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EUROPA: INGLATERRA, RÚSSIA & PAÍSES NÓRDICOS
"Preciso me mover um pouco. Para misturar meus arredores. Para acordar em cidades onde eu não conheço bem os caminhos e ter conversas em idiomas que eu não entendo completamente. Há sempre esse desejo duradouro em meu coração por me perder, por estar em outro lugar, por estar longe de tudo isso".
Beau Taplin
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Esta viagem foi outra realização de um sonho de adolescência: ir finalmente à Rússia, berço da minha história também, e da minha formação literária com Dostoiveski, Tolstói, Gorki e Pushkin. E, konechno!, as óperas de Tchaikovsky. Resolvi, desta vez, pegar uma excursão bacana para poder ter mais conforto e facilidades, pois as últimas viagens por minha conta já haviam me cansado muito. A Paraibatur, que agenda todas as minhas viagens nacionais e internacionais, contratou uma das melhores agências do mundo, a Europamundo, para fazer esse tour inesquecível e encantador. Em abril de 2016, sai de João Pessoa para São Paulo, de lá para Londres (British Airways), entrando no país, pela 1ª vez, de avião, onde mais uma anjinha me ajudou na alfândega lotada. Se não fosse a atenção de Marília, uma musicista brasileira-cidadã-europeia (morava na Suíça), eu teria perdido a conexão. O controle de vigilância muito severo provoca aquela balbúrdia. Para mim, tudo para atrapalhar somente a vida do/a cidadão/ã comum,pois
os terroristas quando querem, fazem tudo! Como tive que esperar algumas horas pelo voo para Estocolmo, fui conhecer o imenso aeroporto. Fiquei boquiaberta com a variedade de lojas, restaurantes, bares. Até a Harrod’s tem!
ESTOCOLMO ESTOCOLMO
Em Estocolmo – capital da Escandinávia -, depois de 29 horas viajando! Eu era a única brasileira na excursão com pessoas de língua espanhola. Mas fui gastando meu ‘portunhol’ e nos entendemos, fui me entrosando com as senhoras que estavam sós, como as irmãs Elza e Berta e a psicóloga Izabel, todas argentinas. Visitamos os principais pontos turísticos: os edifícios art nouveau da Calle Del Rei; o Stockholm City Hall – onde é feita a entrega dos prêmios Nobel; cine Rigoletto, onde trabalhou meu darling Ingmar Bergman; Grande Teatro Nacional, onde Greta Garbo teve aulas de recitação; Jardim do Rei; Palácio Real; o Vasa – museu náutico, belíssimo, com o navio de 1628, encomendado por Gustavo II para a guerra contra a Polônia, mas que naufragou e ficou 333 anos no fundo do mar Báltico, que, por ter pouco sal e não ter algas, manteve o navio intacto, e ele foi recuperado em 1956, mas dos 62 canhões, só três foram encontrados. No Brasil, a Nau Capitânia (que custou R$3,8 millhões), caravela feita para comemorar os 500 anos do descobrimento, também não saiu do lugar!
O sal, na Suécia, já chegou a valer mais que ouro (minério abundante na região), pois era todo importado. E entramos na Câmara dos Vereadores, onde tomei lições de política social-democrata do jeito que aprecio desde os 19 anos, quando entrei na faculdade e li um livro sobre a Suécia e pensei: “taí um regime político que se parece com o que eu penso!” Ali, os políticos que faltam ao trabalho três vezes são expulsos e assumem os suplentes, eles não têm assessores ou carros com motoristas, nem salas ou secretárias exclusivas, é tudo comunitário dentro do prédio, todos têm um trabalho e ali só vão por meio expediente e ganham por este tempo. Os ministros também não têm carro ou mordomias pessoais, como aqui no Brasil. O próprio Rei anda no seu carro particular com seu motorista pago por ele. Carro oficial só quando está em funções oficiais. No Salão Dourado da City Hall há um desenho em uma parede com a Torre Eiffel com o avião de Santos Dumont ao seu redor. Disse a guia local Maria Piedade, angolana: “O Salão Dourado é todo em ouro, mas não é ouro do Brasil”. Pode? Os impostos são muito altos, mas paga mais quem ganha mais; não se paga saúde e educação. Se fica mais tempo na prisão pelo não-pagamento de imposto do que por matar alguém. A cidade também tem muitas ciclovias e as pessoas circulam de bikes para o trabalho, só mudam os sapatos por tênis até chegar ao destino. O estacionamento da Estação Central de Trens era cheio de bikes.No dia livre, tomei um bus sightseeing e fui rodar pela cidade, onde não vi pichações como em várias cidades da Europa,mas vi grafites lindos em muitos prédios. Fui no
Museu ABBA e na Ilha dos Animais. Os mendigos da cidade são romenos que se concentram na Cidade Velha. Ainda vi a Igreja Santa Eugênia – a única católica da cidade. Neste dia, nevou pela manhã.
