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SANTA CATARINA E RIO GRANDE DO SUL

"Viajar torna uma pessoa modesta. Vê-se como é pequeno o lugar que ocupamos no mundo".

Gustave Flaubert

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Queria dar uma pausa nos estudos do Doutorado e resolvi conhecer dois Estados que estavam na minha lista: Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para me inspirar e relaxar para a finalização da minha tese, em 1998, fui conhecer Florianópolis-SC e Porto Alegre-RS. Na capital catarinense, como fiquei em um hotel próximo do Centro, fiz o roteiro turístico de visitar os pontos históricos principais: o maravilhoso Mercado Público Municipal de 1889, para comer pastel; a Casa Natal do pintor Victor Meirelles – cuja obra mais importante é a “Primeira Missa no Brasil” -, onde está o museu que expõe suas obras; o Palácio Cruz e Souza – antigo Palácio Rosado, que abrigava o Governo do Estado até a década de 80, e foi visitado por D.Pedro I e D.Pedro II -, hoje sede do Museu Histórico de Santa Catarina, onde ficam os restos mortais do poeta simbolista, e que está defronte da linda Praça XV de Novembro com árvores enormes; e a majestosa ponte pêncil Hercílio Luz, a mais antiga da capital e a maior ponte suspensa do Brasil, já fechada para reformas (só foi reaberta em 2019!). Ainda fiz uma excursão pelo interior para conhecer Brusque, Blumenau e Balneário Camboriú: achei tudo lindo demais e me surpreendi com a ‘estátua da liberdade’ que a loja Havan já colocava diante de seus prédios; conheci uma professora da UFPB no grupo, mas não mantive contato e esqueci seu nome...

Em Porto Alegre, fiquei na casa da amiga de infância Aninha Moraes, que foi a anfitriã-companhia de passeios para visitar a Casa do darling Érico Veríssimo; o Hotel Majestic, onde viveu outro darling, Mário Quintana; vasculhar sebos de livros, onde ela me deu uma coleção de Josué Guimarães, autor do lindo Dona Anja – que virou um darling; conhecer o tradicional jornal Correio do Povo; e andar pelo centro movimentado da capital gaúcha, com bons cafés e restaurantes. Com ela, o marido Carlos e o pequeno filho Caco, fomos para Gramado – onde conheci o famoso e estiloso Palácio dos Festivais, onde ocorre o concorridíssimo Festival de Cinema-; Canela, com a sua catedral de pedra, a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes; e Petrópolis, que achei a mais encantadora de todas, pois é toda florida – conhecida como o “jardim da Serra Gaúcha”! Ali ficamos hospedados. Com Mariana, filha de Aninha, conheci alguns bares bem interessantes, freqüentados pelos jovens da cidade. Dessa viagem, não tenho diário e apenas poucas fotos.

GRAMADO-RS

PORTO ALEGRE-RS

PALÁCIO DOS FESTIVAIS

BRASILIA, BELO HORIZONTE, RIO DE JANEIRO & EUA: COM CLIMERIO & CINTHIA

"As pessoas não fazem as viagens, as viagens fazem as pessoas".

John Steinbeck

Climério foi o melhor amigo da minha vida. Desde o primeiro ano da faculdade CEUB, em Brasilia. Fizemos o mesmo concurso para o Crédito Educativo da CEF e trabalhamos juntos. Eu fazia Comunicação e ele, Economia (mas já era o 2º. curso que fazia, pois ele era nove anos mais velho que eu). Depois fez Direito e virou um advogado bem-sucedido. Tinha verve e repertório eclético. Juntamente

com meu pai, foi meu tutor intelectual. Ele me ajudou muito em nível intelectual, com leituras de Kafka, Jack London, Salinger, Schopenhauer e Nietzsche. Apresentou-me a Joe Cocker, a Raul Seixas e Tim Maia. Vimos vários filmes de Bergman, Woody Allen, Fassbinder, Antonioni e Jabor juntos. Já havíamos feito diversos passeios por Brasilia, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Em Brasília, tirei, finalmente, a foto diante do prédio do CEUB, hoje UniCEUB; e, outra, diante do Palácio do Planalto, onde tive meu primeiro emprego depois de formada, na Secretaria de Comunicação (SECOM-PR). Também viajamos para Goiás Velho para conhecer a casa de Cora Coralina (e não tenho uma foto sequer!). Já havíamos viajado de Itajubá a Brasilia ida e volta, atravessando Minas Gerais, no meu Gol Bolinha verde-oliva, o Recruta Zero.

