transporte são supervisionados por feitores. Longe de ser incomum no antigo oriente, a imposição de serviços a estrangeiros é algo óbvio.123 O Egito, em particular, há muito era um país “no qual, por princípio, todo trabalho era realizado por uma população de súditos não livres a serviço do rei”.124 Para Seti I, os descendentes de Jacó não se enquadravam mais entre os cidadãos livres e respeitados do país, mas entre os “estrangeiros que não pertencem à terra”. Deles podia-se cobrar o que se quisesse “pelo ar que se lhes permitia respirar”.125 115 Adler; citado segundo Rattner, pg. 84. 116 Cf. Schmidt, Exodus, pg. 33. 117 Hertz enxerga na formulação “usemos de astúcia” um acordo entre o rei e seus conselheiros. Hertz (Hrsg.), pg. 207. 118 Cf. o original alemão. A versão ARA diz: ... saia da terra. (N. de Tradução) 119 Hirsch, Exodus, pg. 5. 120 Cf. Schmidt, Exodus, pg. 7 121 Noth, mas, col. 1007. 122 Cf. Kellermann, säbal, col. 747s. 123 Cf. Schmidt, Exodus, pg. 35. 124 Noth, Das zweite Buch Mose, pg. 10. 125 Hirsch, Exodus, pg. 7.