Embarcamos para a Finlândia – que é país nórdico, não escandinavo, apesar de falar sueco, é o “país da sauna” -, a bordo do ferry boat Galaxy, cabine 5541, rumo a Turku – a mais antiga cidade filandesa, fundada em 1229, capital do país até 1812. Como o hotel sueco estava em obras, o grupo ganhou um jantar no navio. Degustei a ótima refeição com as amigas argentinas. A viagem noturna foi muito agradável, apesar de minha claustrofobia náutica também. Em Turku fazia quatro graus, e vimos o secular Castelo de Turku, um dos maiores edifícios medievais do país, do século 13 – é o museu mais visitado do país; o Forum Marinum – um museu marítimo; a Catedral luterana – única catedral medieval do país –, é o santuário nacional e uma das maiores igrejas luteranas do mundo; e o mais antigo teatro do país (1839), o Abo Svenska Teater. A arquitetura é semelhante à de Estocolmo: muitos prédios de tijolinhos marrons, o que torna as cidades marrons e tristes. Único país da região nórdica integrante da Eurozona. Também há grande número de ciclovias e bikes pela cidade.
Fomos a Naantali – também bastante antiga (1443) e residência oficial do Presidente -, uma “cidade balneário” com seus spas, com uma bela baía para contemplar dos bares ao redor, admirar as casinhas de madeira coloridas. Nessas cidades dessa região fria, eu senti na pele o analfabetismo: não entendia nada, não lia nada! A mesma que senti quando estive na Grécia...Somente em Estocolmo todo mundo falava inglês nas ruas, no comércio, nos restaurantes.
TALLIN
Fomos de ônibus para Helsinque, a capital da Finlândia,onde ficamos no Hotel Gran Marina. Fazia seis graus. Muitos campos de golfe na região – esporte que considero tedioso e preguiçoso. A cidade tem inúmeros cafés, pois eles são os maiores tomadores de café do mundo – 12kg/ano por pessoa. No mercado de Kauppatori, tomei uma deliciosa sopa de salmão e comi empanadas de arroz com centeio. Os pontos mais bonitos que vi foram a Estação de Trem – com sua grandiosa arquitetura; o Teatro Nacional de estilo Art Nouveau; e os bairros Katajanokka, Kruunuhaka e Eira com prédios em estilo Art Nouveau. Fomos na zona industrial para a fábrica de chocolates Fazer, em Vantaa; na bonita e serena Rua Boulevard; no Temppeliau kioKirkko – a igreja escavada na rocha; no Parque Sibelius, à beira-mar do bair-
ro Taka-Töölo, em homenagem ao compositor da música sinfônica do século 20; e na branquíssima Ópera Nacional de 1993, que é totalmente subsidiada pelo Governo. O monumento a Alexandre II, na Praça do Senado, é muito bonito, apesar da amarga lembrança dos tempos do domínio russo, do qual a Finlândia se libertou somente em 1917.
Atravessamos em um barco lotado para Tallin, capital da Estônia – Eurozona -, no Mar Báltico, também capital da cerveja. Foi votada a mais conservada cidade medieval na Europa. Ficamos no Hotel Europa, Rua Paadi, 5, onde tomei uma cerveja não muito gelada tanto como gosto com as irmãs argentinas Elza e Berta, no restaurante Oliver. Fomos ao Palácio Kadriorg – “vale de Catarina”, que Pedro, o Grande, construiu para sua esposa; à Catedral Alexander Nevsky, igreja ortodoxa localizada na colina de Toompea; à antiga igreja Dome, de 1219, com um belo órgão de 1780; e a igreja de São Olavo, que foi o prédio mais alto do mundo entre 1549 e 1625. Há uma tradição de canto na Estônia: “faz parte do seu DNA”, dizem por lá. Fomos ao Campo das
Canções, um anfiteatro natural na linda Praia de Pirita, e ao Memorial de Gustav Ernesaks – “o pai da música”. Na 2ª Guerra Mundial, Tallin foi bombardeada e teve que ser reconstruída em grande parte; porém, a parte medieval foi poupada.
Na Rússia, finalmente, para realizar um sonho antigo, e um deles era ouvir o som e a pronúncia do meu nome no original! Entramos por Narva (dezesseis graus) –cidade medieval com uma bela fortaleza militar (1223) -, e tivemos que nos submeter à burocracia da alfândega e do câmbio (1,7 euros = 1 rublo), já que o país não é Eurozona. A bonita guia de St. Petersburgo se chamava Olga e não tinha tanto repertório de curiosidades quanto Paula, a guia que nos deixou em Tallin. Por exemplo, eu queria saber: em que parte do país estamos? Do que vive a população? O que se planta nas pequenas fazendas da estrada? E passamos por Ivangorod e os bosques negros e suas aldeias. Muitas casas pobres de madeira no caminho. Mas Olga contava a história do país desde a sua fundação e eu fiquei encantada com tudo, pois só conhecia a parte dos Romanov. Na entrada de St. Petersburgo (dezoito graus), a “Aldeia Vermelha (=bonita)”, cenários dos romances do darling Dostoiévski, havia um enorme KFC – ironia das ironias! Ficamos no ótimo (americano) Hollyday Inn, na Moskovskiy Prospekt, 97A. E fomos visitar a bela e majestosa cidade do darling Pedro I – emoção da emoções!