Em Belo Horizonte, encontramos minha querida amiga Regina, a historiadora que me mostrou os novos caminhos políticos que o país estava criando pós-governos-militares e me apresentou Lula, a quem passei a admirar e a participar de suas campanhas presidenciais até sua vitória, em 2002. Com ela, passeamos pelos monumentos mais importantes da elegante capital mineira, como a Lagoa da Pampulha, onde estão a Igreja de São Francisco (de 1943, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, com painel externo em azulejo de Cândido Portinari e a Via Crucis, dentro do templo, também), o Museu de Arte Moderna (de 1957,igualmente projetado por Oscar Niemeyer) e a Casa de Kubitsccheck (meu presidente brasileiro preferido); o sortido Mercado Central; e a lendária Praça da Liberdade.

E quando sua filha Cinthia foi morar em Tampa, na Florida, combinamos ir para lá para viajarmos com ela. Era 1999 e foi a última vez em que estive nos EUA. Alugamos um carro Cavalier da Chevrolet vermelho zero km, o primeiro hidramático que dirigi na vida. Miami Beach me encantou demais com sua arquitetura art deco – minha preferida! E sua exuberante Ocean Drive Av., perto da Via Espanhola, que percorremos tudo a pé. Mas a sensação epifânica foi andar pelo Monastério Espanhol, presente do magnata William R. Hearst para sua filha. O edifício, construído em Segóvia, em 1141, foi comprado em 1925, e foi todo desmontado e guardado em 11 mil caixas até ser reconstruído pedra por pedra no norte de Miami, em 1952. Este quebra-cabeça gigante é um dos prédios mais antigos do hemisfério oeste e, hoje, pertence ao bispado da Flórida. Já a Miami City achei muito tumultuada e cafona, cheia de lojas de todos os matizes e artigos. Gostei muito de Orlando, mesmo sem conhecer a Disney porque não gosto de parques temáticos lotados, mas fomos aos Estúdios da Universal. As estradas eram espetaculares e curti aquela liberdade dos “easyriders” americanos, com lindas paisagens, pontos de paradas limpos e práticos. Em São Petersburgo, fomos conhecer o Museu Salvador Dali, que abriga a maior coleção de obras do pintor surrealista fora da Europa (o maior acervo está no Teatro-Museu Salvador Dali, em Figueres, Espanha, sua terra natal). Em Tampa, fui conhecer a Universidade do Sul da Florida, inaugurada no ano em que nasci. As atrações mais famosas, como parques (Bush Gardens) e aquários gigantes (Florida Aquarium), estes me interessam muito pouco: do mar só gosto de praias para caminhar e mergulhar. O que mais gostei foi o pôr-do-sol no mar, na famosa Clearwater Beach, que eu não me lembrava de ter visto igual. De lá, fomos de avião para New York, onde nos hospedamos no mesmo Days Inn que sempre fiquei, na 8th Street.

Aquela viagem era um presente para Cinthia, sua adorável e bonita filha adolescente, com quem estabeleci uma relação afetiva logo de início. Fizemos todas as vontades dela, que eram patinar na pista de gelo do Central Park, visitar a Biblioteca Pública e ir ao MOMA. Ainda fomos ao cinema ver o filme com Julia Roberts e Susan Sarandon, “Lado a Lado”, belíssimo, só eu e ela, enquanto Climério flanava pela Times Square. Passeamos muito a pé e comemos em algumas tratorias massas deliciosas. Despedi-me de Cinthia aos prantos...

Cinthia

CIDADES HISTÓRICAS MINEIRAS APÓS O DOUTORADO

"Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando para ser conhecida".