Vimos a Igreja St. Isaac; a de St. Nicolau – protetor da Marinha -, que não foi fechada durante o período comunista e cuja cor azul reproduz a dos olhos da Imperatriz Isabel; Palácio de Catarina I, em Tsárskoie Selô – presente de Pedro I à esposa e decorado pela filha Isabel -, quase destruído na 2ª. GM pelos nazistas, mas restaurado depois; a “Versailles Russa”, Peterhof, às margens do Mar Báltico, que achei mais bonita que a original; o exuberante Museu Hermitage, com três milhões de obras, (e que estava lotado!), era casa da imperatriz Isabel e todos os czares ali moraram até o último, Nicolau. O que me impressionou bastante foi o relógio-pavão que o apaixonado Príncipe Potemkin deu para Catarina II; o “Menino Agachado” do meu darling Michelangelo; o enorme vaso Kolyvan em um peça única de jade; e todos os pisos desenhados nas inúmeras e grandes salas.
A cidade é de uma grandeza e majestade enormes, fiquei muito impressionada com tudo! Achei-a a segunda cidade mais linda do mundo (antes era Paris), depois do Rio (esta sempre será a mais bela!). O metrô da Nevsky Prospekt, construído na região pantanosa na qual fica a cidade toda, ficava a 50m da superfície, com escada rolante de madeira. Um primor! E o passeio de barco pelo Rio Neva foi excelente, pois vimos a imponência da cidade, com sua arquitetura nobre e elegante, alguns com os símbolos do capitalismo como Siemens, Samsung e outros.
PETERHOF
Fomos para Moscou pelo caminho do Anel de Ouro Russo – o circuito medieval-, que inclui oito cidades. Em Novgorod – cidade mais antiga que foi fundada em 859 -, tivemos um almoço típico no povoado de São Jorge, a sete quilômetros da cidade: sopa Borsch e de sobremesa, a deliciosa Vatruchka. A Catedral St. Nicolau é de 1113, dedicada ao santo mais reverenciado da Rússia. A Catedral de Santa Sofia, do século XI, é a mais antiga da Rússia. O Rio Volkof, afluente do Mar Báltico, era rota fluvial-comercial da cidade. Em Valday, cidade histórica de lago
natural do mesmo nome, tem um monastério de 1653, com as cúpulas todas folheadas a ouro, – todo reformado pelo presidente Putin, que tem dasha na cidade -, e é habitat de 700 ursos pardos, cuja carne é comestível e é doce. Em Tver (1164), a igreja branca de Trindade (1564) é o que se destaca, bem como grande parte das casas ser de madeira – uma característica de toda a Rússia, por isso, os famosos incêndios, que queimavam cidades inteiras. A cidade era grande, com shopping, supermercado, concessionárias de carros, e ela já rivalizou com Moscou. O Rio Volga – o mais largo da Rússia – margeava essas cidades.
Em Klin, a emoção foi cheia de lágrimas de alegria, principalmente: quando eu pensei que estaria ali algum dia diante da casa de Tchaikovsky? Meu nome, que é o da minha avó materna, foi-lhe dado pelo meu bisavô, inspirado pela ópera Eugene Oneguin, que a compôs do poema homônimo de Pushkin. O Museu estava fechado, mas vimos o jardim, a bela casa e percorremos a pequena cidade para ver alguns prédios, lojas etc., com a imagem do bonito compositor.
Em Sergiev Posad, terra do Patriarca e onde o atual ainda mora, o mosteiro da Trindade é o mais importante da Rússia e centro espiritual da Igreja Ortodoxa Russa, tinha feito 700 anos em 2014. A cidade é bem pitoresca, movimentada e bem arborizada. Nesta cidade medieval, fica a fábrica das matrioskas (matriarcas), fundada pelos soviéticos (mas a bonequinha existe desde o final do século 19). Na queda do regime, quase tudo se privatizou e esta fábrica também, mas, hoje, sofre a concorrência dos produtos russos feitos na China, pois estes são mais baratos. A passagem pela fábrica foi um momento especial,pois fizemos cada um a sua própria matrioska sob a supervisão da funcionária Olga! A minha foi toda pintada em verde, amarelo, branco e azul. A matrioska foi reconhecida símbolo da Rússia na Exposição Universal de Paris, em 1900. A madeira da bonequinha é toda da região em volta da fábrica, com plantações da árvore Tília. Ninguém falava uma palavra em inglês, tudo era traduzido pela guia Olga.
Eu fiquei encantada com “Los Hermanos de Viaje”, que fizeram um whatzap para o grupo e eram cordiais, atenciosos, cultos e pontuais! Em Alekshandrov, vimos o Castelo de Ivan, o Terrível, bem rústico e frio. Depois de sua dinastia sem descendência, assumiu Miguel, em 1600, que foi o primeiro Romanov. Em Suzdal, teve show típico à noite no hotel e eu comi, finalmente, um strogonoff de carne muito ruim! Suzdal é uma das mais antigas cidades russas e é cheia de igrejas, tem um lindo kremlin – do século X -, e uma cidade-fortaleza toda em madeira. É a terceira cidade mais visitada, depois de St. Petersburgo e Moscou. Ela foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1992. O Mosteiro Spaso-Efimievsk repica sinos a cada hora e ouvimos um concerto de dezoito sinos; por toda cidade há símbolos ainda do período soviético, como a estátua de Lenin diante da Prefeitura, as bandeiras vermelhas com a foice e o martelo. A cidade é encantadora e basicamente turística. Em Vladimir, primeira capital russa, do século XII, vimos a Catedral da Assunção, que ficou aberta com os soviéticos, mas as pessoas não freqüentavam com medo. Alexander Nevski – o príncipe que virou santo- está enterrado lá. E haja casas de madeira pelas estradas e muitos rios e lagos, a maioria poluído. Há muita água no país, mas não é tratada; portanto, só se bebia água mineral.
Moscou se tornou capital novamente no período soviético e sua arquitetura destaca o “gótico stalinista”: prédios com desenhos nas fachadas, ou uma arquitetura mais refinada e majestosa - há um conjunto deles pela cidade, como a bela Universidade de Moscou. Ficamos no ótimo Hotel Azymut Olimpic. Fomos ao Centro Histórico ver o Kremlin; a Praça Vermelha; a Catedral de São Basílio; o shopping Gum – um palácio de sofisticação -; o maior sino do mundo – que nunca foi levantado -; o “canhão do Czar” - o maior canhão do mundo-; o Senado – residência oficial do presidente Putin, apesar de ele não morar ali-; Igreja do Arcanjo São Miguel – panteão dos czares-; Igreja da Anunciação- com suas cinco cúpulas douradas em forma de cebolas-; a Igreja do Cristo Salvador – onde me sentei nas escadas com as argentinas, pois não queria mais entrar em igreja... (como no Brasil, é o que mais existe nas cidades!); , e várias outras construções e monumentos daquela cidade-fortaleza-símbolo da Rússia. Neste dia, 9 de maio,
era o Dia da Vitória na Rússia, comemorado um dia depois por causa do fuso horário. Houve desfile militar e a esquadrilha da fumaça deu um show pirotécnico, além de a aviação exibir seus caças. Eu fiquei chocada por ainda comemorarem essa data com tanta pompa, Moscou estava toda embandeirada. Comentei com a guia Olga que se ofendeu porque é a data mais importante para aquele povo, pois toda família russa tem alguém que morreu na 2ª. Guerra Mundial. A Rússia (antiga URSS) foi o país que mais perdeu vidas: cerca de vinte e sete milhões.
KREMLIN
Uma noite, fomos para Moscou City – centro econômico e comercial, semelhante a Wall Street, em New York, cheio de prédios envidraçados,espelhados, muito altos e imponentes. Eram “os caprichos de Stalin”. E haja história que a guia de Moscou, também Olga, nos contava todo o tempo. Vimos o lago dos cisnes de Tchaikovsky – onde ele passeava e se inspirou ao ver um cisne negro e outro branco-, onde tem o belo convento Novodevichy (1524, onde viveu Eudora, a primeira esposa de Pedro, o Grande – ele só poderia se casar de novo, se a esposa morresse ou fosse para um convento -, e também sua meia-irmã Sofia).
Conhecer algumas estações importantes do metrô moscovita foi algo indescritível. O “Palácio Subterrâneo” foi inaugurado por Stalin, em 1935, e transporta o maior número de passageiros/as no mundo. São 12 linhas de cores diferentes e as estações mais marcantes que vi: a da Revolução – com as estátuas de bronze dos trabalhadores, que trazem boa sorte aos/às passantes ao passar a mão nelas, como pelo nariz do cão com um soldado; a de Kiev - do casamento russo e o realismo
socialista; a do poeta Maiakovski – em art déco e com belos mosaicos-; a Komsomolskaya – com lustres enormes e luxuosos, colunas de mármore, muito portentosa. Moscou também é uma cidade monumental: tudo é grandioso, espaçoso, suntuoso e clássico. A cidade tem muitos imigrantes muçulmanos.
Fomos ao Palácio de Verão de Alexandre, o pai de Pedro I – o “Palácio do czar Alexei Mikhailovich Kolomna”, o palácio de madeira criado no século 17 - quando assistimos à encenação de um casamento tradicional russo,que foi feito pelo jovem casal chileno da excursão que estava em lua-de-mel. Chorei muito. Esse palácio foi dividido em duas partes: masculino e feminino e nenhum dos dois adentrava os
recintos do outro. O que tem hoje é uma reconstrução quase idêntica do original, que foi reaberta em 2010, e fica a 0,6 km do local original. Ele fica em Kolomenskoye (A Versalhes de Moscou), que é uma reserva natural e conjunto histórico-arquitetônico da Rússia. Porém, a emoção maior ficou para o ‘grand finale’: ir ao emblemático Teatro Bolshoi – camarote 11 cadeira 7 -, com excelente visão para ver uma das minhas óperas favoritas, La Traviata, de Verdi. Achei o teatro bem modesto, o Municipal do Rio é bem mais bonito. A versão da ópera era socialista e Violeta morre em um hospital semelhante aos do SUS. A última noite no hotel foi bem agradável: o grupo se sentou no restaurante e ficou conversando até meia noite. Houve um ‘paquera’ durante a viagem toda, o Ismael – mexicano que mora em Aspen, nos EUA -, um senhor de 68 anos, atencioso e gentil, que me dava chocolates e biscoitos e sempre se sentava do meu lado. Conversávamos muito, mas eu não tive nenhum interesse a mais nele...