Carl Sagan

Quando eu acabei meu doutorado, tirei 15 dias para poder abstrair e purgar aqueles anos todos de muito estudo, sacrifícios e investimento pessoal altíssimo. Escolhi revisitar as cidades barrocas de Minas Gerais, que são sempre minhas preferidas em qualquer lugar que eu vá e aqui temos este acervo fantástico, famoso e à mão. Peguei meu Gol bolinha verde-oliva, meus mapas do volume da Quatro Rodas, e segui pela MG459 até Pouso Alegre e de lá peguei a Fernão Dias, BR-381, depois a MG265, rumo a Tiradentes – uma das cidades mais lindas do mundo para mim. Lá fiquei em uma pousada bem charmosa e desbravei a cidade toda a pé, como costumo fazer em lugares menores, sem me ater ao turismo. De lá, fui a São João Del Rey, terra de Tancredo Neves e de Otto Lara Resende, também para caminhar pelas ruas e ver as diversas faculdades que a definem como ‘cidade universitária’. Em Ouro Preto – terra de Aleijadinho -, toda aquela história sempre me emociona muito, tanto quanto a elegância e majestade da sua arquitetura, das ruas de pedra, dos clássicos postes de luz, afora a constante efervescência juvenil que ecoa das inúmeras repúblicas de estudantes e dos restaurantes e bares locais. Foi a primeira cidade brasileira considerada Patrimônio Mundial, pela Unesco, em 1980, mas já era Monumento Nacional, desde 1938. Como é considerada um “museu a céu aberto”, flanei pelas suas ladeiras, apreciando todo aquele esplendor arquitetônico, e também em busca de mim mesma, o que combinava muito com o espírito barroco predominante ali. Na divisa entre Ouro Preto e Mariana, avista-se o pico do

Itacolomi. Em Mariana, novamente fiz as caminhadas habituais para apreciar a paisagem urbana e continuar minha investigação interior. De retorno, passei por Barros (Paula Candido), uma pequena e simples cidade sem atrativos, mas que me fez parar ao ouvir uma música divina saindo de uma casa. Desci do carro para ouvi-la e vi o que parecia ser uma escola de música. Fiquei encantada com aquela musicalidade especial. Em seguida, parei em Congonhas somente para visitar as esculturas dos profetas, de Aleijadinho – a maior obra barroca das Américas-, no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, também Patrimônio Mundial pela UNESCO. Dei uma volta de carro pela cidade e segui viagem de volta a Itajubá. Foi um périplo de purificação daqueles anos todos de muito esforço, fim de um casamento bacana e perspectivas de início de novas mudanças internas e externas, como de fato ocorreram com minha vinda ao Nordeste, oito meses depois.

P.S.: Nessa viagem também não tirei fotos. Fui para contemplar. Coincidência de novo ser nas cidades históricas de MG.

INTERIOR MG, INTERIOR RJ, RIO-SALVADOR/ RIO-PARAIBA COM MARCOS ROGÉRIO

"Só o amor me ensina onde vou chegar/ Por onde for quero ser seu par".

Paulinho Tapajós

Com Marcos Rogério houve muitas viagens ao redor de Itajubá, nos fins de semana: Santa Rita, São Lourenço – com Loyde, Martin, Denise e Sérgio-, São José dos Campos, Penedo, Mauá, Parati –com Andrea e Renato-, Ubatuba, e as praias de Niterói: Itaipu, Camboinhas, Piratininga – quando subíamos a linda e pequena Serra da Tiririca.

Fomos a Salvador, para a casa das irmãs dele, com Andrea e Renato. Fomos para Itacaré, Ilhéus e Itabuna – onde morava seu pai. E fomos para o Rio, Ilha do Governador, onde morava sua mãe. Fomos do Rio a João Pessoa, passando novamente pelas casas da família até chegar na minha, de onde viajamos para Pipa e Olinda. Também fizemos Belo Horizonte e as cidades históricas de Minas Gerais em uma semana maravilhosa, onde andamos na Maria Fumaça Tiradentes-São João Del Rei – em um elegante passeio pela remanescente paisagem da Mata Atlântica -, subimos e descemos as ladeiras de Ouro Preto e, finalmente, eu tirei fotos naquelas belas cidades. O encantamento por Tiradentes se derrama ao ver que a cidade só fica mais bonita. Tiramos foto na linda Igreja Matriz de Santo Antônio e flanamos por aquelas charmosas ruas coloniais de pedras.

ILHA DE ITAPARICA

Capítulo 08

O país me chama e eu preciso ir.

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