Curiosidades: como em Berlim e Copenhagen, em Estocolmo só há gente bonita e os homens são muito altos; há muitos esquimós que se parecem com os latinos; rios, lagos e mares são livres para pesca e, se tiver sorte, pode-se pegar até salmão; cada palavra da difícil língua filandesa tem dezesseis declinações; provérbio sueco: “o tempo não está ruim, a roupa é que não é adequada”; o Mar Báltico congela porque tem pouco sal – vira pista de patinação no inverno; Finlândia
é o maior índice de leitura do mundo: 17 livros/ano por pessoa; para entrar no magistério, os professores precisam ter nota média, no seu currículo escolar, entre 9 e 10; a Finlândia foi o 1º. país europeu a reconhecer o voto feminino, em 1907, e 47% do atual Parlamento (2019) é de mulheres; a Estônia é considerada um dos países mais ateus do mundo; em Tallin, Estônia, o transporte público é gratuito para todos os residentes registrados; o século XVIII foi o das mulheres na Rússia: Catarina I, Ana, Isabel e Catarina II, cujo filho Paulo instituiu a proibição de mulheres voltarem a reinar; há mais de 500 pontes em St. Petersburgo; o rio de Novgorod é chamado ‘vermelho’ porque Ivan, o Terrível, massacrou e decapitou 315 pessoas e as jogou no rio, quando a cidade quis independência, no século XVII; as missas de quase três horas nas igrejas ortodoxas são todas em pé, não há bancos; o povo russo é belíssimo, sendo as mulheres mais que os homens; Em St. Pertersburgo são 200 dias/ano sem sol; não há montanhas na Rússia, só estepes; em todas as cidades do Anel de Ouro há monumentos à 2ª Guerra Mundial, e um dia muito comemorado por eles é o Dia da Vitória, 9 de maio, pois toda família russa perdeu alguém na guerra; em Suzdal, há uma lei que gabarita todos os prédios a só terem dois andares; Suzdal era maior do que Paris e Londres, no século XII, e perdeu sua importância com a invasão dos tártaros, os “seres do inferno”; eu, Berta, Isabel e Elza éramos idosas e quando entramos no metrô, quatro jovens se levantaram para sentarmos, o que achei espantoso, e a guia Olga explicou que é costume local dar lugar a idosos/as, deficientes físicos e grávidas – e pensei: tomara que o mau hábito dos outros povos não chegue ali tão cedo!-; em St. Petersburgo era precisa estar atenta para os “pequenos batedores de carteira”, como alertou a guia Olga; eu me virei várias vezes nas ruas quando ouvia meu nome (o que nunca aconteceu aqui no Brasil!).
EUROPA: ITALIA & BALCÃS COM ADRIANO GOMES
Vinicius de Moraes
Eu e Adriano Gomes (o amado Didi) fomos Natal-São Paulo (descida com muita turbulência, meio assustadora!) para esperar por cinco horas o voo Latam para Milão. Era minha 7ª viagem de avião de 2016. Ìamos passar o réveillon nos Balcãs – mais um sonho a se realizar! Na sofisticada capital da moda italiana, Claudia e Christian – amigos alemães de Didi – estavam nos esperando no aeroporto. Ficamos no Hotel Cavona. Andamos na parte turística e cultural, no centro da cidade, e vimos a imensa Catedral em gótico italiano, com 3400 estátuas; o Castello Sforzesco – da poderosa família Sforza-; o emblemático Teatro Alla Scalla (por fora) – uma das mais famosas casas de ópera do mundo, construído por Maria Theresa, da Áustria, e inaugurado com uma ópera de Salieri, o compositor italiano que competia com Mozart -; e a Galeria Vittorio Emanuele (1867), o “Salão de Milão”, com lojas de grife, sorveterias chics em uma arquitetura neo-renascentista, que inspirou a Torre Eiffel, e que tem pisos divinamente desenhados. No metrô, um outdoor com o livro La Spia, de Paulo Coelho. Já saímos no dia seguinte, quando viajamos o dia todo para chegar a Veneza. Passamos pelo Lago Garda, uma península medieval muito elegante, cercada de montanhas com os topos cheios de neve; por Verona, terra de Romeu e Julieta, onde agarrei os peitos da estátua de Julieta para ter um novo amor! Às gargalhadas, com Didi abrindo caminho para mim no meio de uma multidão de mulheres! A cidade medieval é encantadora, com uma enorme arena, as pequenas ruas de pedras, as
lojas-biscuit. Tomamos um café no Anselmi Caffé, na Piazza Erbe. Em Veneza, ficamos no modesto Hotel Doge por 80 euros porque a cidade era caríssima! Mas era perto da estação de trem Veneza-Mestra. Jantamos em uma trattoria embaixo do Hotel Olimpia, que foi criada em 1513, bem cuidada e interessante decoração. Os italianos continuam ladinos: o garçom queria nos convencer a comer uma pizza cada um e eu pedi que trouxesse duas para cada casal, pois se fosse insuficiente, pediríamos mais. Ele saiu zangado. Quando chegou o pedido, rimos muito porque a pizza era grande!Fomos a pé para pegar o trem para Trieste e de lá para Liubliana, capital da Eslovênia.
METRÔ DEMILÃO
BALCÃO DE JULIETA
Para sair da cidade há uma travessia longa por uma ponte sobre o mar, que me impressionou sobremaneira pela beleza e pelo inusitado. Pegadinha para turista atualmente: validar o bilhete na estação; agora, os fiscais só carimbam dentro do trem. Todas pequenas cidades do trajeto muito limpas, com plantações em seus quintais, com as tradicionais roupas estendidas nos varais, sem lixo nas ruas, a maioria das cidades com as grandes caixas de reciclados nas ruas. Coisas que aprecio muito quando viajo. Em Trieste, apenas descemos na estação de trem para tomar um lanche e pegar o ônibus para seguir viagem. Viajamos o dia todo para Liubliana – chamada de a “cidade mais verde da Europa”, é Eurozona -, onde ficamos no excelente Hotel City. Estávamos por nossa conta e fizemos nossos roteiros. Víamos os horários dos trens e/ou ônibus pela internet. Didi reservava os hotéis também pela internet e eu me comunicava em inglês com o povo. A cidade estava cheia de neve que caiu na madrugada, mas amanheceu com sol e fomos conhecer as famosas pontes, a do dragão – símbolo da cidade – é a mais visitada; o Castelo, para onde subimos pelo funicular e avistamos toda a cidade- ali tomamos um chocolate quente com strudel dos deuses!; e a praça principal que homenageia seu poeta principal, France Preseren. A maioria das pessoas nas ruas falava inglês. Contratamos um taxista para nos levar a Bled, a uma hora da capital, por uma estrada ótima. Uma formosura de lugar, todo cercado por um lago, fronteira com a Áustria. Tomamos um barquinho para conhecer a famosa ilha com a igreja Peregrina da Assunção de Santa Maria. Subimos 190 degraus para chegar lá em cima.
Pegamos mais um ônibus para ir para Zagreb, capital da Croácia, em uma estrada ótima, passando por pequenas cidades que tinham caixas de som com música clássica – que chic! Na região, necessário carimbar passaportes nas aduanas. Não nos perguntaram nada, mas a viagem atrasou 20’ porque eles implicaram com duas bonitas moças negras. Ficamos indignados, achamos puro preconceito e assédio feminino de raça, mas não podíamos fazer nada; contudo, os nativos ficaram todos impassíveis. Povo-rebanho acostumado às ditaduras que ali existiram por dezenas de anos! Estava 10 graus negativos em Zagreb (significa “fonte”) e nos pusemos a andar de troleibus pela cidade, pois era tudo grátis por ser fim de semana das festas de fim de
ano. Fomos no trolei nº 6 para o centro. Passamos o réveillon na praça central Ban Jelaci, com um palco com shows e os tradicionais fogos à meia-noite. Fiquei pasma com a saída da festa: tudo muito civilizado, tranquilo, povo muito educado, gente muito alta e belas mulheres. Com a maioria dos restaurantes já fechados, comemos uma pizza e voltamos de taxi para o hotel. O frio era intenso, então pegamos um bus sightseeing local bem diferente dos que já andamos, pois só parava para fotos nos dezessete pontos turísticos – como o lindo telhado colorido da igreja de S. Marcos, o coreto da Praça Zrinjevac, e a antiga muralha da cidade -, e em 60’ vimos a bela e alegre cidade toda. A pé, fomos para a altiva Catedral, no Kaptol, - é o edifício mais alto da Croácia e é uma catedral-igreja católica romana-, passando por ruas e estabelecimentos com música; ao colorido e animado mercado de rua, o Dolac; à pista de patinação no gelo no Ice Park; e à Rua Tkalčićev – só para pedestres. Também fomos no shopping da Av. Dubronovich, no trolei nº 14. A moeda era a kuna e era tudo muito barato. Eu quis conhecer as famosas praias, mas Didi não quis ir. Peguei um ônibus para Rijeka, a duas horas de Zagreb, que tem o porto mais importante do país. Dia de sol, com 13º positivos! Contratei o taxista Goran, na rodoviária, e ele me levou para ver as praias de pedra e com escadas para descer – água transparente, de um azul que nunca vi! Pedi que ele voltasse em 1h. Locais ermos, quase ninguém nas ruas. Entrei em um hotel muito bom para ir ao toalete e ninguém me abordou.
Fomos de ônibus novamente para a Bósnia,onde nevava muito durante a desconfortável viagem,onde ficamos duas horas na aduana. Era feriado e havia grandes engarrafamentos. Os toaletes da estrada eram com buracos no chão, iguais ao do Nordeste do Brasil nos anos 70! Países pobres, assolados pelo comunismo e, depois, pela guerra civil. Muitos cemitérios pelo trajeto. Ficamos no ótimo Hotel Colors, quatro estrelas, com delicioso café da manhã, em Saravejo. Acordamos de madrugada para ver a neve cair e cobrir rapidamente os lugares que víamos da janela. Eu no meu quarto e, Didi, no dele: extasiado pelo momento que ele sonhava em ver. Câmbio para marco conversível, tudo muito barato na região. Contratamos um taxista e fomos na ponte onde Ferdinand foi assassinado e deu início à estúpida 1ª. Guerra Mundial; ao túnel Spassa – o túnel da esperança, da época da guerra de 1993; e dar um giro pela cidade, pois fazia muito frio e não queríamos andar a pé. E vimos toda a destruição que a guerra deixou e a cidade conserva em algumas construções para não serem esquecidos o sofrimento e as perdas. O motorista era bem jovem, casado e com duas filhas, mostrou-nos as fotos. Falei com sua esposa sobre a viagem que queria fazer, pois o inglês dela era melhor que o dele. No dia seguinte, fui para Mostar e Medugorje com esse mesmo taxista muçulmano, cuja família participou da guerra. Ele perdeu um tio e um irmão. Perguntei-lhe se não haveria problemas de me acompanhar a um templo católico: “é o meu trabalho”. A viagem foi excelente, pois as estradas eram boas e as cidades do trajeto todas muito simpáticas e graciosas.
SARAVEJO
Em Medugorje, assisti a uma missa lotada, em italiano (havia muita coisa em italiano na cidade). Bem diferente das outras igrejas de peregrinação – como Fátima, Lourdes e Aparecida -, bem simples e pequena. Almoçamos em Mostar, no famoso Podrum, onde comi o delicioso cevapi – o prato nacional da Bósnia. O dono só falava italiano, mas nos comunicamos bem! A cidade era a mais importante da Herzegovina e foi a mais bombardeada pela guerra – as marcas ainda estão em diversos prédios da cidade. A medieval Old Town é de uma singeleza comovente. A Ponte Velha, apesar de ter sido reconstruída, em 2004, é de uma beleza clássica. Na volta, perguntei ao taxista o que fazia nas folgas e ele respondeu que não tinha folgas, trabalhava 12h/dia e pagava 10 euros/dia pelo carro. Fiquei arrasada. Cobrou-me 140 euros, mas dei-lhe 200 euros. Que seja feliz com sua linda família! Eu e Adriano andamos a pé pela cidade ao redor do hotel, tudo cheio de neve, tomando muito cuidado para não cair, mas Didi caiu... Foi só um susto. De novo em um ônibus para a Sérvia. Estrada assustadora, cheia de precipícios com pinheiros e muita neve na pista. A sorte é que as estradas estavam vazias. Cenário sombrio no percurso todo: muitas casas isoladas, alguns cemitérios, a enorme represa do Rio Sava, a montanha Avala, quase em Belgrado. Somente nativos/as no ônibus, só falando a língua deles. Derrubei batatas e coca no chão do ônibus e o grosseiro motorista queria que Didi limpasse, lhe deu até uma vassoura. A gente começou a gargalhar! E ninguém dizia nada...Deviam pensar como o recepcionista do hotel em Zagreb, que nos perguntou o que fazíamos aqui nesta época do ano!
A Claro do meu telefone me avisou que estávamos já na Sérvia, mas nada de aparecer a aduana. Quando passamos por ela, não houve carimbo no passaporte. Ficamos no pomposo Hotel Majestic, quatro estrelas, bem confortável, com os resquícios do que foi um dia, quando ali foram hóspedes Alan Delon e Elizabeth Taylor, e onde tomávamos nossas refeições para não ter que sair no frio. Por isso, não consegui comer o Burek, um pastel de massa folhada famoso. Contratamos mais um taxista em Belgrado, senhor Mosloden, para conhecer a cidade. Este gostava mais do tempo comunista: seus pais tinham carro e passavam as férias na praia, enquanto ele tinha que trabalhar 10h/dia sem folgas. “Vivíamos melhor”, ele disse. Um frio de vento cortante: 14 graus negativos. Aqui também havia um prédio destruído pela guerra que se tornou a memória do que passou o povo. Fomos para o Museu do Tito – que já foi um dos meus darlings comunistas junto com Lenin, Trotski e Fidel! -, onde me emocionei bastante no seu túmulo; à pomposa igreja ortodoxa São Sava – o maior templo ortodoxo na Europa -; a Torre Avala, de comunicações, no monte do mesmo nome, com um vento avassalador, é a mais alta dos Balcãs, e de lá se vê toda a cidade; passamos por um lago artificial, o Sava, totalmente congelado com vários restaurantes; a igreja de S. Marcos – fica dentro do parque Tašmajdan; e o Parque Kalemegdan – o maior da cidade, com um forte e uma torre. E tirei foto com o maravilhoso Rio Danúbio de cenário. Só lembrava da clássica música de Strauss. E andamos a pé, -corajosamente com 20 graus negativos!-, pela famosa Rua Knez Mihailova – o principal calçadão de compras da cidade, a 200 metros do hotel, com bares e cafés. Achei a cidade triste sob aquele frio intenso. Grande número de fumantes, pois é permitido fumar em locais fechados. O trem para Sofia foi um desafio inesquecível: achávamos que íamos morrer de frio naquele vagão da 2ª. Guerra Mundial, sem aquecimento (fazia 14º negativos!), com um toalete horrível, sem wifi e quase vazio. A saída atrasou em 1h20. Um cidadão sérvio se virou para a gente e disse: “That’s Servia!” Mais ninguém se exaltou, a passividade era impressionante, ninguém reclamava... A velocidade era baixa demais. Havia várias car-
caças de trens, nas estações, no percurso todo. Paramos em Palanka, com uma igreja ortodoxa bem grande e alguns silos – uma cidade pobre e bem descuidada. Passamos por Lapovo, que estava coberta de neve. Paramos de novo em Paracin (assento no c, que não põe aqui...), onde o rio Velika Morava estava congelado. A morosidade do trem se juntou ao frio e tornou a viagem insuportável. Passamos também por Nis, onde vimos um aeroporto e uma fábrica, e é a 3ª. cidade do país, atrás de Novi Sad e Belgrado.
RIO DANÚBIO TREM PARA BELGRADO
Finalmente em Sofia, a bonita capital da Bulgária, uma das mais antigas do mundo, com quase oito mil anos de história – a “terra das igrejas”. Quando pensei em estar nesse lugar? O frio foi aumentando: 17º negativos. Ficamos no Hotel Hila (três estrelas), com localização ótima, mas acomodação desconfortável. Alugamos mais um taxista (que falava um tosco inglês; foi um problema!) para ver a Igreja S. Jorge Rotunda, que era de banhos turcos no século IV e, hoje, é a mais antiga da Europa em funcionamento; a Igreja de Santa Sofia, do século VI; a soberba Catedral Ortodoxa Alexander Nevski, com seus domos folheados a ouro; a Catedral Ortodoxa Búlgara Sveta-Nedelya, do século X – no marco zero da cidade, cuja praça ainda tem uma sinagoga,uma mesquita e uma igreja católica; a estátua de Santa Sofia, que, no lugar, no período comunista, era a estátua de Lenin; o original mercado central de arquitetura neo-renascentista, neo-barroca e neo-bizantina, o Halite – onde almoçamos-; a Igreja Ortodoxa de Boyana, um pouco mais longe, no bonito bairro de Boyana. Este taxista já disse, ao contrário do sérvio, que o comunismo foi uma “utopia” e que vive muito melhor agora. Jantamos sempre no El Mundo, ao lado do hotel: comida ótima, mas ambiente poluído pelos cigarros e narguilês dos jovens freqüentadores. Havia um narguilê em cada mesa.
O frio e a neve atrapalharam muito a nossa mobilidade e eu fiquei gripada. E as escolas estavam fechadas exatamente pelo surto de gripe na cidade. Na TV, muitos anúncios de remédios para a sinusite. Valya, a adorável ex-aluna de Adriano,na UFRN, foi nos pegar no hotel com seu irmão para irmos conhecer a sua cidade a uma hora de Sofia (47km) – a singela Botevgrad, uma homenagem ao herói nacional, Hristo Botev, poeta e revolucionário. Paramos em uma farmácia e ela conseguiu com a farmacêutica um remédio para mim bem eficaz, pois fiquei boa no dia seguinte. Sua mãe preparou um banquete para nós, com todos os pratos típicos do país. Curiosamente, a maioria dos pratos era fria. Só havia um cozido quente. A cidade muito graciosa, bem cuidada. O frio estava em 21º negativos! Entramos em um café às 14h30 que estava lotado. Em Sofia, resolvemos
sair a pé para andar na neve, ao redor do hotel. A gente se afundava nela! Pegamos o trolei nº 12 , que andou 5’ e parou: todos tiveram que descer e tomar outro e pagar nova tarifa! Pegamos um voo Ryanair (empresa irlandesa de ‘lowcost’) lotado, para Milão, de volta, saindo de Sofia com neve caindo. O simpático comissário era português e duas lindas comissárias eram brasileiras. Os únicos ‘anjos da guarda’ desta viagem foram três taxistas, no aeroporto de Malpensa, que contataram o hotel para nos buscar. Para fechar a viagem com chave de ouro, ficamos no bonito Hotel Villa Malpensa, de 4 estrelas, que foi residência do Conde Caproni por 91 anos. Ficava no meio do Ticino National Park. A elegante Gevânia, amiga de Didi de Natal e que mora na Suíça, foi nos ver com o namorado italiano Luca. Eles nos ofereceram um jantar no requintado Quercia, em Somma Lombardo, que estava lotado. O carro dele era uma Mercedes com teto transparente, que, na volta, víamos a lua brilhando sobre nós. Um luxo! No aeroporto de Guarulhos, ficamos 12 horas para voltar para Natal. Vimos uma família que não vejo há muito tempo igual: casal jovem muito bonito com três filhos adolescentes lindos, todos muito educados e amorosos entre si, e sem celulares nas mãos!